O 'massacre misterioso' do século 12 revelado por obrafreebetarshopping e esclarecido por DNA:freebetar
A partir disso, eles conseguiram determinar, com um alto graufreebetarcerteza, que aquelas pessoas são antepassados dos judeus asquenazes (que vieram do Leste Europeu ou da Europa Central) e que muito provavelmente elas foram assassinadas durante um movimento antissemita que brotoufreebetarNorwich no final do século 12.
O estudo, publicado no finalfreebetaragosto no periódico científico Current Biology, também conseguiu entender mais a fundo a origemfreebetaralgumas doenças genéticas que afetam descendentes desse grupo até os diasfreebetarhoje.
Migração e morte
O geneticista Mark G. Thomas, professor do DepartamentofreebetarGenética, Evolução e Ambiente da Universidade College London, no Reino Unido, explica que, por volta do ano 70 d.C., muitos judeus começaram a migrar do Oriente Médio para o oeste, especialmente para os territórios que hoje compreendem a Itália (à época, Império Romano).
Mais pra frente, esses povos se instalaram no noroeste do continente,freebetarregiões que hoje pertencem à França e à Alemanha.
"Por volta do século 11, o rei Guilherme 1º convidou os judeus que viviamfreebetarpartes da Europa continental a criar assentamentos na Inglaterra", explica o cientista, que é um dos autores do estudo recém-publicado.
O biólogo molecular Ian Barnes, que também fez parte da investigação, conta que há evidênciasfreebetarondas antissemitas que tomaram o país a partir do século seguinte.
"Temos vários registros históricosfreebetarviolência contra os judeus por voltafreebetar1190freebetarLondres e nas outras cidades do reino", resume o pesquisador, que integra o DepartamentofreebetarCiências da Terra do MuseufreebetarHistória Natural, localizado na capital britânica.
Um dos locais onde esses episódios aconteceram foi justamente Norwich. As primeiras informações sobre as ondasfreebetarviolência contra o povo judeu por lá vêm do anofreebetar1144, desencadeadas pelo assassinatofreebetarum menino chamado William.
À época, a família dele acusou alguns membros da comunidade judaica local como os responsáveis pelo crime. Essa, aliás, foi a primeira vez na históriafreebetarque há registros sobre o mito do libelofreebetarsangue, uma alegação absolutamente falsafreebetarque os judeus matam crianças cristãs para usar o sangue delasfreebetarrituais.
Essa teoria da conspiração antissemita, aliás, persiste até os diasfreebetarhoje.
Mas o que isso tem a ver com os corpos encontrados nas escavações do shopping? Os estudosfreebetardataçãofreebetarcarbono-14 indicam que esses indivíduos foram assassinados nessa mesma época, provavelmente entre os anos 1161 e 1216 — o que sugere que eles podem ter sido vítimas dessa ondafreebetarataques.
"A possibilidadefreebetarque os restos humanos encontrados no poço próximo ao shopping estão relacionados à violência antissemita é ainda sustentada pelo fatofreebetaro local estar ao sulfreebetaronde ficava o bairro judeu medieval da cidade", aponta o artigo.
Um registro feito pelo cronista e decano RalphfreebetarDiceto naquelas décadas aponta que "em 6freebetarfevereiro [de 1190] todos os judeus encontradosfreebetarsuas casasfreebetarNorwich foram massacrados; alguns se refugiaram no castelo".
A análise publicada recentemente pelos especialistas foi capazfreebetardescobrir que três das vítimas eram irmãs — uma jovem adulta, outra com idade entre 10 e 15 anos e a terceira com 5 a 10 anos. Elas tinham olhos castanhos e cabelo escuro.
O quarto esqueleto erafreebetarum menino ruivofreebetarolhos azuis com menosfreebetartrês anos. O achado é significativo, uma vez que essas características físicas eram muito associadas aos judeus nesse período da história.
Para completar o grupo, o quinto indivíduo era adolescente e o sexto, um homem adulto. Não se sabe exatamente como todos foram assassinados, mas não há dúvidas entre os especialistasfreebetarque houve alguma violência envolvida.
O segredo escondido nos genes
E como os cientistas conseguiram determinar que os esqueletos eram mesmofreebetarjudeus asquenazes? É aí que entra mais uma vez o sequenciamento genético e a comparação das informações do DNA das vítimas com o genomafreebetarpessoas dessa comunidade que vivem até hoje.
"Que fique claro: não existem testes genéticos que determinam se alguém é judeu oufreebetarqualquer outra etnia", esclarece Thomas.
"O que podemos afirmar com uma relativa certeza é que esses indivíduos encontrados na escavação se assemelham geneticamente ao que observamos no DNA dos judeus asquenazes vivos hoje", complementa.
E essa pesquisa ajudou, inclusive, a entender a origemfreebetaralgumas doenças que são mais comuns nessa população. "Conseguimos encontrar variantes genéticas associadas a enfermidades que aparecem com maior frequênciafreebetarjudeus asquenazes", conta o acadêmico.
Entre as mutações, destacam-se algumas que aumentam a propensão a alguns tiposfreebetartumores e atrasam o início da puberdade.
Vale dizer que encontrar uma presença mais frequentefreebetarcertos problemasfreebetarsaúdefreebetaralgumas etnias é comum — alguns povos da África Central são mais acometidos pela anemia falciforme (doença hereditária que altera os glóbulos vermelhos), enquanto as populações do Oriente Médio sofrem mais com a beta talassemia (anemia causada por uma mutação genética), por exemplo.
Conhecer a fundo as origens e o que elas podem significar para a saúde, inclusive, é um ponto-chave para melhorar o diagnóstico e descobrir novos tratamentos para essas doenças.
Thomas explica que, muitas vezes, essa maior frequênciafreebetarum problema ou outro tem a ver com um fenômeno conhecido na genética como "efeitofreebetargargalo". Ele acontece quando o tamanhofreebetaruma população é severamente diminuído. Daí, os indivíduos sobreviventes carregam genes que acabam se perpetuando e passando para as próximas gerações.
Com isso, quando aquele grupo volta a crescer nas gerações seguintes, uma maior taxa deles pode possuir certas alterações no DNA. As ondasfreebetarviolência que acometeram os judeus asquenazes desde 70 d.C. até o século 12 podem ter diminuído significativamente essa populaçãofreebetarvários períodos da história.
As pessoas que sobraram desses massacres formaram novas famílias e perpetuaram características genéticas que foram mantidas mais frequentemente nas gerações seguintes, até chegar aos descendentes vivos hojefreebetardia.
"Antes, acreditava-se que esse efeitofreebetargargalo entre os judeus asquenazes teria se passado nos últimos 800 anos. Nosso trabalho testou esses limites e aponta que isso ocorreufreebetarperíodos anteriores", diz Thomas.
Esse efeitofreebetargargalo, porém, teria acontecido após a separação entre os judeus asquenazes e os sefarditas, advindos do norte da África e da Península Ibérica. Isso porque essas mutações genéticas observadas nas vítimasfreebetarNorwich não são encontradas na mesma frequência entre os sefarditas.
A possibilidadefreebetarestudar os restos mortais desses indivíduos surgiu quando os esqueletos precisaram ser transferidosfreebetarlocal no cemitério onde estavam — as leis judaicas proíbem a exumação dos corpos por vários motivos.
"O rabino-chefefreebetarNorwich nos avisou que os esqueletos precisavam ser movidos para uma nova área do cemitério, o que nos permitiu coletar mais algumas amostras para realizar os estudos com as tecnologias avançadas que dispomos hoje", relata Barnes.
Terminada a pesquisa, o biólogo molecular avalia que o trabalho ajudou a resolver "um crime misterioso" que perdurava há séculos. "E isso é particularmente importante para que a comunidade conheça, entenda e reflita sobre as suas origens", conclui.
Este texto foi originalmente publicadofreebetarhttp://vesser.net/geral-63144565
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