'Recebo xingamentos e ameaças online' - por que é tão difícil combater isso? :jogar no casino
Eu queria entender por que isso está acontecendo, a ameaça que isso representa — e por que redes sociais, a polícia e governos não tomam providências. Então, eu iniciei uma investigação para a BBC Panorama, um dos principais programas jornalísticos da BBC.
Nós montamos uma conta fakejogar no casino"trollagem" nas cinco redes sociais mais populares do mundo para verificar se elas promoveriam contas e conteúdosjogar no casinoódio misógino a esse usuário. Usando uma fotografia gerada por Inteligência Artificial, programamos nosso perfil falsojogar no casino"trollagem" para ser similar às pessoas que me enviavam xingamentos e ameaças. Nosso perfil engajava com conteúdo oferecido pelas plataformas sociais, mas não enviava nenhuma mensagemjogar no casinoódio.
Como parte do projeto, a consultoria Demos analisou os ataques recebidos por participantesjogar no casinoreality shows, analisando mais 90 mil postagens e comentários sobre eles. A verdade é que programas como Love Island (reality show britânico) funcionam quase como um microcosmo da sociedade, permitindo que pesquisadores comparem agressões direcionadas a homens e mulheres com diferentes trajetórias. A popularidade dessas pessoas também gera muito debate online.
O que descobrimos:
- Nossa conta falsa recebeu mais e mais recomendaçõesjogar no casinoconteúdo contra mulheres no Facebook e no Instagram, alguns envolvendo violência sexual.
- Mulheres participantesjogar no casinoreality shows na TV são desproporcionalmente atacadas nas redes sociais, com ameaças e xingamentos enraizados na misoginia e combinados com racismo.
- Propostas preliminares das Nações Unidas para fazer com que as empresajogar no casinoredes sociais protejam melhor as mulheres foram obtidas com exclusividade pela BBC
Impunidade para perfis que ameaçam mulheres
Empresasjogar no casinoredes sociais dizem que levam a sério ataques a mulheres online — e que possuem regras para proteger usuáriosjogar no casinoabusos. Entre as medidas estão suspender, restringir ou até fechar contas.
Mas a minha experiência indica que muito frequentemente as empresas não fazem isso. Eu reportei ao Facebook algumas das piores mensagens que eu recebi — incluindo ameaçasjogar no casinoir até a minha casa para me estuprar e cometer atos sexuais horrendos. Mas, meses depois, a conta continuava no Facebook, juntamente com dezenasjogar no casinooutras no Instagram e no Twitter que me enviavam ameaças e xingamentos.
Aparentemente, minha experiência faz partejogar no casinoum padrão. Nova pesquisa feita pelo Centre for Countering Digital Hate mostra que 97%jogar no casino330 contas que enviaram ataques misóginos no Twitter e no Instagram continuaram no ar após serem denunciadas.
Twitter e Instagram dizem que agem quando suas regras são violadas, e que fechar contas não é a única opção.
Contato com agressores
Curiosa para saber quem estava administrando as contas que enviavam ameaças a mim e a outras mulheres, passei a examinar os perfis que me atacavam. A maioria eram homens e residiam no Reino Unido. Eles me enviavam tudo que é tipojogar no casinomensagem, desde me chamarjogar no casino"vaca idiota" e dizer que eu precisava "transar", a ameaçasjogar no casinoagressão e violência sexual. Eram vários os ataques ligados a gênero.
Acontece que eles são pessoas reais — não bots. Um é torcedor do Tottenham, como eu. Outro gostajogar no casinocomida vegana. Um, cuja conta era anônima, até reveloujogar no casinolocalização ao postar um tuíte no serviçojogar no casinoentregajogar no casinosupermercado Ocado, reclamando que não entregavamjogar no casinoseu código postaljogar no casinoGreat Yarmouth, no Reino Unido.
Eu tentei contato com eles. Um deles se chama Steve, está na faixa dos 60 anos e é motoristajogar no casinovan nas Midlands, região central da Inglaterra. Ele aceitou falar comigo por telefone. As mensagens que havia me enviado eram menos ofensivas que a maioria dos ataques que recebi — eramjogar no casinogrande parte xingamentos baseadosjogar no casinogênero.
Assim como muitos dos usuáriosjogar no casinoredes sociais que me atacam, ele acredita profundamentejogar no casinoteorias da conspiração. E, assim como na maior parte dos casos, as mensagens que me enviou me atacavam por eu ser mulher. Primeiro, ele disse que não achava que as mensagens fossem tão ruins assim. Mas eu expliquei que elas eram apenas algumas das várias com ataques e xingamentos que eu recebo na minha caixajogar no casinoentrada.
"Eu provavelmente cometi um erro. Sou um cara bastante justo", concluiu ele, depoisjogar no casinoum tempo. Steve destacou que é alvojogar no casinoataques online por "pessoas que acreditam que os ataques terroristasjogar no casino11jogar no casinosetembro aconteceram e que existe aquecimento global".
Essas pessoas estão respondendo a teorias da conspiração que ele compartilha nas redes sociais. Eu tinha esperançasjogar no casinoque isso o ajudasse a ver que ódio não é a melhor resposta. E acho que, no final da nossa conversa, ele estava mais pertojogar no casinoaderir a essa ideia.
Nossa conversa me fez refletir sobre o que os perfis falsos que montamos estariam recebendo nos seus feeds nas redes sociais. Queria ver se o algoritmo dessas plataformas estava empurrando conteúdo e contas misóginas que atacam mulheres online.
A criaçãojogar no casinoBarry
Então, eu criei uma persona online falsa chamada Barry e o inscrevi nas cinco redes sociais mais populares no Reino Unido. Todas as maiores empresasjogar no casinoredes sociais dizem que não promovem mensagensjogar no casinoódio nas suas plataformas e que adotam medidas para impedirjogar no casinocirculação.
Cada uma delas tem algoritmos que nos oferecem conteúdo baseado nas coisas que postamos, assistimos ou curtimos no passado. Mas é difícil saber o que empurram para cada usuário.
"Uma das únicas maneirasjogar no casinofazer isso é criar manualmente um perfil e observar para que tipojogar no casino'buraco' ele vai ser levado pela própria plataforma, depois que o perfil começar a seguir certos grupos ou páginas", explica a especialistajogar no casinoredes sociais Chloe Colliver, que me aconselhou nessa pesquisa.
Ela trabalha para o Institute for Strategic Dialogue (Instituto para Diálogo Estratégico), pesquisando extremismo e desinformaçãojogar no casinoredes sociais. Colliver me deu orientações sobre como criar perfisjogar no casinomaneira ética e realista, fazendo apenas o necessário para testar os algoritmos.
As contasjogar no casinoBarry nas redes sociais se basearamjogar no casinodiversos perfis que me enviaram ameaças e xingamentos. Assim como eles, Barry estava sobretudo interessadojogar no casinoconteúdo antivacina e teorias da conspiração, e também seguia um número pequenojogar no casinocontas e conteúdos contra mulheres.
Ele também postou algumas mensagens agressivas no seu próprio perfil — para que os algoritmos pudessem detectar desde o princípio que ele possuía uma conta que usa linguagem abusiva sobre mulheres. Mas diferentemente das pessoas que me atacaram pelas redes sociais, Barry não enviou mensagens diretamente para nenhuma mulher.
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Ao longojogar no casinoduas semanas, eu me conectei a cada dois dias nas contasjogar no casinoBarry — segui recomendações do algoritmo, postei nos perfisjogar no casinoBarry, curti postagens e assisti a vídeos. Depoisjogar no casinoapenas uma semana, as principais páginas recomendadas para eu seguir no Facebook e Instagram eram quase todas misóginas.
Ao final do experimento, Barry passou a receber mais e mais conteúdo contra mulheres nessas redes sociais — um aumento dramáticojogar no casinorelação a quando a conta foi criada. Alguns dos conteúdos envolviam violência sexual, compartilhamentojogar no casinomemes perturbadores sobre atos sexuais e conteúdo que endossa estupro, assédio e violênciajogar no casinogênero.
Eles também faziam referência a ideologias extremistas. Isso incluiu o movimento "incel" — uma subcultura da internet que encoraja os homens a culpar as mulheres pelos problemasjogar no casinosuas vidas. Esse movimento tem sido relacionado a vários atosjogar no casinoviolência, incluindo tiroteios recentesjogar no casinoPlymouth, no Reino Unido.
"Se fosse uma pessoa real, [Barry] teria sido atraído para uma comunidade odiosa, cheiajogar no casinoconteúdo misógino muito, muito rapidamente —jogar no casinoduas semanas", diz Colliver.
Longejogar no casinoimpedir Barryjogar no casinose envolver com conteúdo que promove ataques a mulheres, o Facebook e o Instagram parecem ter promovido isso para ele. Em contraste, não havia conteúdo contra mulher no TikTok e muito pouco no Twitter. O YouTube sugeriu alguns vídeos hostis às mulheres.
O que as redes sociais disseram
O Facebook, que também é dono do Instagram, diz que tenta não recomendar conteúdo que quebra suas regras e está aprimorandojogar no casinotecnologia "para encontrar e remover abusos mais rapidamente".
O YouTube diz que tem "políticas rígidas" sobre o ódio e remove "rapidamente" o conteúdo que infringe suas regras.
"Eles estão aumentando seus resultados ao manter o interesse das pessoasjogar no casinoconteúdos horríveis, violentos e muitas vezes misóginos", diz Colliver.
Quase três bilhõesjogar no casinopessoasjogar no casinotodo o mundo usam o Facebook — e no ano passado a rede social ganhoujogar no casinomédia US$ 32jogar no casinoreceitajogar no casinopublicidade por usuário. Quanto mais tempo as pessoas permanecem na plataforma, mais anúncios ela vende e mais dinheiro a gigante da tecnologia ganha.
O Facebook diz que "proteger"jogar no casinocomunidade é "mais importante do que maximizar os lucros".
E depoisjogar no casinoescrevermos para o Facebook, ele anunciou novas medidas para combater o ódiojogar no casinogênero dirigido a jornalistas, políticos e celebridadesjogar no casinoseus sites.
Violência fora da internet
Tenho participadojogar no casinouma grande pesquisa para a agência cultural da ONU Unesco — que analisa o impacto do ódio online. A pesquisadora principal Julie Posetti ejogar no casinoequipe perguntaram a maisjogar no casino700 mulheres, principalmente jornalistas e ativistas políticos proeminentes nas redes sociais, sobre suas experiênciasjogar no casinoódio online.
Eles então estudaram alguns dos relatos, incluindo o meu e o da ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Maria Ressa. Ela é uma jornalista investigativa das Filipinas que sofre muitos abusos online e diz que usa um colete à provajogar no casinobalas porque teme ser atacada.
"A violência online é realmente a nova fronteirajogar no casinoconflito que as mulheres enfrentam internacionalmente", Posetti me disse.
Vinte por cento das mulheres que responderam à pesquisa da ONU,jogar no casinocolaboração com o Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ), disseram que já haviam sofrido ataques na vida real, incluindo perseguição e agressão física.
Estou especialmente preocupada com uma parcela das mensagens que recebo online, incluindo asjogar no casinoum homem que parece ter uma condenação anterior por perseguir mulheres. Mas fiquei frustrada com a resposta da polícia.
Após uma ondajogar no casinoataques online no finaljogar no casinoabril deste ano, relatei as ameaças mais graves à polícia, inclusive sobre violência sexual. É uma ofensa criminal enviar mensagens online grosseiramente ofensivas ou obscenas com o objetivojogar no casinocausar angústia.
Uma policial entroujogar no casinocontato comigo inicialmente e eu compartilhei minhas evidências do abuso — mas só tive notícias dela semanas depois, quando me disse que estava sendo transferidajogar no casinoequipe. Meu caso estava sendo repassado a outro time e não havia qualquer progresso. Não fui contatada por um novo policial até julho — quando ficou claro que as provas que eu compartilhei originalmente com a polícia haviam sido perdidas, algo que foi admitido mais tarde.
Tentei relatar outro lotejogar no casinoameaçasjogar no casinoestupro, ameaçasjogar no casinomorte e mensagens abusivas no finaljogar no casinojulho para o novo policial. Quando nos encontramos pessoalmentejogar no casinomeadosjogar no casinoagosto, o policial admitiu que não era a pessoa certa para lidar com o caso, e que minha reclamação deveria ter sido encaminhada para uma equipe especializada. Houve mais atrasos — e embora tenham finalmente reconhecido a gravidade das mensagens, houve pouco apoio à vítima.
No finaljogar no casinoagosto, eu estavajogar no casinocontato com um terceiro policial, que me pediu para revisar o portfoliojogar no casinoevidências que eu já tinha enviado, para especificar quais mensagens foram postadas no Twitter, no Instagram e no Facebook, já que ele não sabia bem usar essas plataformas.
O policialjogar no casinoligação mais recente me pediu mais informações sobre as redes sociais, mas até agora não houve progresso.
De acordo com dadosjogar no casinovárias forças policiais, que o Panorama obteve por meiojogar no casinosolicitaçõesjogar no casinoLiberdadejogar no casinoInformação, nos últimos cinco anos o númerojogar no casinopessoas que denunciaram mensagensjogar no casinoódio online mais do que dobrou. Mas, no mesmo período, houve um aumentojogar no casinoapenas 32% no númerojogar no casinoprisões. As vítimas são principalmente mulheres.
Isso está acontecendo no contextojogar no casinouma pressão crescente sobre a Polícia Metropolitanajogar no casinoLondres, para que aja mais para combater a violência contra as mulheres nas ruas, após os assassinatosjogar no casinoSarah Everard e Sabina Nessa, dois casos que ganharam notoriedade no Reino Unido.
Eu levantei a questãojogar no casinoque as pessoas que me enviam mensagensjogar no casinoódio pudessem aparecer no meu trabalho — mas acabaram por me dizer para ligar para o 999 (número dos serviçosjogar no casinoemergência no Reino Unido) se me sentissejogar no casinoperigo.
A Polícia Metropolitana diz que leva o ódio online muito a sério e que meu caso está sob investigação ativa.
O Conselho Nacionaljogar no casinoChefesjogar no casinoPolícia diz que a polícia leva a sério todas as denúnciasjogar no casinocomunicações maliciosas e vai investigar, mas deve priorizar seus recursos finitos. Disse ainda que pode adotar outras medidas alémjogar no casinodecretar prisões.
Quais as soluções?
Projetosjogar no casinopropostas da ONU para fazer com que as empresasjogar no casinomídia social protejam melhor as mulheres foram compartilhados exclusivamente com o Panorama. Eles pedem que redes sociais introduzam rótulos para contas que já enviaram ataques misóginos. Também querem ver mais moderadores humanos tomando decisões sobre o material ofensivo — e um sistemajogar no casinoalerta precoce para os usuários se eles acharem que o abuso online pode se transformarjogar no casinodanos no mundo real.
"Gostaríamosjogar no casinover a violênciajogar no casinogênero online tratada, pelo menos, tão seriamente quanto a desinformação foi durante a pandemia pelas plataformas", explica Julie Posetti, que liderou a pesquisa que desencadeou essas recomendações.
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