Coronavírus: testes com cloroquina causam corrida a hospitais e dividem médicos na França:bet7k linkedin
Desde domingo, filas com centenasbet7k linkedinpessoas têm se formadobet7k linkedinfrente ao hospitalbet7k linkedinMarselha dirigido por Raoult, que também passou a fazer testesbet7k linkedintodas as pessoas que apresentassem algum sintoma do novo coronavírus.
Até o momento, por faltabet7k linkedinmaterial disponível, as autoridadesbet7k linkedinsaúde da França limitavam os testes a pacientes com sintomas graves e ao pessoal médico. O governo anunciou nesta terça-feira que os exames no país serão multiplicadosbet7k linkedinbreve.
Em Nice, o Centro Hospitalar Universitário também já está realizando o tratamentobet7k linkedinpacientes com base no estudo publicado por Raoult.
"Quando a guerra é declarada, não temos tempobet7k linkedinficar fazendo testesbet7k linkedinratos durante seis meses", diz o prefeitobet7k linkedinNice, Christian Estrosi, infectado pelo novo coronavírus e que está usando a hidroxicloroquina.
Ele autorizou o hospitalbet7k linkedinNice a aplicar o tratamento preconizado por Raoult, com o consentimento das famílias dos pacientes, e afirmou desejar que ele seja generalizadobet7k linkedintoda a França para combater a pandemia.
Diante das divisões provocadas na Françabet7k linkedinrelação à eventual eficácia do medicamento e aos possíveis efeitos colaterais, como arritmia cardíaca, o Alto Conselho Científico da França recomendou, nesta semana, utilizar a cloroquina e a hidroxicloroquina no tratamento da covid-19 apenasbet7k linkedincasos severosbet7k linkedinpacientes hospitalizados, após decisãobet7k linkedinum junta médica e sob rigoroso monitoramento — no Brasil, a mesma medida foi anunciada na quarta-feira pelo Ministério da Saúde.
Os dois hospitais do sul da França, continuam, no entanto, receitando a hidroxicloroquina associada ao antibiótico. Questionado pela BBC News Brasil, o instituto Mediterrannée Infectionbet7k linkedinMarselha não soube informar quantas pessoas já receberam o tratamento desde domingo.
No atual contextobet7k linkedinurgência sanitária, vários políticos franceses têm pressionado o governo para que o país "não fique atrasado" e utilize a hidroxicloroquina no tratamento do novo coronavírus.
Enquanto alguns desejam acelerar o processo e administrar o medicamentobet7k linkedinforma ampla, cientistas e autoridades sanitárias pedem cautela, ressaltando que os estudos do professor Raoult são preliminares e que até o momento não há comprovação científica da eficácia da hidroxicloroquina.
Apesar do estudo do professor Raoult ser considerado promissor, também pelo ministro da Saúde francês, muitos cientistas do país alertam que ele foi realizado com um pequeno grupo,bet7k linkedinapenas 24 pessoas, e denunciam métodos pouco rigorosos e até possíveis falhas na metodologia da pesquisa.
A virologista Françoise Barré-Sinoussi — prêmio Nobelbet7k linkedinMedicina pelabet7k linkedinparticipação na descoberta do vírus HIV, da Aids, e que preside um segundo conselho científico que assessora o governo francês, criado nesta terça-feira, no combate à Covid-19 — ressalta que o estudobet7k linkedinMarselha foi realizado com um pequeno númerobet7k linkedinpacientes e tem problemasbet7k linkedinmetodologia.
"É absolutamente indispensável que o teste desse medicamento seja realizado com rigor científico para obter uma resposta sobrebet7k linkedineficácia e eventuais efeitos colaterais. Precisamos ter algo sério. Isso não é como Doliprane (paracetamol), há riscos cardíacos. Não é prudente propor isso a um grande númerobet7k linkedinpacientes nesse momento, já que não temos resultados confiáveis", afirmou Barré-Sinoussibet7k linkedinentrevista ao jornal Le Monde.
"Isso foi apontado como um medicamento milagroso. Há elementos a favor desse remédio, mas não podemos garantir, nesse momento,bet7k linkedineficácia e ninguém pode dizer que se fizermos mais testes chegaremos a resultados espetaculares", afirma a infectologista Anne-Claude Crémieux, do hospital Saint-Louis,bet7k linkedinParis.
O professor Raoult é um renomado especialistabet7k linkedindoenças infecciosas tropicais da faculdadebet7k linkedinmedicinabet7k linkedinMarselha. Até esta terça-feira, ele integrava o comitê científico que assessora o governo francês sobre a covid-19, mas o deixou devido a divergências com seus membros. Ele afirma, no entanto, manter contato direto com o presidente Emmanuel Macron e o ministro da Saúde, Olivier Véran.
O pesquisadorbet7k linkedinMarselha não é o primeiro a se interessar pela cloroquina, usada contra a malária — objetobet7k linkedinum estudo realizado na China — ou por seu derivado, a hidroxicloroquina, para combater a atual pandemia. Mas Raoult teve um papel importante na divulgação internacional da utilização desses tratamentos.
O presidente americano, Donald Trump, fez uma declaração otimista sobre o uso da hidroxicloroquina, criando uma corrida às farmácias do país. O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, também se entusiasmou com esse medicamento e pediu que um laboratório do Exército ampliassebet7k linkedinprodução.
A Organização Mundial da Saúde pediu prudência e condenou, na segunda-feira, a administraçãobet7k linkedinmedicamentosbet7k linkedinpacientes infectados pelo novo coronavírus antes que a comunidade cientifica estejabet7k linkedinacordo sobrebet7k linkedineficácia, alertando sobre "as falsas esperanças" que eles poderiam suscitar.
A Agência Nacionalbet7k linkedinVigilância Sanitária brasileira (Anvisa) classificou a cloroquina e a hidroxicloroquina como medicamentosbet7k linkedincontrole especial. Em nota, a agência afirmou que "apesarbet7k linkedinresultados promissores, não há nenhuma conclusão sobre o benefício do medicamento no tratamento do novo coronavírus."
Corrida às farmácias
As discussões sobre a cloroquina e a hidroxicloroquina têm levado à forte procura por esses medicamentosbet7k linkedinvários países, levando a problemasbet7k linkedinabastecimento. O Marrocos chegou a confiscar os dois medicamentosbet7k linkedinestoque na filial do laboratório francês Sanofi no país.
Na França, pacientesbet7k linkedinlúpus têm alertado sobre a falta do remédio Plaquenil (Plaquinol no Brasil), fabricado pela Sanofi e que tem a hidroxicloroquina como princípio ativo.
Olivier Bogillot, presidente da Sanofi, afirmou que o grupo farmacêutico "se prepara ativamente" para corresponder à demanda se a eficácia do medicamento for comprovada no tratamento do novo coronavírus. Segundo ele, o laboratório possui estoques para tratar 300 mil pacientes imediatamente na França, enquanto se aguarda um eventual sinal verde das autoridades.
Projeto Discovery
O estudo do professor Raoult foi ampliado e está sendo reproduzidobet7k linkedinoutros hospitais da França, a pedido do governo francês,bet7k linkedinum número maiorbet7k linkedinpacientes.
A hidroxicloroquina é um dos medicamentos testadosbet7k linkedinmaior escala que integram o projeto europeu Discovery, um vasto estudo para descobrir tratamentos contra o novo coronavírus, com 3,2 mil pacientes, utilizando remédios que já existem. Lançado no domingobet7k linkedinsete países, ele é coordenado na França pelo Instituto Nacionalbet7k linkedinSaúde ebet7k linkedinPesquisa Médica (Inserm).
Pelo menos 800 pacientes hospitalizados na França participam desse estudo europeu que testará também antivirais e tratamentos utilizados contra o vírus ebola, a hepatite C ou ainda a Aids.
A previsão ébet7k linkedinque os primeiros resultados do projeto Discovery possam ser divulgadosbet7k linkedinduas ou três semanas.
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