O que 'planeta sobrevivente' revela sobre fim do nosso Sistema Solar:
Isso tem se mostrado complicado, no entanto. A radiação fraca das anãs brancas torna difícil detectar exoplanetas (planetasórbitaoutras estrelas, fora do nosso Sistema Solar) que sobreviveram a essa transformação estelar — eles estão literalmente no escuro.
Na verdade, dos mais4,5 mil exoplanetas conhecidos atualmente, apenas alguns foram encontradostorno das anãs brancas — e a localização desses planetas sugere que eles chegaram lá após a morte da estrela.
Esta faltadados oferece um panorama incompleto do nosso próprio destino planetário. Felizmente, agora estamos preenchendo as lacunas.
Em nosso novo artigo, publicado na revista Nature, relatamos a descoberta do primeiro exoplaneta conhecido a sobreviver à mortesua estrela sem terórbita alterada por outros planetas se movendo no entorno — girando a uma distância comparável àquela entre o Sol e os planetas do Sistema Solar .
Um planeta semelhante a Júpiter
Este novo exoplaneta, que descobrimos com o Observatório Keck no Havaí, é particularmente semelhante a Júpiter tantomassa quantodistância orbital, e nos fornece um registro crucial dos sobreviventes planetários ao redorestrelas moribundas.
A transformaçãouma estrelaanã branca envolve uma fase violenta na qual ela expande e se torna uma "gigante vermelha", também conhecida como estrela do "ramo das gigantes", centenasvezes maior do que antes.
Acreditamos que este exoplaneta sobreviveu por pouco: se estivesse originalmente mais pertosua estrela-mãe, teria sido engolido pela expansão da mesma.
Quando o Sol um dia se tornar uma gigante vermelha, seu raio alcançará a órbita atual da Terra.
Isso significa que o Sol (provavelmente) engolirá Mercúrio e Vênus, e possivelmente a Terra — mas não temos certeza.
A expectativa eraque Júpiter e suas luas sobrevivessem, embora antes não soubéssemos com certeza.
Mas com a nossa descoberta deste novo exoplaneta, podemos agora ter mais certezaque Júpiter realmente sobreviverá.
Além disso, a margemerro na posição desse exoplaneta pode significar que ele está quase 50% mais perto da anã branca do que Júpiter está do Sol atualmente.
Neste caso, é uma evidência adicional para supor que Júpiter e Marte sobreviverão.
Então, será que alguma vida poderia sobreviver a essa transformação?
Uma anã branca pode alimentar a vidaluas ou planetas que acabem muito próximos a ela (cercaum décimo da distância entre o Sol e Mercúrio) durante os primeiros bilhõesanos.
Depois disso, não haveria radiação suficiente para manter nada.
Asteroides e anãs brancas
Embora tenha sido difícil encontrar planetas orbitando as anãs brancas, detectar asteroides se partindo perto da superfície da anã branca é muito mais fácil.
Para que os exoasteroides cheguem tão pertouma anã branca, eles precisam ter força suficiente, fornecida a eles pelos exoplanetas sobreviventes.
Assim, há muito tempo se supõe que os exoasteroides são evidênciasque os exoplanetas também estão lá.
Nossa descoberta finalmente confirma isso.
Embora no sistema que está sendo discutido no artigo, a tecnologia atual não nos permita ver nenhum exoasteroide, pelo menos agora podemos juntar as diferentes peças do quebra-cabeça do destino planetário, mesclando as evidênciasdiferentes sistemasanãs brancas.
A relação entre exoasteroides e exoplanetas também se aplica ao nosso próprio Sistema Solar.
Objetos individuais no cinturão principalasteroides e no cinturãoKuiper (regiãoformadisco no Sistema Solar exterior) provavelmente sobreviverão ao desaparecimento do Sol, mas alguns serão deslocados pela gravidade por um dos planetas sobreviventesdireção à superfície da anã branca.
Perspectivasdescoberta futura
O novo exoplanetaanã branca foi encontrado com o que é conhecido como métododetecção por microlente.
Ele mostra como a luz se curva devido a um forte campo gravitacional, o que acontece quando uma estrela se alinha momentaneamente com uma estrela mais distante, conforme visto da Terra.
A gravidade da estrelaprimeiro plano amplia a luz da estrela atrás dela.
Quaisquer planetas orbitando a estrelaprimeiro plano vão curvar e distorcer essa luz ampliada, que é como podemos detectá-los.
A anã branca que investigamos está a um quarto do caminhodireção ao centro da galáxia Via Láctea, ou cerca6,5 mil anos-luz do nosso Sistema Solar, e a estrela mais distante está no centro da galáxia.
Uma característica fundamental da técnicamicrolente é que ela é sensível aos planetas que orbitam estrelas na distância Júpiter-Sol.
Os outros planetas conhecidos que orbitam anãs brancas foram encontrados a partirdiferentes técnicas que são sensíveis a diferentes distâncias entre estrela-planeta.
Dois exemplos se referem a planetas que sobreviveram à transformaçãouma estrelaanã branca e acabaram mais perto dela do que antes.
Um foi encontrado por fotometriatrânsito — método para detectar planetas quando eles passam na frenteuma anã branca, o que cria uma queda na luz recebida pela Terra —, e o outro foi descoberto por meio da detecção da evaporação da atmosfera do planeta.
Outra técnicadetecção — astrometria, que mede precisamente o movimento das anãs brancas no céu — também deve render resultados.
A expectativa éque,alguns anos, a astrometria da missão Gaia, da Agência Espacial Europeia, encontre cercauma dúziaplanetas orbitando anãs brancas. E talvez possam oferecer evidências melhorescomo exatamente o Sistema Solar vai morrer.
Esta variedadetécnicasdescoberta é um bom presságio para potenciais detecções futuras, que podem proporcionar mais informações sobre o destino do nosso próprio planeta.
Mas, por enquanto, o recém-descoberto exoplaneta semelhante a Júpiter oferece o vislumbre mais claro do nosso futuro.
Dimitri Veras é professor associado e bolsista Ernest Rutherford (do STFC)astrofísica na UniversidadeWarwick, no Reino Unido.
Este artigo foi publicado originalmente no sitenotícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em inglês).
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