Brasil faz estudospremier bet navigator sign upcloroquinapremier bet navigator sign upquase 6 mil pacientes, com resultados previstos para o fimpremier bet navigator sign upmaio:premier bet navigator sign up

Cloroquina

Crédito, Marcelo Casal/Agencia Brasil

Legenda da foto, A defesa do uso precoce da cloroquina e da hidroxicloroquina por Bolsonaro contraria o protocolo atual do Ministério da Saúde

Desde o começo da epidemia no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vem defendendo o uso da substância no tratamento dos infectados pelo vírus SARS-CoV-2. O presidente chegou a dizer que a substância estava sendo empregada com sucesso "em tudo quanto é lugar". Mas ainda não há nenhum estudo conclusivo sobre a eficácia do medicamento ao redor do mundo.

Em seu último pronunciamentopremier bet navigator sign uprede nacional, no dia 8/4, Bolsonaro disse que o medicamento podia ser usado "desde a fase inicial" da doença — o mandatário mencionou o caso do médico cardiologista Roberto Kalil Filho, que usou a drogapremier bet navigator sign upseu tratamento ao contrair o vírus.

"Há pouco conversei com o doutor Roberto Kalil. Cumprimentei-o pela honestidade e compromisso com o juramentopremier bet navigator sign upHipócrates, ao assumir que não só usou a hidroxicloroquina bem como a ministrou para dezenaspremier bet navigator sign uppacientes. Todos estão salvos. Disse-me mais. Que mesmo não tendo finalizado o protocolopremier bet navigator sign uptestes, ministrou o medicamento agora para não se arrepender no futuro", disse Bolsonaro, na ocasião.

A defesa do uso precoce da cloroquina e da hidroxicloroquina contraria o protocolo atual do Ministério da Saúde, segundo o qual estas drogas devem ser ministrada apenas a pacientes críticos. A divergênciapremier bet navigator sign uprelação à droga foi um dos principais motivos para a queda do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Gráfico sobre estudos relacionados à covid-19 no Brasil

Crédito, Reprodução/Conep

Legenda da foto, Até o momento, a Comissão Nacionalpremier bet navigator sign upÉticapremier bet navigator sign upPesquisa (Conep) autorizou 12 estudos com a substância cloroquinapremier bet navigator sign uptodo o país

A cloroquina é um medicamento utilizado no Brasil desde os anos 1950. É indicada para o tratamentopremier bet navigator sign upvárias doenças, como artrite reumatóide, lúpus e malária. A hidroxicloroquina é a versão mais "moderna" da droga, com efeitos colaterais mais leves.

Estas drogas vêm sendo usadaspremier bet navigator sign upforma experimental no Brasil epremier bet navigator sign upoutros países, apesarpremier bet navigator sign upnão existirem testes clínicos suficientes para garantir que sejam eficazes ou seguras no tratamento da Covid-19.

Os efeitos colaterais podem incluir arritmia cardíaca e possíveis danos à visão e à audição. Por isso, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recomenda que sejam usadas com muito cuidado, pois podem ser letaispremier bet navigator sign upalgumas circunstâncias.

Até esta segunda-feira (20), o Brasil somava 40,5 mil casos confirmadospremier bet navigator sign upinfecção pelo novo coronavírus. A doença já tinha custado as vidaspremier bet navigator sign up2.845 brasileiros, segundo a contagem do Ministério da Saúde.

Quais são as pesquisas com a cloroquina

Os 12 estudos já autorizados com a hidroxicloroquina e o difosfatopremier bet navigator sign upcloroquina (nome técnico da versão mais antiga da droga) fazem partepremier bet navigator sign upum conjunto maiorpremier bet navigator sign uppesquisas relacionadas ao novo coronavírus.

O último boletim da Comissão Nacionalpremier bet navigator sign upÉticapremier bet navigator sign upPesquisa (Conep) menciona 112 estudos sobre o vírus aprovados até as 21h da última quinta-feira (16).

Destes, 24 são ensaios clínicos, que somam 12.508 pacientes. Além da cloroquina, também há dois ensaios com a nitazoxanida (comercializada como o vermífugo Annita); com corticoides, e até com a transfusãopremier bet navigator sign upplasma sanguíneopremier bet navigator sign uppacientes convalescentes da Covid-19.

Tanto a cloroquina quanto a hidroxicloroquina estão sendo testadas. Há também testes com a cloroquina associada à azitromicina, um antibiótico usado geralmente contra infecções bacterianas. A maioria das pesquisas acontecepremier bet navigator sign upSão Paulo, mas há também estudospremier bet navigator sign upcursopremier bet navigator sign upManaus (AM) epremier bet navigator sign upFortaleza (CE).

Parte dos estudos emprega técnicas como grupospremier bet navigator sign upcontrole (quando uma parte dos participantes recebe o medicamento e a outra, não); e randomização (quando os participantes dos dois grupos são definidospremier bet navigator sign upforma aleatória). Alguns outros não usam estas técnicas — e são chamadaspremier bet navigator sign upestudos observacionais.

Atendimentopremier bet navigator sign upemergênciapremier bet navigator sign uppaciente com covid-19premier bet navigator sign upPorto Alegre

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Atendimentopremier bet navigator sign upemergênciapremier bet navigator sign uppaciente com covid-19premier bet navigator sign upPorto Alegre; Fiocruz recomenda que cloroquina seja usada com cautela, por causa dos efeitos colaterais

A randomização e o usopremier bet navigator sign upgrupospremier bet navigator sign upcontrole são alguns dos requisitos para atestar a validadepremier bet navigator sign upuma droga no tratamentopremier bet navigator sign upuma doença.

Um dos principais estudospremier bet navigator sign upcurso com a substância é o conduzido pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC), sediadopremier bet navigator sign upSão Paulo (SP). Os primeiros pacientes começaram a ser incluídos no estudo no fim da semana passada,premier bet navigator sign upacordo com os responsáveis. Ao todo, serão 1,300 pacientespremier bet navigator sign upCovid-19, que não foram hospitalizados.

"A eficácia e segurança (de uma droga) só podem ser confirmadas se você faz o estudo comparativo, o estudo clínico randomizado. Vários países estão conduzindo (testes deste tipo)", diz à BBC News Brasil Álvaro Avezum, diretor do Centro Internacionalpremier bet navigator sign upPesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e um dos responsáveis pelo estudo.

"Se eu trato 100 pacientes com a hidroxicloroquina, mas não comparo com pacientes que não foram tratados, não posso falarpremier bet navigator sign upeficácia e segurança. Quando eu pego e trato um númeropremier bet navigator sign uppacientes, posso descrever o que aconteceu, mas não posso falar que tem eficácia. No nosso estudo, 650 vão tomar a hidroxicloroquina; e 650 não vão tomar."

"O que vamos tentar demonstrar é se a hidroxicloroquina é útil e eficaz para evitar que o paciente se hospitalize", afirma ele.

Embora seja coordenado pelo HAOC, o estudo faz parte do esforçopremier bet navigator sign upuma coalizãopremier bet navigator sign upoito instituições, que inclui os hospitais Sírio-Libanês, Albert Einstein, Hospital do Coração (HCor), Beneficência Portuguesa, Hospital Moinhospremier bet navigator sign upVento (de Porto Alegre), e outros.

O HAOC convidou 100 hospitais, distribuídos por 50 cidadespremier bet navigator sign up14 Estados brasileiros, para incluir pacientespremier bet navigator sign upCovid-19 no estudo. Os resultados devem começar a chegar dentropremier bet navigator sign updois a três meses, segundo Avezum.

Além da pesquisa coordenada pelo HAOC, hospitais da coalizão coordenam outros dois estudos clínicos com a hidroxicloroquina. O mais adiantado deles é chefiado pelo Hospital Albert Einstein e incluirá 400 participantes.

Um segundo estudo será coordenado pelo Hospital Sírio-Libanês, com 630 pacientes.

Testagempremier bet navigator sign upmedicamentos,premier bet navigator sign upfotopremier bet navigator sign uparquivo

Crédito, Reuters

Legenda da foto, "A eficácia e segurança (de uma droga) só podem ser confirmadas se você faz o estudo comparativo, o estudo clínico randomizado"

Estes dois últimos são apoiados pelo laboratório farmacêutico EMS — além dos medicamentos, a empresa fez uma doaçãopremier bet navigator sign upR$ 1 milhão para apoiar os estudos, segundo contou à BBC News Brasil o médico Roberto Amazonas, diretor médico-científico do laboratório. A EMS é uma das empresas que produz a hidroxicloroquina no Brasil.

Ao contrário do estudo coordenado pelo HAOC, estes dois últimos são focados no tratamentopremier bet navigator sign uppacientes da Covid-19premier bet navigator sign upestado grave. O mais adiantado deles deve apresentar resultados já no fimpremier bet navigator sign upmaio, segundo Roberto Amazonas.

A indústria farmacêutica está financiando outros estudos relacionados à Covid-19: o laboratório Aché está bancando estudos com corticoides, coordenados pelo Hospital Albert Einstein.

Apesar do grande númeropremier bet navigator sign uppesquisaspremier bet navigator sign upcurso, os próprios médicos que atuam nos estudos ressaltam que é preciso cautela: não há garantias que um protocolo para tratamento da doença estará disponível nas próximas semanas.

"Ciência é uma coisa muito complexa. E ciência apressada por uma pandemia é ainda mais imprevisível. O que a gente tem, não só no Brasil como no mundo inteiro, é muita opinião. Muito achismo. E o achismo não funciona com pacientes", diz o médico Luciano Cesar Azevedo, superintendentepremier bet navigator sign upensino do Hospital Sírio-Libanês.

"'Eu acho que tal remédio funciona, porque eu dei para três pacientes e os três melhoraram'. Como você pode ter certeza que foi o remédio que você deu que causou a melhora? Eles podem ter melhorado porque a imensa maioria dos pacientes com covid-19 melhora. Com remédio, sem remédio ou apesar do remédio", diz ele.

Azevedo coordenará um dos estudos da coalizãopremier bet navigator sign uphospitais, que investigará o uso do corticoide dexametasonapremier bet navigator sign uppacientes da Covid-19.

Como funciona a aprovação das pesquisas

Desde o fimpremier bet navigator sign upjaneiro, todos os projetospremier bet navigator sign uppesquisa relacionados à covid-19 e que envolvem pacientes humanos estão sendo analisados pela Comissão Nacionalpremier bet navigator sign upÉticapremier bet navigator sign upPesquisa, a Conep. A comissão é ligada ao Conselho Nacionalpremier bet navigator sign upSaúde (CNS), e é integrada por professores universitários e cientistas.

Desde o início da pandemia, os integrantes da comissão têm se reunidopremier bet navigator sign upforma remota todos os dias para analisar os projetos -- inclusive aos domingos e feriados, segundo conta à BBC News Brasil o coordenador do grupo, o médico Jorge Alves Venâncio.

"O foco da Conep é a proteçãopremier bet navigator sign upquem participa das pesquisas. (...) Muito frequentemente, quando uma pessoa é convidada a participarpremier bet navigator sign upuma pesquisa, ela está numa situação muito fragilizada. Você imagina uma pessoa que acaboupremier bet navigator sign upreceber um diagnósticopremier bet navigator sign upcâncer e é convidada a participarpremier bet navigator sign upuma pesquisa: a última coisa que ela vai se preocupar é se os direitos dela estão sendo respeitados, tudo certinho", diz ele à BBC News Brasil.

"Ela está brigando pela vida. E é justamente por causa disso que no mundo inteiro existem sistemas destinados a proteger quem está participandopremier bet navigator sign uppesquisas", diz.

Quando um projetopremier bet navigator sign uppesquisa chega à comissão, é remetido a um grupopremier bet navigator sign upcercapremier bet navigator sign up80 técnicos do Ministério da Saúde que analisam a proposta e preparam um parecer preliminar.

O texto é então enviado a um dos pouco maispremier bet navigator sign up50 cientistas que formam a comissão — este prepara um relatório e submete a algunspremier bet navigator sign upseus parespremier bet navigator sign upum pequeno grupo chamado "câmara". É a câmara que dá o veredito final sobre o pedidopremier bet navigator sign uppesquisa.

Mortepremier bet navigator sign uppacientes com alta dosagem

Um dos estudos aprovados pela Conep com a cloroquina se encerrou com a mortepremier bet navigator sign up11 pacientespremier bet navigator sign upManaus — o grupo estava tomando doses mais altas do antimalárico, e faleceram até o sexto diapremier bet navigator sign uptratamento com o remédio.

Segundo Venâncio, a comissão não tinha como prever este resultado, e o projeto da equipepremier bet navigator sign upManaus seguia os critérios técnicos adequados.

"Eles interromperam foi um braço da pesquisa, não o estudo inteiro. O braço que foi interrompido era o que tinha uma concentração maior (da droga). A cloroquina sabidamente provoca arritmia cardíaca e uma sériepremier bet navigator sign upoutros problemas também", disse.

"Essa questãopremier bet navigator sign uppesar risco e benefício, que é a coisa básica nessa tarefapremier bet navigator sign upproteção aos participantes, muitas vezes é uma coisa delicada. Não é uma coisa simples e matemática, porque você tem que procurar o máximopremier bet navigator sign upbenefício para um dado risco. E tem uma zona cinzenta, na fronteira", comenta ele.

"Esse braço que foi suspenso, a minha impressão é que caiu nessa zona cinzenta. E eles fizeram a suspensão (do estudo) com rapidez. Nos comunicaram imediatamente e tudo mais. E estão continuando a pesquisa só com o braço que envolve uma dose menor", disse.

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