'Estamos apavorados': o dramatop casas de apostasmédicos na linhatop casas de apostasfrente do atendimento ao coronavírus no Brasil:top casas de apostas
Já no caso da rede públicatop casas de apostasSão Paulo, outro ponto tem atrapalhado os servidores: uma demoratop casas de apostasaté dez dias para obter os resultadostop casas de apostasexames que confirmam se uma pessoa foi infectada.
Faltatop casas de apostasequipamentos
Um dos profissionais ouvidos pela reportagem, Ricardo trabalhatop casas de apostasum dos principais hospitais públicostop casas de apostasreferênciatop casas de apostasSão Paulo para atendimentotop casas de apostaspacientes com covid-19.
O médico conta que, nos últimos dias, funcionários decidiram comprar equipamentostop casas de apostasproteção individual (EPI) por conta própria, porque o material enviado pelo poder público não atende à demanda do pronto-socorro e da unidadetop casas de apostasterapia intensiva (UTI).
"Há diretores do hospital que, na falta dos equipamentos, tentam justificar para a equipe que eles não são necessários. Dizem que as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) para o usotop casas de apostasEPI são exageradas", diz ele.
Segundo Ricardo, nesta semana, um paciente com covid-19 precisou ser entubado emergencialmente na UTI, mas a médicatop casas de apostasplantão não tinha máscaras disponíveis.
Esse tipotop casas de apostasprocedimento é um dos que deixam os profissionaistop casas de apostassaúde mais expostos ao vírus.
"Ela fez o procedimento mesmo assim. E tem maistop casas de apostas60 anos. Decidiu encarar (o risco). No dia seguinte, aconteceu a mesma cena, mas outro profissional falou que não iria fazer, porque não 'queria ser mártir'", conta o médico.
"Como vai entubar um paciente sem proteção? Isso está acontecendo. Na porta dos hospitais da Prefeitura e do Estado, você pode ver funcionários terceirizados lavando a entrada com equipamentos melhores do que os dos médicos que estão lá dentro."
Lúcio, diretortop casas de apostasum grande hospital públicotop casas de apostasBrasília, enfrenta um problema parecido.
"Até temos EPItop casas de apostasboa quantidade, mas estamos racionalizando. Não são todos os profissionais que estão usando, só aqueles que lidam diretamente com pacientes suspeitos. Mas muitos médicos estão comprando o próprio material", afirma.
Ele também diz que muitos profissionais ainda não tinham treinamento para o uso do EPI. "As pessoas não sabem retirar e colocar os equipamentos da maneira adequada, para evitar contaminação. Estamos dando cursos", explica.
No Riotop casas de apostasJaneiro, a médica Luciana, responsável por pacientes com covid-19 internadostop casas de apostasum hospitaltop casas de apostasuma das maiores redes privadas do país, também temtop casas de apostaslidar com a escasseztop casas de apostasequipamentostop casas de apostasproteção.
Seu hospital determinou que os profissionais que atendem pacientes com covid-19 usem máscara cirúrgica, um dos três tipos possíveistop casas de apostasmáscara.
A máscara cirúrgica bloqueia partículas maiores, normalmentetop casas de apostassaliva, e confere uma proteção parcial contra gotículas liberadas por tosses e espirros.
O segundo tipo é conhecido como N95. Ela bloqueia partículas mais finas que ficam suspensas no ar e permite vedar o nariz e a boca.
O terceiro, o PFF3, tem uma malha com uma trama ainda mais densa e confere uma proteção maior contra essas partículas.
"Não sabemos por que o novo coronavírus tem uma transmissibilidade tão elevada. Os vírus normalmente são transmitidos por gotícula, mas as informações que temos ainda não garantem que este vírus não pode ser transmitidotop casas de apostasoutra forma, por partículas suspensas no ar", explica.
Luciana diz que, como médicos da China e da Itália que usavam máscaras cirúrgicas foram infectados, não há "garantia"top casas de apostasque esse tipotop casas de apostastransmissão não ocorra, mas que, diante das informações que chegam até ela e seus colegas, o novo coronavírus "parece ter o potencialtop casas de apostasser transmitido assim".
"Entendemos perfeitamente ao que estamos sendo expostos e vamos trabalhar todos os dias conscientes desse risco, mas queremos trabalhar com uma contrapartidatop casas de apostaso hospitaltop casas de apostasgarantir a nossa segurança", diz Luciana.
A médica chegou a comprar uma máscara N95, mas diz que foi proibidatop casas de apostasusá-la, porque, nas palavras da diretoria do hospital, deixaria outros profissionais que não tinham como fazer o mesmo preocupados. "Disseram que iria gerar um motim (entre funcionários)", diz Luciana.
"Não quero fazertop casas de apostasconta que não sei o que está acontecendo e deixar os técnicos e enfermeiros atenderem pacientes o dia inteiro sem a proteção adequada e sem saber do risco que estão correndo."
Luciana conta que ela e seus colegas chegaram a se reunir para debater a situação e cogitaram se recusar a atender os pacientes com covid-19 enquanto não houvesse máscaras N95 para todos. Depois, o hospital liberou o uso delas.
"Não consigo acreditar que um hospitaltop casas de apostasgrande porte não seja capaztop casas de apostasbolar uma estratégiatop casas de apostasatendimento que proteja os profissionaistop casas de apostassaúde, que estão na linhatop casas de apostasfrente e precisam ter tranquilidade para trabalhar", diz ela.
"Se não tiver máscara, vou continuar trabalhando, mas o que percebemos é que não há interesse nem preocupaçãotop casas de apostasnos proteger. Estão mais preocupados com a questão financeira, porque paciente com covid-19 fica muito tempo internado, e o hospital precisatop casas de apostasrotatividade para ter lucro, senão pode ir à falência", afirma.
Aumentotop casas de apostaspacientes
Luciana também conta que, nos últimos dois dias, o númerotop casas de apostaspacientes quadruplicou e já são maistop casas de apostas20 internados por este motivo, o que levou o hospital onde trabalha a abrir uma nova ala para tratar esses pacientes, com "a possibilidadetop casas de apostasabrir uma terceira".
"A orientação é que estejamos preparados para tudo, inclusive ter o hospital inteiro ocupado por pacientes com covid-19", conta a médica.
Ela diz que cercatop casas de apostasum terço dos pacientes têm menostop casas de apostas60 anos. "Talvez por isso não tenham surgido ainda casos muito graves."
"Mas a gente se assusta com as imagens que vemos na tomografia, o pulmão todo infiltrado e com manchas brancas, com vírus por todos os lados. É algo que a gente não vêtop casas de apostaspessoas mais jovens. Nunca vi tanto paciente chegar com uma coisa dessa", afirma a médica.
Segundo o médico Marcio, que trabalhatop casas de apostasum hospital público do Riotop casas de apostasJaneiro, o númerotop casas de apostaspacientes vem crescendo dia a dia, mas ele acredita que os médicos brasileiros têm uma certa vantagem nesse momento, "porque já sabem melhor como tratar os doentestop casas de apostasrelação aos colegas chineses", que enfrentaram os primeiros casostop casas de apostascovid-19. "Também já sabemos nos prevenir melhor", diz.
Para Ricardo,top casas de apostasSão Paulo, os riscostop casas de apostasinfecção e o aumento exponencial do númerotop casas de apostaspacientes no hospital públicotop casas de apostasSão Paulo onde trabalha têm criado estresse e pressão entre os profissionaistop casas de apostassaúde.
"Estamos todos trabalhando sob pressão. Além disso, os funcionários sabem da gravidade: ninguém quer ficar doente", explica. Segundo ele, ao menos quatro profissionais foram afastados nos últimos dias com sintomastop casas de apostascovid-19.
Já a infectologista Cristina, que também trabalhatop casas de apostasum hospital público que atende casostop casas de apostascoronavírustop casas de apostasSão Paulo, conta que o númerotop casas de apostaspacientes que procuramtop casas de apostasunidade aumentoutop casas de apostas50% na terça-feira da semana passada,top casas de apostascomparação com a anterior.
"Nós, trabalhadores da saúde, também temos que lidar com a fobia, com o medotop casas de apostasinfecção. Em algum momento cai a ficha e você pensa: 'preciso relaxar para conseguir atender'", diz.
Segundo ela, é sempre preciso explicar aos pacientes o que é a covid-19, seus sintomas e riscos, porque, ao saberem do diagnóstico, ficam muito ansiosos.
"As pessoas têm a ideiatop casas de apostasque vão morrer no dia seguinte. E não é assim. A gente explica e fala: 'olha, aqui você vai ser bem tratado, vai dar tudo certo'", conta.
Luciana, do Riotop casas de apostasJaneiro, vai mais longe e diz que ela e os colegas hoje "trabalham com medo", embora estejam conscientes da importância dos profissionais durante a pandemiatop casas de apostascoronavírus.
"Fizemos um juramento, escolhemos a nossa profissão, mas hoje a gente trabalha com medo, porque é uma coisa muito nova para todo mundo. Estamos todos apavorados. A gente fica pensando no colega que é médico, tem 60 anos, é asmático e trabalhatop casas de apostasUTI e tem tudo para pegar a doença e que vai ter que entubar os pacientes com covid", diz.
Para Lúcio,top casas de apostasBrasília, o descompasso entre as orientaçõestop casas de apostasdiferentes autoridades também tem atrapalhado o atendimento dos médicos e o diálogo com os pacientes.
"Hoje mesmo, um paciente que é pedreiro e nem tem sintomastop casas de apostascovid-19 me perguntou se deveria ficartop casas de apostascasa, como disse o governador, ou se deveria sair e voltar ao trabalho, como pediu o presidente Jair Bolsonaro", diz.
"Para mim, o maior problema que estamos enfrentando é que não existe uma organização uniforme das informações. O Ministério da Saúde fala uma coisa, entidades médicas e secretarias (estaduais) falam outra. Se isso tudo gera uma certa ansiedade nos médicos, imagina na população", diz.
Exames demorados
Médicostop casas de apostashospitais públicostop casas de apostasSão Paulo também têm reclamado da demora para obter os resultadostop casas de apostastestestop casas de apostascoronavírus. Játop casas de apostashospitais da rede privada, os exames podem sairtop casas de apostaspoucas horas.
Em média, dizem, o Instituto Adolfo Lutz, responsável por parte dos exames no Estadotop casas de apostasSão Paulo, tem demorado dez dias para liberar os resultados.
"Muitas vezes, quando sai o resultado, o paciente já nem tem mais sintomas", explica Cristina.
"Também há muita pressão por parte dos familiares, pois as visitas estão restritas. É uma situação angustiante, porque os parentes querem saber se o familiar está com covid-19, e nós não podemos dizer que sim, porque os resultados demoram dez dias. Houve um casotop casas de apostasmorte no hospital, e que posso dizer que eratop casas de apostasum paciente com todos os sintomastop casas de apostascoronavírus, mas que até agora, dias depois, o resultado do teste ainda não saiu", explica Ricardo.
Ele conta que profissionais foram afastados do trabalhotop casas de apostasseu hospital por terem alguns sintomas da doença.
"O problema é que, como os resultados estão demorando, a gente não sabe o diagnóstico com certeza e quantos dias o servidor vai ficar afastado. Isso vai criando uma bolatop casas de apostasneve que afeta o atendimento", diz.
A gestãotop casas de apostasJoão Doria (PSDB), governadortop casas de apostasSão Paulo, afirmou que o Instituto Adolfo Lutz "está priorizando o processamento das amostrastop casas de apostascasos graves e óbitos."
"Cabe ressaltar que o teste não impacta no tratamento da pessoa, que é feito apenas do pontotop casas de apostasvista clínico, e que o acompanhamento do cenário da covid-19 também pode ser embasado no critério clínico-epidemiológico, assim como ocorre com outras doenças infecciosas", diz o governo.
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