O governo 'feminista' da Suécia está funcionando?:bet maciço
bet maciço O governo da Suécia se descreve como "O primeiro governo feminista do mundo". Mas como a agendabet maciçoprol das mulheres está sendo colocadabet maciçoprática? David Crouch, jornalista baseadobet maciçoGotemburgo, a segunda maior cidade do país, investigou a situação.
Dezenasbet maciçomulheresbet maciçoreuniram na praça centralbet maciçoEstocolmo, no dia 15bet maciçofevereiro, para formarem o horário 16:00.
Representantesbet maciçogruposbet maciçodefesabet maciçodireitos das mulheres,bet maciçopartidos políticos ebet maciçosindicatos, elas queriam chamar atenção para a desigualdade entre os saláriosbet maciçohomens e mulheres na Suécia.
Essa diferença significaria, por exemplo, que a última hora da jornada diária, entre 16h e 17h, seria cumprida por elasbet maciçograça - daí o horário formado no protesto.
"Para se ter igualdadebet maciçogênero, é preciso mudar o equilíbriobet maciçopoder, e isso leva tempo. Mas até eu estou impaciente", disse a ministra da Igualdade, Asa Regner, durante o protesto.
Desde que a manifestação anual começou,bet maciço2012, o ponteirobet maciçoseu relógio vem avançando com a redução do tempobet maciçotrabalho não pago às mulheres quando comparadas com os homens: naquele ano, elas trabalharambet maciçograça a partir das 15h51.
A situação vem melhorando sob o "governo feminista", instalado a partir do momentobet maciçoque a coalizãobet maciçocentro-esquerda formada entre o Partido Social Democrata Sueco e o Partido Verde assumiu o poder,bet maciço2014.
Mas ainda há um longo caminho a percorrer, dizem os críticos.
Gestos ousados
O governo sueco foi parar nas manchetes ao redor do mundo quando deixou clarabet maciçoposição feminista, mas a questão é ainda mais ampla no país.
Hoje, só um partido sueco não inclui o feminismobet maciçoseu programa: o Democratas Suecos,bet maciçoextrema-direita. Das quatro legendasbet maciçocentro-direita, três são lideradas por mulheres.
A ministrabet maciçoRelações Exteriores do país, Margot Wallstrom, gerou uma crise diplomáticabet maciço2015 com países árabes com um discurso que faria no Egito sobre os direitosbet maciçomulheres, no qual descrevia a situação na Arábia Saudita como "medieval".
No início deste mês, o país se juntou a Dinamarca, Finlândia, Bélgica, Holanda e Luxemburgobet maciçouma campanha para levantar cercabet maciçoUS$ 600 milhões (R$ 1,9 bilhão) para compensar os recursos perdidos nos EUA após o presidente Donald Trump vetar o financiamentobet maciçogruposbet maciçoapoio ao aborto.
A então vice-premiê e ministra do Clima, Isabella Lovin, viralizou na internet com uma fotobet maciçoque aparecia cercada por mulheres que integram o governo, interpretada como uma reação à medida antiabortobet maciçoTrump e a presença maciçabet maciçohomensbet maciçoseu gabinete.
'Incompatível'
Algumas notícias foram, no entanto, menos positivas ao governo.
Nesta semana, houve muitas críticas após,bet maciçouma visita para tratarbet maciçorelações comerciais, integrantes da delegação sueca serem instruídas a cumprir a lei iraniana que determina que mulheres devem cobrir a cabeça.
No ano passado, um relatóriobet maciçouma coalizaçãobet maciçoONGs condenou a Suécia por continuar a exportar armas para países que violam direitosbet maciçomulheres.
Isso seria "totalmente incompatível" combet maciçopolítica feminista, assim como a decisão do governobet maciçodar fim ao direitobet maciçorefugiadosbet maciçose reunirem novamente com seus familiares, deixando para trás mulheres e meninasbet maciçopaíses assolados pela guerra.
Durante a maior parte do século passado, os social-democratasbet maciçocentro-esquerda predominaram nos países nórdicos e promoveram progressosbet maciçodireitos femininos. Mas não houve grandes mudanças nos últimos anos.
Os governos da Finlândia e da Noruega fazem partebet maciçocoalizões com partidos nacionalistas, enquanto o da Dinamarca depende do apoio da extrema-direita por ser minoria no Legislativo.
Esses governos são mais céticos quando aos ideias liberais e feministas e mais conservadoresbet maciçotemas como família. Feministas na Suécia acreditam, portanto, que Estocolmo tem responsabilidade maiorbet maciçodefeder os direitos das mulheres.
Desigualdade
Apesar da imagem da sociedade sueca perante ao mundo como igualitária,bet maciçoque mulheres desfrutambet maciçoum status elevado, ainda há muita desigualdade.
O país é lider no mundo industrializadobet maciçotermosbet maciçoigualdadebet maciçogênero no setor público, segundo a Organização para Coorperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE).
No entanto, no setor privado, que se expandiu muitobet maciçoanos recentes, homens ainda ocupam 80% dos cargos gerenciais e 94% dos postosbet maciçoalto escalão.
Nos conselhos editoriaisbet maciçojornais, por exemplo, há três homens para cada mulher, enquanto os homens são 70% dos entrevistados ouvidos pela mídia. Em 2014, 75% dos professores universitários eram homens.
E, nas ruas, muitos avaliam que os benefícios não são tão óbvios. "É bom para o governo dizer que é feminista", diz Matilda Andersson, uma cabelereirabet maciço24 anosbet maciçoGotemburgo.
"Mas não notei mudanças na minha vida. Na verdade, sinto-me menos segura nas ruasbet maciçocomparação com há alguns anos."
Ela destaca que trabalhabet maciçouma indústria predominantemente feminina, mas na qual os cabeleireiros "celebridades" são homens.
Foi parar nas manchetes do país a decisãobet maciçoum hospitalbet maciçouma pequena cidade no norte do paísbet maciçofecharbet maciçomaternidade, fazendo com que mulheres tenhambet maciçodirigir 100 km para dar à luz.
"Mulheres estão sendo agora treinadas para parirbet maciçoseus carros. Isso não aconteceria se homens dessem à luz", diz Matilda.
Trabalho a ser feito
A Suécia é famosa porbet maciçolicença-maternidade generosa, que permite aos pais compartilharem quase 18 mesesbet maciçofolga, a maior parte desse período recebendo 80% do salário.
No entanto, as mulheres ainda usam 75% do tempobet maciçolicença-maternidade. E, entre as pessoas que precisam trabalhar por meio período para cuidarbet maciçouma criança ou um parente adulto, quase novebet maciçocada dez são mulheres.
Tanto os sociais-democratas quanto os membros do Partido Verde dizem querer que o tempo da licença seja melhor dividido entre homens e mulheres e, recentemente, aumentarambet maciçodois para três meses o período reservado exclusivamente para o pai.
"Isso é bom e terá um impacto", diz Clara Berglun, líder da organização Lobby das Mulheres Suecas. "Mas, se o governo é feminista, por que não ter coragembet maciçoir além?"
Berglund também está descontente com a desistência recente do governobet maciçoseus planosbet maciçointroduzir cotas para mulheresbet maciçoconselhosbet maciçoempresas com ações negociadas na bolsa. E avalia que a gestão tem sido lenta no combate à propaganda sexista, apesarbet maciçoisso ter sido uma promessabet maciçocampanha.
Ela compara a situação com o veto instituído no ano passado pelo prefeitobet maciçoLondres, Sadiq Kahn, a anúncios no metrô que possam envergonhar mulheres por elas não terem "corpos perfeitos" como os da propaganda.
"A Suécia é o único país nórdico que não tem uma lei contra publicidade sexista", diz ela. "Se isso pode ser feitobet maciçoLondres, não há desculpa para que um governo feminista não tome uma medida quanto a isso."
Apesar destas críticas, Berglun acredita que, com a ascensãobet maciçomovimentos conservadoresbet maciçopaíses ocidentais, a Suécia precisa continuar a se identificar como feminista - mesmo que seja difícil para o governo atender a expectativas tão altas.
"Fizeram mudanças importantes para promover a igualdadebet maciçogênero", diz ela. "Mas nósbet maciçomovimentos feministas temos grandes expectativas. Um governo feminista deveria ter a coragembet maciçoimplementar reformas impopulares."