Dinossauros e companhia: a diversidadeganhar bônus betanoanimais do Brasil pré-histórico:ganhar bônus betano

Inscrições rupestres representando animais na Serra da Capivara, no Piauí

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Território onde hoje está o Brasil teve papel importante no surgimento e evoluçãoganhar bônus betanovárias espéciesganhar bônus betanoanimais

Tamanha diversidadeganhar bônus betanovida que existe e já existiu só surgiu porque a Terra também tem e teve uma variedade muito grandeganhar bônus betanoambientes, como oceanos, rios lagos, terra firme, savanas, florestas, desertos, montanhas, planícies, geleiras. Todos esses ecossistemas existem há milhõesganhar bônus betanoanos, só queganhar bônus betanolocais diferentesganhar bônus betanoonde estão hoje, pois as conformações dos continentes e oceanos eram outras.

"Nosso planeta é um sistema dinâmico e que passou por grandes transformações ao longo dos bilhõesganhar bônus betanoanosganhar bônus betanosua história", diz o paleontólogo Felipe Alves Elias, da Divisãoganhar bônus betanoDifusão Cultural do Museuganhar bônus betanoZoologia da Universidadeganhar bônus betanoSão Paulo (USP).

Terra vista do espaço

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Antes da atual divisão, na era Mesozoica, todos os continentes da Terra estavam unidosganhar bônus betanoum só

Pangea, toda a Terra num só supercontinente

"Recentemente" - se comparado com a idade da Terra -, por exemplo, no ínicio da era Mesozoica (251 a 65,5 milhõesganhar bônus betanoanos atrás), todos os continentes estavam unidos num só supercontinente, chamado Pangeia, desértico e quenteganhar bônus betanoseu interior, com florestas somente próximas ao litoral e aos grandes rios.

No final do Jurássico (199 a 145 milhõesganhar bônus betanoanos atrás), essa massaganhar bônus betanoterra gigantesca começou a se fragmentar, dando origem a dois grandes continentes, um ao norte a Laurásia, que unia América do Norte, Europa e Ásia, e outro ao sul, Gondwana, formado por América do Sul, África, Madagascar, Índia, Oceania e Antártida. No Cretáceo Inferior (primeira metade do período), por voltaganhar bônus betano110 milhõesganhar bônus betanoanos atrás, surgiu o oceano Atlântico, separando a América do Sul da África e dando aos continentes uma conformação semelhante àganhar bônus betanohoje.

Essa fragmentaçãoganhar bônus betanoPangeia teve um grande impactoganhar bônus betanotodo o planeta e nos seres que viviam nele. Mares surgiram e a geografia e o clima tornaram-se completamente diferentes. Algumas plantas, como samambaias e coníferas, passaram a colonizar antigas regiões secas e desérticas.

Foi nesse período que também surgiram as primeiras plantas com flores. Os animais, porganhar bônus betanovez, deslocaram-se para viverganhar bônus betanoregiões onde havia abundânciaganhar bônus betanoágua e alimentos.

Antes disso, o planeta foi dominado por cercaganhar bônus betano3 bilhõesganhar bônus betanoanos apenas por micro-organismos. Os primeiros organismos invertebrados, que, segundo os pesquisadores, foram as esponjas, só surgiram há 650 milhõesganhar bônus betanoanos. Os vertebrados apareceram ainda mais tarde, há 520 milhõesganhar bônus betanoanos.

Machaeracanthus sp

Crédito, Felipe A. Elias/PaleoZoo Brazil

Legenda da foto, Machaeracanthus sp, um pequeno peixe, viveu há 400 milhõesganhar bônus betanoanos

Cloudina, o primeiro animal com esqueleto do Brasil

No Brasil, um dos primeiros registrosganhar bônus betanovida animal éganhar bônus betanoCloudina lucianoi, que viveu na região central do país, no período Ediacarano (630 a 542 milhõesganhar bônus betanoanos atrás), último do Pré-Cambriano (de 4,6 bilhões a 542 milhõesganhar bônus betanoanos atrás).

"É dos animais mais antigos do Brasil e que ocorreganhar bônus betanodiversos locais do mundo, sendo utilizados para correlacionar idadesganhar bônus betanorochas", explica o paleontólogo Thiago da Silva Marinho, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).

Se não fosse pela idade, esse bicho não chamaria a atenção, no entanto. Era um pequeno animal marinho, com no máximo 3 centímetros,ganhar bônus betanoformaganhar bônus betanoconcha tubular. Mas é um dos mais antigos metazoários (animais multicelulares) constituídoganhar bônus betanocarapaça externa biomineralizada. Ou seja, está entre os primeiros organismosganhar bônus betanoque se tem registro a desenvolver esqueletos.

Entre os vertebrados que se locomoviam por conta própria, um dos mais antigos encontrados no Brasil é o Machaeracanthus sp.

"Este pequeno peixe, que viveu há maisganhar bônus betano400 milhõesganhar bônus betanoanos onde hoje é o Piauí, é uma das mais antigas evidênciasganhar bônus betanoanimais vertebrados encontradasganhar bônus betanoterritório brasileiro", diz Elias.

Prionosuchus plummeri

Crédito, Felipe A. Elias/PaleoZoo Brazil

Legenda da foto, Prionosuchus plummeri viveu há 270 milhõesganhar bônus betanoanos

Prionosuchus, o maior anfíbio que já existiu

Também na região do Piauí, o Prionosuchus plummeri, que viveu há 270 milhõesganhar bônus betanoanos, não deixariaganhar bônus betanose fazer notar.

"Era um tipoganhar bônus betanoanfíbio gigante, com um tamanho estimadoganhar bônus betanoseis metros ou talvez mais", conta o biólogo Marcos André Fontenele Sales, do Instituto Federalganhar bônus betanoEducação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE).

"Foi um dos maiores ou o maior animal desse grupoganhar bônus betanotodos os tempos. Com certeza, ele foi o predador alfa dos ecossistemas aquáticos daquela região na épocaganhar bônus betanoque viveu."

Bem menor, do tamanhoganhar bônus betanoum cão Labrador moderno, o Chiniquodon theotonicus era um feroz predador, no entanto, que viveu há 235 milhõesganhar bônus betanoanos no interior do Rio Grande do Sul e no norte da Argentina.

Chiniquodon theotonicus

Crédito, Felipe A. Elias/PaleoZoo Brazil

Legenda da foto, Do tamanhoganhar bônus betanoum cão Labrador, o Chiniquodon theotonicus era um feroz predador

"Embora relativamente pequeno,ganhar bônus betanoimportância para a ciência é enorme, pois a espécie compartilhaganhar bônus betanouma ancestralidade comum com os mamíferos - grupo do qual os seres humanos também fazem parte", explica Elias.

"Para os paleontólogos, tais animais são essenciais para compreender melhor as origens da nossa linhagem evolutiva eganhar bônus betanonossa própria espécie."

Staurikosaurus pricei

Crédito, Felipe A. Elias/PaleoZoo Brazil

Legenda da foto, Uma das espécies mais antigasganhar bônus betanodinossauros no Brasil é o Staurikosaurus pricei

No Brasil, surgem os primeiros dinossauros

Pouco depois dessa época, há cercaganhar bônus betano230 milhõesganhar bônus betanoanos, chegou a era dos dinossauros. O Brasil é ricoganhar bônus betanofósseis deles, tendo sido registradas maisganhar bônus betano20 espécies. Entre elas, uma das mais antigas do mundo - se não a mais antiga - o Staurikosaurus pricei. Com dois metrosganhar bônus betanocomprimento e cerca da metade da alturaganhar bônus betanoum homem, ele viveu há 225 milhõesganhar bônus betanoanos,ganhar bônus betanomeados do Triássico (251 a 199 milhõesganhar bônus betanoanos atrás). Alémganhar bônus betanoter sido um dos primeiros a viver no país, foi o primeiro fóssil a ser encontrado.

Restos do seu esqueleto fossilizado foram descobertosganhar bônus betano1936, pelo paleontólogo brasileiro Llwelllyn Ivor Price, num afloramento rochoso numa fazenda no interior do municípioganhar bônus betanoSanta Maria, na região central do Rio Grande do Sul. Por isso, seu primeiro nome significa "lagarto do Cruzeiro do Sul" e o segundo é uma homenagem a seu descobridor.

A ele, se juntam três outras espécies, que viveram na mesma época e também foram encontradas no Rio Grande do Sul: Guaibasaurus candelariai, Saturnalia tupiniquim e Unaysaurus tolentinoi. "Essas descobertas são importantes, porque mostram como eram os primeiros dinossauros" explica Marinho. "Além disso, junto com os argentinos, indicam que possivelmente o grupo todo desses animais teve origem na América do Sul."

Em épocas mais recentes, também viveram no Brasil representantes gigantes do grupo dos dinossauros. Um exemplo é Oxalaia quilombensis, descoberto no Maranhão, que viveu há 95 milhõesganhar bônus betanoanos, que podia chegar a 14 metros e pesar até sete toneladas. "Ele é parente bem próximo do popular Spinosaurus, estrela do filme Jurassic Park 3", revela Sales. "Foi o maior dinossauro carnívoro já encontrado no Brasil. Apesar disso, muito provavelmente,ganhar bônus betanoalimentação era principalmente baseadaganhar bônus betanopeixes."

O outro é o Uberabatitan ribeiroi, o titãganhar bônus betanoUberaba, cujo fóssil foi descoberto neste município e viveu há cercaganhar bônus betano70 milhões - quase no fim da era dos dinossauros. Podendo chegar a 27 metros e pesar maisganhar bônus betano20 toneladas, foi o maior desses animais que viveu no Brasil. "Ele pertencia ao grupo dos saurópodes, aqueles dinossauros herbívoros com pescoço e cauda bastante compridos e cabeça pequena", diz Sales.

Tetrapodophis amplectus

Crédito, Felipe A. Elias/PaleoZoo Brazil

Legenda da foto, Serpente Tetrapodophis amplectus viveu há 120 milhõesganhar bônus betanoanos no Ceará

Tetrapodophis, uma serpente com patas

Conterrâneos desses colossos da natureza, perambularam pelo território brasileiro outros animais não menos impressionantes. Um deles foi a serpente Tetrapodophis amplectus, que viveu há 120 milhõesganhar bônus betanoanos na Chapada do Araripe (CE).

"Ela representa uma das mais importantes descobertas das últimas décadas, pois preserva a estruturaganhar bônus betanoquatro membros intactos, o que poderá ajudar os paleontólogos a compreender melhor a origem desse grupoganhar bônus betanoanimais entre os vertebrados terrestres", explica Elias.

Há ainda o grupo dos pterossauros, répteis voadores, parentes dos dinossauros, os primeiros animais vertebrados a desenvolverem a capacidadeganhar bônus betanovoo ativo - batendo as asas e não planando.

Há registrosganhar bônus betanomaisganhar bônus betano200 espécies, com tamanhos que variavamganhar bônus betanoalguns centímetros até 12 metrosganhar bônus betanoenvergadura (da pontaganhar bônus betanouma asa até a da outra). Eles viveram na Terra entre 225 e 66 milhõesganhar bônus betanoanos atrás, na era Mesozoica, e desapareceram sem deixar descendentes entre os animais modernos.

Caiuajara dobruskii

Crédito, Felipe A. Elias/PaleoZoo Brazil

Legenda da foto, Caiuajara dobruskii, uma espécie menorganhar bônus betanopterossauro, atingia cercaganhar bônus betano2,80 metros

Pterossauros, os primeiros animais a voar

Um dos que voaram pelos céus brasileiros no passado remoto foi o Tupandactylus imperator, com cinco metrosganhar bônus betanoenvergadura, que viveu há 115 milhõesganhar bônus betanoanos, na Chapada do Araripe. Outro foi o Anhanguera santanae, 110 milhõesganhar bônus betanoanos, na Formaçãoganhar bônus betanoSantana - daí o seu nome - na mesma região. Ele podia medir até cinco metrosganhar bônus betanoenvergadura e ter 1,5 metroganhar bônus betanoaltura e pesar 30 kg.

Mais recentemente, há 80 milhõesganhar bônus betanoanos, viveu no Paraná - o fóssil foi encontradoganhar bônus betanoCruzeiro do Oeste - o Caiuajara dobruskii, uma espécie menor, que atingia cercaganhar bônus betano2,80 metrosganhar bônus betanoenvergadura. O que chamava a atençãoganhar bônus betanotodos eles era uma enorme crista, cuja função ainda não é bem conhecida.

Um pouco antes dessa época, há 120 milhõesganhar bônus betanoanos viveu o menor crocodiloganhar bônus betanoque se tem registro na Terra. Com cercaganhar bônus betanoapenas 60 cm, o Susisuchus anatoceps, como foi batizado, viveu também na Chapada do Araripe e foi descoberto pela paleontóloga Juliana Manso Sayão, da Universidade Federalganhar bônus betanoPernambuco (UFPE).

Purussaurus brasiliensis

Crédito, Felipe A. Elias/PaleoZoo Brazil

Legenda da foto, Purussaurus brasiliensis foi o maior jacaré que já existiu

Purussaurus, um jacaréganhar bônus betano15 metros

Um parente seu gigante, o Purussaurus brasiliensis, o maior jacaré que já existiu, viveu entre 11 e 8,5 milhõesganhar bônus betanoanos,ganhar bônus betanoum megapantanal que cobria o território ocupado hoje pela Floresta Amazônica.

"Com um crânioganhar bônus betanomaisganhar bônus betano1,2 metroganhar bônus betanocomprimento e mandíbulas capazesganhar bônus betanoesmagar um Fusca, ele alcançava facilmente os 15 metrosganhar bônus betanocomprimento", informa Elias.

"Suas presas incluíam roedores do tamanhoganhar bônus betanobúfalos e tartarugas com cascosganhar bônus betanomaisganhar bônus betanodois metrosganhar bônus betanocomprimento, que coabitavam as águas daquelas antigas planícies alagadas."

Entre essas duas épocas, existiu no sudeste, há 20 milhõesganhar bônus betanoanos, a Paraphysornis brasiliensis. "Ela pertencia a um grupo chamado popularmenteganhar bônus betano'aves do terror'", explica Sales.

"Essa espécie devia atingir maisganhar bônus betanodois metrosganhar bônus betanoaltura e possuía um crânioganhar bônus betanocercaganhar bônus betano60 cmganhar bônus betanocomprimento com um bico próprio para matar. Devia estar entre os principais predadoresganhar bônus betanoseu tempo. Imagina fazer um safari naquela época e testemunhar uma ave carnívoraganhar bônus betanomaisganhar bônus betanodois metros correndo atrásganhar bônus betanovárias presas. Certamente não é algo que se vê hoje."

Preguiças e tatus do tamanhoganhar bônus betanoum fusca

Entre os animais pré-históricos que viveram mais recentemente no Brasil, que se extinguiram há meros 10 mil anos, estão os que pertenceram à chamada megafauna do Pleistoceno (1,8 milhão a 11 mil anos atrás).

Entre os mais espetaculares estava o Megatherium americanum, uma preguiça gigante com 6 mganhar bônus betanocumprimento e que chegava a três metrosganhar bônus betanoaltura, quando erguida nas patas traseiras. Havia várias espécies desses bichos, alguns menores que isso, que caminhavam vagarosamente pelos campos, se alimentandoganhar bônus betanofolhasganhar bônus betanoarbustos e árvores baixas.

Havia também o gliptodonte (Pampatherium paulacoutoi), uma espécieganhar bônus betanotatu gigante das savanas, que podia atingir quase o tamanhoganhar bônus betanoum carro, que escavava o solo e comia um poucoganhar bônus betanotudo, desde frutos até vermes.

Semelhanteganhar bônus betanotamanho, forma e hábitos aos atuais elefantes, o mastodonte Haplomastodon waringi, foi outro representante da megafauna brasileira, assim como a macrauquênia (Macrauchenia sp.), um herbívoro parecido com um camelo moderno e do mesmo tamanho, mas com uma tromba curta.

Smilodon populator

Crédito, Felipe A. Elias/PaleoZoo Brazil

Legenda da foto, Smilodon populator, um felino maior do que leões e tigres modernos, chegava a pesar 400 kg

Tigre-dente-de-sabre, um felino com presasganhar bônus betano30 cm

Ainda viveramganhar bônus betanoterras brasileiras naquela época duas espéciesganhar bônus betanotoxodontes, Toxodon platensis e Trigonodops lopesi, com um tamanho comparável aoganhar bônus betanoum rinoceronte ou hipopótamo modernos e que se alimentavamganhar bônus betanofolhas e capim.

Entre os predadores chama a atenção o tigre-dentes-de-sabre (Smilodon populator), um felino maior do que leões e tigres modernos, que chegava a pesar 400 kg. Sua característica mais impressionante eram as duas afiadas presas, armas mortíferas com até 30 centímetrosganhar bônus betanocomprimento.

Saber da existência desses animais pré-históricos e estudá-los não é mera curiosidade. "As espécies que aqui viveram compõe um grande capítulo da história da vida no planeta Terra", diz a bióloga e paleontóloga Aline Ghilardi, da Universidade Federalganhar bônus betanoSão Carlos (UFSCar).

"Não investirganhar bônus betanopesquisar esta história é como deixarganhar bônus betanolado centenasganhar bônus betanopáginasganhar bônus betanoum livro, do qual talvez dependa a nossa existência e sobrevivência neste planeta. Este livro não só conta como as coisas foram no passado, mas contêm a sabedoriaganhar bônus betanomuitas espécies que já se foram e têm muito a nos ensinar."

De acordo com ela, os pesquisadores têm aprendido cada vez mais sobre o que aconteceu no território do Brasil no passado e descobriram que passos excitantes da história evolutiva da vida se desenrolaram nele, como possivelmente a origem dos próprios dinossauros. "É por isso que o nosso país tem atraído tanta atençãoganhar bônus betanoestudiosos da vida extintaganhar bônus betanotodo o planeta", diz.

"Os olhos do mundo estão voltados para nós. Apesar dos grandes avanços feitos nas últimas décadas, nós apenas arranhamos a superfície deste conhecimento. Temos muito para cavar e para descobrir. Muito para aprender com os mortos, com aqueles que já se foram."

Imagens com direitos reservados.

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