Como médica ajudou a preservar os seiospt pokermilharespt pokervítimaspt pokercâncer mama no mundo:pt poker

Dra. Vera Peters, fotografada com a "Cobalt X-otron", desenvolvida pela equipe científica do Ontario Cancer Institute, 1958

Crédito, University of Toronto Archives

Legenda da foto, Vera Peters sempre prometeu colocar pacientept pokerprimeiro lugar

Talvez você não tenha ouvido falar do nome dela, mas seu trabalho teve grande impacto na forma como os pacientes com câncer são tratados hojept pokertodo o mundo.

'A cirurgia perfeita'

Ilustraçãopt pokeruma mama feminina com um tumor

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Peters defendeu uma cirurgia menos invasiva para tratar o câncerpt pokermama.

Primeiro precisamos voltar no tempo e dar uma olhada na realidade dos tratamentos contra o câncer antespt pokerPeters aparecer.

Durante grande parte do século 20, o tratamento padrão do câncerpt pokermama, mesmo para aquelespt pokerestágios iniciais, era a forma mais dolorosapt pokerremoçãopt pokermama: um procedimento chamado mastectomia radical.

O procedimento envolvia remover não apenas o tumorpt pokersi, mas também pele, mamilos, tecidos na axila e até músculos peitorais.

Embora curasse a doença, deixava as mulheres desfiguradas, com inchaço debaixo dos braços e outros problemas físicos.

Avaliando o impacto psicológico

Uma ilustração mostrando um procedimentopt pokermastectomia, por voltapt poker1900.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Durante o século 20, a mastectomia radical era um procedimento comum para pacientes com câncerpt pokermama

O procedimento também afetava psicologicamente os pacientes, com efeitos empt pokerimagem corporal, sexualidade e feminilidade.

A mastectomia radical havia sido idealizada pelo cirurgião americano William Halsted no fim do século 19, e, cem anos, depois ainda era referida por muitos médicos como "a cirurgia perfeita".

"Era o pão com manteiga dos cirurgiões. Era isso. Era fácil. Tinha muito poucas complicações, porque as pessoas que estavam sendo operadas eram mulherespt pokermeia-idade ou mais jovens", disse à BBC Jennifer Ingram, filhapt pokerVera Peters e médicapt pokerOntário.

"Mas eles (os médicos) realmente não captavam o impacto disso sobre as mulheres, seus maridos, seus relacionamentos, seus egos. Uma vez feita a cirurgia e elas eram curadas, os médicos iam embora e não se preocupavam mais com isso."

pt poker ' pt poker Elas iam embora sem um pt poker seio'

Um cirurgião do século 17 realiza uma mastectomiapt pokeruma mulher. Londres, 1678.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Mastectomias foram realizadas ao longo da história.

Na época, os pacientes, e particularmente as mulheres, não eram encorajadas a opinar sobre seus próprios assuntospt pokersaúde.

Ingram diz que, na verdade, aquelas que mostravam ansiedade ou angústia eram rotuladaspt poker"loucas".

"Se você teve um nódulo no peito e foi ao seu médico, que o enviou a um cirurgião, que lhe disse que isso poderia ser câncer, então eles simplesmente lhe diziam o que iria acontecer com você. Era isso", disse.

"As mulheres entravam sem saber se tinham câncer, assinavam um consentimento para fazer uma biópsia e iam embora sem um seio."

Ingram diz que, ligados a essa cadeiapt pokereventos, estavam "todos os comportamentos problemáticos da medicina".

"Normalmente, era um cirurgião do sexo masculino, sempre conversando com uma pacientept pokersociedades dominadas por homens, que viam as mulheres como frágeis, ansiosas, precisando ouvir o que deveriam fazer."

Nesse contexto, entra Vera Peters, cujo primeiro encontro com o câncerpt pokermama forapt pokercasa.

Histórico familiarpt pokercâncerpt pokermama

Peters e a filha

Crédito, Jennifer Ingram

Legenda da foto, Inspirada pela mãe, a filhapt pokerPeters, Jennifer, também se tornou médica.

Peters havia perdido a mãe para a doençapt poker1933, após um longo período doente, e isso teve um profundo impacto nela.

A família moravapt pokeruma fazendapt pokergado leiteiro pertopt pokerToronto. Uma jovem e brilhante Peters terminara o ensino médio aos 16 anos.

Ela estudou matemática e física antespt pokeroptar por medicina na Universidadept pokerToronto "porque estava interessadapt pokerpessoas", disse elapt pokeruma entrevista,pt poker1979, à Ontario Medical Association (OMA), agora registrada empt pokerOral History Collection.

Peters foi uma entre as 10 mulheres a se formar como médicapt poker1935,pt pokeruma classept poker100 pessoas.

Logo, ela estava trabalhando ao lado do radiologista que tratarapt pokermãe com radiação, Gordon E. Richards, no Hospital Geralpt pokerToronto.

Dois terços dos pacientes, encaminhados ao Institutopt pokerRadioterapia do hospital, foram submetidos ao procedimento, e Peters notou como muitos pacientes ficavam perturbados após o tratamento.

"Encontrei tantos pacientes perturbados e desanimados. Desde muito cedo, descobri que a atitude do paciente tinha muito a ver com a sobrevivência", disse ela à OMA.

"As sobrevivências mais curtas eram fáceispt pokerprever: esses eram os pacientes que estavam muito zangados com muitas coisas, principalmente com a cirurgia. Eram pessoas zangadas, desesperadas e solitárias."

Curando o 'incurável'

Uma mulherpt pokerum irradiadorpt pokercobalto,pt pokerfotografia sem data.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Se você tinha câncer, 'você simplesmente ouvia o que iria acontecer', diz a filhapt pokerVera Peters

Mas a primeira conquistapt pokerPeters não foi no campo do câncerpt pokermama, mas na doençapt pokerHodgkin, um tipopt pokercâncer no sistema linfático.

Na época, o linfoma era considerado incurável, mas a experiência do Dr. Richards sugeria o contrário. Então,pt poker1947, ele pediu a Peters para revisar os resultados.

Em 1950, Peters publicou um artigo no qual argumentava que a doença poderia ser curada com altas dosespt pokerradiação se tratadapt pokeruma determinada maneira.

Ela ganhou muita notoriedade por isso, mas o mundo da medicina só começou a acreditarpt pokersuas conclusões uma década depois.

"Assim que você demonstra algo que não faz parte da crença comum, você se depara com muita descrença", lembrou elapt poker1979.

Richards morreupt pokerexposição à radiaçãopt poker1949 e colegaspt pokerPeters começaram a insinuar que ela não seria capazpt pokerlevar adiante seu trabalho sozinha.

Alguns disseram quept pokerfaçanha fora "um golpept pokersorte", e que ela deveria se dedicar a tarefas "de mulheres", segundo Ingram.

'As pessoas vierampt pokertodos os lados'

Uma paciente faz uma mamografiapt pokerBoston.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Demorou um quartopt pokerséculo para o mundo da medicina reconhecer as conclusões da Dra. Peters

Em 1958, ela foi para o Hospital Princess Margaret,pt pokerToronto.

Então uma oncologista conhecida, Peters recebeu pacientespt pokertoda a provínciapt pokerOntário, que, por razões médicas, não puderam se submeter à mastectomia radical e, portanto, eram vistos como se tivessem sido condenados à morte, explica Ingram.

Ela removeu o nódulo nos seios e as tratou com radiologia o melhor que pôde.

"E gradualmente se espalhou a notíciapt pokerque essa mulher que conhecia a radiação oncológica estava tratando essas mulheres que tinham câncerpt pokermama e que aceitaria outros pacientes", diz a filha.

"As pessoas começaram a pedirpt pokeropinião, mesmo que ela não estivesse necessariamente envolvida no caso. E gradualmente ela começou a tratar cada vez mais mulheres com mastectomias não radicais, se elas satisfizessem certos critérios."

As opiniões já estavam divididas sobre os benefícios da mastectomia radical, e alguns médicos na Europa estavam discutindo procedimentos menos agressivos, como a lumpectomia, uma cirurgia que remove apenas o tumor e parte do tecido ao redor.

Mas não no Canadá.

Peters começou a escrever sobre o assunto com basept pokerseus próprios resultados, desde 1967. Em 1975, ela publicou um amplo estudo analisando 8 mil pacientes atendidas no Hospital Princess Margaret entre 1939 e 1969.

Ele mostrou que as taxaspt pokersobrevivência dos pacientes submetidas à cirurgia radical não foram maiores do que aquelas que receberam tratamentos menos agressivos.

Apesar dos resultados, ela foi recebida com ceticismo.

'Eles não podiam acreditar'

Dra. Vera Peters durante uma palestra.

Crédito, University of Toronto Archives

Legenda da foto, Peters constatou que alguns pacientes ficaram com raiva após uma mastectomia radical.

Ingram diz que participoupt pokeruma palestra,pt poker1975, quept pokermãe deu no Royal College of Physicians and Surgeons of Canada,pt pokerWinnipeg.

"A sala estava cheiapt pokerhomenspt pokerterno, todos usando gravatas. Todos cirurgiões. E na frente está uma mulher diminuta e bem-vestida, não um cirurgião. Na plateia, todo mundo ficoupt pokerchoque. Ficou claro que eles nunca consideraram que essa (a mastectomia) não era a mais perfeita das cirurgias", disse Ingram.

"Eles não podiam acreditar. Ver uma redução nas cirurgias sendo apregoado tinha todo tipopt pokerimplicações políticas, financeiras e outros tipospt pokerquestões. Os cirurgiões simplesmente não conseguiam lidar com isso.

Ingram diz que "os cirurgiões se uniram e a demonizarampt pokervárias maneiras", o que significava que qualquer cirurgião que se afastasse do tratamento convencional poderia arriscar comprometerpt pokerprópria carreira.

Pouco tempo depois, Peters pedia demissão do Hospital Princess Margaret "um pouco aborrecida" porque o hospital estava pensandopt pokerparticiparpt pokerum estudo clínico no qual as mulheres receberiam arbitrariamente a mastectomia ou a lumpectomia.

Ela considerou que esses experimentos causariam "sofrimento desnecessário" às mulheres.

Os resultados deles apenas confirmarampt pokerpesquisa. Mas não foram publicados até 2002.

'Cuide do seu paciente'

Dr. Peters recebendo um doutorado honorário da Queen's Universitypt poker1983.

Crédito, Jennifer Ingram

Legenda da foto, Apóspt pokeraposentadoria, a Vera Peters se tornou membro da Ordem do Canadá

Hoje,pt pokerparte graças ao trabalho da Dra. Vera Peters, a mastectomia radical raramente é realizadapt pokermulheres.

Mas, apesarpt pokerestar certa o tempo todo, foi apenas nos últimos anospt pokersua vida que o trabalhopt pokerPeters começou a receber reconhecimento.

Por seu trabalho com Hodgkin, ela foi nomeada Membro da Ordem do Canadá e depois elevada ao postopt pokerOficial da Ordem do Canadá no final da décadapt poker1970, um reconhecimentopt pokersua vida inteirapt pokerconquistas pelo Canadá para a humanidadept pokergeral.

Em 2010, ela foi introduzida postumamente no Hall da Fama da Medicina Canadense. Ela também recebeu dois doutorados honorários e várias medalhas no Canadá, EUA e Europa.

Em 1984, Peters foi diagnosticada com câncerpt pokermama e, fiel às suas convicções, foi tratada com lumpectomia. Mas nove anos depois, aos 82 anos, ela morreupt pokercâncerpt pokerpulmão, depoispt pokerreceber cuidados paliativos por três meses no hospitalpt pokerque passou a maior partept pokersua carreira — o Princess Margaret.

Ingram diz quept pokermãe "nunca foi uma mulher que procurou atenção" e que seu objetivo era mitigar a "injustiça" que ela percebia na maneira como os pacientes eram tratados.

"Se elapt pokeralgum momento quis ser parabenizada, foi pelos pacientes: os pacientes a amavam."

Isso ocorreu devido àpt pokerabordagem, que procurava integrar eles e suas famílias no processopt pokertomadapt pokerdecisão.

Ela disse à OMApt poker1979: "Para decidir qual é a melhor alternativa, você precisapt pokerajuda. E a melhor ajuda que você pode obter é do paciente".

"Considere os medos do paciente, considere as ambições do paciente", disse ela.

"O médico precisa atender ao paciente, obter as sugestões do paciente. Afinal, o paciente é muito mais importante que o médico."

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