Como desmatamento pode aumentar anemiaslot online gratis con bonuscrianças na Amazônia:slot online gratis con bonus
Embora o trabalhoslot online gratis con bonusParry e seus colegas não se debruce sobre os efeitos do desmatamento na eventual redução da ofertaslot online gratis con bonuscarneslot online gratis con bonuscaça eslot online gratis con bonusproteína animal na alimentação dessas populações tradicionaisslot online gratis con bonusgeral, outras pesquisas já indicaram esses efeitos. A Organização Mundial da Saúde, por exemplo, já apontou a anemia como um grave problema entre os povos indígenas do Brasil, com prevalência superior aslot online gratis con bonus40%.
O Atlas da Carneslot online gratis con bonus2021, elaborado pela Fundação alemã Heinrich Böll, que se dedica ao rastreio das causas ecológicas, indica que 63% das áreas desmatadas na Amazônia são convertidasslot online gratis con bonuspasto para gado.
Mas a carne produzida ali não é, viaslot online gratis con bonusregra, consumida localmente. Estimativas apontam que algo entre 70% e 80% da produção bovina amazônica abasteça o Sudeste do país. Entre 10% e 15% se destinam a exportação. O restante fica na área da Amazônia Legal.
Entre os motivos para que a presençaslot online gratis con bonusum filéslot online gratis con bonusboi seja tão raro na mesaslot online gratis con bonusuma família ribeirinha socialmente vulnerável estão não só o preço da carne, alto para a renda familiar média nessas áreas, mas também a faltaslot online gratis con bonusenergia elétrica eslot online gratis con bonusqualquer condiçãoslot online gratis con bonusrefrigerar e estocar o alimento, altamente perecível. O consumoslot online gratis con bonusfrango também é incomum.
Por outro lado, enquanto o Brasil bate recordesslot online gratis con bonusdesmatamento - com a destruiçãoslot online gratis con bonusmaisslot online gratis con bonus13 mil km2 só no ano passado (maior perda desde 2006) - uma sérieslot online gratis con bonusestudos já mostrou como a fauna é duramente afetada pela devastaçãoslot online gratis con bonusseu habitat.
Não só muitos animais morrem no momento da queimada ou da derrubada da vegetação, mas também predadores perdem suas melhores fontesslot online gratis con bonusalimento, espécies deixamslot online gratis con bonusencontrar locaisslot online gratis con bonusacasalamento e os animais ficam mais expostos e vulneráveis, o que, com o passar do tempo, provoca uma redução significativa das espécimes pra caça.
Um estudo feito por pesquisadores das Univerisades do Arizona, Flórida e Perdue, entre outras, e publicadoslot online gratis con bonus2021, mostrou que as queimadas na Floresta Amazônica nas últimas duas décadas afetaram a populaçãoslot online gratis con bonus95%slot online gratis con bonustodas as espécies da fauna local e até 85% das espécies listadas como ameaçadasslot online gratis con bonusextinção na região.
"Na Amazônia, a população relata isso. Quando há uma degradação do ambiente, animais cuja carne é muito valorizada, como a anta ou a queixada, costumam sumir da região bem rápido. Outras espécies, como a paca, parecem ser mais resilientes à devastação ou à caça predatória", afirma a pesquisadora Patrícia Carignano Torres, da USP, uma das autoras do estudo, que ressalta no entanto que o trabalho não avaliou a relação entre o desmatamento, a redução da caça e o aumento da anemia, apenas radiografou a importância dessa fonteslot online gratis con bonusproteína para a parcela mais vulnerável das crianças ribeirinhas.
Eventos extremos, como fortes secas ou cheias atípicas, que têm atingido a região amazônica nos últimos anos, contribuem ainda mais para o desequilíbrio ambiental nas áreas já degradadas por ação humana.
"Há boas razões para pensar que as mudanças climáticas e o desmatamento da floresta aumentam os riscos para as crianças que hoje já enfrentam insegurança alimentar e desnutrição", diz Parry.
De acordo com uma projeção feita pelos pesquisadores, uma perda significativa na ofertaslot online gratis con bonuscarneslot online gratis con bonuscaça disponível na região hoje levaria o índiceslot online gratis con bonusanemia na primeira infância ali a aumentarslot online gratis con bonus10%. Isso significa que, apenas no Estado do Amazonas, até 3,7 mil crianças da zona rural passariam a sofrerslot online gratis con bonusanemia.
Na Amazônia rural, seisslot online gratis con bonuscada dez crianças têm anemia. No Brasil, umaslot online gratis con bonuscada dez
Os pesquisadores visitaram 1.100 domicílios, escolhidosslot online gratis con bonusmodo aleatório,slot online gratis con bonus4 municípios do Amazonas, o mais distante deles a maisslot online gratis con bonus2 mil quilômetros da capital Manaus. No total, os pesquisadores estiveramslot online gratis con bonus58 vilarejos amazônicos, todos acessíveis apenas por barco.
Para entender o papel da carneslot online gratis con bonuscaça na saúde das pessoas, eles cruzaram os hábitos alimentares da população local com a contagem da proteína hemoglobina presente no sangueslot online gratis con bonus610 crianças - o indicador ideal para diagnosticar a anemia.
Bastava uma gotinhaslot online gratis con bonussangue, retirada do dedo da mão dos pequenos na hora da pesquisa, para verificarslot online gratis con bonusminutos se a criança estava ou não anêmica. Ainda assim, para boa parte da população local, o exame - e o resultado - foi uma grande novidade, já que o atendimento à saúde na região é precário.
Os pesquisadores descobriram que nas cidades amazônicas, onde o consumo médioslot online gratis con bonuscarneslot online gratis con bonuscaça não chega a duas vezes por mês, parece haver pouco impacto dessa fonteslot online gratis con bonusproteína na saúde na primeira infância. Já nas zonas rurais e remotas, onde o consumoslot online gratis con bonuscarneslot online gratis con bonuscaça médio por família varia entre 4 e 8 vezes por mês, pacas, antas, bugios, jabutis e queixadas são indispensáveis no crescimento e desenvolvimento das crianças. O consumoslot online gratis con bonuspeixes, abundante nos dois grupos, não demonstrou efeito sobre a prevalência da doença sanguínea nas crianças.
A anemia é uma doença que surge pela faltaslot online gratis con bonusferro no organismo e se caracteriza pela baixa quantidadeslot online gratis con bonushemoglobina no sangue. A hemoglobina, que dá ao sangueslot online gratis con bonustonalidade vermelha característica, é a responsável por levar oxigênio para todas as partes do corpo. Se o sangueslot online gratis con bonusuma criança não consegue abastecer o organismo com a quantidade necessáriaslot online gratis con bonusoxigênio, seus órgãos e músculos terão dificuldadesslot online gratis con bonusse desenvolverslot online gratis con bonusmodo saudável. É como se faltasse ar para que as células possam respirar e trabalhar - e até por isso alguns dos sintomas típicos dessa doença são o cansaço, a fraqueza e a palidez. A prevenção da anemia é feita por meioslot online gratis con bonusuma alimentação ricaslot online gratis con bonusferro (carnes vermelhas, vegetaisslot online gratis con bonuscor escura, ovos, leguminosas).
"A anemia, especialmente até os 5 anosslot online gratis con bonusidade, costuma acarretarslot online gratis con bonusdéficit no desenvolvimento físico e cognitivo dessas pessoas, que vai se traduzir numa dificuldadeslot online gratis con bonusaprendizagem na idade escolar e terá efeitos até a vida adulta, na qualidade do trabalho que aquela pessoa poderá desempenhar e, por isso mesmo, nos empregos que vai obter. Estudos no mundo todo têm apontado para o papel da anemia no ciclo da pobreza: a criança, anêmica por estarslot online gratis con bonusfamília vulnerável, se torna um adultoslot online gratis con bonusbaixa remuneração que tende a repetir o processoslot online gratis con bonusconstituir uma família vulnerável, com filhos com anemia e assim por diante", explica Torres.
Nesse sentido, embora a carneslot online gratis con bonuscaça represente alguma segurança nutricional para essas crianças, os pesquisadores apontam que ela não é uma "balaslot online gratis con bonusprata" para salvar a infância da Amazônia. E provam isso com dados: segundo o Ministério da Saúde,slot online gratis con bonus2020, a taxaslot online gratis con bonusanemia medida nacionalmenteslot online gratis con bonuscrianças entre 6 meses e 5 anosslot online gratis con bonusidade foislot online gratis con bonus10%. Ou seja, umaslot online gratis con bonuscada dez crianças brasileiras na primeira infância vive com a doença. Já nas áreas rurais amazônicas visitadas por Torres, Parry e seus colegas, o índice salta para 60%: a cada dez criançasslot online gratis con bonusaté 5 anos nessas localidades, seis estavam anêmicas.
"Sequer sabemos hoje quais micronutrientes esses animais selvagens possuem, nunca houve estudos disso. Essas crianças vivem com privaçãoslot online gratis con bonusuma sérieslot online gratis con bonusvitaminas e minerais. E sabemos que se a carneslot online gratis con bonuscaça segura um pouco esses índicesslot online gratis con bonusanemia, ela não resolve por completo o problema, como vemos pela quantidadeslot online gratis con bonuscrianças anêmicas", afirma Torres.
Embora o tratamento da anemia seja relativamente simples - a ingestão regularslot online gratis con bonuscápsulasslot online gratis con bonusferro ouslot online gratis con bonusfarinha enriquecida com o metal, por exemplo -, é difícil o acesso dessa população a profissionaisslot online gratis con bonussaúde que possam orientar os pais ou responsáveis e garantir a regularidade da distribuição gratuita do suplemento.
Durante o estudo, com frequência os pesquisadores foram interpelados a fazer examesslot online gratis con bonuspessoas na comunidade que sequer faziam parte da amostra pesquisada, mas viam na presença dos profissionais uma rara oportunidadeslot online gratis con bonusobter informaçõesslot online gratis con bonuscondiçãoslot online gratis con bonussaúde.
A Amazônia tem 1,1 médico para cada mil habitantes, enquanto no Sudeste do Brasil há 2,8 médicos para cada mil residentes. E dentro da própria Amazônia há desigualdade:slot online gratis con bonusManaus, há 2,8 médicos para cada mil habitantesslot online gratis con bonuscomparação com médiaslot online gratis con bonus0,2 médico nos municípios amazonenses com até 50 mil habitantes. "Os cuidadosslot online gratis con bonussaúde das crianças são particularmente irregulares. O Estado do Amazonas cobre 1,6 milhãoslot online gratis con bonuskm2 e tem 3,8 milhõesslot online gratis con bonuspessoas, mas apenas 344 pediatras, predominantemente localizados na capital do estado.
"A negligência a que as populações ribeirinhas têm sido relegadas faz com que o índiceslot online gratis con bonusdesenvolvimento humano dessas áreas seja menos parecido com o do Brasil e mais similar ao da Zâmbia", diz Luke Parry.
Caça e conservação
Um dos aspectos mais controversos da importância da carneslot online gratis con bonusanimais silvestres para a saúdeslot online gratis con bonuscriançasslot online gratis con bonusfamílias vulneráveis eslot online gratis con bonusáreasslot online gratis con bonusfloresta é que a prática da caça pode também se mostrar destruidora do ecossistemaslot online gratis con bonusque essas populações dependem para viver.
Esse é um problema enfrentado não só na Amazônia, mas também na África. Antes do artigoslot online gratis con bonusTorres e Parry, uma pesquisaslot online gratis con bonusmenor montaslot online gratis con bonusMadagascar já havia indicado que menoresslot online gratis con bonus12 anosslot online gratis con bonusuma das vilas da ilha dependem da carneslot online gratis con bonuscaça para afastar a anemia. O mesmo parece ser verdade para países como o Congo, Nigéria e Equador, embora faltem pesquisas definitivas.
Ao mesmo tempo, cientistas têm descrito o que chamamslot online gratis con bonus"bushmeat crisis" ou "crise da carneslot online gratis con bonuscaça", um processoslot online gratis con bonuspredação massivaslot online gratis con bonusespécies nos países da África Ocidental e na bacia do Rio Congo, que representa hoje a maior ameaçaslot online gratis con bonusextinção para os grandes primatas, outras espéciesslot online gratis con bonusmacacos, elefantes e antílopes.
Já no Brasil, é crime o atoslot online gratis con bonus"matar, perseguir, caçar ou apanhar" espécies da fauna silvestre - nativas ou migratórias - estejam elasslot online gratis con bonusextinção ou não. Estão vedadas a açãoslot online gratis con bonuscaçadores comerciais, profissionais ou esportivos, embora a fiscalização seja frequentemente insuficiente.
Quem for apanhado, mesmo que com um único animal capturado, está sujeito à penaslot online gratis con bonusprisãoslot online gratis con bonus6 meses a 1 ano, e ao pagamentoslot online gratis con bonusuma multa. Como exceções à regra estão os caçadores que obtêm licenças especiais junto aos órgãos ambientais ou autorizações temporáriasslot online gratis con bonuscaçaslot online gratis con bonusuma determinada espécie para controleslot online gratis con bonuspopulação - como no caso recente dos javalis/ javaporcosslot online gratis con bonusSão Paulo.
A lei diz ainda que não é crime abater um animal se o caçador estiver "em estadoslot online gratis con bonusnecessidade, para saciar a fome do agente ouslot online gratis con bonussua família". Mas o texto é criticado por ambientalistas e sociólogos porque não define parâmetros para proteger a caça científica - quando os animais são coletados para estudo - e aslot online gratis con bonussubsistência. "A lei brasileira é confusa e a caçaslot online gratis con bonussubsistência ficaslot online gratis con bonusum limbo. Na prática cabe ao agente, na hora da fiscalização, definir o que é fome e o que é necessidade dessas famílias e se elas estariam cometendo crimes ou não", nota Torres.
Segundo Parry, que estuda a região amazônica há anos, as populações que mais dependem da caça para seu bem-estar - asslot online gratis con bonuszonas rurais e vulneráveis - são também aquelas com menos probabilidadeslot online gratis con bonusfazer uma caça predatória, massiva e destrutiva, apesar da falta generalizadaslot online gratis con bonusinstruçõesslot online gratis con bonusmanejo.
"Em muitas áreas, a caça é bastante sustentável, principalmenteslot online gratis con bonuscomunidades mais remotas, quando temos poucas famílias e muita floresta ao redor. Quanto mais perto das cidades, maiores os riscosslot online gratis con bonuscaça excessiva, porque há uma maior densidade populacional e uma área florestal já maisslot online gratis con bonusrisco", diz o cientista social britânico.
Os dados sugerem que não basta a conservação ambiental para salvar espéciesslot online gratis con bonusextinção e crianças da anemia. "A Amazônia precisaslot online gratis con bonusum desenvolvimento econômico sustentável, que mantenha a florestaslot online gratis con bonuspé ao mesmo temposlot online gratis con bonusque gere mais renda para que a população local tenha acesso a melhores alimentação e práticasslot online gratis con bonussaúde", resume Torres.
Enquanto isso não acontece, no entanto, ela é categóricaslot online gratis con bonusdizer que o Estado brasileiro não deve criminalizar quem caça para comer.
"Nossos resultados deixam claro que não se deve proibir o acesso da população à carneslot online gratis con bonuscaça, não só por questões culturais e sociais, mas porque parte do bem-estar e desenvolvimento dessas crianças dependem disso", diz Torres.
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