Crise pode superar Grande Depressão se retomada não incluir testes, diz Nobelbetnacional brasileirãoEconomia:betnacional brasileirão

Paul Romer

Crédito, Paul Romer/Divulgação

Legenda da foto, Paul Romer: 'se os governos não agirem rapidamente para garantir que as pessoas possam voltar ao trabalhobetnacional brasileirãoforma segura, podemos ter uma crise econômica pior que a Grande Depressão'.

O economista americano criticou a possibilidadebetnacional brasileirãocriar "passaportesbetnacional brasileirãoimunidade", aventada pelo Brasil e pelo Reino Unido, para permitir a circulaçãobetnacional brasileirãopessoas recuperadas da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Essa medida levaria, segundo ele, a muitas infecções e mortes.

"Essa política não faz sentido, a menos que você queira dizer que deseja que a maioria das pessoas embetnacional brasileirãoeconomia seja infectada e que entende que parte delas morrerá, e aí, depois disso, deixaremos as pessoas que se recuperaram voltarem ao trabalho."

Romer, que foi economista-chefe do Banco Mundial, diz que é nossa "obrigação moral" proteger os trabalhadores essenciais, que seguem se expondo ao ir trabalhar, como enfermeiros, médicos, policiais e motoristas.

"Devemos parar todas as outras atividades produtivas e dedicar todos os nossos recursos à produçãobetnacional brasileirãoequipamentobetnacional brasileirãoproteção que esses trabalhadores precisam para estar seguros quando interagirem com o público. Nós não estamos nos esforçando o suficiente para produzir o equipamentobetnacional brasileirãoque eles precisam", disse.

Em artigo publicado no fimbetnacional brasileirãomarço no jornal The New York Times, Romer termina assim: "John Maynard Keynes disse que, no longo prazo, estaremos todos mortos. Se mantivermos nossa atual estratégiabetnacional brasileirãosupressão baseada na distância social indiscriminada por 12 a 18 meses, a maioriabetnacional brasileirãonós ainda estará viva. É a nossa economia que estará morta."

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista à BBC News Brasil:

Teste para coronavírus produzido pela Fiocruz

Crédito, Fiocruz

Legenda da foto, 'Se pudermos testar mais pessoas, isso vai salvar vidas e nos ajudar a recuperar a economia', disse Romer.

betnacional brasileirão BBC News Brasil - Você afirmou que os epidemiologistas deveriam focar na área deles e apontar a quantidadebetnacional brasileirãotestes necessários para retomarmos à normalidade. O que você acredita que eles estão fazendobetnacional brasileirãoerrado ebetnacional brasileirãoqual cenário defende que é possível retornar às atividades?

betnacional brasileirão Paul Romer - Se pudermos testar mais pessoas, isso vai salvar vidas e nos ajudar a recuperar a economia. Alguns funcionários públicos responsáveis ​​pela áreabetnacional brasileirãosaúde e alguns epidemiologistas dizem que não é viável testar mais pessoas, que nunca conseguiríamos fazer isso.

Eles querem recomendar outras políticas para conter a pandemia, e tudo bem. Mas eles não têm o conhecimento necessário para descartar uma política baseadabetnacional brasileirãotestes dizendo que 'não importa se isso vai conter a pandemia, porque nunca a adotaremos, então nem pense nisso'.

betnacional brasileirão BBC News Brasil - Você acredita quebetnacional brasileirãobreve haverá capacidadebetnacional brasileirãofazer muitos testes? É factível?

betnacional brasileirão Romer - Se testarmos as pessoas e isolarmos as que estão infectadas, podemos, ao mesmo tempo, conter a pandemia e proteger os trabalhadores que já estão trabalhando (em atividades essenciais), alémbetnacional brasileirãoaprender como faremos para que mais pessoas voltem ao trabalho.

betnacional brasileirão BBC News Brasil - E quem pode determinar quantos testes são necessários e dizer se é factível?

betnacional brasileirão Romer - É um cálculo muito simples: uma boa taxa para trabalharmos neste momento é a capacidadebetnacional brasileirãotestar todos na economia a cada duas semanas. Para chegar ao númerobetnacional brasileirãotestes necessários por dia nesse cenário, divida a população por 14.

betnacional brasileirão BBC News Brasil - Será mais difícil para países com economias menos desenvolvidas retomar a atividade econômica? Há cuidados extras que países como o Brasil devem tomar?

betnacional brasileirão Romer - O Brasil, como todos os países, deveria encontrar uma forma para testar as pessoas, para dizer para os infectados 'você precisa ir para a quarentena ou isolamento'.

betnacional brasileirão BBC News Brasil - O Reino Unido e o Brasil, por exemplo, aventaram a possibilidadebetnacional brasileirãocriar "passaportesbetnacional brasileirãoimunidade". betnacional brasileirão O sr. betnacional brasileirão concorda?

betnacional brasileirão Romer - Acho que essa política não faz sentido, a menos que você queira dizer que deseja que a maioria das pessoas embetnacional brasileirãoeconomia seja infectada e que entende que parte delas morrerá, e aí, depois disso, deixaremos as pessoas que se recuperaram voltarem ao trabalho. Essa política levará a muitas infecções e muitas mortes.

A minha proposta não é testar para ver quem se recuperou da doença. Estou dizendo para testarmos e vermos que está infectado: se você está infectado, você deve ficar isolado. Essa é a diferença entre o testebetnacional brasileirãoanticorpos, que pode dizer se você está recuperado, e o testebetnacional brasileirãovírus, que testa se alguém está doente ou infectado.

betnacional brasileirão BBC News Brasil - A solução para esta crise pode estarbetnacional brasileirão"imprimir dinheiro", como sugeriram alguns economistas?

betnacional brasileirão Romer - As respostas econômicas convencionais para recessão não vão funcionar até que as pessoas possam voltar a trabalharbetnacional brasileirãosegurança. Por isso, é um desperdíciobetnacional brasileirãorecursos tentar levar as pessoasbetnacional brasileirãovolta ao trabalho se você não encontrou uma maneirabetnacional brasileirãotornar seguro que elas voltem ao trabalho.

Médica usando máscarabetnacional brasileirãoproteção

Crédito, Agência Brasil

Legenda da foto, Romer diz que é 'obrigação moral' proteger trabalhadores essenciais, como enfermeiras e policiais.

betnacional brasileirão BBC News Brasil - Sobre a produçãobetnacional brasileirãoequipamentobetnacional brasileirãoproteção individual, é papel do governo dar algum tipobetnacional brasileirãoestímulo?

betnacional brasileirão Romer - É muito importante que o governo disponibilize o equipamentobetnacional brasileirãoproteção individual da forma mais ampla possível e a baixo custo.

Vamos explicar o motivo: há pessoas que já estão indo trabalhar - enfermeiras, médicos, policiais, motoristasbetnacional brasileirãoambulâncias - e que estão expostas ao riscobetnacional brasileirãoinfecção e morte. E, se pedimos que eles façam esses trabalhos por nós, é nossa responsabilidade moral e nossa obrigação moral protegê-los da melhor maneira possível.

Por isso, devemos parar todas as outras atividades produtivas e dedicar todos os nossos recursos à produçãobetnacional brasileirãoequipamentobetnacional brasileirãoproteçãobetnacional brasileirãoque esses trabalhadores precisam para estar seguros quando interagirem com o público. Nós não estamos nos esforçando o suficiente para produzir o equipamentobetnacional brasileirãoque eles precisam.

A outra coisa que não estamos fazendo é testar esses trabalhadores para que, se um policial estiver infectado, mas sem sintomas, consigamos garantir que ele não vá trabalhar e infecte muitos outros policiais.

Precisamos fornecer equipamentosbetnacional brasileirãoproteção aos trabalhadores essenciais e testá-los com frequência, talvez todos os dias no caso deles, para garantir que eles não transmitam aos seus colegas.

betnacional brasileirão BBC News Brasil - E como o governo poderia estimular essa produção, que betnacional brasileirão o sr. betnacional brasileirão disse que deve ser ampla e a baixo custo?

betnacional brasileirão Romer - Se o governo direcionasse dinheiro à produçãobetnacional brasileirãoequipamentosbetnacional brasileirãoproteção, se o governo dedicasse dinheiro à ampliaçãobetnacional brasileirãonossa capacidadebetnacional brasileirãotestar, teríamos mais equipamentosbetnacional brasileirãoproteção e teríamos mais testes.

É a curva da oferta: quanto mais você deseja pagar, mais recebe e, se não pagarmos mais, não receberemos mais, e isso significa que não conseguiremos proteger nossos trabalhadores essenciais.

betnacional brasileirão BBC News Brasil - Cobra-se muito que as pessoas tenham poupança para fases difíceis. Mas vemos muitas empresas grandes que, com dois mesesbetnacional brasileirãocrise, recorrem ao governo. Elas devem receber ajuda do Estado? E as grandes empresas que adotaram robustos programasbetnacional brasileirãorecomprasbetnacional brasileirãoações recentemente, o contribuinte deve salvá-las também?

betnacional brasileirão Romer - O primeiro passo é: se uma empresa precisabetnacional brasileirãomais recursos para sobreviver, deverá vender mais ações. A maneirabetnacional brasileirãouma empresa obter mais fundos é vendendo ações. Em vezbetnacional brasileirãorecomprar ações, que é uma maneirabetnacional brasileirãose desfazer do dinheiro, a empresa precisa vender ações.

Portanto, a primeira coisa que o governo deve dizer é: não emprestamos dinheiro a empresas que estavam se desfazendobetnacional brasileirãotodo o seu dinheiro até que primeiro façam o contrário e comecem a vender mais ações para obter mais dinheiro.

betnacional brasileirão BBC News Brasil - Há paralelo desta crise com a Grande Depressão?

betnacional brasileirão Romer - Acredito que pode ser tão ruim quanto a Grande Depressão. Se os governos não agirem rapidamente para garantir que as pessoas possam voltar ao trabalhobetnacional brasileirãoforma segura, podemos ter uma crise econômica pior que a Grande Depressão.

betnacional brasileirão BBC News Brasil - Essa crise pode mudar a desigualdade entre países e dentro dos países?

betnacional brasileirão Romer - Todas essas perguntas são importantes, mas não são tão urgentes quanto as dúvidas que enfrentamos sobre como salvar vidas - especialmente as vidas dos trabalhadores essenciais, que morrerão mesmo enquanto implementamos nossas políticasbetnacional brasileirãoquarentena e isolamento social.

betnacional brasileirão BBC News Brasil - Uma eventual mudança no nívelbetnacional brasileirãocomércio internacional depois da pandemia também é uma questão secundária?

betnacional brasileirão Romer - Reforço que nós simplesmente não podemos nos concentrarbetnacional brasileirãonenhuma outra questão até nos concentrarmos nessa questãobetnacional brasileirãogastar dinheiro com as coisas que salvarão vidas: equipamentosbetnacional brasileirãoproteção e testes.

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