Depressão pós-parto masculina: condição silenciosa que afeta milhõesbotmillion cassinopais:botmillion cassino

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"Eu levei para o lado pessoal, 'estou falhando, não estou fazendo meu trabalho aqui'", ele conta. "E também comecei a sentir que era dirigido a mim, que o meu filho estava chorando porque não gostavabotmillion cassinomim."

Levine adorava crianças. Desde que começoubotmillion cassinocarreira como pediatrabotmillion cassinoNova Jersey, nos Estados Unidos, ele havia ouvidobotmillion cassinovários pais: "você será um pai muito bom algum dia."

Ele havia ficado entusiasmado quandobotmillion cassinoesposa ficou grávida e deu à luz. Levine se sentia útil quando ela teve dificuldades para amamentar e podia usar seu conhecimento médico para ajudar a incorporar a fórmula na alimentação do bebê.

Mas, depois, o seu papel mudou. Ele não precisava ser médico; ele precisava ser pai. E, quando surgiram as dificuldades com as tarefas práticas da paternidade, como fazer seu filho pararbotmillion cassinochorar, Levine achou que a culpa fosse dele.

"Foi quando as coisas começaram a se agravar", ele conta. Levine menosprezava seu filho e gritava com ele. Ele começou a ver imagensbotmillion cassinoviolência com seu filho e consigo próprio. E não sabia como fazer as coisas melhorarem.

"Eu dizia para a minha esposa que era o fim da nossa vida", relembra. "Tudo o que eu conseguia visualizar era o ciclobotmillion cassinodesespero que seriam as nossas vidas."

No seu trabalho como médico, Levine examinava as mães para diagnosticar possíveis casosbotmillion cassinodepressão pós-parto (DPP), uma doença depressiva que aparece no primeiro ano depoisbotmillion cassinodar à luz. Ela é normalmente considerada uma condição feminina. Mas poderia ocorrer também com os pais?

Levine nunca havia ouvido falar nisso e não era o único. A DPP é uma condiçãobotmillion cassinosaúde mental que pode fazer com que as mães e os pais se sintam mal permanentemente, apáticos ou até com pensamentos suicidas no primeiro ano após o parto.

É um fenômeno bem conhecido entre as mulheres, embora ainda permaneça subdiagnosticadobotmillion cassinotodo o mundo e nem sempre seja adequadamente tratado, o que às vezes traz consequências trágicas. O que é menos conhecido, mesmo entre os médicos, é que os homens também podem ter depressão pós-parto.

Muitos dos recursos que podem ajudar no diagnóstico e tratamento da DPP (que vão desde os questionáriosbotmillion cassinodiagnóstico usados pelos médicos até as redesbotmillion cassinoapoio, como gruposbotmillion cassinopessoas) foram estabelecidos para as mulheres. Mesmo os sintomas normalmente associados à depressão pós-parto costumam referir-se mais às mulheres do que aos homens.

Acrescente-se a isso a estigmatização que os homens podem sentir ao expressar problemasbotmillion cassinosaúde mental e os especialistas afirmarão que não são apenas as mães que estamos deixandobotmillion cassinodiagnosticar com DPP. Milhõesbotmillion cassinopais deprimidos podem também estar desamparados.

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Legenda da foto, A vida muda dramaticamente quando nasce um novo bebê, mas a maioria dos homens não recebe as ferramentas, os recursos ou o reconhecimento necessário para lidar com essa transição

Doença escondida

"Embora tenha aumentado a circulaçãobotmillion cassinoinformações sobre as doenças mentais, como a depressão pós-parto nas mulheres, é fato que ela tem sido muito menos reconhecida nos homens", afirma Grant Blashki, consultor clínico da organização australianabotmillion cassinosaúde mental Beyond Blue.

Ainda assim, estima-se que cercabotmillion cassino10% dos pais sofram depressão no primeiro ano após o nascimento do bebê, o que é o dobro da incidência dessa condição na população geral masculina. E há pesquisas que indicam que 10% talvez seja muito pouco. No períodobotmillion cassinotrês a seis meses após o parto, cercabotmillion cassinoumbotmillion cassinocada quatro pais exibe sintomasbotmillion cassinodepressão.

Muitos pais também sofrembotmillion cassinoansiedade generalizada, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e estresse pós-traumático, segundo Daniel Singley, psicólogobotmillion cassinoSan Diego, na Califórnia (Estados Unidos), especializadobotmillion cassinoproblemas masculinos. Mas relativamente poucos desses homens expressarão seus problemas (ou mesmo acreditarão que têm um problema, para começar).

"Na minha experiência, é interessante que, mesmo entre pessoas com boa escolarização ou profissionaisbotmillion cassinosaúde, ainda haja alto nívelbotmillion cassinoestigmatização sobre os problemasbotmillion cassinosaúde mental entre os homens", afirma Grant Blashki. "E isso pode resultarbotmillion cassinonegação, baixa procurabotmillion cassinoajuda ou na sensaçãobotmillion cassinoque você deveria simplesmente resolver aquilo sozinho."

Geralmente, os homens tendem a evitar cuidados médicos, mais do que as mulheres. No Canadá, por exemplo, pesquisadores concluíram que cercabotmillion cassinooitobotmillion cassinocada dez homens não procuram assistência médica a menos que suas parceiras os convençam.

Mas também existem,botmillion cassinomuitos casos, sensaçõesbotmillion cassinoconstrangimento ou vergonha por ser um homem (especialmente um pai) com depressão.

"[Os homens] realmente não querem buscar ajuda para a saúde mental, pois isso é estigmatizado e feminizado. E eles com certeza não querem buscar ajuda durante o período perinatal", afirma Singley.

Ele prossegue explicando que,botmillion cassinocasais heterossexuais com filhos, a mensagem normalmente recebida pelo pai ébotmillion cassinoque a gravidez e o parto fazem parte do universo feminino.

Os pais podem ser excluídos das consultas pré-natal, dos cursos ou até do próprio parto. Quando estão presentes, muitas vezes são instruídos apenas a oferecer apoio, independentemente da ansiedade e do medo que eles também possam estar sentindo.

Singley ressalta que esse tipobotmillion cassinomensagem ativa o estereótipo masculinobotmillion cassino"prover e proteger", ignorando um elemento fundamental: os pais precisam apoiar as mães, mas eles também precisambotmillion cassinoapoio.

Como disse um pai aos pesquisadoresbotmillion cassinoum estudo recente no Reino Unido, "olhandobotmillion cassinoretrospectiva, as instituições, a família e eu próprio nos concentramosbotmillion cassinocomo eu apoiaria minha esposa e a ênfase era que eu permanecesse forte".

'Nós precisamos ser a rocha'

É claro que existe a pressão dos estereótipos masculinos. Se os pais devem ser fortes e fornecer apoio, o que acontece com eles se tiverem depressão?

No mesmo estudo britânico, outro participante afirmou que se "sentia um fracasso, não um verdadeiro homem". Outro perguntou: "que tipobotmillion cassinohomem fica com depressão depoisbotmillion cassinoter um bebê?"

E alguns eram ainda mais duros consigo próprios sobre receber tratamento. Um homem que recebeu licença do trabalho depoisbotmillion cassinoum diagnósticobotmillion cassinoproblemabotmillion cassinosaúde mental afirmou que, quando ficou difícil formar uma nova rotina com o bebê, abotmillion cassinodepressão piorou, "pois eu senti que não estava apenas fracassando como pai, mas como marido". Já outros mencionaram preocupações com a possibilidadebotmillion cassinosuas parceiras os deixarem.

"Ainda são frequentes muitos mitos sobre problemasbotmillion cassinosaúde mental como sinalbotmillion cassinofraqueza ou algo que o homem deveria simplesmente poder resolver sozinho", concorda Blashki. "Esse tipobotmillion cassinomito pode ser intensificado pela sensaçãobotmillion cassinoque o homem deveria ser a parte forte durante essa grande fasebotmillion cassinotransição para a mãe e o bebê."

Levine, por exemplo, só contou parabotmillion cassinoesposa como era forte abotmillion cassinoDPP cercabotmillion cassinoum ano mais tarde, quando, depoisbotmillion cassinoconversar sobre DPP com um paciente, que indicou seu nome adiante, foi convidado a compartilharbotmillion cassinoexperiência no programabotmillion cassinoentrevistasbotmillion cassinoCharlie Rose, nos Estados Unidos.

"Ela não sabia que eu tinha depressão", relembra. "Ela não sabia que eu tinha certos sentimentos com relação ao nosso filho. E ela também não sabia que parte da razão por que nunca contei a ela foi porque eu achava que cairia no seu conceito."

"Os homens não falam sobre seus sentimentos, certo? Nós precisamos ser a rocha para nossas esposas. Eu não tinha ninguém com quem falar sobre isso. E achava sinceramente que, se eu contasse para ela, ela iria me deixar. E a minha esposa é uma pessoa maravilhosa", prossegue Levine.

Universo feminino

Outro obstáculo é o fatobotmillion cassinoque a depressão pós-parto muitas vezes é associada principalmente às mulheres. Por isso, é menos provável que um homem, ou as pessoas àbotmillion cassinovolta, incluindo profissionais médicos, reconheçam os sintomas da DPP.

É verdade que quem dá à luz tem mais possibilidadebotmillion cassinoter depressão no período pós-parto que os seus parceiros. Um estudo concluiu que,botmillion cassinomédia, cercabotmillion cassino24% das mães têm depressão, contra 10% dos pais. E também é verdade que parte dos motivos da DPP das mães são as mudanças hormonais no cérebro que acontecem ao dar à luz.

Os sintomas também tendem a ser diferentes nos homens e nas mulheres. Enquanto a imagem comum da DPP pode ser uma mãe chorosa e incapazbotmillion cassinosair da cama, os pais com DPP são mais propensos a adotar comportamentosbotmillion cassinofuga: aumentar a cargabotmillion cassinotrabalho, por exemplo, ou passar mais tempo ao telefone. E eles estão mais sujeitos a abusarbotmillion cassinosubstâncias ou do álcool e a ser indecisos, irritáveis ou autocríticos.

"Às vezes, [os homens] mostram o que chamamosbotmillion cassino'apresentação depressiva masculina mascarada', que parece um pouco diferente da forma típicabotmillion cassinoque pensamos sobre a depressão", afirma Singley. "Pode haver tendência à somatização", que é a presençabotmillion cassinosintomas clínicosbotmillion cassinovezbotmillion cassinoemocionais, como doresbotmillion cassinoestômago ou enxaquecas.

Algumas pessoas afirmam que os pais não estão sofrendo DPP "real", mas sim depressão genérica, um pensamento exacerbado pelo fatobotmillion cassinoque os pais são mais propensos à depressão pós-parto se já tiverem sofrido depressão anteriormente.

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Legenda da foto, Quando se diz aos homens que eles precisam ser a 'rocha', suas próprias dificuldades muitas vezes são ignoradas ou minimizadas

Embora haja alguma verdade nisso, é algo enganoso, segundo Michael Wells, professor do Departamentobotmillion cassinoSaúde da Mulher e da Criança do Instituto Karolinskabotmillion cassinoEstocolmo, na Suécia, e pesquisadorbotmillion cassinosaúde pós-parto e DPP masculina.

Na verdade, não só os pais são mais propensos à depressão pós-parto se tiverem sofrido depressão no passado, mas também as mães. "Não são só os hormônios", afirma Wells.

Além disso, pesquisas recentes concluíram que os hormônios dos pais também se alteram desde o período pré-natal. Os níveisbotmillion cassinotestosterona dos pais caem durante a gravidez da parceira, por exemplo, enquanto o estrogênio aumenta mais para o final da gestação. E existem evidênciasbotmillion cassinoque a DPP paterna possa estar relacionada com essas alterações.

Causas psicológicas à parte, mães e pais comprometidos enfrentam uma sériebotmillion cassinomudanças depois que o bebê nasce.

"O ajuste ao novo bebê, mudanças no relacionamento, mudanças na vida sexual do casal, novas responsabilidades, lidar com o estresse do parceiro e pressões financeiras", afirma Blashki. "Pode ser,botmillion cassinoforma mais geral, uma épocabotmillion cassinoreflexão sobre a identidade da pessoa e muitos homens podem ficar preocupados com a responsabilidade necessária para cuidarbotmillion cassinoum bebê."

Fatoresbotmillion cassinorisco específicos podem também fazer com que alguns pais sejam mais propensos à DPP. Um deles é a saúde mental da parceira. O riscobotmillion cassinoo pai desenvolver depressão pós-parto é maisbotmillion cassinocinco vezes maior se a mãe tiver DPP (e, se o pai tiver DPP, a mãe também é mais propensa a desenvolver a condição).

Outros fatoresbotmillion cassinorisco incluem a faltabotmillion cassinoestabilidade no emprego, gravidez não planejada, baixa satisfação no relacionamento, faltabotmillion cassinoinformação sobre a gravidez e o parto, pouco apoio social, faltabotmillion cassinosono e expectativas irreais da paternidade.

É interessante observar que nós associamos a DPP aos pais novos, mas a pesquisa desenvolvida por Wells e seus colaboradores concluiu que não são apenas os paisbotmillion cassinoprimeira viagem que apresentam riscobotmillion cassinodepressão pós-parto. Muitos pais com outros filhos também desenvolvem DPP.

O fatobotmillion cassinoque mesmo alguém como Levine, que tinha um emprego e um casamento estáveis, nenhum históricobotmillion cassinoproblemasbotmillion cassinosaúde mental e pleno conhecimento médico sobre a gravidez e os bebês, pudesse ter DPP tão rápida e profundamente demonstra que essa condição pode afetar qualquer pessoa.

Debotmillion cassinoparte, Levine acredita quebotmillion cassinoDPP tenha sido exacerbada por não compreender totalmente como pode ser difícil ser pai, ou qual era o comportamento normal dos recém-nascidos. Ele não percebeu que muitos bebês simplesmente acordam com frequência ou choram muito. E achava que a culpa era dele próprio.

'Minha personalidade mudou'

Isso soa muito familiar para Mark Williams, do grupobotmillion cassinoapoio britânico Fathers Reaching Out.

Quando seu bebê nasceu,botmillion cassino2004, Williams, que mora no Paísbotmillion cassinoGales, era trabalhador autônomo. Ele esperava voltar ao trabalhobotmillion cassinoduas semanas, mas nada saiu conforme o planejado.

Primeiro, o parto dabotmillion cassinoesposa foi traumático. "Tive um ataquebotmillion cassinopânico na salabotmillion cassinoparto e o médico disse que a minha esposa iria para a salabotmillion cassinocirurgia" para uma cesariana não programada, segundo ele.

E, enquanto ela estava lá, ninguém disse a ele o que estava acontecendo. Ele achava que a esposa e o bebê iriam morrer.

Depois desse incidente traumático, Williams foi lançado aos desafios da vida com um recém-nascido, sofrendo ainda a pressãobotmillion cassinovoltar ao trabalho "sem dinheiro e com a hipoteca para pagar". Sua esposa também teve forte depressão pós-parto.

"Comecei a consumir álcool e evitar situações. Minha personalidade mudou", ele conta. Williams sentia raiva e era agressivo. Certa vez, ele socou o sofá com tanta força que quebrou a mão.

Ele tomou conhecimento da DPP masculinabotmillion cassinouma conversa casual com alguém na academia. A esposa daquela pessoa também teve DPP e os dois homens acabaram se sentindo deprimidos. Mas, quando Williams procurou saber quais tiposbotmillion cassinogrupos existiam para os pais, como havia para as mães, ele voltou com as mãos vazias.

Ao longo dos anos, ele conseguiu superarbotmillion cassinodepressão com terapia cognitivo-comportamental, medicação e mais apoio. Williams também recebeu diagnósticobotmillion cassinotranstornobotmillion cassinodéficitbotmillion cassinoatenção e hiperatividade (TDAH).

Mas ele queria ter certezabotmillion cassinoque, se outros pais superassem a estigmatização da DPP masculina e pedissem ajuda, eles poderiam encontrá-la. "Não havia nada para eles. Ninguém realmente falava sobre aquilo", ele conta.

Em 2010, Williams lançou a Fathers Reaching Out, para conectar os pais e oferecer apoio e aconselhamento sobre saúde mental. Essa organização se dissolveu posteriormente por "faltabotmillion cassinofinanciamento", segundo Williams.

Ele rapidamente ouviu não apenas os pais, mas também suas parceiras. "As mães diziam 'meu marido está com muitas dificuldades, seu comportamento mudou desde a gravidez e o nascimento do bebê'", ele conta.

Williams dedicou-se não só a apoiar outros pais, mas também ao ativismo. Ele dá palestras, trabalha com acadêmicos, escreveu um livro, criou o Dia Internacional da Saúde Mental dos Pais e fez lobby junto ao governo britânico para que oferecesse análisesbotmillion cassinosaúde mental aos pais se a parceira sofressebotmillion cassinoalguma condiçãobotmillion cassinosaúde mental, com sucesso.

A consciência sobre a saúde mentalbotmillion cassinogeral e a DPP masculinabotmillion cassinoparticular aumentou, segundo Williams, mas não o suficiente. "Melhorou muito, mas ainda falta muito reconhecimento", afirma ele.

"As orientações NICE [as recomendações nacionaisbotmillion cassinosaúde e assistência da Inglaterra] não mencionam os pais. A OMS só tem informações sobre as mães, não sobre os pais. É preciso um grande impulso nacional, ou que alguma celebridade venha e realmente leve isso adiante", segundo Williams.

Michael Wells destaca outro problema, que é o fatobotmillion cassinoque, como a DPP foi considerada um transtornobotmillion cassinosaúde mental das mulheres por muito tempo, as ferramentasbotmillion cassinodiagnóstico utilizadas pelos profissionaisbotmillion cassinosaúde (que normalmente consistembotmillion cassinoum questionário a ser preenchido pela paciente durante a consulta) foram idealizadas para as mulheres.

Ou seja, os médicos são menos propensos a detectar aquelas manifestações cruciaisbotmillion cassinoDPP masculina e emitir o diagnóstico correspondente.

E ainda existem profissionais da medicina que pensam que a DPP é um problema só das mulheres, segundo Wells. Ele conta: "falei [recentemente] com uma enfermeira e perguntei 'vocês estão diagnosticando pais?'. Ela respondeu 'não, os pais não ficam com depressão'. Para ela, tudo era hormonal e tinha a ver com dar à luz. Por isso, os pais não podiam ter."

Como ajudar os pais

Não buscar ajuda pode ter um alto preço. Os homens dos países ocidentais têm quatro vezes mais propensão ao suicídio que as mulheres (naturalmente, não só devido à DPP).

E existe também o efeito sobre as famílias. Os pais desempenham um papel fundamental no desenvolvimento inicial dos bebês. Um estudo demonstrou, por exemplo, que, se o pai sofrerbotmillion cassinodepressão no primeiro anobotmillion cassinovidabotmillion cassinoum bebê, a criança terá maior probabilidadebotmillion cassinoenfrentar mais dificuldadesbotmillion cassinocomportamento, ter desenvolvimento mais fraco e menor bem-estar com quatro ou cinco anosbotmillion cassinoidade.

Uma solução para ajudar no diagnóstico e tratamento da DPP, segundo os especialistas, é a inclusão dos pais, priorizandobotmillion cassinosaúde mental além da saúde das mães, desde o princípio. Wells, por exemplo, descobriu nabotmillion cassinopesquisa que, quando os pais recebem mais apoio das parteiras, enfermeiras e das suas parceiras, eles têm menos possibilidadebotmillion cassinodesenvolver depressão.

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Legenda da foto, Desestigmatizar a DPP masculina e o papel do paibotmillion cassinogeral pode ajudar os homens a entender que eles precisarãobotmillion cassinoapoio e onde procurar por ele

"O pai muitas vezes não recebe atenção dos médicos ou das enfermeiras", afirma David Levine. "Você estabelece essas famílias com a ideiabotmillion cassinoque a mãe é a mais importante e o pai é secundário. E isso não é verdade."

"Minha esposa não sofreu depressão pós-parto; eu tive. Mas a minha depressão pós-parto poderia ter despertado DPP ou ansiedade nela. Ou, se ela tivesse tido [DPP], haveria 50%botmillion cassinopossibilidade que eu também tivesse. E ninguém conta essas coisas. Os pediatras, que são os únicos médicos que normalmente veem os dois pais a todo momento, não estão diagnosticando essas famílias", prossegue ele.

Daniel Singley acrescenta que também é importante deixar claro para os pais que eles precisarãobotmillion cassinoapoio. Esse apoio pode ser algo como procurar amigos que são pais. Ou podem ser gruposbotmillion cassinopais, onde os homens se reúnem para falar sobre os desafios da paternidade.

Além das comunidades presenciais, esses grupos também podem reunir-se online, como fazem os grupos organizados pela Postpartum Support International, norte-americana, ou pelo grupobotmillion cassinoapoio britânico Pandas.

Mas também é preciso que os homens se abram. Somente falando sobre os problemasbotmillion cassinosaúde mental poderemos desestigmatizá-los, ajudando a garantir que os homens consigam ajuda quando precisarem.

Todos os especialistas estãobotmillion cassinoacordo neste ponto: Levine, Singley, Wells e outros. E eles acrescentam que o aumento da licença-paternidade e mudanças da cultura do ambientebotmillion cassinotrabalho, para que passe a aprovar e não estigmatizar os pais que tirarem licença-paternidade, também fariam diferença.

Os pais podem não precisar se recuperar fisicamente do parto como as mães, mas também precisambotmillion cassinotempo para ajustar-se. E a licença-paternidade pode também permitir que os pais se sintam mais empoderados e comprometidos, o que pode protegê-los contra a depressão pós-parto.

Quando o filhobotmillion cassinoDavid Levine completou três mesesbotmillion cassinoidade, ele tirou licença-paternidade.

"Foram três semanas e meiabotmillion cassinocasa com ele que me causaram imenso impacto, pois eu era seu único cuidador, era responsável por ele e ganhei confiança nas minhas habilidades como pai", relembra ele.

"Eu precisava alimentá-lo e vesti-lo, levá-lo no carro para encontrar minha esposa na cidade, ir à casa dos meus pais ou visitar um amigo para almoçar. Comecei a perceber que eu conseguia fazer essas coisas. E isso trouxe um grande impacto para a minha autoestima", ele conta.

Rejeitando a 'Grande Mentira'

Levine afirma que,botmillion cassinoforma geral, as pessoas também precisam ser mais honestas sobre a paternidade.

Ele fala frequentemente às pessoas sobre o que ele chamabotmillion cassino"a Grande Mentira": a ideiabotmillion cassinoque você pode ter tudo. Você pode trabalharbotmillion cassinotempo integral, ser paibotmillion cassinotempo integral e tudo parecerá como nas imagens brilhantesbotmillion cassinoquartosbotmillion cassinobebê perfeitos e filhos sorrindo que você vê nas redes sociais.

As pessoas muitas vezes pensam nisso sobre as mães. Mas também pode ocorrer com os homens, que podem ainda sofrer a pressãobotmillion cassinogênero para prover financeiramente suas famílias.

"Por isso, quando as coisas não parecem sair como você achava que deveriam parecer, você problematiza isso e diz 'devo ser eu. Eu devo estar estragando tudo. Porque vi pessoas lidando com isso a vida inteira'", explica ele. "Não deve ser motivobotmillion cassinovergonha dizer apenas 'sim, ser pai é difícil. Ser pai é divertido. Mas ser pai é difícil, especialmente no começo."

Para Levine, o medobotmillion cassinoadmitir que ele tinha problemas fez com que precisassebotmillion cassinomais algumas semanas, e incentivo dabotmillion cassinoesposa, para buscar ajuda.

Ele falou com uma terapeuta na empresa onde trabalhava. Ela era especialistabotmillion cassinodepressão pós-parto e compreendia que os homens podiam ter DPP, mas nunca havia sido procurada antes por um paciente homem.

Levine começou a fazer terapia cognitivo-comportamental. E, com a ajudabotmillion cassinouma enfermeira para o bebê à noite, ele começou a dormir melhor.

Mas ele acrescenta que nem tudo eram flores. Quando seu segundo filho nasceu, quatro anos depois, Levine teve DPP novamente. Mas, desta vez, ele reconheceu os sintomas.

Ocupando a diretoriabotmillion cassinouma organização chamada Postnatal Support International desde 2018, da qual será vice-presidente a partirbotmillion cassinojulho, Levine irá falar sobre DPP masculina na convenção deste ano da Academia Norte-Americanabotmillion cassinoPediatria.

Ele contabotmillion cassinoexperiência a todos os pais que chegam com um novo bebê. Sua missão é desestigmatizar a DPP masculina.

Levine ainda sabe que tudo poderia ter sido muito diferente.

"Quando passei por isso, se não fosse pediatra, se não tivesse o trabalho que eu tinha, é possível que eu não estivesse agora falando com você", relata ele. "Porque algo realmente terrível poderia ter acontecido."

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) na seção Family Tree do site BBC Worklife.

Onde buscar ajuda?

- Centrosbotmillion cassinoAtenção Psicossocial (CAPS) e Unidades Básicasbotmillion cassinoSaúde (UBS) — clínicas da família, postos e centrosbotmillion cassinosaúde;

- Unidadebotmillion cassinoPronto Atendimento (UPA 24h);

- Serviçobotmillion cassinoAtendimento Móvelbotmillion cassinoUrgência (SAMU 192);

- Hospitais;

- Prontos-socorros;

Apoio emocional e prevenção ao suicídio:

- Centrobotmillion cassinoValorização da Vida (CVV) — funciona 24 horas por dia pelo telefone 188 (ligação gratuitabotmillion cassinoqualquer linha telefônica fixa ou celular), e também atende por e-mail e pessoalmente (confira no site do projeto).

- Este texto foi originalmente publicadobotmillion cassinohttp://vesser.net/geral-61753907

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