A misteriosa pandemia que deixou milhõestips bet365pessoas como estátuas vivas durante décadas:tips bet365
Adormecidos
Logo após a Primeira Guerra Mundial,tips bet3651917, e até por voltatips bet3651927, a misteriosa epidemia se espalhou pelo mundo.
Sua origem era um mistério, mas se sabia que era uma doença que atacava o cérebro, deixando suas vítimas sem fala e movimentos voluntários.
"Na Suíça, uma noiva adormeceu no altar; na França, nem as dores do parto despertaram uma mãe", informava a BBC,tips bet365seus primeiros anostips bet365transmissão.
O conjuntotips bet365sintomas já havia sido descrito várias vezes no passado, inclusive por Hipócrates, o grande médico da Grécia Antiga, que batizou o fenômeno de lethargus:
"Febre, tremor, forte fraqueza física com a preservação da inteligência, que afeta indivíduos com maistips bet36525 anos, sobretudo quando está frio, e que pode levar à morte por pneumonia terminal."
No início do século 1920, quando a neurologia dava os primeiros passos como disciplina científica, a condição foi chamadatips bet365encefalite letárgica ou "doença do sono", e quem escreveu o manuscrito mais preciso sobre ela foi o austríaco Constantin von Economo.
"...desde o Natal, tivemos a oportunidadetips bet365observar uma sérietips bet365casos na clínica psiquiátrica que não atendem aos critériostips bet365nossos diagnósticos habituais. Apesar disso, mostram semelhança na forma como começaram e na sintomatologia, o que nos obriga a agrupá-lostips bet365uma única entidade clínica", escreveu o médico.
Aqueles que sobreviveram foram "congelados" no tempo, presostips bet365corpos quase sem vida por anos.
'Tem alguém vivo lá dentro?'
Em 1966, Oliver Sacks, um jovem neurologista britânico, chegou ao Hospital Beth Abraham, no Bronx,tips bet365Nova York, onde havia dezenastips bet365pacientes com encefalite letárgica.
"Eu nunca tinha visto nada assim: tantos pacientes como aqueles imóveis, às vezes pareciam estar congeladostips bet365posições inusitadas, e você se perguntava: o que está acontecendo? Tem alguém vivo lá dentro?", disse Sacks à BBC nos anos 1970.
Saks começou a observar seus novos pacientes e percebeu que havia sinaistips bet365consciência... principalmente quando um assistente do hospital tocava piano para os residentes.
"O que ele viu é que, quando tocava uma música, algumas pessoas se levantavam e dançavam. Havia algo na música que penetrava e estimulava o sistema motor delas a pontotips bet365entraremtips bet365ação... Era incrível: não conseguia entender como era possível", lembra a médica Concetta Tomaino, diretora e cofundadora do Institutotips bet365Música e Função Neurológicatips bet365Nova York.
Uma solução musical
Na décadatips bet3651970, Tomaino tinha acabadotips bet365começartips bet365carreiratips bet365musicoterapia, que na época era uma áreatips bet365pesquisa nova.
"Oliver Sacks me escreveu um bilhete que dizia: 'Toda doença é um problema musical, toda cura, uma solução musical'.
"Despertou minha curiosidade e perguntei quem ele era. As pessoas diziam: 'É um louco britânico excêntrico que escreve os atestados médicos mais surpreendentes; você precisa conhecê-lo.'"
Connie Tomaino e Oliver Sacks iniciaram assim uma parceriatips bet365trabalho pioneira nos estudostips bet365musicoterapia e nos efeitos neurológicos da música.
"Os pacientes pareciam catatônicos, parecia que estavamtips bet365estado semivegetativo, mas quando havia música por perto, você via que eles estavam mentalmente presentes: eles conseguiam tocar tambor com ritmo e cantar, mesmo sem ser capaztips bet365falar".
Um milagre
Antestips bet365Connie Tomaino chegar ao hospital Beth Abraham, Oliver Sacks havia começado a testar um novo medicamento que é usado para tratar pessoas com doençatips bet365Parkinson.
Ele pensava que a "doença do sono" poderia ser uma forma extrematips bet365Parkinson. E deu a medicação, levodopa, aos pacientes — os efeitos foram,tips bet365alguns casos, imediatos e dramáticos.
"Lola havia passado décadastips bet365estado catatônico e seu despertar ocorreutips bet365segundos. Ela pulou da cadeira e começou a falar. Foi uma cena incrível, e eu duvidaria da minha própria memória, se não fosse respaldada por todas as outras pessoas que também se lembram", recordou Sacks.
Parecia um milagre. Os pacientestips bet365Sacks podiam conversar, caminhar e sentir alegria novamente.
"O clima no pavilhão do hospital eratips bet365carnaval, eratips bet365festa. Era um sentimentotips bet365euforia: as pessoas se apaixonavam, queriam sair e fazer coisas, explorar o mundo. Havia realmente um sentimentotips bet365magia e milagre... e provavelmente uma expectativa um tanto alarmante", afirmou o neurologista.
Muitos haviam contraído a doença do sono na infância e despertaram como adultostips bet365meia-idadetips bet365um mundo completamente diferente.
"Quando conseguiram entender quanto tempo havia se passado, ficaram com medo e estupefatos. Alguns ficaram amargurados por terem perdido tanto tempo, mas a maioria queria viver cada segundo que tinha", disse Tomaino à BBC.
"Às vezes, isso era um desafio para a equipe do hospital", completou rindo.
Sacks, portips bet365vez, "se sentia muito responsável por eles e, às vezes, se perguntava se havia feito a coisa certa, porque quem eram eles agora que estavam acordados?", acrescentou a terapeuta.
Fim da magia
A euforia durou pouco. O levodopa começou a perder efeito. E, depoistips bet365algumas semanas,tips bet365alguns casos, a medicação paroutips bet365funcionar, o que levou à pioratips bet365saúde dos pacientes.
Alguns mantiveram mais funções que outros, mas nenhum se recuperou completamente novamente.
Durante aquele breve períodotips bet365despertar, Sacks encorajou os pacientes a descrever como tinha sido viver imóveltips bet365um limbo; os relatos foram valiosos para se entender mais tarde muitas condições neurológicas.
Tomanino foi uma das pessoas que leram os diários escritos pelos pacientes.
"Eles descreveram como os cuidados eram horríveis quando estavam incapacitados, e isso me ajudou a mudar a maneira como os tratávamos".
E a música permaneceu sendo uma solução.
"Lembrotips bet365uma paciente, Lola, que adorava cantar e dançar. Mas quando ela piorou, não tinha controle da língua ou das mãos. No entanto, quando tocava tambor, conseguia acompanhar o ritmo com a voz, ela fazia isso tão bem que desfrutava e acabava sempre caindo na gargalhada."
"Lilian era um pouco mais autista e gostava do aspecto mais intelectual da música. Ela amava Rachmaninoff e, quando escutava, movia os dedos como se estivesse tocando piano.".
O que Connie Tomaino e Oliver Sacks estavam descobrindo por meiotips bet365pesquisas e observações práticas era inovador, mas naquela época alguns cientistas tratavam com ceticismo.
"Na décadatips bet3651980, os neurologistas não acreditavam que alguém pudesse se recuperartips bet365uma lesão cerebral, e ainda assim podíamos ver as mudanças diantetips bet365nossos olhos", diz.
Pesquisas subsequentes mostraram que a musicoterapia pode melhorar e até ajudar a reparar lesões cerebrais.
"A música é tão complexa — tom, ritmo, padrões complexostips bet365sons que ocorrem simultaneamente —, que se você vê o cérebro quando está ouvindo uma melodia, muitastips bet365suas redes são ativadas e compartilhadas por outras formastips bet365funções cognitivas."
"Essa é a beleza da música: permite que algumas funções da área onde ocorreu a lesão retornem", explica Tomaino.
Oliver Sacks, falecidotips bet3652015, publicou vários livros, incluindo um chamado Tempotips bet365despertar, que deu origem ao filme homônimo, protagonizado por Robert De Niro e Robin Williams.
Connie Tomaino se tornou uma referência internacionaltips bet365musicoterapia.
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