'Quem paga são nossos pulmões': como saúde já é afetada pelas mudanças climáticas:roleta facebook

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Legenda da foto, Poluição do ar é responsável por maisroleta facebook7 milhõesroleta facebookmortes prematuras todos os anos, apontam estudos

Além disso, "eventos climáticos extremos, a degradação da terra e a faltaroleta facebookágua já deslocam populações e afetam a saúde delas".

O tema também fez parte do pronunciamento oficial que o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fez na COP27.

"A OMS alerta que a crise climática compromete a vida e gera impactos negativos na economia dos países. Segundo as projeções, entre 2030 e 2050, o aquecimento global causará 250 mil mortes adicionais por ano", discursou.

Mas o que a ciência já sabe sobre essa relação entre a saúde do planeta e das pessoas? E quais pode ser feito para mitigar os riscos?

Doenças mais comuns

O americano Josh Karliner, diretorroleta facebookparcerias globais da ONG Health Care Without Harm ("Sistemaroleta facebookSaúde Sem Danos",roleta facebooktradução livre), entende que as mudanças climáticas funcionam como um amplificadorroleta facebookproblemas já existentes.

Ele foi um dos convidados para uma mesaroleta facebookdebates da OMS durante a COP27.

"Se você pensar na malária, por exemplo, temperaturas mais quentes permitem com que ela se espalhe para outras regiões onde nunca foram registrados casos", explica o especialista numa entrevista à BBC News Brasil.

"O mesmo pode acontecer com dengue, zika, chikungunya…", lista.

Ainda no campo das doenças infecciosas, o especialista diz que não é possível estabelecer uma relação direta e clara entre as alterações no clima e a pandemiaroleta facebookcovid-19.

"Mesmo assim, a destruição da biodiversidade contribui para a liberaçãoroleta facebookpatógenos, que podem causar outras crises sanitárias globais no futuro", pondera.

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Legenda da foto, Faltaroleta facebookágua potável pode impactar seriamente a saúde

O brasileiro Vital Ribeiro, que lidera o Projeto Hospitais Saudáveis, acrescenta um outro desdobramento das mudanças climáticas que já é sentido na prática.

"As doenças não transmissíveis respondem hoje pela maior parte das mortes e dos custos nos sistemasroleta facebooksaúde, e isso vem aumentando devido à exposição à poluição do ar resultante da queima dos combustíveis fósseis", lembra.

Em outras palavras, um ar cheioroleta facebookpartículas tóxicas para nossos pulmões é um dos gatilhos por trásroleta facebookuma sérieroleta facebookenfermidades — da asma à insuficiência cardíaca, da hipertensão ao câncer.

Tanto Ribeiro quanto Karliner citam um terceiro pontoroleta facebookcontato entre as mudanças climáticas e a saúde: as doenças relacionadas aos eventos climáticos extremos, como secas e enchentes.

"Elas estão ligadas à faltaroleta facebookágua potável e alimentos, causando desnutrição e insegurança alimentar", diz o brasileiro.

De acordo com os especialistas, o aumento da pobreza e os movimentosroleta facebookimigraçãoroleta facebookmassaroleta facebookrefugiados contribuem para esse cenário.

"Ao contrário do que alguns pensam, a pobreza e a desigualdade que voltaram a aumentar no planeta são, sim, uma importante questãoroleta facebooksaúde pública", aponta Ribeiro.

"As mudanças climáticas vêm aumentando, agravando e acirrando praticamente todos os principais fatoresroleta facebookrisco à saúde", complementa.

"E embora essas questões afetem o bem-estarroleta facebooktodo o mundo, os mais pobres e marginalizados são aqueles que mais sofrem", observa Karliner.

"Dianteroleta facebooktudo isso, precisamos entender que a crise climática também é uma criseroleta facebooksaúde", completa o especialista.

Possíveis soluções

Para Karliner, o primeiro passo para mitigar os problemas é "arrumar a casa".

"O setorroleta facebooksaúde é responsável por cercaroleta facebook5% das emissõesroleta facebookgases do efeito estufa", calcula.

"Precisamosroleta facebookhospitais e clínicas com uma pegada menorroleta facebookcarbono e que sejam mais resilientes", sugere.

O representante da Health Care Without Harm explica que as unidadesroleta facebooksaúde funcionam 24 horas por dia e gastam muita eletricidade para manter tudoroleta facebookoperação.

Em muitos casos, a fonte dessa energia não é nada sustentável, como é o caso das usinas termelétricas ou da queimaroleta facebookcombustíveis fósseis.

Além disso, toda a cadeiaroleta facebooksuprimentosroleta facebooksaúde, que envolve o transporteroleta facebookmedicamentos, insumos e equipamentos mundo afora, emite muitos desses gases que provocam o aquecimento do planeta.

"A boa notícia é que temos um movimento para zerar as emissõesroleta facebookcarbono dos hospitais e o Brasil é um dos líderes da iniciativa, com 14 instituiçõesroleta facebooksaúde que já se comprometeram com essa meta", destaca Karliner.

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Legenda da foto, Mecanismos para reparar países afetados por catástrofes climáticas são discutidos na COP27

O especialista americano acredita que o segundo passo fundamental para proteger a saúde das pessoas é acabarroleta facebookvez com a dependência dos combustíveis fósseis, "que matam 7 milhõesroleta facebookpessoas todos os anos".

"Além disso, eles são o principal motor por trás da crise climática. Quando nos movermosroleta facebookdireção a fontesroleta facebookenergia limpas, renováveis e saudáveis, seremos capazesroleta facebooksalvar milhõesroleta facebookvidas, economizar trilhõesroleta facebookdólares e proteger as gerações futuras", acrescenta.

Vital adiciona uma última demanda à lista: destravar as negociações sobre justiça climática ainda durante a COP27.

"Do pontoroleta facebookvista da saúde, é importante termos mecanismos para lidar com perdas e danos relacionados às mudanças climáticas", diz.

Ou seja: os países que mais poluem devem recompensar aqueles que sofrem as consequências imediatas da crise do clima, como as enchentes, as secas e a faltaroleta facebookalimentos.

"Adiar esses acordos vai resultarroleta facebookconsequências dramáticas para as populações dos países mais pobres e vulneráveis. Essa é uma questão humanitária eroleta facebooksaúde", acredita.

"A saúde da população nos diferentes lugares do mundo será um reflexo do sucesso ou do fracasso nas negociações globais dos acordos climáticos e das capacidades das naçõesroleta facebookresolver os impasses atuais", conclui.

- Este texto foi publicado originalmenteroleta facebookhttp://vesser.net/geral-63648094