Vacina contra malária é 'conquista histórica', mas provavelmente não será usada no Brasil:esportivabet login
Porém, apesaresportivabet loginrepresentar uma ótima notícia para todo o mundo, a vacina provavelmente não será utilizada no Brasil, que registrou cercaesportivabet login130 mil casos e menosesportivabet login30 óbitos pela enfermidadeesportivabet login2020.
Isso porque o agente causador da maioria das infecções por aqui é o Plasmodium vivax, protozoário sobre o qual o novo produto aprovado não tem efeito.
O que é a malária?
Essa doença infecciosa é transmitida a partir da picadaesportivabet loginmosquitos da família Anopheles, que são muito comunsesportivabet loginregiões tropicais e úmidas. Em algumas partes do Brasil, eles são conhecidos como mosquito prego.
Como explicamos acima, o agente causador é protozoário Plasmodium e há cinco tipos diferentes dele. Os mais comuns são o falciparum, o vivax e o malariae.
"O parasita causador da malária é diverso e tem uma capacidadeesportivabet loginmutação muito grande. E isso faz com que seja quase impossível desenvolver imunidade após a infecção", explica o infectologista André Siqueira, pesquisador do Instituto Nacionalesportivabet loginInfectologia Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), no Rioesportivabet loginJaneiro.
Em lugares com muita circulação do micro-organismo, não é raro encontrar pessoas que tiveram a doença dezenasesportivabet loginvezes.
Após entrar no organismo humano, esse parasita viaja pela corrente sanguínea e se instala nas células do fígado. Após um tempoesportivabet loginmaturação, ele volta ao sangue e invade as células vermelhas (também conhecidas como hemácias).
Ao longo desse processo, as células hepáticas e sanguíneas são destruídas, o que provoca sintomas como febre alta, doresportivabet logincabeça, calafrios, dor no corpo e perdaesportivabet loginapetite.
"E vale destacar que o parasita assume diferentes formasesportivabet logincada uma dessas fases, o que acarreta uma dificuldade para desenvolver vacinas com boa eficáciaesportivabet logintodas as etapas", observa o médico.
Na sequência, o mosquito Anopheles pica a pessoa com malária e suga o sangue infectado, criando novas cadeiasesportivabet logintransmissão na comunidade.
A boa notícia é que a doença tem diagnóstico rápido e o tratamento é curativo, quando dado no momento correto. Ela costuma ser mais perigosa para indivíduos com o sistema imune comprometido, idosos e, principalmente, crianças, que são as principais vítimas fatais da infecção.
Como a nova vacina funciona?
A RTS,S é desenvolvida desde 1987 pela farmacêutica britânica GSK. Após os testes preliminares, o imunizante foi avaliadoesportivabet loginensaios clínicos envolvendo seres humanos a partir do ano 2000, com o apoio da ONG Path e da Fundação Bill e Melinda Gates.
Feito a partiresportivabet loginuma proteína do Plasmodium falciparum e algumas outras substâncias, a vacina atua no chamado "esporozoíto" do protozoário, que é uma forma que ele assume entre a picada do mosquito e a "viagem" até o fígado.
A títuloesportivabet logincuriosidade, esse trajeto do parasita da nossa pele até o tecido hepático costuma levar ao redoresportivabet login30 minutos.
A última etapaesportivabet loginestudos foi concluídaesportivabet login2015. O trabalho final, publicado no periódico científico The Lancet, envolveu quase 15 mil crianças da África Subsaariana e comprovou que o produto era seguro e eficaz.
Mesmo com os resultados favoráveis, a OMS ainda tinha algumas reservas sobre a efetividade da RTS,Sesportivabet loginlarga escala. O primeiro problema tinha a ver com o esquema vacinal: para surtir efeito, é preciso aplicar quatro dosesesportivabet logincada indivíduo. As primeiras três são dadas no quinto, no sexto e no sétimo mêsesportivabet loginvida. A quarta (e última) é ofertada quando o bebê completa 18 meses.
A entidade temia que esse númeroesportivabet loginaplicações poderia prejudicar o usoesportivabet loginoutros imunizantes, dadosesportivabet loginrotina contra outras doenças, e até traria uma falsa sensaçãoesportivabet loginsegurança às famílias que, sentindo-se mais protegidas, abandonariam outros métodosesportivabet loginprevenção da malária, como a instalaçãoesportivabet loginmosquiteiros nas camas e nos berços ou a aplicaçãoesportivabet loginrepelentes.
Para acabar com essas dúvidas, a OMS criouesportivabet login2019 um projeto pilotoesportivabet loginque as quatro doses da nova vacina foram aplicadasesportivabet logincercaesportivabet login800 mil crianças que moramesportivabet loginGana, Quênia e Malauí.
Os resultados da experiência foram considerados positivos: alémesportivabet loginter um bom perfilesportivabet loginsegurança, a nova vacina preveniu 40% dos casosesportivabet loginmalária e, ainda mais importante, reduziuesportivabet login30% as infecções mais severas, que estão relacionadas à hospitalização e morte.
"Se considerarmos que são 260 mil mortes anuaisesportivabet logincrianças menoresesportivabet logincinco anos, uma reduçãoesportivabet login30% é algo considerável", calcula Siqueira.
É claro que essa taxaesportivabet login30 ou 40% ainda não é a ideal, mas ela significa um avanço importante e abre a possibilidade para que novos produtos, ainda mais eficazes, sejam desenvolvidos a partiresportivabet loginagora.
"Essa aprovação pode serviresportivabet loginimpulso para novos financiamentos e esforçosesportivabet loginpesquisa para soluções ainda melhores", concorda o infectologista.
A OMS destaca outras duas observações importantes a partir da experiênciaesportivabet loginvida real nas três nações africanas: não houve um relaxamento das outras medidas preventivas (como o usoesportivabet logintelas na cama) e a aplicação das doses mostrou-se custo-efetiva.
"Por séculos, a malária afeta a África Subsaariana e causa um enorme sofrimento pessoal. Nós esperávamos por uma vacina efetiva e, pela primeira vez, podemos recomendar o usoesportivabet loginum imunizanteesportivabet loginlarga escala", discursou a médica Matshidiso Moeti, diretora regional da OMS para a África.
"Isso representa um vislumbreesportivabet loginesperança para o continente que carrega o fardo mais pesado da doença e esperamos que muitas crianças que serão protegidas a partiresportivabet loginagora se tornem adultos saudáveis", completou a representante.
E no Brasil?
A recomendação da OMS é que a nova vacina seja usadaesportivabet loginregiõesesportivabet loginque há transmissão "moderada ou alta" do Plasmodium falciparum.
No Brasil, esse não é o causadoresportivabet loginmalária mais frequente: de acordo com o Ministério da Saúde, o Plasmodium vivax representa 89% dos casos notificados no país, que se concentram especialmente na região amazônica.
"A RTS,S, portanto, não é uma vacina com aplicação no Brasil", concorda Siqueira.
A boa notícia é que os novos casos dessa enfermidade estãoesportivabet loginquedaesportivabet loginnosso país.
"Dados do PNCM (Programa Nacionalesportivabet loginPrevenção e Controle da Malária) mostram que no anoesportivabet login2019, o Brasil notificou 157.454 casosesportivabet loginmalária, uma reduçãoesportivabet login19,1%esportivabet loginrelação a 2018, quando foram registrados 194.572 casos da doença no país", informa um boletim publicado pelo ministério no finalesportivabet login2020.
Para o infectologista da FioCruz, os casosesportivabet loginmalária no Brasil são influenciados diretamente por dois fatores: a organização dos sistemasesportivabet loginsaúde e as mudanças ambientais.
"Muitas vezes, uma cidade faz uma mobilização para diagnosticar e tratar a malária. Quando os casos caem, esses programas deixamesportivabet loginexistir, o que provoca um novo aumento algum tempo depois", observa.
"E também vemos o crescimento ocorreresportivabet logináreasesportivabet logindesmatamento e garimpo na Amazônia", informa.
O Brasil possui, inclusive, um plano para acabar com a maláriaesportivabet loginterritório nacional. A meta é registrar menosesportivabet login14 mil casos e nenhum óbito até 2030 e eliminar completamente a transmissão do Plasmodium falciparum nos próximos nove anos.
Para alcançar isso, é preciso fortalecer os sistemasesportivabet loginvigilância da doença, adquirir testes rápidosesportivabet logindiagnóstico, ofertar tratamentos na rede pública e investir na pesquisa e no desenvolvimentoesportivabet loginnovas soluções para esse problema.
Uma saída interessante pode ser a utilizaçãoesportivabet loginum novo remédio chamado tafenoquina. Atualmente, a medicação precisa ser tomada por alguns dias, o que pode ser difícil para uma parcelaesportivabet loginpacientes.
"Essa droga está sendo estudadaesportivabet loginManaus eesportivabet loginPorto Velho e, caso os resultados sejam positivos, ela pode se tornar mais ferramenta valiosa para mudar a história da malária", avalia Siqueira.
Embora existam estudos para a criaçãoesportivabet loginuma vacina contra o Plasmodium vivax, o desafio é ainda mais complexo. Um artigoesportivabet login2013 assinado por especialistas da Universidadeesportivabet loginOxford, no Reino Unido, e da Universidadeesportivabet loginZurique, na Suíça, destacam a resiliência desse parasita mais frequenteesportivabet loginterras brasileiras.
"O Plasmodium vivax possui mecanismos sofisticados que permitem que ele fique dormente por meses ou até anosesportivabet loginpequenas estruturas do fígado, o que significa um enorme desafio para a erradicação da malária", escrevem os autores.
Siqueira também entende que há menos interesse no desenvolvimentoesportivabet loginum imunizante para o Plasmodium vivax. "Até temos alguns grupos que trabalham nessa área, mas o financiamento é muito menor".
De acordo com o site ClinicalTrials.Gov, existem 10 testes clínicos concluídos ouesportivabet loginandamento com candidatos a imunizantes contra este parasita mais comum no Brasil. No caso do falciparum, mais frequente na África, são 130 registrosesportivabet loginestudos do tipo.
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