A mulher que ganha a vida matando traficantes:liverpool real madrid unibet
Questionada sobre quem lhe deu a ordem para acabar com essas vidas, ela responde: "Nosso chefe na polícia".
A controversa guerra do Estado filipino contra as drogas é uma oportunidadeliverpool real madrid unibettrabalho, mas também traz riscos.
Na mesma tarde do encontro com a reportagem, ela e seu marido disseram aos seus superiores que a casa onde moram havia sido exposta e que precisavam se mudar o quanto antes.
Ela conta ter começado a matar quando um policial encarregou seu maridoliverpool real madrid unibetassassinar um narcotraficante endividado. E a atividade acabou se tornando algo rotineiro para ele. Até que a própria Maria foi acionada.
"Certa vez, precisaramliverpool real madrid unibetuma mulher, e meu marido me escolheu. Quando vi o homem que tinhaliverpool real madrid unibetmatar, me aproximei e atirei", conta.
María e o marido vêmliverpool real madrid unibetum bairro pobreliverpool real madrid unibetManila. Não tinham renda fixa, o que mudou quando aceitaram virar matadoresliverpool real madrid unibetaluguel.
Agora, ganham até US$ 430 por assassinato (R$ 1380), uma fortuna nas Filipinas, e dividem o valor entre três ou quatro profissionais do tipo. No entanto, María quer deixar essa vida. Só não sabe como fazer isso.
Vidas 'sem importância'
Esse tipoliverpool real madrid unibetatividade não é uma novidade nas Filipinas, mas nunca houve tanda demanda por esquadrões da morte quanto agora.
A mensagem passada pelo presidente Duterte é inequívoca. Antesliverpool real madrid unibetsua eleição, prometeu acabar com a vidaliverpool real madrid unibet100 mil criminosos nos primeiros seis meses no cargo. E fez uma advertência aos narcotraficantes: "Não destruam meu país, porque os matarei".
No fimliverpool real madrid unibetsemana passado, Duterte repetiu a fala, enquanto defendia os assassinatos extrajudiciaisliverpool real madrid unibetcriminosos: "As vidas desses dez criminosos realmente importam? As vidasliverpool real madrid unibetcem idiotas assim significam alguma coisa?".
O pontoliverpool real madrid unibetpartida para essa campanha impiedosa foi a proliferaçãoliverpool real madrid unibetmetanfetaminas, ou shabú, como a droga é conhecida no país. Cada grama custa cercaliverpool real madrid unibet1 mil pesos filipinos (US$ 22).
Barata, fácilliverpool real madrid unibetfabricar e muito viciante, ela pode ser fumada, injetada, inalada ou dissolvidaliverpool real madrid unibetágua. Tem efeitos instântaneos e serve como uma vialiverpool real madrid unibetescape para a sujeira e monotonia dos bairros pobres - e uma formaliverpool real madrid unibetsuportar trabalhos pesados.
Duterte disse ser uma epidemia que afeta a milhõesliverpool real madrid unibetcidadãos. Também é um negócio muito lucrativo.
O presidente filipino afirma haver 150 altos funcionários, oficiais e juízes ligados a esse comércio. Cinco chefesliverpool real madrid unibetpolícia são os comandantes do negócio, garantiu ele.
Os mais pobres
Os alvos dos esquadrões da morte são, no entanto, aqueles que estão nas classes sociais mais baixas.
Segundo a polícia, maisliverpool real madrid unibet1,9 mil pessoas foram assassinadasliverpool real madrid unibetepisódios relacionados às drogas desde que Muterte assumiu a Presidência,liverpool real madrid unibet30liverpool real madrid unibetjunho. Destes, 756 foram mortosliverpool real madrid unibetoperações da polícia.
O restante das mortes estão, oficialmente, sendo investigadas. Na prática, a maioria segue sem explicação.
É uma guerra travada quase exclusivamente nas áreas mais pobres do país, onde corpos ensanguentados são descobertos a cada noite, com frequência juntos a cartazes advertindo as pessoas para não se envolverem com drogas.
Também é uma guerra popular. No bairroliverpool real madrid unibetTondo, uma zonaliverpool real madrid unibetfavela próxima ao portoliverpool real madrid unibetManila, a maioria dos moradores aplaude a dura campanha do presidente.
Culpam o shabú pelo aumento da criminalidade e por destruir vidas, ainda que alguns se preocupem que a iniciativa esteja levando inocentes à prisão e à morte.
Medo e culpa
Um dos procurados pelos esquadrões da morte é Roger*. Ele conta ter se viciadoliverpool real madrid unibetshabú quando era jovem, quando trabalhava como operário.
Como muitos outros, começou a traficar para manter o vício. Via também como um trabalho mais fácil do que dar expedienteliverpool real madrid unibetcanteirosliverpool real madrid unibetobras.
Diz ter trabalhado com muitos policiais corruptos, pegando droga confiscadaliverpool real madrid unibetoperações para vender.
Agora, estáliverpool real madrid unibetfuga, mudando-seliverpool real madrid unibetum lugar para outroliverpool real madrid unibettemposliverpool real madrid unibettempos para evitar ser morto. "Não consigo me livrar do medo que carrego no peito todo dia, toda hora. É aterrador e exaustivo terliverpool real madrid unibetme esconder sempre", diz ele.
"O mais difícil é não saberliverpool real madrid unibetque confiar. Nunca sei se a pessoa que está na minha frente é um informante ou meu assassino. É difícil dormir à noite. Acordo com cada ruído. Não sei aonde ir a cada dia,liverpool real madrid unibetbuscaliverpool real madrid unibetum lugar para me esconder."
Roger sente-se culpado: "Cometi pecados. Fiz coisas coisas terríveis. Prejudiquei muita gente, porque ficaram viciados, porque sou um dos muitos que vendem a droga".
Ele diz que nem todos que consomem o shabú são criminosos. "Também sou viciado, mas não mato, não roubo".
Ele mandou seus filhos para viver com a família da mulher no interior do país e, assim, mantê-los longe da epidemialiverpool real madrid unibetdrogas. Calcula que cercaliverpool real madrid unibetum terçoliverpool real madrid unibetseus vizinhos estejam viciados.
E Roger ficou com medo quando Duterte afirmou que mataria traficantes e jogaria seus corpos na baíaliverpool real madrid unibetManila?
"Sim, mas pensei que (o presidente) perseguiria as grandes facções que fabricam as drogas, não pequenos traficantes como eu. Gostarialiverpool real madrid unibetvoltar no tempo, mas é muito tarde. Não posso me entregar, porque a policia provavelmente me mataria."
María também se arrependeliverpool real madrid unibetsuas escolhas. "Sinto culpa e angústia. Não quero que as famíliasliverpool real madrid unibetquem matei se vinguemliverpool real madrid unibetmim."
Ainda se preocupa com o que seus filhos pensarão, já que os mais velhos começam a perguntar como ela e seu marido ganham tanto dinheiro.
María costuma pensar que o próximo trabalho será o último, mas seu chefe já ameaçou matar quem deixar a equipe. Ela se sente presa. Pede perdão ao padre quando se confessa na igreja, mas não se atreve a contar a ele o que faz.
Mas ela e seus companheiros acreditam que a campanha do presidente é justificada? "Só falamos da missão, como executá-la. E, quando termina, nunca mais tocamos no assunto."
No entanto, ela retorce suas mãos enquanto diz isso e fecha os olhos com força, perseguida por pensamentos que não quer compartilhar.
*Os nomes dos entrevistados foram alterados para preservarliverpool real madrid unibetidentidade.