O bambu que está colocandosaque pix novibetrisco a floresta no sudoeste da Amazônia:saque pix novibet

Bambu crescendo no interior da floresta

Crédito, Evandro Ferreira

Legenda da foto, O bambu se tornou uma praga na floresta amazônica
Incêndio na área dominada por bambus

Crédito, Sonaira Souza da Silva

Legenda da foto, Espaços onde o bambu morreu recentemente são mais vulneráveis a incêndios florestais

"Onde a espécie não era dominante, o crescimento foi 98,9% para o mesmo período", conta Pereira. "Observamos ainda que o momento críticosaque pix novibetexpansão foi logo após a o trabalho exploratório, já que a gramínea se desenvolve bemsaque pix novibetlocais alterados e nas infraestruturas deixadas pela atividadesaque pix novibetmanejo, tornando-as locais mais suscetíveis asaque pix novibetocupação."

O trabalhosaque pix novibetPereira começou no iníciosaque pix novibet2017, com a análisesaque pix novibetuma série históricasaque pix novibetoito anos (2009 a 2017)saque pix novibetimagens dos satélites Landsat-5 e Landsat-8. Os pesquisadores observaram que nas matas dominadas pelo Guadua, a coloraçãosaque pix novibetsuas folhas é mais clara e há pouca variação entre as alturas, sendo percebida como uma camada mais "uniforme" que as das árvores ao seu redor. O problema é mais grave ainda por causa do grande percentual das florestas nas quais uma ou outrasaque pix novibetduas espécies da gramínea, Guadua sarcocarpa e Guadua weberbaueri, estão presentes.

Pereira conta que no Acre, dentre os 18 tipos florestais identificadas, oito têm o bambu no sub-bosque como elemento florístico principal (dominante) ou secundário (dominado). Elas recobrem maissaque pix novibet138 mil km² (83,9%) dos 164 mil km² do Estado. "Se desconsiderarmos a área desmatada (10,4% do territóriosaque pix novibet2017), a gramínea está inseridasaque pix novibet93,7% das florestas no Acre", diz.

Some-se a essa onipresença da planta outra característica: o rápido crescimento (até 3,4 m por mês durante a estação chuvosa e 1,2 m na seca) e a agressividade para ocupar novos espaços.

"A presença dessas espécies lenhosassaque pix novibetbambu do gênero Guadua nas florestas do sudoeste da Amazônia poderia não ser um problema se elas não fossem tão agressivas no processosaque pix novibetcolonizaçãosaque pix novibetnovas áreas no interior das matas", diz o botânico Evandro Ferreira, Núcleosaque pix novibetPesquisas do Acre, do Instituto Nacionalsaque pix novibetPesquisas da Amazônia (Inpa), orientadorsaque pix novibetPereira emsaque pix novibetdissertaçãosaque pix novibetmestrado.

Combinado com o seu crescimento naturalmente muito rápido - típico da maioria das espéciessaque pix novibetbambus lenhosos -, esse comportamento oportunista faz com que o Guadua consiga se estabelecer rapidamentesaque pix novibetlocais que lhe são favoráveis, como clareiras naturais ou aquelas abertas para a retiradasaque pix novibetárvores madeireiras, alémsaque pix novibetáreas que foram afetadas por incêndios florestais. "Essa combinaçãosaque pix novibetfatores parece conspirar para favorecer a perenidade dessas espéciessaque pix novibetgramíneas nas matas da região", diz Ferreira.

Incêndios

A pesquisadora Sonaira Souza da Silva, também da UFAC, estudou os registros dos incêndios na expansão do Guadua e suas consequências no Acre, num períodosaque pix novibet32 anos, entre 1984 a 2016. "O fogo altera,saque pix novibetforma profunda, a floresta, e uma dessas mudanças foi a expansão ou invasão do bambu após o fogo", diz.

Silva conta que inicialmente ela não acreditava que tamanha expansão do bambu era por causa dos incêndios. "Mas conheci uma propriedadesaque pix novibetque o dono conseguiu proteger cercasaque pix novibetum hectare,saque pix novibetum totalsaque pix novibet10 mil hasaque pix novibetfloresta que foram queimadossaque pix novibet2005, e parte tambémsaque pix novibet2010", diz.

Floresta onde há bambu

Crédito, Evandro Ferreira

Legenda da foto, Nas matas onde há bambu, a densidade da floresta primária é menor, com menos da metadesaque pix novibetárvores altas e com tronco grosso

"É simplesmente incrível versaque pix novibetum lado a mata preservada com poucos colmos da gramínea (cercasaque pix novibet600 por hectare) e a queimada ao lado, dominada por muitos (cercasaque pix novibet5 mil por hectare). Por isso, nossa hipótese é que aquelas afetadas pelos incêndios esaque pix novibetque o Guadua se expandiu não voltem ao que eram antes. Seus efeitos a longo prazo precisam ser melhor compreendidos."

Há ainda mais uma peculiaridade do bambu, que o torna um causadorsaque pix novibetproblemas nas florestas: suas populações morremsaque pix novibetuma única vez a cada 28-30 anos. Nessa ocasião todos os colmossaque pix novibetáreassaque pix novibetcentenassaque pix novibetquilômetros quadrados florescem, frutificam e morrem ao mesmo tempo.

Esse fenômeno tem muitas consequências. A começar por uma profunda alteração na composição florística (de árvores, arbustos, ervas) das florestas,saque pix novibetfunção das drásticas mudanças que ocorrem nos índicessaque pix novibetluminosidade que penetram nelas (muito alto após a morte do Guadua), da elevação da temperatura no interior da mata, da diminuição da umidade relativa do ar e, possivelmente, das camadas superficiais do solo, pois se mais luz e calor chegam até a liteira (folhagem sobre o chão) ela seca mais rápido, assim como a terra.

Com isso, espaços onde a gramínea morreu recentemente são mais vulneráveis a incêndios florestais. "A situação da mata fica tão precária, que,saque pix novibetimagemsaque pix novibetsatélite, ela se parece com uma área que foi derrubada", diz Ferreira. "Fiscais do Institutosaque pix novibetMeio Ambiente do Acre me falaram que foram a pontos específicos no interior da floresta pensando que ela tinha sido derrubada ilegalmente, quando na verdade era o bambu que tinha morrido."

A aparência não é problema, no entanto. Há várias outras consequências dessa morte sincronizada. Se ela ocorre no período mais seco do ano, por exemplo, os restos vegetais podem secar e pegar fogo, que então pode se espalhar para áreas florestais do entorno. Se isso não acontecer, ocorre um problema diferente: o processosaque pix novibetregeneração da mata vai favorecer o crescimentosaque pix novibetplantas típicas do início da sucessão florestal (geralmente espécies sem valor comercial, que crescem muito rápido), que se aproveitam do espaço físico aberto e do excessosaque pix novibetluz que chega até o chão pela morte do bambu.

Nessa condição, o crescimento das árvores típicas das florestas primárias é prejudicado e pode nem acontecer, pois essas espécies têm crescimento lento e não suportam excessosaque pix novibetluz. "Quando domina uma região, o Guadua ocupa uma área bem extensa, com poucas plantassaque pix novibetoutras espécies perceptíveis", diz Pereira.

Segundo Ferreira, nas matas sem bambu pode haver até 600 árvores com até 10 cmsaque pix novibetdiâmetro à altura do peitosaque pix novibetum homem. Naquelassaque pix novibetque ele está presente, no entanto, esse número fica entre 200 e 300.

O bambu pode inclusive interferir no aquecimento global. "Se tem menos árvores onde ele domina, teremos menos biomassa vegetal, ou seja, a mata passa a acumular (sequestrar) menores quantidadessaque pix novibetcarbono", explica Ferreira. "Além disso, a presença do Guadua e o menor númerosaque pix novibetárvores muda o microclima florestal, que fica menos úmido (mata mais aberta recebe mais ventilação, que carrega a umidade), mais quente e com maior incidênciasaque pix novibetluz chegando ao solo". Essa mudança sutil afeta negativamente numerosas espécies cujas regenerações só ocorrem sob condiçõessaque pix novibetbaixa luminosidade e alta umidade.

A exploração sustentávelsaque pix novibetmadeira também fica prejudicada nas florestas com bambus. O modelosaque pix novibetmanejo usado hoje preconiza que após uma primeira exploraçãosaque pix novibetárvores com maissaque pix novibet50 cmsaque pix novibetdiâmetro, as deixadas para trás, com diâmetro inferior a 50 cm, cresceriam normalmente e então, depoissaque pix novibet30-35 anos, seria possível fazer uma nova retiradasaque pix novibetmadeira. E assim por diante. "Mas tudo indica que isso não será possível, porque a agressividade do Guadua está interferindo no crescimento normal das árvores", diz Ferreira. "A diversidadesaque pix novibetespécies arbóreas e arbustivas vem diminuindo e haverá menor númerosaque pix novibetespéciessaque pix novibetalto valor comercial (madeira)."

Além disso, estudossaque pix novibetlongo prazo que medem o crescimento delas estão mostrando que na Amazônia ele não é o que se previa, o que os planejadoressaque pix novibetexploração imaginavam. "Crescendo menos, o ciclo entre uma exploração e outra se estenderá para alémsaque pix novibet40 anos", prevê Ferreira. "Uma mudança e tanto, tendosaque pix novibetvista que alguns profissionais da áreasaque pix novibetciências florestais acreditavamsaque pix novibetciclos com até 25 anos."

raya

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