A vida das desertoras norte-coreanas que se tornaram estrelasjogador da seleção brasileiraTV na Coreia do Sul:jogador da seleção brasileira
Nos últimos anos, norte-coreanos têm sido as principais estrelasjogador da seleção brasileirauma ondajogador da seleção brasileiraprogramasjogador da seleção brasileiratelevisão que criam para os espectadores uma visão emocionante da vida na região militarizada.
Frequentemente esclarecedores, às vezes distorcidos (ocasionalmente ambos), esses programas são cada vez mais populares.
São uma tendência midiática sem paralelo, que se apoia muitas vezes nas histórias daqueles que conseguiram escapar do "regime mais tirânico do mundo" e que inverte a imagem típica dos refugiados com um novo estereótipo: as celebridades desertoras são quase invariavelmente mulheres, jovens e bonitas.
A fugajogador da seleção brasileiraKim
Kim Ah-ra,jogador da seleção brasileira25 anos, é uma dessas estrelasjogador da seleção brasileiraascensão.
As polainas e as unhas dos pés pintadas não denunciam que ela chegou a passar fome e tevejogador da seleção brasileirase alimentar à basejogador da seleção brasileirasopajogador da seleção brasileiracapim para sobreviver.
"Antes, quando se falava sobre a Coreia do Norte na Coreia do Sul, tudo era sério e mortal. Agora temos espetáculos que nos colocamjogador da seleção brasileiramaneira mais leve, mais humana", afirma Kim.
Durante décadas, diz, os desertores eram considerados no sul como pessoas tristes, atrasados e vítimasjogador da seleção brasileiralavagem cerebral. Isso agora está mudando.
"Veja agora nossa audiência. As pessoas nos amam!" ressalta.
Kim tinha apenas 12 anos quando fugiujogador da seleção brasileirasua cidade natal,jogador da seleção brasileirauma região montanhosa da Coreia do Norte, para o interior da China.
Depoisjogador da seleção brasileiraum longo período no interior chinês, ela finalmente desertou para a Coreia do Suljogador da seleção brasileira2009.
Kim ejogador da seleção brasileiramãe foram ajudadas por operários que trabalhavam na construçãojogador da seleção brasileiraum metrô, uma ousada redejogador da seleção brasileiratráfico ilegal que levava norte-coreanos para a Coreia do Sul a partir da China.
Muitas das suas lembrançasjogador da seleção brasileirainfância giramjogador da seleção brasileiratorno da comida, ou a falta dela.
"Quando tínhamos comida, comíamos imediatamente. Acrescentávamos um poucojogador da seleção brasileiracapim a duas ou três colheresjogador da seleção brasileiraarroz e cobríamos com bastante água, até que tívessemos um mingau escuro. Isso dava para alimentar quatro pessoas."
Economia stalinista
Desde o fim dos anos 1950 até o começo dos anos 1990, a economia da Coreia do Norte funcionou sob o modo stalinista.
O Estado era praticamente o único empregador, o único provedorjogador da seleção brasileiraalimentos, roupas e ferramentas.
Os norte-coreanos chegavam a passar semanas sem ver dinheirojogador da seleção brasileiracédulas.
Quando o bloco soviético se desintegrou e os principais parceiros comerciais do país se debilitaram, o sistemajogador da seleção brasileiradistribuição estatal também passou a enfrentar dificuldades. O fluxojogador da seleção brasileiraalimentos foi interrompido e milharesjogador da seleção brasileirapessoas começaram a passar fome, inclusive os paisjogador da seleção brasileiraKim.
Nessas condições, eles venderam a casa que possuíam por pouco menosjogador da seleção brasileiradez quilosjogador da seleção brasileiramilho.
A família se mudou para uma cabana cheiajogador da seleção brasileiraburacos e infestadajogador da seleção brasileirainsetos. Foi quandojogador da seleção brasileiramãe começou a falar abertamentejogador da seleção brasileiraarriscar a vida para escapar para a China.
"Lembrojogador da seleção brasileirater passado por um povoado olhando atentamente para o chão, na esperançajogador da seleção brasileiraencontrar macarrão ou uma cabeçajogador da seleção brasileiragalinha. Meu pai cozinhava ratos e dizia que era carnejogador da seleção brasileiracoelho."
Kim recorda o diajogador da seleção brasileiraque encontrou uma sementejogador da seleção brasileiraabóbora no meio do barro e a devorou instantaneamente.
De camponesa a atriz
Na Coreia do Norte, os camponeses quase não têm oportunidadesjogador da seleção brasileiraentrar no mundo das artes, dominado pelo Estado. O caminho,jogador da seleção brasileirageral, parte da capital, Pyongyang, oujogador da seleção brasileiraoutros centros urbanos - dificilmente do interior.
"Em um mundo capitalista, seus sonhos e desejos têm importância. Na zona rural da Coreia do Norte, não se pensa nisso. Seu destino está totalmente determinado", afirma a jovem.
Praticamente ninguém decide se tornar atriz na Coreia do Norte. Isso é trabalho do Estado - os estudantes são selecionados um a um e submetidos a uma rigorosa rotinajogador da seleção brasileiraensaios.
Os agentes do governo procuram nas salasjogador da seleção brasileiraaulas moças com o rosto arredondado, voz aguda e traços delicados.
Uma escolhida
"Fui selecionada quando tinha 8 anos", diz Han Seo-hee,jogador da seleção brasileira35 anos, cantora e instrumentista norte-coreana.
"Estavam procurando meninas com o rosto arredondado, olhos grandes e vozes claras. Foi uma grande honra."
Han desertou para a Coreia do Suljogador da seleção brasileira2006.
Assim como emjogador da seleção brasileiraterra natal, foram seus traços e o equilíbriojogador da seleção brasileirasua voz que chamaram atenção dos produtoresjogador da seleção brasileiraTV sul-coreanos.
Han fez parte da primeira ondajogador da seleção brasileiraprogramasjogador da seleção brasileiratelevisão com desertores, que surgiu há mais ou menos cinco anos.
Na Coreia do Norte, ela vivia uma vidajogador da seleção brasileirarelativo luxo. Em vezjogador da seleção brasileiratrabalhar nas fábricas, como é comum a praticamente todos os jovens no país, Han passou a adolescênciajogador da seleção brasileirasalasjogador da seleção brasileiraensaio, cantandojogador da seleção brasileiracoro com outras meninas.
Os professores eram amáveis, porém implacáveis, diz.
Apesarjogador da seleção brasileiraduro, o treinamento rendeu frutos. Enquanto Kim comia insetos e raízes nas montanhas do norte, Han conseguiu desfrutarjogador da seleção brasileiraregalias da nobrezajogador da seleção brasileiraPyongyang.
Mais tarde, ela se juntou à orquestra nacional, o que lhe deu acesso a artigos que só faziam parte da vida da elite norte-coreana,jogador da seleção brasileiracosméticos a frutas como o abacaxi.
"Nós tínhamos bananas. Isso era bem raro na Coreia do Norte."
Sua carreira alcançou o ponto máximo no começo dos anos 2000, quando foi escolhida para fazer partejogador da seleção brasileiraum grupo secreto que fazia apresentações para Kim Jong-il, pai do atual líder norte-coreano.
Alémjogador da seleção brasileiracantar, ela também tocava "oungum", um instrumentojogador da seleção brasileiracordas supostamente inventado pelo "querido líder".
"Antes da apresentação, estava extremamente nervosa. Meus amigos diziam: 'Se você olhar apenas para o rosto do nosso querido líder, suas preocupações desaparecerão. Mas não consegui fazê-lo. Fiquei olhando a parede atrás dele. Na segunda vez, contudo, pensei 'oh, é só um ser humano'", diz.
Sem precedentes
Não há programas parecidos nos meiosjogador da seleção brasileiracomunicação das Américas.
O espetáculo é protagonizado por um elencojogador da seleção brasileiradesertoras que fazem rodízio entre si. Essas "belezas do norte", como são chamadas, são questionadas pelos apresentadores sobre a vida fronteira acima e sobre temas que vãojogador da seleção brasileirapeculiaridades da moda norte-coreana a música e cultura.
Trata-sejogador da seleção brasileiraum gênero televisivo que trabalha com uma visão bastante estereotipada da mulher, pondera Park Hyun-sun, professor da Universidadejogador da seleção brasileiraSeul.
"Existem regras para esses espetáculos. As desertoras devem ser puras, naturalmente belas e muito subservientes. Esse é um perfil muito diferente da mulher sul-coreana, mas os meios as usam para atiçar nossa curiosidade", afirma.
"Muitos jovens sul-coreanos anseiam por uma mulher tradicional e pura que os faça felizes. Por isso assistem a tantas mulheres norte-coreanas na televisão. Elas estão sendo usadas para satisfazer fantasias", critica.