Aquecimento do planeta já é o maior evento climático2 mil anos, indica pesquisa :

glacier melting

Crédito, Getty Images

Esses acontecimentos são vistos por alguns,especial os céticosrelação às mudanças climáticas, como evidênciaque o mundo aqueceu e esfriou muitas vezes ao longo dos séculos e, por isso, o aquecimento observado a partir da Revolução Industrial é parte desse ciclo padrão - portanto, não haveria nada para se alarmar.

Mas três novos trabalhospesquisa, entre eles o publicado na revista Nature por esses cinco pesquisadores, mostram que os fundamentos desse argumento não são tão sólidos.

De acordo com o artigo da Nature, os cientistas reconstruíram as condições climáticas que existiam nos últimos 2 mil anos, usando 700 registros "proxy"mudançastemperatura - indicadores que permitam tirar conclusões a partirdados climáticos indiretos como anéisárvores, corais e sedimentoslagos.

Os pesquisadores afirmam que nenhum desses eventos climáticos avaliados ocorreuescala global num mesmo período.

Eles dizem que a Pequena Era do Gelo, por exemplo, foi mais forte no Oceano Pacífico no século 15 e na Europa no século 17.

pessoas se molhando numa praça

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Ondascalor na Europa, segundo cientistas, estão cada vez mais propensas a serem relaciononadas com mudanças climáticas

De um modo geral, qualquer pico ou baixatemperatura, a longo prazo, pode ser detectadoaté metade do globomomento específicos.

O "Período Quente Medieval" (950-1250 d.C.), por exemplo, registou aumentos significativostemperaturaapenas 40% da superfície da Terra. Segundo os pesquisadores, o aquecimentohoje afeta praticamente todo o mundo.

"Descobrimos que o período mais quente dos últimos dois milênios ocorreu durante o século 20mais98% do globo. Isso fornece fortes evidênciasque o aquecimento global antropogênico não é apenas incomparáveltermostemperaturas absolutas, mas também sem precedentes na consistência espacial dentro do contexto dos últimos 2 mil anos", escreveram no artigo.

Os pesquisadores observaram que, antes da era industrial moderna, a influência mais significativa no clima eram os vulcões. Eles não encontraram nenhuma indicaçãoque variações na radiação do Sol tenham impactado as temperaturas globais médias.

O período atual, dizem os autores da pesquisa, excede significativamente a variabilidade natural.

"Vimos a partir dos dados instrumentais e tambémnossa reconstrução que, no passado recente, a taxaaquecimento claramente excede as taxasaquecimento natural - esse é outro ponto para observar a natureza extraordinária do aquecimento atual", contou Raphael Neukom, da UniversidadeBerna, na Suíça, um dos autores do estudo.

Ilustração da Pequena Era do Gelo

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A Europa totalmente cobertagelo durante invernos seguidos ​​foi um evento comum durante a Pequena Idade do Gelo

"Nós não testamos explicitamente isso; só podemos mostrar que as causas naturais não são suficientesnossos dados para realmente causar o padrão espacial e a taxaaquecimento que estamos observando agora", explicou Neukom.

Outros cientistas ficaram impressionados com a qualidade dos novos estudos conduzidos pela equipeRaphael Neukom.

"Eles fizeram o estudotodo o mundo com mais700 registros dos últimos 2 mil anos. Têm corais e lagos e também dados instrumentais", disse a professora Daniela Schmidt, da UniversidadeBristol, Reino Unido, que não esteve envolvida nos estudos.

"E eles foram muito cuidadosos ao avaliar os dados e o viés inerente que qualquer dado tem. Então, o grande avanço é a qualidade e a cobertura desses dados. É incrível", afirmou a professora.

Muitos especialistas argumentam que os achados são capazesdesbancar muitas das afirmações feitas por céticos do clima nas últimas décadas.

"Este artigo deve finalmente fazer com que os que negam as mudanças climáticas paremalegar que o aquecimento global observado recentemente é parteum ciclo climático natural", disse o professor Mark Maslin, da Universidade College London, no Reino Unido, que também não participou dos estudos.

"Este artigo mostra a diferença verdadeiramente nítida entre as mudanças regionais e localizadas no clima do passado e o efeito verdadeiramente global das emissõesgasesefeito estufa antrópicas", completa Maslin.

Além da revista Nature, o estudo também foi publicadodois artigos na publicação acadêmica Nature Geoscience.

gráficoinglês

Crédito, UniversidadeBerna

Legenda da foto, Reprodução do gráfico que indica eventos climáticosaquecimento e congelamento nos últimos 2 mil anos
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