Como cientistas tentam combater ideiab2xbetque é 'tarde demais para salvar o planeta':b2xbet
Meses depois, McBryde fez um vídeo mais direcionado à tomadab2xbetações e à necessidadeb2xbetpressionar políticos como o presidente brasileiro Jair Bolsonaro. E falou à unidadeb2xbetdesinformação da BBC que não se considera mais um "doomer": "Me convenci que podemos sair dessa".
Os desafios para conter o aquecimento global são,b2xbetfato, gigantescos.
Um dos objetivos mais urgentes é limitar o aumento da temperatura no mundob2xbet1,5°C (em relação a níveis pré-revolução industrial) até o anob2xbet2030, e as ações atuaisb2xbetgovernos e grandes empresasb2xbetdireção a uma economia verde são consideradas insuficientes.
Mas o climatologista norte-americano Michael E. Mann teme que a popularização da narrativa apocalíptica se transforme no que ele chamab2xbet"inativismo" — ou seja, jogar a toalha enquanto ainda é possível fazer algo.
Emb2xbetvisão, essa ideia favorece a indústria dos combustíveis fósseis, que quer ganhar tempo e evitar perdab2xbetmercado enquanto o mundo fazb2xbettransição para uma estrutura sustentável.
"Tudo isso reflete uma miopia egoísta, um benefício financeirob2xbetcurto prazo para poucos à custab2xbetum sofrimentob2xbetlongo prazo para todos nós. É difícil encontrar vilões piores do que negacionistas do clima e aqueles que querem adiar as ações", diz Mann à BBC News Brasil.
O geofísico e professor da Universidade da Pensilvânia é um dos responsáveis por uma pesquisa do final dos anos 1990 considerada chave no entendimento da influência humana sobre o aquecimento global.
O estudo contém um famoso gráfico apelidado — pelo seu formato —b2xbet"tacob2xbethóquei".
Mann dedica seu livro The New Climate War: The Fight to Take Back Our Planet (em tradução livre, A Nova Guerra do Clima: A Luta para Terb2xbetVolta o Nosso Planeta; sem edição brasileira) e suas falas públicas a combater a crençab2xbetque tudo está irremediavelmente perdido.
Por exemplo, ele aponta uma notícia positiva que afirma não ter ganhado destaque suficiente entre o público.
Um relatóriob2xbet2021 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na siglab2xbetinglês), da ONU, b2xbet desbancou uma antiga ideiab2xbetque, se interrompêssemos todas as emissõesb2xbetgases agora, a temperatura global continuaria subindob2xbetqualquer forma por um períodob2xbet30 a 40 anos.
O entendimento mudou: os estudos mais recentes mostram que a interrupção imediata do acúmulob2xbetcarbono na atmosfera teria b2xbet efeitos positivos jáb2xbetum prazo entre 3 e 5 anos. Ou seja,b2xbetuma perspectivab2xbetlongo prazo, os resultados são "imediatos".
Mas Mann lembra que os subsídios para os combustíveis fósseis chegam a quase b2xbet US$ 6 trilhões (R$ 30 trilhões),segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), um montante que b2xbet representoub2xbet2020 7% do PIB mundial.
E não há soluções mágicas. O cientista norte-americano aponta voto e pressão popular como os caminhos para a mudança. Afirma que evitar cada 0,1°Cb2xbetelevação na temperatura global já conta muito.
Crítica ao pessimismo
Mann não vê apenas na desinformação o focob2xbetproblemas da visão apocalíptica: critica o pessimismob2xbetpensadores sérios sobre o tema, que se baseiamb2xbetevidências científicas.
Ele cita o jornalista David Wallace-Wells, autor do best-seller A Terra Inabitável: Uma História do Futuro (Companhia das Letras, 2019).
Na visão do climatologista, há um "fetiche pelo apocalipse climático [climate doom porn, na expressão original]".
O termo faz sentido quando se sabe que há um canal da TV paga, o WeatherSpy, dedicado a desastres naturais com programasb2xbetnome como Contagem Regressiva do Clima Extremo.
"Talvez seja pela mesma razão que pessoas andamb2xbetmontanha-russa, pulamb2xbetbungee-jump ou fazem sky-diving — às vezes, elas só querem sentir esse frio na espinha. O apocalipse climático dá a elas essa mesma descargab2xbetadrenalina. Estou chamando issob2xbetdroga? Acho que sim", escreve Mannb2xbetseu livro.
Ele afirma que "nós precisamos falar tanto sobre o desafio quanto sobre a oportunidade. Sim, nós já estamos vendo perigosos impactos da mudança climática, e ainda permanece o desafiob2xbetreverter o perigoso aquecimento planetário adicional. Mas nós temos a oportunidadeb2xbetcriar um mundo melhor para nós mesmos, nossos filhos e netos. É essa a nossa luta".
Mercedes Bustamante, professora do Departamentob2xbetEcologia da Universidadeb2xbetBrasília (UnB), diz que "há preocupação da comunidade científica eb2xbetinstituições sobre a comunicação do tema".
A ideia é "fornecer uma visão balanceada sobre o desafio que precisamos enfrentar e as soluções que podemos viabilizarb2xbetdiferentes escalasb2xbettempo".
Para a professora da UnB, "a perspectiva fatalista, ou seja,b2xbetque não há mais espaço para soluções, contribui somente para tornar a marcha mais lenta na resolução da crise global".
Qual o melhor caminho para chamar a atenção?
Há discordâncias dentro da comunidadeb2xbetcientistas e ativistas do clima sobre qual mensagem é mais eficaz para sair do imobilismo.
Para alguns, ajuda a dar dimensão da gravidade do problema atual se lembrar que os dados sobre o aquecimento global são preocupantes e que os esforços para eliminar emissõesb2xbetcarbono continuam insuficientes.
Em um famoso discurso, a jovem ativista sueca Greta Thunberg, então com 15 anosb2xbetidade, dizia "eu quero que você sinta o medo que eu sinto todos os dias e eu quero que você aja. Eu quero que você se comporte como se a nossa casa estivesse pegando fogo, porque é isso o que está acontecendo".
Thunberg logo se tornaria um rosto para a ideiab2xbetenfrentar com urgência as mudanças climáticas.
Em abril deste ano, cercab2xbetmil cientistas participaramb2xbetuma sérieb2xbetprotestosb2xbet25 países como parteb2xbetuma coalização chamada "Rebelião dos Cientistas".
O objetivo, segundo o manifesto do grupo, é "expor a realidade e a severidade da emergência climática e ecológica com engajamentob2xbetdesobediência civil não violenta".
Peter Kalmus, cientista da Nasa e parte da "Rebelião dos Cientistas", disse ao jornal The Guardian que "essas notícias [de eventos climáticos fora do normal] provavelmente vão começar a se estabilizar. É onde nós estamos agora. Essa é uma semana normalb2xbet2022. Como então vai ser umab2xbet2024? E 2025?".
Mann, que enfrentou durante anos ataquesb2xbetnegacionistas e relata ter sido alvob2xbetcampanhas promovidas pela indústria dos combustíveis fósseis, afirma que prossegueb2xbetseus esforçosb2xbetdécadas para chamar atenção ao problema "simplesmente me mantendo focado na tarefa que está a mão".
"Eu tenho féb2xbetque nós tomaremos as ações necessárias. E eu fico encorajado pelas ações que governos como osb2xbetEstados Unidos e Austrália estão tomando. Já era tempo e nós ainda não estamos fazendo o suficiente. Mas parece que os dividendos para quem esteve na linhab2xbetfrente por décadas começaram a aparecer. É possível vencer a maior batalha que temos como espécies", diz ele.
O presidente norte-americano Joe Biden sancionou um planob2xbetUS$ 700 bilhões para atuar contra a mudança climática. A Austrália tornou lei as seguintes metas: emissõesb2xbetgases precisarão ser cortadasb2xbet43% no intervalo entre 2005-2030 e zerar até 2050.
O governo chinês também tem investido esforçosb2xbetpesquisa e desenvolvimento para eficiência sustentável eb2xbetestratégiasb2xbetdescarbonizaçãob2xbetsua economia.
Para Alexandre Costa, cientista do clima e professor da UECE (Universidade Estadual do Ceará), "há atualmente entre os cientistas uma atmosferab2xbet'está desesperador, mas ainda dá para salvar muita coisa. A pior alternativa é entregar os pontos".
"Nós precisamos assumir uma posição que é o oposto do conformismo, do tanto faz."
"Minha experiência pessoal foi difícil nos últimos dez anos. Principalmente pela frustraçãob2xbetnão ser ouvido."
Costa afirma que o pensamento apocalíptico é "tão paralisante quanto o negacionismo. Embora eles estejamb2xbetextremos opostos na narrativa, o efeito prático dos dois é muito próximo."
Ele faz uma conexão do "doomismo" com o fenômeno do ecofascismo na Europa e nos EUA. Pela sobrevivência durante uma grande crise climática (que ainda pode ser evitada), gruposb2xbetextrema-direita já defendem o bloqueiob2xbetfronteiras e a proibição da imigração.
"Sempre tento dissuadir colegas [cientistas] que estejam derivando para esse caminho", afirma o climatologista.
"Não vamos conseguir nadab2xbetbom com a ideiab2xbetque tudo está perdido. Aí é um terreno estéril, infértil."
- Este texto foi publicado originalmenteb2xbethttp://vesser.net/geral-62653493
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