O liberiano que viajou escondidobrisablazenavio e encontroubrisablazehospital argentino abrisablazecasa:brisablaze
Viagem sem rumo
No fimbrisablaze2001, Baldé e um amigo embarcaram no naviobrisablazebandeira filipina Aurora Emerald, segundo informou a imprensa local, sem saber onde a viagem terminaria.
"Nós ficamos numa escada perto da hélice e, cada vez que ela girava forte, jogava água salgada na gente. Ficamos com os lábios todos cortados."
O amigo, dois anos mais velho, morreubrisablazefrio e fome durante a viagem.
"Tentei conversar com ele e estava duro, sem se mexer", relembra, com a voz embargada.
"Resgatamos o jovem Mohamed Baldé, que vestia apenas uma espéciebrisablazebata fina, após ele ter viajado desde a África sem água e sem comida. Encontramos seu companheirobrisablazeviagem sem roupa e morto, aparentementebrisablazefrio", relatou, na ocasião, Ángel Riquelme, chefe da Polícia MarítimabrisablazeSan Lorenzo.
A fuga
Baldé morava na aldeia Harper, na Libéria, onde se fala o dialeto susu.
Durantebrisablazeinfância, o país foi palcobrisablazeuma sériebrisablazeconflitos armados, que tiveram início durante a ditadurabrisablazeSamuel Doe (de 1980 a 1990). A oposição ao regime levou ao assassinato do seu pai, morto nabrisablazefrente.
"Meu país estava permanentementebrisablazeguerra, e as mortes ocorriam por diferenças políticas. Foi assim que mataram meu pai na minha frente. Ele não queria me entregar para trabalhar (com um dos grupos)."
O enfermeiro lembra que resolveu fugir após uma explosão surpreender a ele e outras crianças e professores no colégio.
"Eu fugi porque queria encontrar um lugar onde me sentisse protegido."
Após caminhar vários dias, inclusive pela selva, Baldé chegou a Forécariah, na Guiné, onde moroubrisablazeuma fundação para criançasbrisablazerua e,brisablazeseguida, no porto local. Quatro anos depois, ele e o amigo embarcaram no navio filipino.
"Eu me sentia muito só e queria fugir dali. Me sentia abandonado, esquecido. Passei meses comendo sardinha e manga. E muito solitário."
"Hoje tenho que pedir desculpas à tripulação do navio porque, sem saber, trouxeram uma pessoa sem documentos e tiveram problemas com a alfândega argentina", acrescenta.
Aos 28 anos, Baldé afirma que a Argentina hoje é seu país e que pretende no futuro localizarbrisablazefamília na Libéria: a mãe, um irmão gêmeo e uma irmã.
"Aqui fiz amigos, tenho trabalho e família. Uma benção pra mim. Não entendo porque as pessoas reclamam às vezesbrisablazecoisas tão tolas. Depois do que vi e vivi, fica ainda mais difícil entender as queixas por poucas coisas."
No hospitalbrisablazeque foi resgatado e trabalha atualmente, todos conhecem abrisablazehistória:
"Todos aqui conhecemos a vida e a históriabrisablazeMohamed. Ele chegou desnutrido, morou no hospital e hoje trabalha na enfermaria", contou Lucinda Madrid, recepcionista da emergência, que trabalha há nove anos no local.
Mãe adotiva
Cada vez que cita o nome da mãe adotiva, Baldé fica com a voz fica embargada.
"O nome dela é Adelina del Carmen Ontivero. Foi ela que me colocou na escola, que me orientou, que comprou roupas para mim, foi ela que me educou aqui."
Adelina morreu há seis meses - ele tatuou seu nome nos braços.
Questionado sobre o motivobrisablazenão tentar usar as redes sociais para procurarbrisablazefamília na Libéria, ele responde:
"Quando eu morava lá, era um telefone para toda a aldeia. Não acredito que tenha mudado muita coisa."