Variante Delta: as 5 mutações que tornam coronavírus mais contagioso e preocupante:telegram betpix365
No Brasil, a Prefeituratelegram betpix365São Paulo já admite que a Delta está se espalhando na cidade, mas não se sabetelegram betpix365que dimensão nem se ela vai se tornar dominante. Hoje, a mais prevalente é a chamada Gamma (ou P.1), que foi descobertatelegram betpix365Manaus.
Mas o que leva essa variante Delta a ser mais preocupante?
Em linhas gerais, se trata do conjuntotelegram betpix365"aprimoramentos" genéticos que facilitam o espalhamento e a invasão do corpo humano.
Mas não devemos ignorar questões ambientais envolvidas, ou seja, como o comportamento da sociedade sem medidastelegram betpix365controle e prevenção também influencia a transmissão dessas variantes.
Mutações 'vantajosas' para o coronavírus
O Sars-CoV-2, coronavírus que causa a doença covid-19, não chega a ter uma capacidade tão grandetelegram betpix365mutações como o vírus da gripe, por exemplo.
Mas quando surgem novas variantes, elas precisam ter características "vantajosas", que as tornem viáveis num ambientetelegram betpix365tanta competição e seleção para invadir corpos humanos.
Em apresentação sobre a variante Delta ao governo sul-africano, o bioinformata Tuliotelegram betpix365Oliveira, diretor do laboratório Krisp, na Universidade KwaZulu-Natal (África do Sul), lista as principais características da variante Delta.
Ela é mais transmissível e tem uma probabilidade maiortelegram betpix365reinfectar pessoas que já ficaram doentes com outras variantes, mas ainda não há evidências claras se a Delta causa uma doença mais grave ou se ela escapa da proteção conferida pelas vacinas.
Oliveira lista também três grupostelegram betpix365mutações relevantes da variante Delta:
1. Duas substituições no domíniotelegram betpix365ligação ao receptor celular (L452R e T478K)
2. Substituição próxima ao localtelegram betpix365clivagem S1 / S2 via furina (P681R)
3. Substituição (T19R) e deleção (157-158del) no supersítio antigênico NTD
Mas o que tudo isso representa? Vamos a cada uma delas.
1. Invasão celular mais eficiente
Parte significativa dessas mudanças "vantajosas" tem ocorrido na forma como o vírus se conecta às nossas células. Mais especificamente na ligação entre a espícula do vírus (também conhecida como proteína S) e o receptor ACE2, uma enzima que fica na superfícietelegram betpix365nossas células.
Essa espícula age como se fosse a chave que abre a fechadura da nossa célula e permite a invasão pelo coronavírus. Uma vez ali dentro, ele usa a estrutura celular para se multiplicar.
No caso da variante Delta, há duas mutações relevantes na espícula, que são conhecidas pelos códigos L452R e T478K.
Mas o que significam esses números e letras? A primeira letra é o tipo aminoácido que havia antes da mudança (L, símbolo da lisina), o número corresponde à localização (452º entre 1273 aminoácidos) e a última letra é o aminoácido que entrou no lugar (R, símbolo da arginina).
Em linhas gerais, um vírus é ácido nucleico (DNA ou RNA) envolto por conjuntostelegram betpix365aminoácidos (proteínas). A camada externa serve para grudar e invadir a célula humana, por exemplo, e a camada interna serve como um manualtelegram betpix365instruções que será usada para produzir novos vírus dentro da célula invadida.
Ao longo desse processotelegram betpix365produçãotelegram betpix365vírus, os aminoácidos do entorno podem sofrer três tipostelegram betpix365mutação: sumir (deleção), surgir (inserção) ou trocar (substituição). Essas mutações não acontecem por algum motivo específico e muitas vezes elas se perdem no caminho. Mas algumas delas se estabelecem e passam a aparecer dali para frente na replicação do vírus.
É o caso das duas mutações-chave da Delta: L452R e T478K. A mudançatelegram betpix365L para R na posição 452 e a mudançatelegram betpix365T para K na posição 478 acabaram sendo "vantajosas" para o vírus porque ajudam o invasor a grudar melhor na portatelegram betpix365entrada (a enzima ACE2).
Isso explica por que essa variante se tornou mais transmissível. Além da invasão mais eficiente, há uma tendênciatelegram betpix365que quanto mais vírus invadem as células, mais vírus serão replicados, aumentando a carga viral. Assim, haverá mais vírus a ser espalhado numa tosse ou num espirro, por exemplo.
Um estudo liderado por pesquisadores do Centrotelegram betpix365Controle e Prevençãotelegram betpix365Doenças da China apontou que uma pessoa infectada com a variante Delta pode ter até 1.000 vezes mais vírus no corpo do que alguém infectado com as primeiras versoes do coronavírus no início da pandemia, no fimtelegram betpix3652019.
Essa carga viral maior também pode estar associada a uma maior severidade da doença, já que a variante tende a conseguir afetar ainda mais células respiratórias humanas.
2. Ativação mais eficiente e teoria da criação do coronavírustelegram betpix365laboratório
Para invadir a célula humana, não basta a um vírus encontrar uma portatelegram betpix365entrada e grudar nela: ele primeiro precisa ser ativado. No caso do Sars-CoV-2, essa ativação ocorre por meiotelegram betpix365uma enzima do corpo humano (chamada furina) que corta a espícula do coronavírustelegram betpix365dois: S1 e S2.
Depois desse corte, chamadotelegram betpix365clivagem, uma parte da espícula (S1) se gruda à célula humana e a outra (S2) fundetelegram betpix365membrana com a membrana da célula humana, permitindo inserir o material genético e começar a produçãotelegram betpix365mais vírus.
Ao cortar a espícula, a enzima faz com que ela se abra e revele sequências genéticas ocultas que a ajudam a se ligar mais fortemente às células do trato respiratório humano, por exemplo.
Uma mutação próxima a este local pode alterar ainda mais esse comportamento. É o caso da variante Delta, que carrega uma mutação (P681R) naquela região.
"Quanto mais sensível à furina humana, mais eficiente será a espícula do vírus. Esse processotelegram betpix365fusão ativado pela furina é mediado pela área que vai do aminoácido na posição 618 até o da posição 1.273. Uma mutação nessa região, como a P681R, torna essa fusão mais rápida. Essa mutação aparece tanto na variante Delta quanto na variante Alpha, descoberta no Reino Unido, etelegram betpix365alguns casos da Gamma, descoberta no Brasil", explica o virologista José Eduardo Levi, coordenadortelegram betpix365pesquisa e desenvolvimento da redetelegram betpix365laboratórios Dasa e pesquisador do Institutotelegram betpix365Medicina Tropical da Universidadetelegram betpix365São Paulo (USP).
As mutações nessa região do coronavírus são tão relevantes que estão no centrotelegram betpix365dois pontos centrais da pandemia. Primeiro, acredita-se que essa afinidade com a furina humana seja crucial para permitir que o vírus tenha puladotelegram betpix365outras espécies animais e começado a infectar humanos no finaltelegram betpix3652019.
Segundo, esse mecanismo é tão eficiente e atípico entre os tipostelegram betpix365coronavírus que infectam humanos que ele passou a ser o principal argumento daqueles que defendem sem provas que o Sars-CoV-2 foi gerado ou modificadotelegram betpix365laboratório.
"Todos os coronavírus que infectam seres humanos têm um determinado domínio, uma determinada área que reconhece a furina. Mas o do Sars-CoV-2 é muito humanizado. Ou seja, ele é muito mais eficiente que não foi vistotelegram betpix365outros coronavírus, que têm reconhecimentotelegram betpix365furina razoável. E só o Sars-CoV-2 têm essa mutação, essa inserçãotelegram betpix365quatro aminoácidos. Esse é o argumento mais forte que esse coronavírus foi fabricadotelegram betpix365laboratório. Porque até agora não se achou um coronavírus intermediário que aponte que ele foi melhorando aos poucos. Esse daí já veio pronto para ser clivado pela furina humana", explica Levi.
Segundo ele, a falta dessa sequênciatelegram betpix365quatro aminoácidos no coronavírus Sars-CoV pode explicar porque este chegou a causar a epidemiatelegram betpix365Sars circunscrita à Ásiatelegram betpix3652003, mas não a pontotelegram betpix365virar uma pandemia que se alastrou pelo mundo como Sars-CoV-2.
3. Escapando parcialmentetelegram betpix365anticorpos e das vacinas
Fernando Spilki, professor da Universidade Feevale e coordenador da Rede Corona-Ômica, do Ministériotelegram betpix365Ciência, Tecnologia e Inovações, usa analogia das peçastelegram betpix365Lego para explicar o papel das mutaçõestelegram betpix365eventuais escapes das variantes do sistema imunológico etelegram betpix365vacinas.
Ao aprender como se defender, célulastelegram betpix365defesa como anticorpos neutralizantes usam partes dos invasores para saber identificá-los e combatê-los. Quando ocorrem mutações no coronavírus, por exemplo, é como se as peças dos anticorpos já não encaixassem mais direito com as do invasor, facilitando o escape.
Assim, o vírus consegue, ao mesmo tempo, mutar para acoplar com mais eficiência na portatelegram betpix365entrada da célula e para escapar parcialmente do encaixe com anticorpos neutralizantes.
Para Spilki, "é como se o vírus criasse caminhos para escapar do sistema imune e desenvolvesse maneirastelegram betpix365transmissão mais eficazes". Ele explica que todas essas mudanças foram "previstas"telegram betpix365experimentostelegram betpix365laboratório, que conseguem analisar a influênciatelegram betpix365cada troca, inserção ou deleção dessas pecinhas no comportamento do coronavírus.
No caso da variante Delta, as mutações ligadas a isso são a substituição T19R e deleção 157-158del.
Voltando à analogia das peçastelegram betpix365Lego, a substituição do aminoácido T (treonina) pelo R (arginina) na posição 19 atrapalha o sistematelegram betpix365defesa do corpo a identificar o invasor para combatê-lo. O mesmo ocorre com o "sumiço"telegram betpix365aminoácidos nas posições 157 e 158.
Em geral, as proteínas têm duas pontas, uma chamadatelegram betpix365N-terminal e outratelegram betpix365C-terminal. No caso do coronavírus, a região N-terminal (NTD) é considerada mais antigênica ou imunogênica. Ou seja, o sistematelegram betpix365defesa humano "enxerga" melhor e produz mais anticorpos contra ela. A espícula (proteína S) é a mais antigênica delas, por isso geralmente as vacinas são produzidas mirando essa estrutura para ensinar o sistematelegram betpix365defesa do corpo a identificá-la a fimtelegram betpix365combater o coronavírus como um todo.
É aí que entra o papel da mutação como formatelegram betpix365atrapalhar o combate ao coronavírus. As mudanças (deleções e substituições) na estrutura da variante Deltatelegram betpix365uma área antigênico (NTD) fazem com que o sistematelegram betpix365defesa do corpo tenha mais dificuldade para atuar.
"Por que raios ele começa a eliminar pedaços do seu genoma? Tem que ter um motivo forte para isso. Qual? A resposta imune humana, seja a natural por infecção, seja a induzida por vacina. Em geral, a deleção é deletéria, ou seja, torna o vírus ineficiente e ele acaba eliminado. Mas no caso das variantes do coronavírus essas deleções estão sendo vantajosas porque eliminam regiões que provocam resposta imune muito forte do hospedeiro e com isso conseguem escapar (do sistematelegram betpix365defesa humano)", explica Levi.
Até agora, há indíciostelegram betpix365que a variante Delta consiga escapartelegram betpix365anticorpostelegram betpix365pessoas que já foram infectadas pela variante Beta (descoberta na África do Sul). Mas ainda não há evidênciastelegram betpix365que seja capaztelegram betpix365escapar da resposta imunológica gerada pelas vacinas.
Vale lembrar que nenhuma dessas mutações é uma exclusividadetelegram betpix365uma ou outra variante. O que as torna preocupantes é o conjunto delas. Ou seja, ao mesmo tempo ela carrega características novas que a fazem invadir melhor as células, ser mais eficiente na ativação e escapar do sistematelegram betpix365defesa.
Segundo Levi, o contextotelegram betpix365várias variantes terem mutações ao acaso que são relativamente parecidas é chamadotelegram betpix365convergência evolutiva. Isso se, entre outros motivos, porque a pressão evolutiva da seleção natural contra as mais diversas formastelegram betpix365coronavírus no mundo é praticamente a mesma: as pessoas estão ganhando imunidade, seja por vacina, seja porque se infectaram.
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