Pesquisadores brasileiros detectam hanseníase resistente a tratamento padrão no Pará:flamengo x palmeiras site de apostas

Imagem microscópica mostra a Mycobacteruim laprae

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Legenda da foto, Imagem microscópica mostra a Mycobacteruim laprae; pesquisadores brasileiros detectaram existênciaflamengo x palmeiras site de apostasbactérias resistentes ao tratamento-padrãoflamengo x palmeiras site de apostasmaior proporção do que apontado pela OMS

O tratamento-padrão para a hanseníase é a chamada poliquimioterapia (PQT), uma associaçãoflamengo x palmeiras site de apostasdrogas como a rifampicina e a dapsona, remédios para os quais o levantamento testou a resistência. No estudo, os pesquisadores detectaram a maior proporçãoflamengo x palmeiras site de apostascepas resistentes da M. leprae já reportadaflamengo x palmeiras site de apostasuma determinada comunidade: 43,2% dos casos apresentavam resistência a algum dos medicamentos, e 32,4% possuíam resistência dupla.

Publicado na Clinical Infectious Diseases, uma das principais revistas científicas na áreaflamengo x palmeiras site de apostasdoenças infecciosas, o artigo também contou com pesquisadores do Instituto Lauroflamengo x palmeiras site de apostasSouza Lima, Fundação Oswaldo Cruz, Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Estadual do Pará (UEPA) e Universidade Federalflamengo x palmeiras site de apostasSão Paulo (Unifesp).

Vila do Prata

Para chegar aos resultados, os pesquisadores analisaram, ao longoflamengo x palmeiras site de apostas12 anos, a população da Vila Santo Antônio do Prata, uma ex-colôniaflamengo x palmeiras site de apostashansenianos no interior do Pará, situada a 110 kmflamengo x palmeiras site de apostasBelém. Hoje com uma população perto dos 3 mil habitantes, a maioria descendenteflamengo x palmeiras site de apostaspacientes que tiveram hanseníase, a comunidade foi submetida a maisflamengo x palmeiras site de apostas600 consultas pela equipeflamengo x palmeiras site de apostassuas expedições.

A localidade, popularmente conhecida como Vila do Prata, foi um dos vários hospitais-colônias abertos no Brasil a partirflamengo x palmeiras site de apostas1923, quando pacientes diagnosticados com lepra (o nome da doença na época) passaram a ser internados compulsoriamente.

Vidros e equipamentosflamengo x palmeiras site de apostaslaboratório, um deles com o rótulo indicando o nome da hanseníaseflamengo x palmeiras site de apostasinglês

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Legenda da foto, 'A Mycobacterium leprae é a única bactéria que causa doençaflamengo x palmeiras site de apostashumanos e que não pode ser cultivadaflamengo x palmeiras site de apostaslaboratório,flamengo x palmeiras site de apostasmeioflamengo x palmeiras site de apostascultura. Só nos anos 90 começaram a surgir os primeiros testes moleculares', explica o pesquisador Marcelo Mira

Os chamados "leprosários" contribuíram para aumentar o estigma socialflamengo x palmeiras site de apostasrelação à doença: eram locaisflamengo x palmeiras site de apostasisolamento, onde os doentes acabavam apartados da sociedade e, com frequência, permaneciam até o fim da vida - mesmo já tratados e com o contágio encerrado.

A Vila do Prata recebeu pacientes dos Estados do Norte e Nordeste do país. Embora o isolamento tenha deixadoflamengo x palmeiras site de apostasser obrigatórioflamengo x palmeiras site de apostas1962, a integração dessas comunidades permaneceu rara, tanto no que diz respeito à saída dos habitantes quanto à entradaflamengo x palmeiras site de apostasnovas pessoas. Tratamentos interrompidos, desconhecimento e preconceitoflamengo x palmeiras site de apostasrelação à doença também fizeram com que muitas dessas áreas se mantivessem endêmicas.

"Ainda hoje, a população local é discriminada pelo fatoflamengo x palmeiras site de apostasser uma ex-colôniaflamengo x palmeiras site de apostashansenianos", lamenta Mira, que destaca a importânciaflamengo x palmeiras site de apostasvencer o estigma.

Para o estudo, o isolamento acabou se revelando importante para compreender como a resistência opera.

"É uma população que permaneceu relativamente isolada desde o estabelecimento da colônia e foi submetida a praticamente todos os protocolosflamengo x palmeiras site de apostastratamento aplicados nos últimos 100 anos", destaca Mira.

"Claro que os resultados devem ser interpretados corretamente: é uma população muito particular, superexposta e supertratada por décadas. Mas os resultados são um importante sinalflamengo x palmeiras site de apostasalerta,flamengo x palmeiras site de apostasque ainda sabemos muito pouco sobre o fenômeno da emergênciaflamengo x palmeiras site de apostasresistência ao tratamento", ressalta o pesquisador.

Por ser uma doença com um tempoflamengo x palmeiras site de apostasincubação alto, não há o riscoflamengo x palmeiras site de apostasum surto: a proliferação dessas cepas viria gradualmente, como consequênciaflamengo x palmeiras site de apostasuma negligência continuada por parte das autoridades.

"Em um cenárioflamengo x palmeiras site de apostasque não se preste atenção a esse problema, é provável que daqui a 20 ou 30 anos haja uma hanseníase muito mais resistente disseminada nas populações endêmicas", pontua Mira.

Sinalflamengo x palmeiras site de apostasalerta

Para especialistas da área, o estudo se soma às evidênciasflamengo x palmeiras site de apostasque a resistência é um problema que ainda não recebeu a devida atenção do poder público. Como a própria OMS subestimava essa questão até os anos 90, as políticas nacionais se movem lentamente no que diz respeito aos tratamentos alternativos à PQT.

"O Ministério da Saúde não tem um protocolo padronizado para agirflamengo x palmeiras site de apostascasosflamengo x palmeiras site de apostasresistência. Estamosflamengo x palmeiras site de apostasuma faseflamengo x palmeiras site de apostasque o ministério ainda faz levantamentos sobre a situação, enquanto a bactéria já está um passo à frente, como sempre", diz Claudio Salgado, pesquisador do Laboratórioflamengo x palmeiras site de apostasDermato-Imunologia da UFPA e presidente da Sociedade Brasileiraflamengo x palmeiras site de apostasHansenologia (SBH), que analisou o estudo a pedido da BBC Brasil.

Ilustração mostra dois personagens animados, umflamengo x palmeiras site de apostasformatoflamengo x palmeiras site de apostaspílula e outroflamengo x palmeiras site de apostasbactéria, esta correndo atrás do outro

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Legenda da foto, O pesquisador Claudio Salgado destaca que resistência a antibióticos na hanseníase lembra o que ocorreu no caso da tuberculose

Para Salgado, o combate à doença vive uma espécieflamengo x palmeiras site de apostas"marasmo" causado por uma percepção errôneaflamengo x palmeiras site de apostasque o problema já foi devidamente controlado.

"As pessoas acham que a hanseníase está controlada, e que vai acabar com a melhoria das condições socioeconômicas", aponta. "Mas o trabalho mostra claramente que a bactéria está se desenvolvendo, e temos um percentual cada vez maiorflamengo x palmeiras site de apostaspessoas que respondem menos aos tratamentos convencionais", entende o especialista.

"A bactéria não espera. Ela se multiplica e desenvolve resistência aos antibióticos", resume. "Já vimos isso na tuberculose algumas décadas atrás. Ela começou a apresentar os primeiros casosflamengo x palmeiras site de apostasmultirresistência naquela época e hoje, quase metade dos casos são multirresistentes. Com a hanseníase, estamos vendo o início disso", argumenta Salgado.

Por ser um campo relativamente recente, a compreensão da resistência ainda é parcial, segundo o presidente da SBH. "O que o estudo traz é uma parte da história, as partes do genoma que nós conhecemos, mas há outras áreas com resistência que ainda não são conhecidas, o que torna o processo mais grave", interpreta Salgado.

"Não podemos alarmar a população com promessasflamengo x palmeiras site de apostasuma epidemia, mas também não se pode empurrar com a barriga achando que está tudo bem. Temos casosflamengo x palmeiras site de apostasresistência publicadosflamengo x palmeiras site de apostas2011, agora vemos esses resultadosflamengo x palmeiras site de apostas2019. O que vamos aguardar? Sair outro trabalhoflamengo x palmeiras site de apostas2029 para dizer que realmente tem resistência? Precisamosflamengo x palmeiras site de apostasum protocolo urgentemente".

A visão é semelhante àflamengo x palmeiras site de apostasMarcelo Mira, que reforça a necessidadeflamengo x palmeiras site de apostasuma política alternativa para casosflamengo x palmeiras site de apostasque o M. leprae já não responde ao tratamento convencional.

"Alguns médicos realizam o tratamento com antibiótico específico para casos mais resistentes, mas fazem isso não por uma orientação definida pelo ministério, e sim por entenderem que o protocolo clássico já não funciona", aponta o líder do estudo. "O Ministério da Saúde precisa decidir logo a respeito disso".

Procurada para comentar os resultados do estudo, a Secretariaflamengo x palmeiras site de apostasVigilânciaflamengo x palmeiras site de apostasSaúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), órgão responsável pelo monitoramento e políticas relacionadas à hanseníase, não havia retornado os contatos até o fechamento desta reportagem.

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