'Recebo xingamentos e ameaças online' - por que é tão difícil combater isso? :vaidebet de quem é

Marianna Spring

Crédito, Phil Coomes/BBC

Eu queria entender por que isso está acontecendo, a ameaça que isso representa — e por que redes sociais, a polícia e governos não tomam providências. Então, eu iniciei uma investigação para a BBC Panorama, um dos principais programas jornalísticos da BBC.

Nós montamos uma conta fakevaidebet de quem é"trollagem" nas cinco redes sociais mais populares do mundo para verificar se elas promoveriam contas e conteúdosvaidebet de quem éódio misógino a esse usuário. Usando uma fotografia gerada por Inteligência Artificial, programamos nosso perfil falsovaidebet de quem é"trollagem" para ser similar às pessoas que me enviavam xingamentos e ameaças. Nosso perfil engajava com conteúdo oferecido pelas plataformas sociais, mas não enviava nenhuma mensagemvaidebet de quem éódio.

Como parte do projeto, a consultoria Demos analisou os ataques recebidos por participantesvaidebet de quem éreality shows, analisando mais 90 mil postagens e comentários sobre eles. A verdade é que programas como Love Island (reality show britânico) funcionam quase como um microcosmo da sociedade, permitindo que pesquisadores comparem agressões direcionadas a homens e mulheres com diferentes trajetórias. A popularidade dessas pessoas também gera muito debate online.

Love Island contestants 2021

Crédito, ITV

Legenda da foto, Prticipantes do reality show 'Love Island'vaidebet de quem é2021

O que descobrimos:

  • Nossa conta falsa recebeu mais e mais recomendaçõesvaidebet de quem éconteúdo contra mulheres no Facebook e no Instagram, alguns envolvendo violência sexual.
  • Mulheres participantesvaidebet de quem éreality shows na TV são desproporcionalmente atacadas nas redes sociais, com ameaças e xingamentos enraizados na misoginia e combinados com racismo.
  • Propostas preliminares das Nações Unidas para fazer com que as empresavaidebet de quem éredes sociais protejam melhor as mulheres foram obtidas com exclusividade pela BBC

Impunidade para perfis que ameaçam mulheres

Empresasvaidebet de quem éredes sociais dizem que levam a sério ataques a mulheres online — e que possuem regras para proteger usuáriosvaidebet de quem éabusos. Entre as medidas estão suspender, restringir ou até fechar contas.

Mas a minha experiência indica que muito frequentemente as empresas não fazem isso. Eu reportei ao Facebook algumas das piores mensagens que eu recebi — incluindo ameaçasvaidebet de quem éir até a minha casa para me estuprar e cometer atos sexuais horrendos. Mas, meses depois, a conta continuava no Facebook, juntamente com dezenasvaidebet de quem éoutras no Instagram e no Twitter que me enviavam ameaças e xingamentos.

Aparentemente, minha experiência faz partevaidebet de quem éum padrão. Nova pesquisa feita pelo Centre for Countering Digital Hate mostra que 97%vaidebet de quem é330 contas que enviaram ataques misóginos no Twitter e no Instagram continuaram no ar após serem denunciadas.

Twitter e Instagram dizem que agem quando suas regras são violadas, e que fechar contas não é a única opção.

Contato com agressores

Curiosa para saber quem estava administrando as contas que enviavam ameaças a mim e a outras mulheres, passei a examinar os perfis que me atacavam. A maioria eram homens e residiam no Reino Unido. Eles me enviavam tudo que é tipovaidebet de quem émensagem, desde me chamarvaidebet de quem é"vaca idiota" e dizer que eu precisava "transar", a ameaçasvaidebet de quem éagressão e violência sexual. Eram vários os ataques ligados a gênero.

Acontece que eles são pessoas reais — não bots. Um é torcedor do Tottenham, como eu. Outro gostavaidebet de quem écomida vegana. Um, cuja conta era anônima, até revelouvaidebet de quem élocalização ao postar um tuíte no serviçovaidebet de quem éentregavaidebet de quem ésupermercado Ocado, reclamando que não entregavamvaidebet de quem éseu código postalvaidebet de quem éGreat Yarmouth, no Reino Unido.

Eu tentei contato com eles. Um deles se chama Steve, está na faixa dos 60 anos e é motoristavaidebet de quem évan nas Midlands, região central da Inglaterra. Ele aceitou falar comigo por telefone. As mensagens que havia me enviado eram menos ofensivas que a maioria dos ataques que recebi — eramvaidebet de quem égrande parte xingamentos baseadosvaidebet de quem égênero.

Assim como muitos dos usuáriosvaidebet de quem éredes sociais que me atacam, ele acredita profundamentevaidebet de quem éteorias da conspiração. E, assim como na maior parte dos casos, as mensagens que me enviou me atacavam por eu ser mulher. Primeiro, ele disse que não achava que as mensagens fossem tão ruins assim. Mas eu expliquei que elas eram apenas algumas das várias com ataques e xingamentos que eu recebo na minha caixavaidebet de quem éentrada.

"Eu provavelmente cometi um erro. Sou um cara bastante justo", concluiu ele, depoisvaidebet de quem éum tempo. Steve destacou que é alvovaidebet de quem éataques online por "pessoas que acreditam que os ataques terroristasvaidebet de quem é11vaidebet de quem ésetembro aconteceram e que existe aquecimento global".

Essas pessoas estão respondendo a teorias da conspiração que ele compartilha nas redes sociais. Eu tinha esperançasvaidebet de quem éque isso o ajudasse a ver que ódio não é a melhor resposta. E acho que, no final da nossa conversa, ele estava mais pertovaidebet de quem éaderir a essa ideia.

Marianna Spring
Legenda da foto, Marianna decidiu entrarvaidebet de quem écontato com as pessoas que a enviavam mensagens com ameaças e xingamentos

Nossa conversa me fez refletir sobre o que os perfis falsos que montamos estariam recebendo nos seus feeds nas redes sociais. Queria ver se o algoritmo dessas plataformas estava empurrando conteúdo e contas misóginas que atacam mulheres online.

A criaçãovaidebet de quem éBarry

Então, eu criei uma persona online falsa chamada Barry e o inscrevi nas cinco redes sociais mais populares no Reino Unido. Todas as maiores empresasvaidebet de quem éredes sociais dizem que não promovem mensagensvaidebet de quem éódio nas suas plataformas e que adotam medidas para impedirvaidebet de quem écirculação.

Cada uma delas tem algoritmos que nos oferecem conteúdo baseado nas coisas que postamos, assistimos ou curtimos no passado. Mas é difícil saber o que empurram para cada usuário.

"Uma das únicas maneirasvaidebet de quem éfazer isso é criar manualmente um perfil e observar para que tipovaidebet de quem é'buraco' ele vai ser levado pela própria plataforma, depois que o perfil começar a seguir certos grupos ou páginas", explica a especialistavaidebet de quem éredes sociais Chloe Colliver, que me aconselhou nessa pesquisa.

Ela trabalha para o Institute for Strategic Dialogue (Instituto para Diálogo Estratégico), pesquisando extremismo e desinformaçãovaidebet de quem éredes sociais. Colliver me deu orientações sobre como criar perfisvaidebet de quem émaneira ética e realista, fazendo apenas o necessário para testar os algoritmos.

As contasvaidebet de quem éBarry nas redes sociais se basearamvaidebet de quem édiversos perfis que me enviaram ameaças e xingamentos. Assim como eles, Barry estava sobretudo interessadovaidebet de quem éconteúdo antivacina e teorias da conspiração, e também seguia um número pequenovaidebet de quem écontas e conteúdos contra mulheres.

Ele também postou algumas mensagens agressivas no seu próprio perfil — para que os algoritmos pudessem detectar desde o princípio que ele possuía uma conta que usa linguagem abusiva sobre mulheres. Mas diferentemente das pessoas que me atacaram pelas redes sociais, Barry não enviou mensagens diretamente para nenhuma mulher.

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Ao longovaidebet de quem éduas semanas, eu me conectei a cada dois dias nas contasvaidebet de quem éBarry — segui recomendações do algoritmo, postei nos perfisvaidebet de quem éBarry, curti postagens e assisti a vídeos. Depoisvaidebet de quem éapenas uma semana, as principais páginas recomendadas para eu seguir no Facebook e Instagram eram quase todas misóginas.

Ao final do experimento, Barry passou a receber mais e mais conteúdo contra mulheres nessas redes sociais — um aumento dramáticovaidebet de quem érelação a quando a conta foi criada. Alguns dos conteúdos envolviam violência sexual, compartilhamentovaidebet de quem émemes perturbadores sobre atos sexuais e conteúdo que endossa estupro, assédio e violênciavaidebet de quem égênero.

Eles também faziam referência a ideologias extremistas. Isso incluiu o movimento "incel" — uma subcultura da internet que encoraja os homens a culpar as mulheres pelos problemasvaidebet de quem ésuas vidas. Esse movimento tem sido relacionado a vários atosvaidebet de quem éviolência, incluindo tiroteios recentesvaidebet de quem éPlymouth, no Reino Unido.

"Se fosse uma pessoa real, [Barry] teria sido atraído para uma comunidade odiosa, cheiavaidebet de quem éconteúdo misógino muito, muito rapidamente —vaidebet de quem éduas semanas", diz Colliver.

Longevaidebet de quem éimpedir Barryvaidebet de quem ése envolver com conteúdo que promove ataques a mulheres, o Facebook e o Instagram parecem ter promovido isso para ele. Em contraste, não havia conteúdo contra mulher no TikTok e muito pouco no Twitter. O YouTube sugeriu alguns vídeos hostis às mulheres.

O que as redes sociais disseram

O Facebook, que também é dono do Instagram, diz que tenta não recomendar conteúdo que quebra suas regras e está aprimorandovaidebet de quem étecnologia "para encontrar e remover abusos mais rapidamente".

O YouTube diz que tem "políticas rígidas" sobre o ódio e remove "rapidamente" o conteúdo que infringe suas regras.

"Eles estão aumentando seus resultados ao manter o interesse das pessoasvaidebet de quem éconteúdos horríveis, violentos e muitas vezes misóginos", diz Colliver.

Quase três bilhõesvaidebet de quem épessoasvaidebet de quem étodo o mundo usam o Facebook — e no ano passado a rede social ganhouvaidebet de quem émédia US$ 32vaidebet de quem éreceitavaidebet de quem épublicidade por usuário. Quanto mais tempo as pessoas permanecem na plataforma, mais anúncios ela vende e mais dinheiro a gigante da tecnologia ganha.

O Facebook diz que "proteger"vaidebet de quem écomunidade é "mais importante do que maximizar os lucros".

E depoisvaidebet de quem éescrevermos para o Facebook, ele anunciou novas medidas para combater o ódiovaidebet de quem égênero dirigido a jornalistas, políticos e celebridadesvaidebet de quem éseus sites.

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Violência fora da internet

Tenho participadovaidebet de quem éuma grande pesquisa para a agência cultural da ONU Unesco — que analisa o impacto do ódio online. A pesquisadora principal Julie Posetti evaidebet de quem éequipe perguntaram a maisvaidebet de quem é700 mulheres, principalmente jornalistas e ativistas políticos proeminentes nas redes sociais, sobre suas experiênciasvaidebet de quem éódio online.

Eles então estudaram alguns dos relatos, incluindo o meu e o da ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Maria Ressa. Ela é uma jornalista investigativa das Filipinas que sofre muitos abusos online e diz que usa um colete à provavaidebet de quem ébalas porque teme ser atacada.

"A violência online é realmente a nova fronteiravaidebet de quem éconflito que as mulheres enfrentam internacionalmente", Posetti me disse.

Vinte por cento das mulheres que responderam à pesquisa da ONU,vaidebet de quem écolaboração com o Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ), disseram que já haviam sofrido ataques na vida real, incluindo perseguição e agressão física.

Estou especialmente preocupada com uma parcela das mensagens que recebo online, incluindo asvaidebet de quem éum homem que parece ter uma condenação anterior por perseguir mulheres. Mas fiquei frustrada com a resposta da polícia.

Após uma ondavaidebet de quem éataques online no finalvaidebet de quem éabril deste ano, relatei as ameaças mais graves à polícia, inclusive sobre violência sexual. É uma ofensa criminal enviar mensagens online grosseiramente ofensivas ou obscenas com o objetivovaidebet de quem écausar angústia.

Uma policial entrouvaidebet de quem écontato comigo inicialmente e eu compartilhei minhas evidências do abuso — mas só tive notícias dela semanas depois, quando me disse que estava sendo transferidavaidebet de quem éequipe. Meu caso estava sendo repassado a outro time e não havia qualquer progresso. Não fui contatada por um novo policial até julho — quando ficou claro que as provas que eu compartilhei originalmente com a polícia haviam sido perdidas, algo que foi admitido mais tarde.

Tentei relatar outro lotevaidebet de quem éameaçasvaidebet de quem éestupro, ameaçasvaidebet de quem émorte e mensagens abusivas no finalvaidebet de quem éjulho para o novo policial. Quando nos encontramos pessoalmentevaidebet de quem émeadosvaidebet de quem éagosto, o policial admitiu que não era a pessoa certa para lidar com o caso, e que minha reclamação deveria ter sido encaminhada para uma equipe especializada. Houve mais atrasos — e embora tenham finalmente reconhecido a gravidade das mensagens, houve pouco apoio à vítima.

No finalvaidebet de quem éagosto, eu estavavaidebet de quem écontato com um terceiro policial, que me pediu para revisar o portfoliovaidebet de quem éevidências que eu já tinha enviado, para especificar quais mensagens foram postadas no Twitter, no Instagram e no Facebook, já que ele não sabia bem usar essas plataformas.

O policialvaidebet de quem éligação mais recente me pediu mais informações sobre as redes sociais, mas até agora não houve progresso.

De acordo com dadosvaidebet de quem évárias forças policiais, que o Panorama obteve por meiovaidebet de quem ésolicitaçõesvaidebet de quem éLiberdadevaidebet de quem éInformação, nos últimos cinco anos o númerovaidebet de quem épessoas que denunciaram mensagensvaidebet de quem éódio online mais do que dobrou. Mas, no mesmo período, houve um aumentovaidebet de quem éapenas 32% no númerovaidebet de quem éprisões. As vítimas são principalmente mulheres.

Isso está acontecendo no contextovaidebet de quem éuma pressão crescente sobre a Polícia Metropolitanavaidebet de quem éLondres, para que aja mais para combater a violência contra as mulheres nas ruas, após os assassinatosvaidebet de quem éSarah Everard e Sabina Nessa, dois casos que ganharam notoriedade no Reino Unido.

Eu levantei a questãovaidebet de quem éque as pessoas que me enviam mensagensvaidebet de quem éódio pudessem aparecer no meu trabalho — mas acabaram por me dizer para ligar para o 999 (número dos serviçosvaidebet de quem éemergência no Reino Unido) se me sentissevaidebet de quem éperigo.

A Polícia Metropolitana diz que leva o ódio online muito a sério e que meu caso está sob investigação ativa.

O Conselho Nacionalvaidebet de quem éChefesvaidebet de quem éPolícia diz que a polícia leva a sério todas as denúnciasvaidebet de quem écomunicações maliciosas e vai investigar, mas deve priorizar seus recursos finitos. Disse ainda que pode adotar outras medidas alémvaidebet de quem édecretar prisões.

Quais as soluções?

Projetosvaidebet de quem épropostas da ONU para fazer com que as empresasvaidebet de quem émídia social protejam melhor as mulheres foram compartilhados exclusivamente com o Panorama. Eles pedem que redes sociais introduzam rótulos para contas que já enviaram ataques misóginos. Também querem ver mais moderadores humanos tomando decisões sobre o material ofensivo — e um sistemavaidebet de quem éalerta precoce para os usuários se eles acharem que o abuso online pode se transformarvaidebet de quem édanos no mundo real.

"Gostaríamosvaidebet de quem éver a violênciavaidebet de quem égênero online tratada, pelo menos, tão seriamente quanto a desinformação foi durante a pandemia pelas plataformas", explica Julie Posetti, que liderou a pesquisa que desencadeou essas recomendações.

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