Quem foi o 'Messias Negro', líder dos Panteras Negras morto pela polícia e que agora é temafree spins bonus casinosfilme:free spins bonus casinos

Fred Hampton

Crédito, David Fenton/Getty Images

Legenda da foto, Fred Hampton, morto pela polícia, demonstrou desde cedo vocação para o ativismo

A trajetóriafree spins bonus casinosHampton e as ações do FBI são retratadas no filme Judas e o Messias Negro, dirigido por Shaka King, que estreoufree spins bonus casinosfevereiro nos Estados Unidos. O ativista é interpretado por Daniel Kaluuya, que recebeu indicação para o Oscar (Melhor Ator Coadjuvante) e o Globofree spins bonus casinosOuro porfree spins bonus casinosatuação.

A fita também foi indicada ao Oscarfree spins bonus casinosmelhor filme, Melhor Roteiro Original, Melhor Fotografia e Melhor Canção Original por "Fight For You". O ator Lakeith Stanfield também concorre ao prêmiofree spins bonus casinosMelhor Ator Coadjuvante.

Apesarfree spins bonus casinoso filme tratarfree spins bonus casinosepisódios históricos, convém avisar que o texto a seguir contém spoilers.

Em 4free spins bonus casinosdezembrofree spins bonus casinos1969, aos 21 anosfree spins bonus casinosidade, Hampton foi mortofree spins bonus casinosuma invasão da polícia ao apartamento onde estava com outros membros dos Panteras Negras.

A ação foi facilitada por detalhes fornecidos por William O'Neal, um informante do FBI infiltrado no grupo, que no filme é interpretado por Lakeith Stanfield. A extensão do envolvimento do FBI só viria à tona anos depois.

Ativismo e carisma

Nascidofree spins bonus casinos1948, Hampton demonstrou desde cedo vocação para o ativismo. Ainda adolescente, passou a atuar na Associação Nacional para o Progressofree spins bonus casinosPessoasfree spins bonus casinosCor (NAACP, na siglafree spins bonus casinosinglês), uma das principais organizaçõesfree spins bonus casinosdireitos civis dos EUA.

No ensino médio, organizou manifestações contra o racismo e pela contrataçãofree spins bonus casinosmais professores e administradores negros. Também fez campanha para a construçãofree spins bonus casinosuma piscina comunitária que não fosse segregada, aberta para crianças negras,free spins bonus casinosMaywood, na região metropolitanafree spins bonus casinosChicago, onde cresceu.

Daniel Kaluuya interpreta o ativista Fred Hampton no filme 'Judas e o Messias Negro'

Crédito, Divulgação/Warner Bros. Inc

Legenda da foto, Daniel Kaluuya interpreta o ativista Fred Hampton no filme 'Judas e o Messias Negro'

"Ele não conseguia aceitar nenhum tipofree spins bonus casinosinjustiça", diz à BBC News Brasil advogadofree spins bonus casinosdireitos civis Jeffrey Haas, co-fundador do coletivofree spins bonus casinosadvocacia People's Law Office, que tinha entre seus clientes os Panteras Negras, ativistas comunitários e opositores da Guerra do Vietnã.

Haas conheceu Hampton pessoalmente e representoufree spins bonus casinosfamília na ação civil contra a polícia e o FBI após o assassinato. Ele é autor do livro The Assassination of Fred Hampton: How the FBI and the Chicago Police Murdered a Black Panther ("O Assassinatofree spins bonus casinosFred Hampton: Como o FBI e a Políciafree spins bonus casinosChicago Assassinaram um Pantera Negra",free spins bonus casinostradução livre).

"Mesmo depoisfree spins bonus casinosformado (no ensino médio), o diretor da escola costumava chamá-lofree spins bonus casinosvolta quando havia confrontos raciais, porque ele conseguia conversar com os dois lados", lembra Haas.

O carisma como orador era fruto não apenasfree spins bonus casinostalento, masfree spins bonus casinosesforço. Haas conta que Hampton tinha dificuldades para falarfree spins bonus casinospúblico quando pequeno. Ele passou a estudar a maneira como os pastores faziam seus sermões na Igreja e a repetir e decorar discursosfree spins bonus casinoslíderes negros como Martin Luther King e Malcolm X.

"Ele se tornou um orador muito poderoso, que conseguia realmente atrair respeito e atenção do público", observa Haas, que lembra da primeira vez que viu Hampton falarfree spins bonus casinospúblico,free spins bonus casinosagostofree spins bonus casinos1969.

"Em determinado momento, ele fez o público levantar, erguer o punho fechado e repetir 'eu sou'. E, depois, dizer 'um revolucionário'. E eu não conseguia dizer isso. Eu me considerava um advogado do movimento, mas não necessariamente parte do movimento. Mas lá pela terceira ou quarta vez eu já estava repetindo,free spins bonus casinosmaneira hesitante. E lá pela sétima vez, eu estava gritando, assim como os outros."

'Coalizão Arco-Íris'

Haas também lembra do momentofree spins bonus casinosque Hampton pareceu prever a própria morte, ao dizer,free spins bonus casinosdiscurso poucos meses antesfree spins bonus casinosser assassinado, que não iria morrerfree spins bonus casinosum acidentefree spins bonus casinoscarro, ou escorregando no gelo, ou por ataque cardíaco, ou por câncer no pulmão.

"Acredito que vou morrer fazendo o que nasci para fazer", disse Hampton.

Ao assumir a liderança do Partido dos Panteras Negrasfree spins bonus casinosIllinois, Hampton estabeleceu vários programas comunitários, entre eles um que oferecia café da manhã gratuito a criançasfree spins bonus casinosidade escolar. Também planejou a instalaçãofree spins bonus casinosuma clínica médica.

Ele promoveu uma aliança com outros grupos que protestavam por direitos civis, contra o racismo, brutalidade policial e pobreza, na chamada "Coalizão Arco-Íris", que incluía os Young Lords (grupofree spins bonus casinosativistas porto-riquenhos) e os Young Patriots (ativistas brancos com origens no sul do país que lutavam contra a pobreza).

Hampton também se aproximoufree spins bonus casinosganguesfree spins bonus casinosrua que atuavamfree spins bonus casinosChicago. "Ele tentou organizar as gangues para que se tornassem mais políticas", observa Haas. "Acho que a polícia via isso como uma ameaça tremenda, caso a comunidade negra jovem realmente se organizassefree spins bonus casinosuma maneira política."

Haas salienta que o fatofree spins bonus casinosos Panteras Negras serem uma organização militante, com um programa revolucionário, que defendia o direito a autodefesa e protestava contra violência policialfree spins bonus casinoscomunidades negras, contribuía para torná-los um alvo.

Os Panteras Negras defendiam o direitofree spins bonus casinosportar armas efree spins bonus casinosresistirfree spins bonus casinosmaneira violenta, se necessário, à brutalidade policial. Costumavam se referir a policiais como "porcos".

Na visão do FBI e da polícia, os Panteras Negras eram um grupo radical e extremista que deveria ser confrontado. Hoover se referia a eles como "a maior ameaça à segurança interna do país".

Violência

Criadofree spins bonus casinos1966free spins bonus casinosOakland, na Califórnia, pelos estudantes negros Bobby Seale e Huey P. Newton, o Partido dos Panteras Negras surgiu como um grupo comunitáriofree spins bonus casinosluta contra a brutalidade policial e o racismo.

"Eles rapidamente cresceram e se transformaramfree spins bonus casinosuma organização internacional", diz à BBC News Brasil a historiadora Jane Rhodes, chefe do Departamentofree spins bonus casinosEstudos Afro-Americanos da Universidadefree spins bonus casinosIllinoisfree spins bonus casinosChicago e autorafree spins bonus casinosum livro sobre os Panteras Negras.

Jeffrey Haas e seu sócio, Flint Taylor,free spins bonus casinosfrente ao apartamento onde Fred Hampton foi morto

Crédito, Cortesia/Jeffrey Haas

Legenda da foto, Jeffrey Haas e seu sócio, Flint Taylor,free spins bonus casinosfrente ao apartamento onde Fred Hampton foi morto

"Uma das razões pelas quais havia tantos comitês dos Panteras Negras nos Estados Unidos e no exterior é porque eles falavamfree spins bonus casinosquestões cruciais para muitas pessoas pobres, da classe trabalhadora efree spins bonus casinoscomunidades minoritárias", afirma Rhodes, ressaltando que o partido surgiu no contexto mais amplo dos movimentos por direitos civis.

"Eles falavam não apenasfree spins bonus casinosviolência policial e violência do Estado, mas também sobre desigualdade econômica,free spins bonus casinoshabitação e educação, encarceramentofree spins bonus casinosmassa, a Guerra do Vietnã e como homens negros e latinos eram a maioria dos convocados a lutar pelos Estados Unidos."

O final da décadafree spins bonus casinos1960 foi marcado por tensões políticas, sociais e raciais nos Estados Unidos. Chicago, onde o Departamentofree spins bonus casinosPolícia tinha um históricofree spins bonus casinosdiscriminação contra minorias, foi palcofree spins bonus casinosvários episódios violentos.

Em 1968, manifestantes que protestavam contra a Guerra do Vietnã durante a Convenção Nacional Democrata, realizada na cidade, entraramfree spins bonus casinosconfronto com a polícia, no que resultaria no julgamento dos Setefree spins bonus casinosChicago. Em 1969, três diasfree spins bonus casinosconfrontos resultaramfree spins bonus casinosdezenasfree spins bonus casinospoliciais feridos efree spins bonus casinosmanifestantes presos.

Rhodes lembra quefree spins bonus casinosChicago e outras partes do país houve vários confrontos entre os Panteras Negras e a polícia, muitos deles violentos.

"A polícia os perseguia, eles resistiam, armas eram usadas, pessoas eram mortas. Houve violência, mortes trágicasfree spins bonus casinosambos os lados, tantofree spins bonus casinosmembros dos Panteras Negras quanto da polícia. E a imagem que emergiu é a dos Panteras Negras como sendo violentos", ressalta Rhodes.

"Mas eu acredito que suas intenções não eram violentas, mas sim inflexíveis. Eles não estavam interessadosfree spins bonus casinosassumir uma posição passiva", observa a historiadora.

Informante e morte

Haas ressalta que Hampton sabia que era alvo da polícia. Era comum que líderes dos Panteras Negras fossem presos. Menosfree spins bonus casinosum ano antesfree spins bonus casinossua morte, Hampton foi condenado e preso por roubar sorvetes,free spins bonus casinosuma acusação considerada injusta pelo advogado.

"Acreditamos que na época policiais coagiram o vendedorfree spins bonus casinossorvetes a identificar Fred", afirma Haas.

Hampton também estava ganhando mais atenção como líder, considerado uma estrelafree spins bonus casinosascensão dentro dos Panteras Negras e cogitado para assumir uma posiçãofree spins bonus casinosliderança nacional no partido.

O terceiro no comando dos Panteras Negrasfree spins bonus casinosChicago era William O'Neal, chefefree spins bonus casinossegurança do grupo. Em 1966, aos 17 anos, O'Neal havia sido abordado por um agente do FBI depoisfree spins bonus casinosser detido roubando um carro e usando um distintivo falso. Ele recebeu a propostafree spins bonus casinosevitar a prisão caso se infiltrasse nos Panteras Negras.

Na madrugadafree spins bonus casinos4free spins bonus casinosdezembrofree spins bonus casinos1969, quando 14 policiais invadiram o apartamento onde Hampton e outros Panteras Negras estavam, eles usaram uma planta do local desenhada por O'Neal, que mostrava onde cada um dormia.

A informação havia sido fornecida pelo FBI ao Departamentofree spins bonus casinosPolíciafree spins bonus casinosChicago, que invadiu o local sob ordensfree spins bonus casinosEdward Hanrahan, promotor do condadofree spins bonus casinosCook. A ação durou poucos minutos, nos quais maisfree spins bonus casinos80 tiros foram disparados. Hampton e outro líder do grupo, Mark Clark,free spins bonus casinos22 anos, foram mortos. Quatro Panteras Negras e dois policiais ficaram feridos.

Poucas horas depois da invasão, Hanrahan deu uma entrevista coletiva na qual afirmou que a polícia estava cumprindo um mandadofree spins bonus casinosbusca e apreensão procurando por armas ilegais e foi recebida a tiros pelos ocupantes do apartamento, matando Hampton e Clarkfree spins bonus casinosautodefesa.

"A reação imediata, violenta e criminal dos ocupantes, ao disparar contra policiais que se identificaram, enfatiza a extrema crueldade do Partido dos Panteras Negras", disse Hanrahan.

Versões

Haas foi um dos primeiros a falar com os sobreviventes, logo após a invasão. "Entrevistei a noivafree spins bonus casinosFred, que estava grávidafree spins bonus casinosoito meses e meio, e ela me disse que a polícia entrou atirando. Ela foi retirada do quarto e dois policiais à paisana entraram. Ela ouviu dois disparos e um deles dizer 'ele está morto agora'", relata.

Os membros do grupo que haviam sobrevivido à invasão foram indiciados por tentativafree spins bonus casinoshomicídio. Mas as acusações foram posteriormente descartadas quando testesfree spins bonus casinosbalística deixaram claro que a versão da polícia não encaixava com as evidências na cena do crime.

Um grande júri federal concluiu que quase todos os cartuchos e balas encontrados na cena haviam sido disparados por armas da polícia. Somente um disparo havia sido feito pelos ocupantes do apartamento, provavelmentefree spins bonus casinosautodefesa. Hampton havia sido morto emfree spins bonus casinoscama, enquanto dormia, com dois tiros à queima-roupa.

Hanrahan e 13 policiais acabaram sendo indiciados por obstruçãofree spins bonus casinosjustiça e conspiração para apresentar falsas evidências, mas foram absolvidos.

Haas passou anos tentando provar a participação do FBI na invasão. Ele defendeu os sobreviventes das acusações criminais e representou as famíliasfree spins bonus casinosuma ação civil contra a polícia, o promotor e o FBI. Em 1971, ativistas anti-guerra invadiram um escritório do FBI e encontraram documentos sobre o programa secreto Cointelpro.

Outros documentos revelados posteriormente comprovaram que, apesarfree spins bonus casinosnão ter participado diretamente da invasão, o FBI teve papel central na ação, e que Hampton e os Panteras Negras eram alvo do Cointelpro. Um dos documentos era um memorando do FBI citando pagamentofree spins bonus casinosbônus a O'Neal por seu papel.

Em 1982, o Departamentofree spins bonus casinosJustiça, a cidade e o condado concordaramfree spins bonus casinospagar US$ 1,82 milhão (cercafree spins bonus casinosR$ 9,77 milhões) aos sobreviventes e familiares das vítimas.

"Em uma ação civil você recebe pagamento por danos, mas geralmente não há admissãofree spins bonus casinosculpa", observa Haas. "Mas ainda acho que deveria haver um pedidofree spins bonus casinosdesculpas da cidadefree spins bonus casinosChicago e do FBI, e algum tipofree spins bonus casinosmemorial a Hampton."

Legado

Rhodes diz que a históriafree spins bonus casinosHampton ainda é pouco conhecida, mesmo nos Estados Unidos. "A não ser que você tenha interesse específico nos anos 1960, oufree spins bonus casinosativismo negro, oufree spins bonus casinosviolência policial, você provavelmente nunca ouviu o nomefree spins bonus casinosFred Hampton", afirma a historiadora.

Black Lives Matter

Crédito, Getty

Legenda da foto, Partido dos Panteras Negras inspirou movimentos como o Black Lives Matter

"Acho que uma das razões pelas quais há atenção (atual) sobrefree spins bonus casinosvida é que ele simbolizava o melhor daquela era", afirma Rhodes.

"Nem todos nos Panteras Negras ou no movimento Black Power eram pessoas ideais. Havia erros, havia pessoas que cometiam crimes. Mas Hampton era abnegado, ele realmente dedicoufree spins bonus casinosvida a esse trabalho."

Rhodes observa que os Panteras Negras costumam servirfree spins bonus casinosinspiração para movimentos sociais atuais, como o Black Lives Matter (Vidas Negras Importam). "Eles têm táticas diferentes, mas muitos objetivos semelhantes", diz, lembrando que a violência policial e o racismo ainda são um problema.

Haas também vê semelhanças entre a lutafree spins bonus casinosativistas como Hampton e o momento atual. No ano passado, os Estados Unidos registraram enormes protestos contra a violência policial e o racismo, desencadeados pela mortefree spins bonus casinosGeorge Floyd, um homem negro morto sob custódiafree spins bonus casinosum policial branco.

"Os anos 1960 foram uma época revolucionária. O mundo estavafree spins bonus casinosconvulsão e as pessoas estavam lutando por liberdade. Acho quefree spins bonus casinosvárias maneiras isso influenciou o que está acontecendo hoje", afirma Haas.

"E Fred é um símbolo disso, uma memória disso. Por isso acho que é tão importante saber quem ele era e o que ele fez."

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