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Como a pandemialuva bet suportecovid-19 pode levar a uma revolução nas vacinas:luva bet suporte
Só falta provar que as vacinas gênicas, como elas são chamadas, realmente nos protegem.
Isso nunca foi feito. Até hoje, não há uma vacina deste tipo aprovada para usoluva bet suportehumanos.
Mas duas entre as oito vacinas contra a covid-19luva bet suporteestágio mais avançadoluva bet suportepesquisa usam essa tecnologia.
Uma é feita pela pelas empresas Pfizer (Estados Unidos), BioNTech (Alemanha) e Fosun (China). A outra está sendo desenvolvida pela companhia americana Moderna.
Ambas já chegaram à terceira e última fase dos testesluva bet suportehumanos e estão sendo aplicadasluva bet suportemilharesluva bet suportepessoas para ver se são eficazes.
As perspectivas são promissoras, diz Norbert Pardi, professor e pesquisador da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos.
Os estudos feitos até agora apontaram que elas geraram uma boa resposta do nosso sistema imunológico e se provaram seguras.
"Ainda precisamos ver os resultados da última fase, mas estou otimista. Acredito que uma ou mais delas serão aprovadas. Isso tem o potencialluva bet suporterevolucionar o campo das vacinas para doenças infecciosas", diz Pardi.
Como funcionam as vacinas
A maioria das vacinas que usamos envolve injetar um vírus ou bactéria no nosso corpo para que o sistema imunológico identifique a ameaça e crie formasluva bet suportenos defender.
No caso dos vírus, eles podem estar enfraquecidos (sua capacidadeluva bet suportenos deixar doentes foi reduzida a níveis seguros) ou inativados (são incapazesluva bet suportese reproduzir) — faz parte deste segundo tipo a Coronavac, que o governoluva bet suporteSão Paulo anunciou na quarta-feira (23/09) que testes com 50 mil pessoas demonstraram ser segura.
Há também as chamadas vacinasluva bet suportesubunidades,luva bet suporteque apenas fragmentos característicosluva bet suporteum vírus, como uma proteína, por exemplo, são produzidosluva bet suportelaboratório e purificados para serem usados na vacina.
A proposta das vacinas gênicas é diferente. Em vezluva bet suporteinjetarluva bet suportenós um vírus ou parte dele, a ideia é fazer o nosso próprio corpo produzir a proteína do vírus.
Para isso, os cientistas identificam a parte do código genético viral que carrega as instruções para a fabricação dessa proteína e a injetamluva bet suportenós.
Uma vez absorvidas por nossas células, ela funciona como um manualluva bet suporteinstruções para a produção da proteína do vírus.
A célula fabrica essa proteína e a exibe emluva bet suportesuperfície ou a libera na corrente sanguínea, o que alerta o sistema imune.
As vantagens das vacinas gênicas
A imunologista Cristina Bonorino explica que, no caso das vacinas atenuadas ou inativadas, é preciso cultivar uma grande quantidadeluva bet suportevírus para usá-los como matéria prima.
As vacinas gênicas dispensam isso. Basta criarluva bet suportelaboratório só a sequência genética desejada.
Isso exige uma estruturaluva bet suporteprodução muito mais enxuta. "O custo também é provavelmente menor", diz Bonorino, que é professora da Universidade Federalluva bet suporteCiências da Saúdeluva bet suportePorto Alegre e membro do comitê científico da Sociedade Brasileiraluva bet suporteImunologia.
Márjori Dulcine, diretora-médica da Pfizer Brasil, empresa que fabrica uma das vacinas gênicas, explica que, além desse tipoluva bet suportevacina ser produzida mais rapidamenteluva bet suportegrande escala, ela também é flexível.
"Sabemos que o Sars-Cov-2 tem uma grande capacidadeluva bet suportesofrer mutações. Então, se isso ocorrer, podemos rapidamente adaptar", diz Dulcine.
As vacinas gênicas também eliminam o riscoluva bet suporteuma pessoa ficar doente ao ser vacinada, o que pode ocorrer quando são usados os vírus atenuados.
Os vírus neste estado foram manipulados para serem menos perigosos, mas ainda assim eles conseguem se reproduzir lentamente.
Isso dá tempo suficiente para que o sistema imunológicoluva bet suporteuma pessoa saudável reaja e, neste processo, aprenda a combater essa ameaça.
Mas,luva bet suportecasos mais raros, se o paciente é imunocomprometido, ele pode perder essa corrida contra o vírus, e a pessoa fica doente.
"Com esse tipoluva bet suportevacina, não tem isso, porque ela não usa um micro-organismo vivo. É completamente sintética", diz Norbert Pardi, da Universidade da Pensilvânia.
O tempo necessário para desenvolver uma vacina também cai drasticamente. Normalmente, leva-se meses para ter uma pronta para os primeiros testes. Com a vacinas gênicas, demora semanas.
"A Moderna levou 42 dias do momentoluva bet suporteque recebeu a sequência genética do vírus até começar os estudos da vacina contra a covid-19. Isso é quase impossível com outras tecnologias", afirma Pardi.
O cientista diz ainda que os testes mostraram até agora que as vacinas gênicas contra a covid-19 geraram uma reação do sistema imunológico ao menos tão boa quanto a das outras candidatas.
"Então, elas não são apenas mais seguras e relativamente baratasluva bet suporteproduzir, mas bastante eficazes. Isso é muito importante."
Vacinasluva bet suporteDNA x Vacinasluva bet suporteRNA
Mas se estas vacinas têm tantas vantagens, por que ainda não há nenhuma aprovada para o usoluva bet suportehumanos? Um dos motivos é que a tecnologia é recente.
A primeira vacina foi criada pelo médico britânico Edward Jenner há pouco maisluva bet suporte220 anos, na virada entre os séculos 18 e 19, para prevenir a varíola.
As vacinas gênicas estão sendo desenvolvidas há pouco maisluva bet suportetrês décadas - e só mais recentemente começaram a dar resultados mais animadores.
A princípio, acreditava-se que seria melhor fazer esse tipo vacina usando DNA, a molécula que guarda todas as informações genéticasluva bet suporteum organismo - e que são usadas pelas nossas células para fabricar as proteínas que compõem o nosso corpo.
Mas, para que isso aconteça, o DNA precisa antes ser transformadoluva bet suportemoléculasluva bet suporteRNA, que transportam essas instruções até a parte da célula onde as proteínas são produzidas.
Os cientistas acreditavam que, ao injetar o DNA do vírusluva bet suportenós, ele poderia ser absorvido por nossas células e, uma vez dentro delas, transformadoluva bet suporteRNA para que então a proteína desse micro-organismo fosse fabricada, o que daria início à reação imune.
Mas os testes feitos até agora mostraram que as vacinasluva bet suporteDNA não produzem uma resposta imunológica forte o suficienteluva bet suportehumanos. "Não sabemos exatamente por quê", diz Pardi.
Outra alternativa é usar diretamente o RNA. O problema é que essa molécula é capazluva bet suportegerar uma inflamação muito forteluva bet suportenós e que pode nos matar.
Também é muito mais instável do que o DNA e se degrada facilmente no nosso organismo.
"Temosluva bet suportenós, por tudo quanto é lado, enzimas que atacam o RNA. Se você injetar ele sem que esteja protegido, ele é rapidamente destruído", diz Jorge Kalil, diretor do Laboratórioluva bet suporteImunologia do Instituto do Coração (Incor).
Mas, nos últimos 15 anos, os cientistas encontraram uma formaluva bet suporteenvelopar essa molécula para impedir que ela se decomponha e chegue até a célula. Também conseguiram reduzir o potencial inflamatório do RNA.
"A expectativa é que, daqui a algum tempo, quando a gente domine essa tecnologia, muitas vacinas no futuro sejam desse tipo", diz Kalil.
Como estão as vacinas contra a covid-19
A pandemia criou algumas condições que provavelmente estão acelerando esse processo.
A covid-19 é uma doença nova, muito contagiosa e mortal, contra a qual ainda não existe uma vacina. Criar uma é urgente.
Fazer isso normalmente custa dezenas ou centenasluva bet suportemilhõesluva bet suportedólares, mas agora há muito dinheiro sendo investido por governos e organizações.
E, quando uma vacina estiver pronta, países do mundo todo terão interesseluva bet suportecomprá-la.
"A maior dificuldade para fazer uma vacina é dinheiro, porque a técnica é relativamente simples", diz a imunologista Cristina Bonorino.
"Já existem vacinasluva bet suporteRNA patenteadas, mas elas não foram colocadas no mercado. A questão é: tem mercado? Agora, tem mercado e uma necessidade não atendida."
Há 40 vacinas gênicas entre as 187 que estão sendo desenvolvidas contra a covid-19, segundo a Organização Mundial da Saúde. Dez já são testadasluva bet suportehumanos, e duas estão na última etapa desta parte da pesquisa.
O estudo da vacina da Moderna envolve 30 mil participantes nos Estados Unidos. A pesquisa da Pfizer/BioNTech/Fosun também conta com 30 mil voluntários nos Estados Unidos eluva bet suporteoutros países, entre eles o Brasil.
Nos dois casos, as empresas já desenvolviam vacinasluva bet suporteRNA para combater outros vírus.
No caso da Moderna, era o Nipah, que é transmitido por morcegos e pode causar problemas respiratórios e uma inflamação no cérebro que são potencialmente mortais.
A Pfizer e a BioNTech estavam criando uma vacinaluva bet suporteRNA contra o influenza, que causa a gripe.
O objetivo é fazer nossas células produzirem a proteína do coronavírus conhecida como espícula, que tem uma grande capacidadeluva bet suportegerar uma resposta do sistema imunológico.
"Acho que essas vacinas têm potencial. Os resultados publicados mostram que elas induzem à produçãoluva bet suporteuma grande quantidadeluva bet suporteanticorpos que neutralizam o vírus. O teste final será ver se essa proteção é duradoura", diz o imunologista Jorge Kalil.
O estudo da Pfizer vai durar dois anos, mas a empresa espera ter os primeiros resultados para apresentar às agências regulatórias já no finalluva bet suporteoutubro e começoluva bet suportenovembro.
"O momento exigeluva bet suportenós agir rapidamente, com segurança e qualidade. Nosso papel é apresentar dados robustos às autoridades", diz Márjori Dulcine.
"São elas que vão nos dizer se eles são suficientes."
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