O mundo pode conviver com uma Coreia do Norte nuclear?:aposta política brasil
Uma questão que pode ser reformulada da seguinte maneira: se esses programas não podem ser interrompidos e Pyongyang conseguir desenvolver armamentos capazesaposta política brasilatingir o continente americano, os EUA e o resto do mundo conseguiriam conviver com uma Coreia do Norte nuclear?
Hoje, há cinco potências nucleares declaradas: Reino Unido, França, Estados Unidos, China e Rússia. Elas desenvolveram seus arsenais após a Segunda Guerra Mundial - que viu a demonstração do poder destrutivo das bombas atômicas, lançadas pelos americanos sobre as cidades japonesasaposta política brasilHiroshima e Nagasaki. A China foi a última a entrar no clube,aposta política brasilmeados dos anos 1960.
Desde então, esforços para prevenir a proliferaçãoaposta política brasilarmas nucleares têm sido bem-sucedidos. Um tratado para isso, celebradoaposta política brasil1970, determinou que as cinco potências deveriam reduzir e até mesmo eliminar seus arsenais enquanto os outros países desfrutariam dos benefícios da tecnologia nuclear para fins pacíficos ao concordaraposta política brasilnão buscar desenvolver armas do tipo.
Seja por meio desse tratado,aposta política brasilameaças militares, como no caso do Iraque e da Líbia, ouaposta política brasiloutro acordos, tal qual o celebrado com o Irã, muitos poucos países tentaram criar arsenais nucleares. Alguns que tinham programasaposta política brasilarmasaposta política brasilestágio relativamente avançado, como a África do Sul, os abandonaram.
Três países que nunca assinaram o tratado desenvolveram armas nucleares: Israel, Índia e Paquistão. Mas, ainda que seus programas sejam considerados controversos por alguns, eles só são considerados ameaçadores no contexto regional, mesmo que a segurança nuclear do Paquistão e a proliferaçãoaposta política brasilsuas atividades no passado tenham deixado outras partes do mundoaposta política brasilalerta.
Então, o que aconteceria se a Coreia do Norte se unisse a esse trio?
Na prática, o país já está armado nuclearmente - só resta dúvidas sobreaposta política brasilcapacidadeaposta política brasilatingir cidades americanas. Mas o país se diferencia por não ser uma democracia, não ser aliado dos Estados Unidos e estar particularmente isolado do sistema global. Além disso, seu regime está decadente e enfraquecido, ainda que busque dar demonstraçõesaposta política brasilforça.
E, ao contrárioaposta política brasilIsrael, Índia e Paquistão, suas armas nucleares não são feitas apenas para intimidar rivais locais. Seu alvo declarado seriam os Estados Unidos. Assim, os dois países podem coexistir como "rivais" nucleares, tendoaposta política brasilmente que o poderio americano superaaposta política brasilmuito o dos norte-coreanos?
Muitos argumentam que o usoaposta política brasilarmas nucleares para dissuadir nações inimigas, como ocorreu na Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, ajudou a manter a paz. O mesmo poderia ocorrer agora entre Coreia do Norte e os americanos?
A políticaaposta política brasildissuasão evoluiu para um complexo sistemaaposta política brasilteoria e prática, uma linguagem que Moscou e Washington compartilhavam. Mas é difícil imaginar Washington e Pyongyang desenvolvendo relação semelhante.
Houve um tempoaposta política brasilque tudo isso se restringia a hipóteses. A Coreia do Norte estava testando mísseis e desenvolvendo seu arsenal nuclear, mas progredia lentamente - a ideiaaposta política brasilque poderia ser uma ameaça aos Estados Unidos estava a décadasaposta política brasildistância.
Agora, estamos nos aproximando rapidamente desse momento. O objetivo na época era suspender o programa nuclear norte-coreano e fazê-lo regredir, ou seja, forçar o país a abandonar suas ambições na área. Essa esperança se provou ilusória. Então, quais são os pontos-chave da situação atual?
Drama ou crise?
O progresso da Coreia do Norte tem sido impressionante e preocupante, mas o país ainda não chegou lá. "Testar um foguete está longeaposta política brasilsignificar que se tem um míssil operacional", diz Tony Cordesman, analistaaposta política brasilestratégia. "Ter a capacidadeaposta política brasilcriar uma pequena ogiva também não é o mesmo que produzi-la e testá-laaposta política brasilfato."
Poderia Pyongyang usaraposta política brasilcapacidade insipiente contra os Estados Unidos? "Seria estúpido e insano disparar um míssil não testado com uma ogiva não testada usando um veículoaposta política brasilreentrada não testado com precisão e confiabilidade não testadas contra uma potência nuclear", afirma Cordesman, para quem a situação com a Coreia do Norte demanda como resposta uma política coerente - e não ameaças retóricas.
Influência chinesa
Trump tentou pressionar Pequim a forçar a Coreia do Norte a recuar, sem atingir exatamente esse objetivo. A China apoiou sanções mais duras por parte da ONU, mas reclamou duramente contra sanções bilaterais impostas pelos Estados Unidos que atingiam indivíduos ou empresas chinesas.
A pressão chinesa é uma das poucas formasaposta política brasilafetar a Coreia do Norte, mas isso não pode ser superestimado. No fim das contas, a China não quer o fim do atual regime e ver milhõesaposta política brasilrefugiados cruzando as fronteiras. Então, manteráaposta política brasilpostura ambivalente, compartilhando das mesmas preocupações dos americanos, mas apenas até certo ponto.
A questão regional
É fácil ver essa crise como uma disputa entre dois líderes imprevisíveis: Trump e o líder norte-coreano Kim Jong Un. Mas é uma questão muito mais complexa.
Há uma dimensão intercoreana, há uma dimensão japonesa, há a relação mais ampla desses países com Washington e Pequim. E há um cálculo estratégico mais amplo: a ameaça da Coreia do Norte pode levar a região a se armar novamente.
A crescente popularidade do usoaposta política brasilmísseis balísticos para defesa já gerou tensão entre a Coreia do Sul e a China. A Rússia está acompanhandoaposta política brasilperto o desenrolar disso.
Uma abordagem multidimensional?
Se a Coreia do Norte continuar nesta trajetória, uma nova políticaaposta política brasildissuasão e contenção teráaposta política brasilser elaborada. Mas precisa ser uma que não piore ainda mais a situação.
Alguns elementos dessa política já foram mencionados: sanções econômicas mais duras contra a Coreia do Norte às quais a China possa aderir, melhores armas para que aliados americanos na região possam se defender, inclusive sistemas antimísseis e uma demonstração claraaposta política brasilque os Estados Unidos estão dispostos a estenderaposta política brasilproteção nuclear a seus aliados asiáticos da mesma forma que faz com seus aliados europeus na Otan.
Mas, por si só, muitas dessas medidas apenas farão a Coreia do Norte se sentir ainda mais ameaçada, então, é preciso algo mais...
Um caminho diplomático
A diplomacia não é vista com bons olhos no governo Trump. Basta veraposta política brasiloposição ao acordo nuclear com o Irã. Mas imagine se houvesse algo similar com a Coreia do Norte. Não é algo exatamente possível, mas, dianteaposta política brasiluma situação que vem se deteriorando, um acordo que retardasse o progresso norte-coreano seria melhor que nada.
Ex-diplomatas americanos já alertaram que tratativas diplomáticas com "o reino ermitão" são descartadas muito facilmente. É verdade que o acordo que suspendeu as atividades nucleares da Coreia do Norteaposta política brasilmeados dos anos 1990 acabou entrandoaposta política brasilcolapsoaposta política brasildado momento, mas os avançosaposta política brasilPyongyang foram interrompidos por vários anos.
Outro acordo,aposta política brasil2000, que suspendeu o programaaposta política brasilmísseisaposta política brasillongo alcance, também falhou. Mas os registros históricos mostram que tanto ações americanas quanto norte-coreanas foram responsáveis pelo fracasso.
O regime norte-coreano não é tão louco quanto as pessoas imaginam, argumentam diversos analistas. Há uma lógica por trásaposta política brasilseu comportamento, e há objetivos que ele persegue. Um acordoaposta política brasilpazaposta política brasilrelação à península coreana, um compromisso por parte dos Estados Unidosaposta política brasilnão tentar derrubar o atual regime, desenvolvimento econômico. Tudo isso pode ser usado como moedaaposta política brasiltroca diplomática no futuro.
Como sempre, essa é uma questão complicada com poucas alternativas na mesa. A meta temaposta política brasilser evitar os piores resultados e buscar os menos ruins. Diplomacia, coerção, sanções, dissuasão, todos esses elementos têm uma função a exercer.
A questão que fica é se o governo americano está a altura do desafio e se o regime da Coreia do Norte estáaposta política brasilfato preparado para barganhar ao perceber que tem algo a ganhar com isso.