Obesidade infantil: as razões por trás do aumentoquero jogar o jogo da quinapeso entre as crianças brasileiras:quero jogar o jogo da quina
Os dados soaram um alerta para a comunidade médica, que já monitorava outras pesquisas sobre excessoquero jogar o jogo da quinapeso na infância. A mais recente delas, divulgada pelo Ministério da Saúdequero jogar o jogo da quina2021, estima que 6,4 milhõesquero jogar o jogo da quinacrianças têm excessoquero jogar o jogo da quinapeso no Brasil e 3,1 milhões já evoluíram para obesidade.
"O que realmente nos preocupa é a tendênciaquero jogar o jogo da quinaaumento. No passado a obesidade era um fenômeno concentrado principalmente entre adultos, mas aos poucos ela foi atingindo também os adolescentes, as crianças mais velhas e agora asquero jogar o jogo da quinamenosquero jogar o jogo da quina5 anos", disse Inês Rugani, pesquisadora do Enani-2019, à BBC News Brasil.
A nutricionista e especialistaquero jogar o jogo da quinasaúde pública chama a atenção para o fatoquero jogar o jogo da quinaque o estudo identificou uma prevalência maior excessoquero jogar o jogo da quinapeso entre as crianças menores,quero jogar o jogo da quinaaté 23 mesesquero jogar o jogo da quinaidade, com 23% delas acima do peso. Os menoresquero jogar o jogo da quina24 a 35 meses estãoquero jogar o jogo da quinasegundo lugar (20,4%), seguidos pelosquero jogar o jogo da quina36 a 47 meses (15,8%) e 48 a 59 meses (14,7%).
"O fatoquero jogar o jogo da quinaque as crianças menores têm uma prevalência um pouco mais alta do que as mais velhas aponta para uma perspectivaquero jogar o jogo da quinapiora no futuro", afirma.
Segundo Rugani, meninos e meninas com obesidade correm riscosquero jogar o jogo da quinadesenvolverem doenças nas articulações e nos ossos, diabetes, doenças cardíacas e até câncer. "Crianças obesas têm ainda mais chancesquero jogar o jogo da quinase tornarem adultos obesos", diz.
A BBC News Brasil conversou com médicos, pediatras e nutrólogos que apontaram as principais razões que explicam o crescimento no sobrepeso e obesidade entre as crianças brasileiras.
Alimentos ultraprocessados
A obesidade infantil é resultadoquero jogar o jogo da quinauma série complexaquero jogar o jogo da quinafatores genéticos e comportamentais, que atuamquero jogar o jogo da quinavários contextos como a família e a escola. Segundo os especialistas ouvidos, porém, os maiores responsáveis pelo aumentoquero jogar o jogo da quinapeso entre as crianças brasileiras são os alimentos ultraprocessados.
Sucosquero jogar o jogo da quinacaixinha, refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos e macarrão instantâneo são alguns dos produtos mais consumidos pelos pequenos atualmente.
Segundo Cintia Cercato, endocrinologista da Universidadequero jogar o jogo da quinaSão Paulo (USP) e presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), o Brasil passa há alguns anos por um processoquero jogar o jogo da quinamudança no ambiente alimentar.
E se antes muitas famílias tinham dificuldadequero jogar o jogo da quinaacesso a alimentos prontos ou industrializados, hoje eles se tornaram mais baratos e disponíveis.
Entre as famílias entrevistadas pelo Enani-2019, a prevalência do consumoquero jogar o jogo da quinaalimentos ultraprocessados chegou a 93% entre criançasquero jogar o jogo da quina24 a 59 meses e 80,5% entre criançasquero jogar o jogo da quina6 a 23 meses. Já o consumoquero jogar o jogo da quinabebidas adoçadas atinge 24,5% dos pequenos entre 6 a 23 meses, 37,7% dosquero jogar o jogo da quina18 a 23 meses e 50,3% das criançasquero jogar o jogo da quina24 a 59 meses.
Alémquero jogar o jogo da quinamuitas vezes terem um custo mais baixo do que os alimentos in natura, os industrializados também são propagandeados na televisão e na internet com um marketing muito específico para os pequenos.
"As embalagens são coloridas e com personagens, e nos supermercados os produtos ultraprocessados costumam ficar nas prateleiras mais baixas, na linhaquero jogar o jogo da quinavisão das crianças. Dessa forma é difícil que os pequenos não sintam vontadequero jogar o jogo da quinaexperimentar", diz Cercato.
Em outubroquero jogar o jogo da quina2022, entraráquero jogar o jogo da quinavigor novo padrãoquero jogar o jogo da quinarotulagemquero jogar o jogo da quinaalimentos e bebidas industrializadas aprovado pela Anvisaquero jogar o jogo da quina2020. As embalagens deverão apresentar um selo frontal com símboloquero jogar o jogo da quinalupa para informar sobre altos teoresquero jogar o jogo da quinaaçúcar, gordura e sódio.
Ainda assim, a endocrinologista defende uma regulamentação mais restrita, com leis que impeçam o usoquero jogar o jogo da quinapersonagens e celebridades infantis nas embalagens e anúncios, assim como a distribuiçãoquero jogar o jogo da quinabrindes com os alimentos. "As crianças ainda não têm discernimento suficiente para não serem atraídas por esse tipoquero jogar o jogo da quinamarketing pesado", diz.
Para garantir a melhor alimentação possível, os nutricionistas e pediatras recomendam que os pais sigam as instruções dadas pelo Guia Alimentar para Crianças Brasileiras elaborado pelo Ministério da Saúde.
"A alimentação da criança deve ser composta por comidaquero jogar o jogo da quinaverdade, isto é, refeições feitas com alimentos in natura ou minimamente processadosquero jogar o jogo da quinadiferentes grupos (por exemplo, feijões, cereais, raízes e tubérculos, frutas, legumes e verduras, carnes)", diz a cartilha.
"O númeroquero jogar o jogo da quinarefeições ao longo do dia e a quantidadequero jogar o jogo da quinaalimentos oferecidos devem aumentar conforme a criança cresce para suprir suas necessidades".
O guia afirma ainda que refeições com maior variedadequero jogar o jogo da quinaalimentos são as mais adequadas e saudáveis para a criança e toda a família. "Sempre que puder, varie a ofertaquero jogar o jogo da quinaalimentos ao longo do dia e ao longo da semana".
Há ainda outras opçõesquero jogar o jogo da quinacartilhas disponíveis na internet, como o Guia Práticoquero jogar o jogo da quinaAlimentação para criançasquero jogar o jogo da quina0 a 5 anos elaborado pela Sociedade Brasileiraquero jogar o jogo da quinaPediatria (SBP) e o e-book Lancheira Saudável, da Abeso, que dá ideias saudáveisquero jogar o jogo da quinalanches para levar para a escola.
Mudanças nos padrõesquero jogar o jogo da quinaamamentação
Outro problema identificado pelos especialistas é o não cumprimento do aleitamento materno exclusivo até os seis mesesquero jogar o jogo da quinaidade, associado à introdução dos industrializados já durante os primeiros mesesquero jogar o jogo da quinavida.
Segundo o Enani-2019, menos da metade (45,8%) dos bebês menoresquero jogar o jogo da quina6 meses mamam exclusivamente no peito da mãe.
"O leite materno é sempre a melhor opção e, por isso, aconselhamos a amamentação exclusiva até os seis meses e até pelo menos os 2 anos", diz a nutricionista Inês Rugani. "A partir dos seis meses a introdução alimentar é recomendada, mas deve-se priorizar alimentos naturais e com ampla variedadequero jogar o jogo da quinanutrientes, o que infelizmente nem sempre ocorre".
Por variados motivos, muitas mães não conseguem amamentar e acabam optando pela fórmula. Segundo os especialistas, ela é a melhor opção nesses casos, mas deve ser evitada quando o leite materno estiver disponível e não fizer mal à criança.
"Tomar leite na mamadeira produz menos saciedade do que a amamentação. Além disso, a criança fica mais passiva do que quando está mamando no peito, o que pode ser prejudicial para o futuro, quando tiver que pegar e buscar os alimentos", diz Rubens Feferbaum, pediatra e nutrólogo, presidente do Departamentoquero jogar o jogo da quinaNutrição da Sociedadequero jogar o jogo da quinaPediatriaquero jogar o jogo da quinaSão Paulo (SPSP).
Segundo o médico, crianças que tomam fórmula ou leitequero jogar o jogo da quinavaca industrializado também podem apresentar maior ganhoquero jogar o jogo da quinapeso.
Faltaquero jogar o jogo da quinaatividade física
Outro componente importante para o aumento nas taxasquero jogar o jogo da quinasobrepeso e obesidade é a mudança nas atividades dos pequenos. Segundo os especialistas, cada vez mais as crianças têm preferido brincadeiras com pouco ou nenhum movimento.
"O estiloquero jogar o jogo da quinavida das crianças mudou e agora elas passam muito tempo sentadas ou deitadas, assistindo televisão, jogando videogame e navegando no celular ou tablet", diz Rubens Feferbaum. "Parte do tempo que no passado era usado para brincadeiras que exigiam correr, dançar e pular agora vai para a tecnologia".
A faltaquero jogar o jogo da quinaespaço físico para atividades mais dinâmicas também se tornou um problema. "Enquanto algumas famílias vivemquero jogar o jogo da quinaregiões periféricas onde não há parques ou segurança na rua, outras crianças passam o dia trancadasquero jogar o jogo da quinaapartamentos no meio da cidade", opina Inês Rugani.
Segundo a especialista, não há uma recomendação padrão para a práticaquero jogar o jogo da quinaatividade física pelas crianças, como existe para os adultos. "O que elas precisam é brincar, ter espaço para correr e se movimentar, e não ficar paradas na frente da TV por horas", diz.
O Ministério da Saúde, porém, orienta para algumas boas práticas no Guiaquero jogar o jogo da quinaAtividade Física para a População Brasileira. O documento, por exemplo, recomenda pelo menos 3 horas por diaquero jogar o jogo da quinaatividades físicas para criançasquero jogar o jogo da quina1 a 5 anos, com variaçõesquero jogar o jogo da quinaintensidadequero jogar o jogo da quinaacordo com a faixa etária.
"Para as crianças, a atividade física é feita principalmentequero jogar o jogo da quinajogos e brincadeiras ouquero jogar o jogo da quinaatividades mais estruturadas, como a participaçãoquero jogar o jogo da quinaescolinhasquero jogar o jogo da quinaesportes equero jogar o jogo da quinaaulasquero jogar o jogo da quinaeducação física", diz a cartilha.
Influência da família
Os hábitos adotados pelos pais e demais familiares também podem ter influência no peso da criança,quero jogar o jogo da quinaacordo com os médicos ouvidos pela reportagem.
"A cultura familiar é muito importante, pois as crianças consomem os alimentos oferecidos pelos pais e seguem as regras da casa quando se trataquero jogar o jogo da quinatempoquero jogar o jogo da quinatela", diz Rubens Feferbaum.
Além disso, é durante a infância que muitos dos hábitos alimentares que levamos para toda a vida são formados. E muito do que é aprendido pela criança é absorvido por meio da observação.
"É importantíssimo que os pais deem bons exemplos, especialmente até os dois anosquero jogar o jogo da quinaidade, quando o paladar é formado", afirma Cintia Cercato, da Abeso. "Oferecer alimentos diversos equero jogar o jogo da quinavários formatos e combinações diferentes é sempre uma boa ideia, assim como organizar refeiçõesquero jogar o jogo da quinafamília para que a criança se sinta motivada a comer bem".
A especialista ainda recomenda convidar as crianças sempre que possível para participar do preparo dos alimentos,quero jogar o jogo da quinaforma que elas se sintam incluídas na rotina alimentar da família.
Por outro lado, a genética também tem um peso importante. Segundo Cercato, a chancequero jogar o jogo da quinafilhosquero jogar o jogo da quinapais obesos sofrerem do mesmo problema pode chegar a 80%. Mas, se os pais têm peso normal, a probabilidade cai para menos que 10%.
O peso durante a gestação também pode afetar a situação do bebê. "O IMC da mãe durante a gestão pode estar intimamente relacionado ao peso futuro da criança", diz Feferbaum.
Especialistas afirmam que é possível controlar o peso na gravidez, mas, para melhores resultados, é fundamental fazer mudanças no estiloquero jogar o jogo da quinavida antes mesmoquero jogar o jogo da quinaengravidar.
Faltaquero jogar o jogo da quinaacompanhamento especializado
Segundo o pediatra e nutrólogo Rubens Feferbaum, a faltaquero jogar o jogo da quinaacompanhamento periódico das crianças por um médico especializado também pode estar contribuindo para o aumento dos casosquero jogar o jogo da quinasobrepeso e obesidade.
"Nem todas as famílias no Brasil tem um acompanhamento regular com um pediatra", diz o médico. "Há uma cultura nacionalquero jogar o jogo da quinasó levar os filhos ao médicoquero jogar o jogo da quinacasosquero jogar o jogo da quinaemergência, mas o ideal é acompanhar a evolução da altura e do peso com visitas regulares".
Para o especialista, é muito mais fácil e possível reverter o quadroquero jogar o jogo da quinaganhoquero jogar o jogo da quinapeso quando ele é identificado precocemente. "Após os 5 anos e sobretudo na adolescência, a obesidade se torna mais difícilquero jogar o jogo da quinareverter. Na verdade, quando mais a obesidade se estende na linha do tempoquero jogar o jogo da quinauma criança pior será o prognostico para ela".
Quando o sobrepeso ou a obesidade são identificados pelo pediatra, o indicado é que a criança seja encaminhada para um médico especializado, como um nutricionista ou endocrinologista.
"Por conta das altas taxasquero jogar o jogo da quinadesnutrição que o Brasil apresentou no passado, é comum que pais acreditem na crençaquero jogar o jogo da quinauma criança roliça é sinônimoquero jogar o jogo da quinasaúde. Mas isso não é verdade e só um acompanhamento médico responsável pode determinar o peso e a altura certaquero jogar o jogo da quinacada uma", diz Inês Rugani, pesquisadora do Enani-2019.
Pandemia
Os dados do Enani-2019 não englobam o período da pandemiaquero jogar o jogo da quinaCovid-19, mas outras pesquisas realizadas no Brasil e no mundo já demonstram o impacto dos períodosquero jogar o jogo da quinaisolamento no pesoquero jogar o jogo da quinacriançasquero jogar o jogo da quinaadolescentes.
Um estudo desenvolvido pela Sociedade Brasileiraquero jogar o jogo da quinaPediatria e publicado na revista científica Jornalquero jogar o jogo da quinaPediatria, mostrou que alguns comportamentos do isolamento estão acarretando ganhoquero jogar o jogo da quinapeso nos pequenos.
A explicação é simples: a faltaquero jogar o jogo da quinagasto energético nas brincadeiras ao ar livre, na escola e também a suspensão dos exercícios físicos, associados ao maior tempo diante das telas, contribuíram para o problema.
Outra pesquisa, do Institutoquero jogar o jogo da quinaComunicação e Informaçãoquero jogar o jogo da quinaSaúde (Icict/Fiocruz),quero jogar o jogo da quinaparceria com a Universidade Federalquero jogar o jogo da quinaMinas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadualquero jogar o jogo da quinaCampinas (Unicamp), indica que ouve aumento no consumoquero jogar o jogo da quinadoces e congelados, bem como no sedentarismo, por crianças e adolescentes. O percentualquero jogar o jogo da quinajovens entre 12 e 17 anos que não faziam 60 minutosquero jogar o jogo da quinaatividade físicaquero jogar o jogo da quinanenhum dia da semana antes da pandemia eraquero jogar o jogo da quina20,9%, e passou a serquero jogar o jogo da quina43,4%.
E por mais que não existam ainda dados sobre o aumentoquero jogar o jogo da quinapeso real durante o períodoquero jogar o jogo da quinaisolamento no Brasil, os especialistas ouvidos pela BBC News concordam que haverá um aumento considerável nos índicesquero jogar o jogo da quinasobrepeso e obesidade nos próximos anos.
"Sabemos que os índices vão piorar, e não somente porque a frequênciaquero jogar o jogo da quinaatividades físicas diminui no períodoquero jogar o jogo da quinaisolamento, mas também por conta da recessão econômica, que afeta diretamente a qualidade da alimentação do brasileiro", diz Inês Rugani, do Enani-2019.
Para Rubens Feferbaum, do Departamentoquero jogar o jogo da quinaNutrição da Sociedadequero jogar o jogo da quinaPediatriaquero jogar o jogo da quinaSão Paulo (SPSP), é preciso considerar também o impacto da pandemia na saúde mental das crianças e adolescentes.
"Ao ficarem presasquero jogar o jogo da quinacasa, sem ir à escola ou encontrar os amigos, muitas crianças e adolescentes desenvolveram ansiedade e depressão", diz. "Esses fatores muitas vezes impactam na forma como os jovens se alimentam, pois podem gerar compulsão alimentar".
E se ainda não existem dados sobre o ganhoquero jogar o jogo da quinapeso durante a pandemia no Brasil, já há informações sobre o cenário nos Estados Unidos. Uma pesquisa do Centroquero jogar o jogo da quinaControlequero jogar o jogo da quinaDoenças (CDC) do Departamentoquero jogar o jogo da quinaSaúde dos EUA mostrou que o percentualquero jogar o jogo da quinacrianças e adolescentes obesos no país aumentou para 22%,quero jogar o jogo da quinacomparação com 19% antes da covid-19.
"O estudo americano mostra um crescimento preocupante na curvaquero jogar o jogo da quinaobesidade nos Estados Unidos, e no Brasil não deve ser tão diferente", diz Cintia Cercato, da Abeso.
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