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Cientistas criam miniórgãos e revolucionam o conhecimento sobre a covid-19:scanner para apostas esportivas
Voltar ao passado para projetar o futuro
A matéria-prima básica para a construçãoscanner para apostas esportivasum organoide são células simples presentes na pele ou no sistema urinário. Após a seleção, os cientistas realizam um procedimento que faz essas unidades se transformaremscanner para apostas esportivascélulas-tronco.
"É como se elas voltassem no tempo. Por meioscanner para apostas esportivasuma transformação genética, elas viram células-tronco novamente", reforça a neurocientista Marília Zaluar Guimarães, do Instituto D'Orscanner para apostas esportivasPesquisa e Ensino, no Rioscanner para apostas esportivasJaneiro (IDor).
A descrição desse processo biológico e da tecnologia capazscanner para apostas esportivastorná-lo factível, inclusive, renderam o Prêmio Nobelscanner para apostas esportivasMedicina e Fisiologiascanner para apostas esportivas2012 ao britânico John Gurdon e ao japonês Shinya Yamanaka.
Mas essa é apenas uma parte da história. Depois que as células "voltam no tempo", é preciso realizar uma nova etapa. "De acordo com fatores que usamos no laboratório, fazemos com que essas células-tronco se diferenciem e se especializem novamente", completa Guimarães, que também é professora na Universidade Federal do Rioscanner para apostas esportivasJaneiro (UFRJ).
Em outras palavras, é possível pegar uma célula da pele e, seguindo alguns passos, fazer uma metamorfose para que ela vire um neurônio ou um glóbulo vermelho.
A grande sacada é que os organoides não são apenas um amontoadoscanner para apostas esportivascélulas que podem ser analisados com o auxílioscanner para apostas esportivasum microscópio. Falamos aquiscanner para apostas esportivasformações mais complexas, que reúnem maisscanner para apostas esportivasum tiposcanner para apostas esportivascélula e muitas vezes são visíveis a olho nu. Trata-se realmentescanner para apostas esportivasum órgãoscanner para apostas esportivasescala reduzida.
"No caso dos minicérebros, por exemplo, eles são esféricos, mas não têm a mesma formação do órgão verdadeiro. O que nos permite saber que aquela estrutura se assemelha ao original são suas características celulares e bioquímicas", aponta o biólogo Daniel Martinsscanner para apostas esportivasSouza, da Universidade Estadualscanner para apostas esportivasCampinas (Unicamp).
As origens
Numa perspectiva histórica, a possibilidadescanner para apostas esportivasconstruir miniórgãos é muito recente. Os cientistas só conseguiram botar a mão na massascanner para apostas esportivasverdade nos últimos dez anos.
Apesarscanner para apostas esportivasjovens, os organoides já deram grandes contribuições à ciência. Um dos maiores exemplos disso aconteceu durante a epidemiascanner para apostas esportivaszika, que preocupou o Brasil (e o mundo)scanner para apostas esportivas2015 e 2016.
Transmitido por uma picada do mosquito Aedes aegypti, o vírus provoca sintomas relativamente simples, como febre baixa, dor e vermelhidão nos olhos.
Mas a explosãoscanner para apostas esportivascasosscanner para apostas esportivasmicrocefalia (quando o bebê nasce com o crânio e o cérebro menores do que o usual) na região Nordeste do país levantou o sinalscanner para apostas esportivasalerta: será que uma infecção por zika ao longo da gravidez poderia estar relacionada a essa grave complicação?
A suspeita foi confirmada graças às pesquisas com os organoides. Em laboratório, uma equipe liderada pelo neurocientista Stevens Rehen, da UFRJ e do IDor, utilizou minicérebros para demonstrar que o zika realmente afeta células do sistema nervoso e inibe seu crescimento, ocasionando a síndrome congênita associada à infecção pelo vírus, que causou a microcefalia e diversos outros problemasscanner para apostas esportivassaúdescanner para apostas esportivasbebês.
"Essa foi a primeira vez que o modelo dos organoides foi utilizado para entender uma doença viral", lembra Guimarães.
As vantagens
Nas últimas décadas, culturasscanner para apostas esportivascélulas e cobaias foram os principais meios para realizar os estudos preliminares com candidatos a remédios ou vacinas. A proposta estavascanner para apostas esportivasentender como essas novas moléculas agem numa escala menor e mais controlada antesscanner para apostas esportivaspartir para os testes clínicos, que envolvem seres humanos.
Essas metodologias também permitem compreender como determinada doença afeta o organismo, mesmo quescanner para apostas esportivasmaneira simplificada.
Mas as alternativas mais antigas trazem uma sériescanner para apostas esportivaslimitações, a começar porscanner para apostas esportivasprópria simplicidade, que não reproduz as mesmas características da vida real. "Os organoides, por outro lado, são compostosscanner para apostas esportivasdiferentes células e têm uma estrutura tridimensional. Por isso, eles têm funções mais parecidas ao que acontecescanner para apostas esportivasverdade", compara o farmacêutico Kazuo Takayama, professor da Universidadescanner para apostas esportivasKyoto, no Japão.
No caso das cobaias, há ainda uma limitação na quantidadescanner para apostas esportivasanimais disponíveis para usoscanner para apostas esportivasexperimentos. "É possível cultivar miniórgãosscanner para apostas esportivaslaboratório quase que infinitamente, então eles podem ser usados para testes com novos medicamentosscanner para apostas esportivaslarga escala", completa Takayama.
Conhecimento otimizado
Durante uma pandemia como a que vivemos, essa abordagem moderna também possibilitou acelerar alguns processos e obter informações essenciais com agilidade.
Sem os organoides, o conhecimento sobre a covid-19 demoraria muito mais para ficar disponível. Isso, porscanner para apostas esportivasvez, impediria o avanço da ciência e atrasaria ainda mais a chegadascanner para apostas esportivasmétodosscanner para apostas esportivasdiagnóstico, prevenção e tratamento seguros e eficazes.
Vamos a exemplos práticosscanner para apostas esportivascomo isso ocorreu durante os últimos meses. Diante da emergência sanitária global, muitos especialistas foram avaliar se existia alguma droga já disponível no mercado que poderia combater o vírus ou amenizar seu estrago.
Muitas dessas terapias foram testadas nos organoides. Aquelas que não funcionaram logoscanner para apostas esportivascara foram descartadas. Os remédios que mostraram algum efeito inicial puderam, então, evoluir mais rápido para as próximas fasesscanner para apostas esportivaspesquisa. Imagina quanto tempo foi economizado com essa triagem inicial?
Mas as aplicações vão muito além da área farmacêutica. Trabalhos feitos no Japão e nos Estados Unidos focaramscanner para apostas esportivasminipulmões e descobriram que o Sars-CoV-2 invade e destrói algumas células do sistema respiratório. Isso, porscanner para apostas esportivasvez, pode gerar uma resposta inflamatória muito forte e danosa à própria saúde da pessoa acometida pela infecção.
"De forma geral, os organoides permitiram que entendêssemos que células humanas o coronavírus consegue invadir e usar para se replicar. Nosso grupo demonstrou que isso acontece no intestino, o que ajuda a explicar os sintomas gastrointestinais observadosscanner para apostas esportivasmuitos pacientes", relatam os pesquisadores Joep Beumer e Maarten Geurts, do Instituto Hubrecht, na Holanda.
Outra experiência realizada na Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, e no Institutoscanner para apostas esportivasBiotecnologia Molecularscanner para apostas esportivasViena, na Áustria, construiu vasos sanguíneosscanner para apostas esportivasminiatura. A partir daí, foi possível observar que o vírus da covid-19 invade o endotélio (a camada internascanner para apostas esportivasveias e artérias).
Isso tem duas implicações principais. A primeira é a formaçãoscanner para apostas esportivascoágulos que bloqueiam a passagemscanner para apostas esportivassangue e podem dar início a infarto, AVC ou trombose. Em segundo lugar, há a suspeitascanner para apostas esportivasque, a partir da circulação, o patógeno consegue "vazar" para diversas áreas do corpo e afetar outros órgãos importantes.
As iniciativas não param por aí: nessa mesma linha, trabalhos com organoides continuam a avaliar as pegadas do coronavírus no fígado, nos rins, no coração e no cérebro.
Atuação nacional
No Brasil, dois gruposscanner para apostas esportivaspesquisa se debruçam sobre as repercussões da covid-19 no cérebro humano. No IDor, os cientistas utilizaram neuroesferas (um tipo mais simplificadoscanner para apostas esportivasorganoide) para demonstrar que o Sars-CoV-2 gera danos ao sistema nervoso, mas não consegue se replicar e produzir novas cópias virais ali.
Já um trabalho feito na Unicamp avaliou a presença do coronavírus nos astrócitos, um tiposcanner para apostas esportivascélula do sistema nervoso. "A invasão viral parece modificar a forma como essas unidades produzem energia, o que impacta o funcionamento dos neurônios", resume Souza.
Essa ação da covid-19 na massa cinzenta pode ser um caminho para explicar os sintomas neurológicos da doença, que chegam a acometer até 30% dos pacientes. Entre as manifestações mais comuns nesta região do corpo estão a perda ou o enfraquecimentoscanner para apostas esportivassentidos como olfato e paladar e o aparecimentoscanner para apostas esportivasquadrosscanner para apostas esportivasansiedade e depressão.
Vale mencionar, no entanto, que essa é uma áreascanner para apostas esportivasconstante evolução. As pesquisas são realizadas neste exato momento e é possível que apareçam novidades num futuro próximo.
Os limites
Apesarscanner para apostas esportivastantas vantagens, os organoides não são perfeitos e não permitem encontrar todas as respostas. "Essa é uma área que dá seus primeiros passos e enfrenta desafios importantes. Muitas dessas estruturas são feitas com células que ainda estão imaturas, o que significa que elas não são 100% comparáveis com os órgãosscanner para apostas esportivasum adulto", avalia Núria Montserrat Pulido, professora do Institutoscanner para apostas esportivasBioengenharia da Catalunha, na Espanha.
A bioquímica Shuibing Chen, da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, destaca a grande variabilidade entre os modelosscanner para apostas esportivasminiórgãos usados pelos gruposscanner para apostas esportivaspesquisa. "É preciso padronizar esse material para entender as aplicaçõesscanner para apostas esportivasnossos esforços no mundo real", conta.
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O investimento financeiro é outra barreira a ser considerada neste contexto. "Os materiais que usamos são caros e estamos trabalhando para criar sistemas custo-efetivos", completa Chen.
Souza destaca mais um impeditivo: os miniórgãos (ainda) são estruturas isoladas, que não interagem com outros sistemas que compõem o corpo humano. Com isso, não é possível entender como os efeitos do coronavírus nos rins, por exemplo, repercutem no coração ou no intestino. "Quem sabe no futuro não tenhamos diferentes organoides conectados,scanner para apostas esportivasmaneira que eles interajam no laboratório?", vislumbra.
Se,scanner para apostas esportivasseus primeiros passos, os organoides já proporcionaram tanto conhecimento, imagine o que eles poderão fazer quando forem aperfeiçoados.
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