Quem foi Moisés, o mito fundador do povo judeu:baixar bullsbet
"O texto bíblico é a primeira referência, que a cada geração ganha novas nuances, interpretações e leituras, assim como a figurabaixar bullsbetMoisés é ressignificada e reconstruída e justamente desta forma se mantem viva e influente na história da humanidade", acrescenta.
"Encontrar o Moisés histórico, se possível, talvez contribuabaixar bullsbetalgo para enriquecer o nosso conhecimento a respeito dele ebaixar bullsbetsua época. Mas vejo como mais importante o modo como cada geração pensa e repensa,baixar bullsbetacordo com o seu contexto histórico, a figurabaixar bullsbetMoisés como a grande referênciabaixar bullsbetliderança, com seus defeitos e qualidades ebaixar bullsbetcapacidadebaixar bullsbetdesenvolvimento ao longo da vida. Também simbólica: 120 anos aponta para o limitebaixar bullsbetuma vida plenamente vivida,baixar bullsbetacordo com a tradição judaica."
Sim, segundo a tradição judaica, Moisés teria vivido 120 anos.
"Ele é considerado o líder maior da tradição judaica. Toda semana,baixar bullsbetcada sinagoga do mundo, o ritual judaico inclui como seu centro a leitura da leibaixar bullsbetMoisés, o Pentateuco, a Torá", comenta o estudioso José Luiz Goldfarb, professor da Pontifícia Universidade Católicabaixar bullsbetSão Paulo e diretorbaixar bullsbetcultura judaica do clube A Hebraica.
"Toda sinagoga tem o rolo,baixar bullsbetpergaminho, no estilo antigo, onde a gente tem esse fundamento que é a palavrabaixar bullsbetMoisés. Essa palavra é a história do mundo, desde a criação até a mortebaixar bullsbetMoisés, incluindo o relato dele no Egito, na corte do faraó, e depois libertando o povo rumo à terra prometida", acrescenta Goldfarb. "Esse texto vai até a mortebaixar bullsbetMoisés. Termina com ele se despedindo e deixando o povo para começar a terra prometida."
Nesses livros — Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio —, que formam a Torá e são o princípio do Antigo Testamento da Bíblia cristã, estão os fundamentosbaixar bullsbettodas as leis e costumes. "É o que baliza a vida judaicabaixar bullsbetum modo geral", diz Goldfarb. "Temosbaixar bullsbetfrisar que Moisés é,baixar bullsbetfato, considerado o líder que orienta, que organiza, que dá os rumosbaixar bullsbettoda a tradição judaica ebaixar bullsbettodo o povobaixar bullsbetIsrael."
Segundo a tradição, Moisés teria sido o autor dos cinco livros da Torá. "Neles, temos o fundamentobaixar bullsbettodas as leis, os costumes, que vão sendo interpretadosbaixar bullsbetgeração a geração e que balizam a vida judaicabaixar bullsbetum modo geral", sintetiza Goldfarb. "Ou seja: Moisés é consideradobaixar bullsbetfato o líder que orienta, que organiza, que dá os rumosbaixar bullsbettoda a tradição judaica ebaixar bullsbettodo o povobaixar bullsbetIsrael."
"Mas esse relatobaixar bullsbetMoisés ébaixar bullsbetmaisbaixar bullsbet1 mil anos antesbaixar bullsbetCristo, e as bases históricas e arqueológicas que temos são muito mais recentes", comenta Goldfarb. "A parte anterior é mítica, uma história que a gente incorpora como fundamentobaixar bullsbetnossa tradição mas não corresponde a nada que até o momento tenhamos encontradobaixar bullsbetuma base material, com comprovação histórica."
Ele contextualiza: os textos atribuídos a Moisés foram canonizados por volta do ano 300 a.C., mas a redação dos mesmos deve ter sido feita nos 600 anos anteriores. "Ou seja: se tratabaixar bullsbetum texto que foi transmitido, provavelmentebaixar bullsbetpedaços, pela história oral,baixar bullsbetregiões diferentesbaixar bullsbetIsrael, e num determinado momento foram consolidados num único livro", argumenta.
"Isso não impede que, do pontobaixar bullsbetvista da religião, a gente tenha o material como algo estruturante, que nos forma, que nos mantem unidos e,baixar bullsbetcerta forma, com a referência a um único texto, a um único Moisés, ainda que a gente possa dizer cientificamente que não haja relatos desse Moisés."
"Nada exatamente nos garante que Moisés tenha sido um personagem histórico quebaixar bullsbetfato viveu toda a narrativa da Torá", comenta Goldfarb.
O Moisés histórico
Segundo a narrativa bíblica, Moisés teria nascido no Egito, filhobaixar bullsbetum casal da tribo judaicabaixar bullsbetLevi. O texto sagrado aponta que, quando ele nasceu, foi mantido escondido por três meses e, então, colocadobaixar bullsbetum cesto no Rio Nilo. A filha do faraó, então, teria encontrado o bebê e encarregado uma ama — que seriabaixar bullsbetmãe natural —baixar bullsbetcriá-lo.
Ele teria sido, portanto, criado e educado na corte, como um príncipe. Aos 80 anos, entretanto, ele teria se tornado, encarregado por Deus, o libertadorbaixar bullsbetseu povo, conduzindo-o para a "terra prometida", Canaã, antiga denominação da região correspondente à área do atual Estadobaixar bullsbetIsrael,baixar bullsbetparte da Jordânia, do Líbano ebaixar bullsbetparte da Síria.
"Há muitas teorias sobre quem teria sido o Moisés histórico, mas nenhuma conclusão definitiva", afirma o rabino Lam. "Do pontobaixar bullsbetvista tradicional, se levarmosbaixar bullsbetconta o que está registrado no livro bíblico 1 Reis,baixar bullsbetque o êxodo do Egito, liderado por Moisés, ocorreu 480 anos antes do rei Salomão construir o primeiro Templo Sagradobaixar bullsbetJerusalém, por volta do ano 1000 antes da Era Comum, o êxodo teria ocorrido por volta do ano 1480 antes da Era Comum, liderado por Moisés, então com 80 anos. Logo, Moisés, que segundo a Torá viveu por 120 anos, teria nascidobaixar bullsbet1560 antes da Era Comum e falecidobaixar bullsbet1440."
"Segundo outra tradição rabínica, Moisés teria vivido entre 1391 e 1271 antes da Era Comum. Segundo uma terceira posição, a do historiador e estudioso da Bíblia Israel Knohl, professor da Universidade Hebraicabaixar bullsbetJerusalém e no Instituto Shalom Hartman,baixar bullsbetJerusalém, a escravidão do povobaixar bullsbetIsrael no Egito provavelmente começou no final do reinadobaixar bullsbetRamsés II e o êxodo ocorreu cercabaixar bullsbet400 anos depois, por voltabaixar bullsbet1175 antes da Era Comum, quando Moisés teria 80 anos; daqui se supõe que Moisés tenha vivido entre os anos 1255 e 1135", explica o rabino.
Isto posto, se nem o períodobaixar bullsbetque ele viveu é confirmado, o restante das informações biográficas também é permeadobaixar bullsbetdúvidas. "Se só temos como estimar que Moisés teria vivido entre 3,1 mil e 3,5 mil anos atrás,baixar bullsbetorigem histórica também não é clara", concorda Lam.
"Tradicionalmente, ele nasceu no Egito, filhobaixar bullsbetuma família da tribobaixar bullsbetLevi, já durante o tempobaixar bullsbetque os israelitas eram escravos. Há quem diga, porém, que ele teria sido um conselheiro egípcio do faraó. Outros, que Moisés viriabaixar bullsbetMose, cujo significado seria 'filho', lembrando que o nome Moshé foi dado pela filha do faraó. Mas a tradição judaica entende que Moshé vembaixar bullsbetuma palavra da raiz hebraica e seu sentido é 'eu o tirei das águas', referindo-se ao fatobaixar bullsbeta filha do faraó ter, segundo o texto bíblico, retirado o bebê Moisés das águas do rio Nilo e o criado como o seu filho, o seu 'moshé'."
O rabino acrescenta que, na faltabaixar bullsbetrelatos históricos, o que sabemos sobre quem foi Moisés se baseia "nos relatos bíblicos e na leitura rabínica".
"Foi o maior dos líderes e profetas do povo judeubaixar bullsbettodos os tempos, aquele que liderou o êxodo do Egito e a perambulaçãobaixar bullsbet40 anos pelo deserto, enfrentando povos inimigos, adversidades pelo caminho e crises dentro do próprio povo, até ser sucedido por Josué, filhobaixar bullsbetNun, e morrer sem entrar na terra prometida", define. "Mas, historicamente, a partir do que se costuma chamarbaixar bullsbethistória, embora haja muita especulação, não há como definir quem foi Moisés."
No meio disso tudo, difícil cravar o que ocorreu historicamente e o que acabou sendo perpetuado como uma construção, uma narrativa mítica fundadorabaixar bullsbetuma religião. "Tantas histórias que podem ter sido reais, do pontobaixar bullsbetvista histórico… Ou não", comenta o rabino.
"Tampouco vejo que se tratabaixar bullsbetalgo lendário, no sentidobaixar bullsbetuma espéciebaixar bullsbetnão-verdade, mas simbaixar bullsbetcamposbaixar bullsbetsignificados religiosos, espirituais, psicológicos e simbólicos, que carregam liçõesbaixar bullsbethumanidade,baixar bullsbetcrescimento pessoal,baixar bullsbetdesenvolvimentobaixar bullsbetliderança que servembaixar bullsbetinspiração até os dias atuais. Portanto, verdadeiros."
"Racionalmente, o que vamos entender é que Moisés foi um grande líder, o iniciadorbaixar bullsbetfatobaixar bullsbetum povo, na medida que esse povo sai do Egito. Mas isso por voltabaixar bullsbet1,2 mil anos antesbaixar bullsbetCristo, mais ou menos", situa o historiador, filósofo e teólogo Gerson Leitebaixar bullsbetMoraes, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Contexto
Mas para entender essa construção mítica do personagem é preciso retroceder ainda mais no tempo. E entender o que faziam esses hebreus antigosbaixar bullsbetterritório egípcio, afinal. E, principalmente, por que eles decidiriam ou precisaram empreender essa fuga heroica.
É uma história que remonta às origens daquilo que entendemos como civilização, aliás. "Aquilo que a gente poderia chamarbaixar bullsbetantepassados dos israelitas eram os que habitavam uma região do crescente fértil, uma meia lua cortada por uma sériebaixar bullsbetrios importantes, o Tigre, o Eufrates…", explica Moraes. É a Mesopotâmia.
Segundo o professor, muito provavelmente esses antepassados eram povos semitas, seminômades, criadoresbaixar bullsbetovelhas que "durante todo o segundo milênio antesbaixar bullsbetCristo circulavam pelas margens semidesérticas daquele entorno".
Em algum momento entre os século 19 a.C. e 16 a.C., algumas figurasbaixar bullsbetdestaque acabaram se tornando importantes a pontobaixar bullsbetganharem menções, registros, primeiro na história oral, depoisbaixar bullsbettextos. "É o casobaixar bullsbetAbraão", pontua Moraes.
"Isso vai ser importante quando Israel, lá na frente, for contar a história e seus mitos fundamentais. Eles vão recuperar isso: Deus chamou um homembaixar bullsbetnome Abraão, ele se estabeleceu ali, criou seus filhos ebaixar bullsbetdescendência seria o início da formação dos israelitas."
"Mas num determinado momento, essa grande família enfrentou a fome. O grupo decidiu então migrar para o Egito", prossegue o acadêmico. "Lá eles ficaram 400 anos. Só que algo que no início era muito favorável, com o passar do tempo deixoubaixar bullsbetser interessante. Porque depoisbaixar bullsbet400 anos, esse povo está submetido a um regimebaixar bullsbetservidão: estamos falandobaixar bullsbetalgobaixar bullsbettorno do século 13 antesbaixar bullsbetCristo."
Moraes endossa o que acreditam certos pesquisadores: que não era um regimebaixar bullsbetescravidão, mas sim a servidão. Que os antepassados dos israelitas que ali viviam eram obrigados a prestarem serviços ao faraóbaixar bullsbettrocabaixar bullsbetpoderem usar a terra e terem segurança.
"Aos poucos, esse povo começa a querer sair do Egito e voltar a ocupar aquilo que eles entendem ser a terra prometida por Deus. É aí que aparece a figurabaixar bullsbetMoisés", diz Moraes.
"A Bíblia vai chamarbaixar bullsbetescravidão, mas muito provavelmente o que temos é um regimebaixar bullsbetservidão. Só que esse regime vai se tornando cada vez mais opressor, o que aumenta o desejobaixar bullsbetsair da terra. Aquela família semítica quebaixar bullsbetalgum momento desceu para o Egito já se tornou um grupobaixar bullsbetmuitos segmentos", relata ele.
Muito provavelmente isso tudo ocorreu durante o reinado do faraó Ramsés 2o. (1303 a.C. - 1213 a.C.). De acordo com Moraes, "foi um processo complexobaixar bullsbettomadabaixar bullsbetconsciência desse grupo semita".
Moisés, criado como príncipe, teria assumido o papelbaixar bullsbetlíder, com uma narrativa repletabaixar bullsbetsinais divinos e contornos míticos. "Nesse processobaixar bullsbetsaída do Egito reside o fato fundante, aquilo que determina a identidadebaixar bullsbetum povo", analisa o teólogo e historiador.
A demora dos 40 anos se justifica, historicamente: a regiãobaixar bullsbetCanaã, antes terra desse povo, já estava ocupada por outros grupos. Era preciso estratégia e força militar para retomar a posse.
"Eles saem do Egito como uma verdadeira confederação tribal, feitabaixar bullsbetmuitos núcleos familiares. Ficam perambulando e não entram [no destino almejado] porque não têm força militar para entrar. O relato bíblico se aproveita disso para mostrar a liderançabaixar bullsbetMoisés e tudo aquilo que envolvebaixar bullsbetfigura", comenta.
Nesse processo, três fatos são fundamentais: a partida,baixar bullsbetsi, do Egito, depoisbaixar bullsbetuma sériebaixar bullsbetcatástrofes, apresentadas como sinais da intervençãobaixar bullsbetDeus; a célebre passagem pelo mar Vermelho, muito explorada imageticamente mas que, segundo estudiosos contemporâneos, teria sido uma engenhosa obrabaixar bullsbettática militar; e o momentobaixar bullsbetque Moisés supostamente recebebaixar bullsbetDeus — e apresenta ao povo — a tábua dos Dez Mandamentos, uma constituiçãobaixar bullsbetque, nas palavrasbaixar bullsbetMoraes, "estabelece princípiosbaixar bullsbetadoração ebaixar bullsbetconvivência".
Identidades e verdades
Na faltabaixar bullsbetevidências arqueológicas ou registros materiais, há várias possibilidadesbaixar bullsbetentender sobre quem foi Moisés. Ele pode ter sido um grande líder, que foi capazbaixar bullsbetunir seu povo insatisfeito e empreender essa viagembaixar bullsbetvolta às origens, como a tradição consolidou.
Também pode ser a junçãobaixar bullsbetvários líderes,baixar bullsbetum processo mais longo — e o tempo acabou sedimentando todas as característicasbaixar bullsbetuma só figura.
Outra hipótese é que ele tenha sido um egípciobaixar bullsbetfato, derrubando a narrativabaixar bullsbetque ele teria sido adotado pela família do faraó — nesse entendimento, ele era, na verdade, filho legítimo da dinastia dominante.
É o que defendeu, por exemplo, o psiquiatra Sigmund Freud (1856-1939), no livro Moisés e o Monoteísmo. "Muita gente defendia a ideiabaixar bullsbetque Moisés não fosse necessariamente um israelita, um judeu. Mas um egípcio, alguémbaixar bullsbetdentro da própria dinastia que,baixar bullsbetalguma maneira acabou se solidarizando com aquele grupo e conduzindo-o", aponta Moraes.
"É uma teoria que gera polêmica até hoje, porque os judeus têm dificuldade com isso. Como assim, o grande líder não ser um israelita? De uma maneira geral, Moisés é 'propriedade' dos judeus."
Outro ponto interessante que corrobora a tesebaixar bullsbetque o relato bíblico é mítico é o fatobaixar bullsbetque a narrativabaixar bullsbetsi não é uma história original.
"O relatobaixar bullsbetseu nascimento pode ser comparado com a epopeiabaixar bullsbetSargão da Acádia [antigo rei sumério], um grande conquistador mesopotâmico do século 25 antesbaixar bullsbetCristo", comenta Moraes. "Essa epopeia serve como referência para emoldurar o nascimentobaixar bullsbetMoisés."
Segundo a narrativa, quando Sargão nasceu ele foi abandonado às escondidas porbaixar bullsbetmãe e postobaixar bullsbetuma cestabaixar bullsbetjunco calafetada. Deixadobaixar bullsbetum rio, foi levado até o mundo divino, onde uma deusa o teria acolhido e amado.
"Ao tratarem Moisés dessa forma, pretendiam inscrevê-lo como o grande libertadorbaixar bullsbetIsrael, no rol dos grandes personagens da história", compara o historiador. "Quem apresenta Moisés dessa forma está copiando uma longa tradição que vembaixar bullsbetmuito tempo antes e isso tem a finalidadebaixar bullsbetmostrarbaixar bullsbetpredestinação."
Evidentemente que, diante da precaridade documental, o que ficabaixar bullsbet"verdade" sobre Moisés é o relato que chegou aos nossos dias. "Dá para cravar quando nasceu? Se era egípcio? Não se sabe. Muito difícil bater o martelo. O que nossa cultura faz é, já que temos acesso ao que ele foi por meio da literatura sagrada, a gente compra o relato do jeito que ele é. Mas uma pesquisa mais aprofundada mostra que não dá para ter tanta certeza", diz Moraes.
E essas construções permeiam toda a narrativa. No famoso episódio da travessia do mar Vermelho, por exemplo, o imaginário consagrou a ideiabaixar bullsbetum ato mágicobaixar bullsbetque duas colunasbaixar bullsbetágua se abrem e o povo passa no meio.
Trabalho científico publicadobaixar bullsbet2010 pelo Centro Nacionalbaixar bullsbetPesquisa Atmosférica dos Estados Unidos,baixar bullsbetparceria com a Universidadebaixar bullsbetColorado, no periódico Plos One, concluiu que o episódio pode ter sido decorrentebaixar bullsbetventos extremamente fortes soprados ao longobaixar bullsbetuma noitebaixar bullsbetuma região onde um afluente do Nilo se funde com uma lagoa costeira do mar. E o episódio "milagroso" poderia ter ocorrido ali.
Uma interpretação mais consolidada é que a travessia mítica tenha ocorridobaixar bullsbetuma região marcada por uma cadeiabaixar bullsbetlagos rasos, repletosbaixar bullsbetjuncos tolerantes à água salgada.
"Os judeus fugiram e as rodas das carroças dos soldados egípcios que os perseguiam ficaram atoladas, não permitindo que eles seguissem adiante. Foi uma estratégia militar", comenta Moraes.
Para o pesquisador, "criou-se a ideiabaixar bullsbetque Deus esteve com o povo mas há toda uma polêmica sobre o ato miraculoso". "O milagre talvez esteja na estratégia bem sucedida,baixar bullsbetcomo um povobaixar bullsbettrabalhadores braçais conseguiu ludibriar um exército profissional. Isto ébaixar bullsbetfato miraculoso", aponta ele.
De qualquer forma, o relato se fez necessário como "fato fundante" do novo povo. "Sem isso, não seria possível a constituição do povobaixar bullsbetIsrael", afirma o historiador.
"A confederação tribal que sai do Egito precisa crer que Deus está com eles, que eles recebem uma leibaixar bullsbetDeus, que quer ser o Deus deles, e eles serão o povo desse Deus. Então, está tudo certo. A visão religiosa precisa ter esses elementos todos porque são elementos que agregam, que dão identidade", analisa Moraes.
Moisés é protagonista e também é produto disso. "O que aconteceu com ele é envolto nesse processobaixar bullsbetconstituição identitáriabaixar bullsbetum povo. Ele existiu, foi um líder importante, conduziu esse povo, se colocou como uma espéciebaixar bullsbetlegislador", contextualiza. "Tudo o mais registrado sobre ele entra no terreno da fé."
- Este texto foi publicadobaixar bullsbethttp://vesser.net/geral-63011899
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