HIV: injeção testada no Brasil pode impedir a transmissão do vírus causador da Aids:bet dá sorte

Médico prepara injeção

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Legenda da foto, A droga da PrEP injetável fica depositadabet dá sorteum músculo e é liberada gradualmente ao longobet dá sortedois meses, quando é preciso renovar a dose

Então, porque seria necessária uma PrEP injetável se já existe outra versão com excelentes resultados?

"O paciente precisa ter organização para tomar um comprimido diário. Então, precisamosbet dá sortealternativas para quem não consegue fazer uso crônicobet dá sorteuma medicação e está vulnerável ao HIV", diz Beatriz Grinsztejn, chefe do laboratóriobet dá sortepesquisa clínicabet dá sorteDST e Aids do Instituto Nacionalbet dá sorteInfectologia Evandro Chagas (Fiocruz) e responsável pela direção global da pesquisa junto com o pesquisador Raphael Landovitz, da Universidade da Califórniabet dá sorteLos Angeles.

Adesão ao tratamento com PrEP oral cai com o tempo

A PrEP oral foi aprovada pela Food and Drugs Administration (FDA), a agência do governo americano equivalente à brasileira Agência Nacionalbet dá sorteVigilância Sanitária (Anvisa),bet dá sorte2012.

Desde o fimbet dá sorte2017, é oferecida no Brasil gratuitamente pelo Sistema Únicobet dá sorteSaúde (SUS) para grupos considerados mais vulneráveis ao HIV, como homens gays e bissexuais, mulheres transexuais, profissionais do sexo e pessoasbet dá sorteum relacionamento com alguém que tenha o vírus.

Este método é considerado uma revolução no combate ao HIV por oferecer uma forma inéditabet dá sorteprevenção com um medicamento e não só com preservativos.

No entanto, pesquisas mostram que a taxabet dá sorteadesão ao tratamento, ou seja, o índicebet dá sortepessoas que o segue à risca, cai com o tempo, explica o infectologista Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacionalbet dá sorteAlergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID, na siglabet dá sorteinglês), que é o principal patrocinador do estudo da PrEP injetável.

"Isso varia bastante, mas a taxa chega a cair pela metade, porque as pessoas se cansambet dá sortetomar um comprimido diariamente ou se esquecem. E, se não é tomado todo dia, não funciona", afirma Fauci.

Homem segura comprimidobet dá sortePrEP

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Legenda da foto, A PrEP oral é considerada uma revolução por oferecer uma forma inéditabet dá sortese prevenir do HIV com medicamento e não com preservativos

Grinsztejn diz que a baixa adesão é um problema especialmente entre os jovens, um grupo no qual o númerobet dá sortediagnósticosbet dá sorteHIV vem crescendo mais do que a média. Entre 2007 e 2018, houve um aumentobet dá sorte220% entre brasileirosbet dá sorte15 a 24 anos,bet dá sorteacordo com dados do governo federal, bem acima do aumentobet dá sorte136% na populaçãobet dá sortegeral.

No entanto, a cientista da Fiocruz afirma que isso não pode ser considerado preguiça ou desleixo dos jovens com uma doença que não tem cura.

"Você diria issobet dá sorteum diabético? Tradicionalmente, adolescentes e adultos jovens têm mais dificuldade com um tratamento contínuo para diabetes. Não é uma particularidade do HIV, é uma questão da faixa etária. E, se o vírus avança entre estas pessoas, é importante buscar novas formasbet dá sorteprevenção."

Como é feito o estudo da PrEP injetável

Enquanto a PrEP oral usa uma combinaçãobet dá sorteduas drogas - fumaratobet dá sortetenofovir desoproxila e emtricitabina -, a versão injetável é feita a partirbet dá sorteoutra substância, cabotegravir.

Ambos os medicamentos impedem a multiplicação do HIV ao se ligarem a enzimas essenciais ao processobet dá sortereplicação do vírus, mas atuambet dá sorteetapas diferentes do ciclo.

O comprimido deve ser tomado diariamente para garantir que seus princípios ativos estejam no corpo semprebet dá sorteníveis adequados. Já o cabotegravir é injetado no músculobet dá sorteuma das nádegas e fica depositado ali, sendo liberado gradualmente ao longobet dá sortedois meses, quando é preciso renovar a dose.

Ilustração do vírus HIV

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Legenda da foto, Medicamentosbet dá sortePrEP agem sobre o ciclobet dá sortereprodução do vírus HIV

Iniciado no fimbet dá sorte2016, o estudo HPTN 083 testará a PrEP injetável com 4,5 mil homens gays e bissexuais e mulheres trans,bet dá sorte43 centros no Brasil, Estados Unidos, Argentina, Peru, África do Sul, Tailândia e Vietnã. Ao menos 500 brasileiros já participam - e o recrutamentobet dá sortevoluntários ainda está acontecendo.

Os pacientes são distribuídos por sorteio eletrônico entre dois grupos. O primeiro toma comprimidos placebo e a injeçãobet dá sortePrEP. O segundo toma comprimidosbet dá sortePrEP e injeção placebo. Todos são aconselhados sobre sexo seguro e recebem preservativos ao longo da pesquisa.

"No fim, vamos comparar o númerobet dá sorteinfecções por HIV entre os dois grupos para entender se a PrEP injetável funciona tão bem quanto a oral", explica Grinsztejn.

Homens gays e mulheres trans são mais vulneráveis ao HIV

O infectologista Rico Vasconcelos, coordenador médico do centrobet dá sortepesquisa da PrEP injetável na Universidadebet dá sorteSão Paulo (USP), explica que o Brasil foi escolhido para participar porque tem uma epidemiabet dá sorteHIV concentrada entre homens gays e bissexuais e mulheres trans, que são o público-alvo do estudo.

Pesquisas mostram que, enquanto 0,4% dos brasileiros vivem com o vírus na sociedadebet dá sortegeral, entre homens gays e bissexuais, são maisbet dá sorte18% - na cidadebet dá sorteSão Paulo, chega a quase 25%. Entre mulheres trans, pode passarbet dá sorte40%.

Vasconcelos avalia que estas pessoas são hoje mais vulneráveis ao vírus porque, entre outros motivos, não houve por muito tempo políticas públicasbet dá sorteeducação e saúde específicas para elas. Isso contribuiu para elevar o índicebet dá sortepessoas com HIV nestes grupos e fez com que seja hoje mais provável que um homem gay ou bissexual e uma mulher trans entrembet dá sortecontato com o vírus.

"O senso comum ébet dá sorteque a culpa é da vítima, que um homem gay ou bissexual e uma mulher trans pegam HIV porque querem, mas faz 38 anos que temos uma epidemia concentrada nestes grupos, e a primeira vez que o Ministério da Saúde fez algo específico para protegê-los foi há pouco maisbet dá sorteum ano, quando incluiu a PrEP no SUS, priorizando esses grupos", diz o infectologista.

Vasconcelos afirma ser comum que um jovem gay, bissexual ou trans comece a transar sem ter recebido educação sexual ou sido informado sobre a epidemiabet dá sorteHIV nestes grupos.

Ao mesmo tempo, não podem muitas vezes falar abertamente sobrebet dá sortevida sexual com a família e amigos e, quando procuram um serviçobet dá sortesaúde, há chancesbet dá sortenão serem bem acolhidos. "A homofobia e a transfobia também transmitem HIV", diz o infectologista.

Cientistas investigam outras formasbet dá sorteprevenção

O estudo da PrEP injetável será concluídobet dá sorte2021. Se os resultados forem positivos, a expectativa é que seja autorizado pelo FDA para ser usado por seu público-alvo até o ano seguinte, diz Fauci, da NIAID.

Ampola com sangue com resultado positivo para HIV

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Legenda da foto, Númerobet dá sortenovos casosbet dá sorteHIV vêm caindo lentamente na última década

Outro estudo com mulheres heterossexuais e cisgênero (ou seja, que não são transexuais) está sendo feito na África. Vasconcelos diz que será preciso aguardar os resultados das pesquisasbet dá sortecurso e testes com outros grupos, como homens heterossexuais cisgênero, para que a PrEP injetável possa ser recomendada universalmente.

"Se o estudo mostrar que a PrEP injetável é um métodobet dá sorteprevenção eficaz para o sexo anal, que é o tipobet dá sorteexposição sexualbet dá sortemaior risco ao HIV, isso indica que provavelmente também será para o sexo vaginal,bet dá sorteque o risco é menor. Mas não se pode aprovar o usobet dá sorteuma medicação para uma população específica sem que antes tenha sido testada por ela", diz o infectologista da USP.

Além disso, há outras pesquisas sendo realizadas para outros métodosbet dá sorteprevenção ao vírus, como anéis intravaginais, implantesbet dá sortemedicamentos antirretrovirais e injeçõesbet dá sorteanticorpos.

Fauci explica que essas alternativas são importantes, porque o númerobet dá sortenovos casosbet dá sorteHIV vem caindo lentamente na última década, com uma reduçãobet dá sorte12% entre 2008 e 2018. Em comparação, entre 1998 e 2008, a queda foibet dá sorte24%.

"Hoje, há um tratamento capazbet dá sortefazer com que pessoas com HIV fiquem vivas e saudáveis, mas o avanço do vírus não está sob controle. Ainda temos 1,7 milhãobet dá sortenovos diagnósticos por ano. É um problema sério", diz Fauci.

Vasconcelos argumenta que, quanto mais formasbet dá sorteprevenção existirem, mais fácil vai serbet dá sortecombater a transmissão do vírus.

"A melhor formabet dá sorteproteção é aquele que a pessoa escolhe, por entender como funciona e achar que é capazbet dá sorteusá-la correta e constantemente. Se casais heterossexuais têm hoje várias maneiras diferentesbet dá sorteevitar terem filhos, por que acreditamos algum dia que, para o HIV, uma forma sóbet dá sorteprevenção, a camisinha, seria suficiente?"

Línea.

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