Escravidão ficou marcada no DNA dos povos americanos, diz estudo liderado por cientistas brasileiros:1xbet saque minimo

Estátua1xbet saque minimopessoas escravizadas no leste da Ásia

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Africanos escravizados foram tiveram roubadas1xbet saque minimoliberdade, identidade e cultura
  • Existe uma correspondência entre a origem geográfica1xbet saque minimodiferentes regiões da África e determinados destinos da diáspora nas Américas?
  • A miscigenação biológica acompanhou a dinâmica da chegada dos escravizados?
  • Considerando a dimensão da diáspora, os africanos trouxeram para o Novo Mundo toda1xbet saque minimodiversidade genética?

Os dados analisados, diz o pesquisador, mostraram que a resposta é "sim" para as três questões.

Segundo Santos, há uma certa "organização das ancestralidades": as regiões mais ao oeste da África tiveram maior proporção1xbet saque minimopessoas levadas para o Caribe e para América do Norte, enquanto povos do sul e leste da África foram mais escravizados no sul do Brasil.

Comparação1xbet saque minimodados genéticos

Em geral, as pessoas escravizadas levadas para a América tiveram origem predominantemente1xbet saque minimopaíses como Nigéria e Gana, no centro-oeste do continente.

Em direção ao norte do Novo Mundo, no Caribe e América do Norte, aumentou o tráfico1xbet saque minimopessoas1xbet saque minimopaíses como Senegal e Gambia, mais a oeste. E para o sul do Brasil vieram povos bantu do sul e leste da África.

Para responder à segunda pergunta — se a miscigenação biológica acompanhou a dinâmica da chegada dos escravos — os cientistas compararam os dados genéticos das populações com informações1xbet saque minimofontes históricas sobre o número1xbet saque minimoembarques e desembarques da África nas Américas durante a diáspora.

"Essa comparação revelou que o período crítico entre 1750 e 1850, quando houve picos na chegada1xbet saque minimoescravos, foi acompanhado1xbet saque minimouma intensificação da miscigenação1xbet saque minimotodo o continente americano", explica Santos.

Pessoas escravizadas na Jamaica

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Legenda da foto, O Caribe e a América do Norte receberam mais pessoas escravizadas vindas1xbet saque minimopaíses do oeste da África

O biológo conta que, quando se usa unicamente dados genéticos1xbet saque minimopopulações miscigenadas do Novo Mundo, é possível verificar que a miscigenação data1xbet saque minimoentre 1750 a 1850.

"Interpretamos isso como um indício1xbet saque minimoque o período1xbet saque minimomaior miscigenação das Américas coincidiu com o1xbet saque minimomaior chegada dos escravos", explica Santos.

"Ou seja, é como se eles e seus descendentes tivessem chegado e 'quase imediatamente' se miscigenado, pelo menos1xbet saque minimotermos estatísticos."

No caso da terceira questão — se os africanos trouxeram para o Novo Mundo toda1xbet saque minimodiversidade genética — os pesquisadores notaram, pela primeira vez, que a diáspora para as Américas foi tão grande e duradoura, que os escravizados trouxeram toda a diversidade do seu continente1xbet saque minimoorigem, que hoje está presente na componente africana dos nossos genomas miscigenados.

"Em contrapartida, nos últimos 500 anos, nós aqui nos misturamos mais que do que lá e a parte africana do nosso genoma fiou mais homogênea entre as populações daqui", diz Santos. "Um brasileiro do sul e um afro-americano são geneticamente mais similares que um moçambicano e um nigeriano, por exemplo."

Mapa das Ancestralidades nas Américas
Legenda da foto, Mapa das heranças genéticas da África nas Américas

Relevância médica

Além1xbet saque minimopossibilitar que se entenda melhor a ancestralidade dos povos americanos, os resultados têm relevância médica, diz Santos, pois significam que os componentes genéticos responsáveis por doenças estão mais homogeneamente distribuídos entre os diferentes povos daqui.

Santos explica que a aplicação dos avanços da medicina genômica e1xbet saque minimoprecisão para as diferentes populações só será possível se for compreendido como estão distribuídas as variações do DNA no mundo.

Hoje, sabemos bastante sobre os europeus e as doenças genéticas presentes nos genomas herdados da Europa, e muito pouco sobre outros povos, como os da África.

"Por isso, nós concebemos nosso estudo pensando mais na componente africana das populações das Américas", conta. "Nosso trabalho contribui para compreender melhor a diversidade genética africana e como estão distribuídas as variantes vindas1xbet saque minimolá nas Américas. Os diversos povos não-europeus no mundo poderão se beneficiar da medicina genômica unicamente se conhecermos como são do ponto1xbet saque minimovista genético."

Segundo ele, o fato1xbet saque minimoter descoberto que a diáspora, por ser tão grande, importou a maior parte da diversidade genética africana para as Américas, implica que a maioria das variantes1xbet saque minimolá (algumas delas que causam ou contribuem para o desenvolvimento1xbet saque minimodoenças) estão também presentes no Novo Mundo.

"Por outra parte, a miscigenação entre indivíduos1xbet saque minimodiferentes origens africanas tem espalhado mutações genéticas que na África estão mais localizadas geograficamente ao longo1xbet saque minimoboa parte do continente americano", diz Santos.

Gravura1xbet saque minimo18811xbet saque minimoum 'navio negreiro'

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Legenda da foto, O tráfico1xbet saque minimopessoas da África para as Américas durou mais1xbet saque minimotrês séculos

Essa descoberta é importante para compreender a distribuição do DNA1xbet saque minimoorigem africana e1xbet saque minimovariantes genéticas que causam doenças como fibrose cística e tipos1xbet saque minimocâncer hereditários, como o1xbet saque minimomama.

"Os novos métodos1xbet saque minimodiagnóstico molecular para detectar estas variantes genéticas têm que considerar este fato. E assumir que uma variante localizada1xbet saque minimoalgum lugar da África pode estar dispersa por boa parte do continente americano", diz Santos.

Como foi feito o estudo

O artigo científico Impacto da Diáspora Africana na Genética das Populações das Américas, assinado por 37 pesquisadores1xbet saque minimo18 instituições foi publicado nesta terça (3) na revista cientícia Molecular Biology and Evolution (Biologia Molecular e Evolução).

O estudo começou durante o período1xbet saque minimodoutorado sanduíche do pesquisador brasileiro Mateus Gouveia no Instituto Nacional1xbet saque minimoSaúde dos EUA, financiado pela Capes (Coordenação1xbet saque minimoAperfeiçoamento1xbet saque minimoPessoal1xbet saque minimoNível Superior).

"Durante este período, eu e o professor Santos fizemos várias colaborações científicas com diferentes laboratórios daquele país, sendo possível obter um grade acervo1xbet saque minimodados genômicos1xbet saque minimoafricanos para serem incluídas na pesquisa", conta. Ou seja, não houve coleta direta1xbet saque minimoDNA1xbet saque minimopessoas das populações estudadas.

A pesquisa foi realizada durante três anos por várias instituições do Brasil, Estados Unidos, Portugal e Peru. Os cientistas analisaram a diversidade do genoma1xbet saque minimo6.267 indivíduos1xbet saque minimo25 populações.

Onze delas foram africanas: mandingas, do Senegal; mendes,1xbet saque minimoSerra Leoa; iorubás e igbos, da Nigéria; kwas e gurs, consideradas uma só,1xbet saque minimoGana; herero, mbukushu e tswana,1xbet saque minimoBotswana; sandawe, da Tanzânia; nilotas,1xbet saque minimoUganda; e luhya do Quênia.

Nove foram populações miscigenadas das Américas: afro-americanos1xbet saque minimodois locais dos Estados Unidos;1xbet saque minimoSalvador, Bambuí (MG) e Pelotas (RS); da costa central e norte do Peru;1xbet saque minimoMedelín, na Colômbia; e1xbet saque minimoBarbados e Porto Rico, no Caribe.

Também foram analisadas duas populações europeias (espanhóis e norte-americanos1xbet saque minimoUtah1xbet saque minimoascendência europeia) e três nativas americanas (aimará, ashaninca e shimaas, todas do Peru).

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