'Fui viciadaplacard aposta desportivadrogas, agora, sou viciadaplacard aposta desportivacorrida', os relatosplacard aposta desportivaquem adotou a ultramaratona como esporte:placard aposta desportiva

Catra corre na montanha e posa para foto no deserto

Crédito, BBC THREE/@DIRTDIVA333

Legenda da foto, Catraplacard aposta desportivaultramaratonas pelo mundo

É um esporte praticado globalmente - há competiçõesplacard aposta desportivalugares como o Deserto do Saara (Marathon des Sables,placard aposta desportiva254 km), na África do Sul (Comrades Marathon,placard aposta desportiva87 km) e no Reino Unido (The Wall,placard aposta desportiva111 km ao longo da Muralhaplacard aposta desportivaAdriano) - e que, por incrível que pareça - tem se tornado cada vez mais popular. Houve um aumentoplacard aposta desportiva1.000% no númeroplacard aposta desportivacorridasplacard aposta desportivalonga distância na última década ao redor do mundo, segundo contou ao jornal britânico The Guardian o administradorplacard aposta desportivaum site agregadorplacard aposta desportivaultramaratonas.

Algumas pessoas atribuem esse aumento à geração millennial - os ultramaratonistas postam fotos nas redes sociaisplacard aposta desportivaseus triunfos, o que incentiva, porplacard aposta desportivavez, seus amigos e seguidores a pensar que podem fazer o mesmo.

A BBC conversou com seis corredoresplacard aposta desportivaultramaratona sobre o que os motiva a percorrer essas distâncias - da mulher que literalmente fugiu do vícioplacard aposta desportivadrogas ao jovem empreendedor que busca isolamento, passando por aqueles que correm para superar um trauma e quebrar barreirasplacard aposta desportivagênero.

'Fui viciadaplacard aposta desportivadrogas, agora, sou viciadaplacard aposta desportivacorrida'

Catra sorrindo no deserto

Crédito, BBC THREE / @DIRTDIVA333

Legenda da foto, Depoisplacard aposta desportivaser presa e passar por reabilitação para dependentes químicos, Catra chegou a percorrer 160 quiômetros maisplacard aposta desportivacem vezes

Catra, 54 anos, Califórnia (EUA)

"Aos 27 anos, fui presa e passei a noite atrás das grades. Foi a pior experiência da minha vida e me assustou ficarplacard aposta desportivacara limpa.

Comecei a andarplacard aposta desportivamá companhia na escola e só queria saberplacard aposta desportivafesta. Logo engateiplacard aposta desportivaum relacionamento com um cara que usava metanfetamina e fiquei viciada rapidamente. Por fim, fomos presos. Fui colocadaplacard aposta desportivaum programaplacard aposta desportivareabilitaçãoplacard aposta desportivaseis meses,placard aposta desportivaque precisava frequentar uma reunião dos Narcóticos Anônimos todos os dias. Depoisplacard aposta desportivaseis meses, eu estava desintoxicada.

Hoje estou sóbria há 25 anos. Comecei a correr porque estava procurando algo para substituir as drogas. Corri 10 quilômetros por impulso após receber um panfletoplacard aposta desportivacorrida e, três meses depois, corri minha primeira maratona. As ultramaratonas vieram logo na sequência.

Participeiplacard aposta desportivacorridasplacard aposta desportiva161, 322 e 483 km. Quando você finalmente terminaplacard aposta desportivapercorrer essas distâncias, a sensação é maravilhosa. Você realizou algo grandioso: 'Uau!' Eu definitivamente sinto uma espécieplacard aposta desportivaonda.

Sou uma das poucas pessoas no mundo que percorreu 161 km maisplacard aposta desportiva100 vezes. Você poderia dizer sem dúvida que sou viciada".

'Correr ultramaratonas virou minha meditação'

Miranda correndo

Crédito, BBC THREE / INSTAGRAM

Legenda da foto, Miranda encara ultramaratonas como 'a coisa mais relaxante' que ela já fez na vida

Miranda, 29 anos, Londres (Reino Unido)

"Antes da minha primeira maratona, estava tão nervosa por questionar minha capacidadeplacard aposta desportivacompletar a corrida que não conseguia fazer quase nada. Sóplacard aposta desportivapensar, me sentia estressada. Tenteiplacard aposta desportivatudo para me acalmar antes do grande dia, incluindo hipnose. Então ninguém ficou mais surpreso do que eu, quando descobri que a ultramaratona era a coisa mais relaxante que já tinha feito na vida.

Decidi correr minha primeira ultra no ano passado com um dos meus melhores amigos. Parecia uma boa oportunidadeplacard aposta desportivasair da cidade. Rapidamente descobri que era a corrida mais social e relaxada que você poderia fazer. Imagina passar 16 horas ao ar livre, sem nada para fazer alémplacard aposta desportivacolocar um pé na frente do outro. Para mim, isso é felicidade.

Não tem aquela pressãoplacard aposta desportivacorrer contra o relógio, como aconteceplacard aposta desportivauma maratona normal, não é o tempo que é impressionante, é a distância. As pessoas, na verdade, aplaudem quando você as ultrapassa. Você pode correr por horas ao lado das mesmas pessoas e se sentir confortávelplacard aposta desportivanão dizer uma única palavra, é uma experiência muito zen (menos a dor física, obviamente).

Depoisplacard aposta desportivacercaplacard aposta desportivauma hora, consigo sentir minha mente começar a se acalmar - é quando começo a me desligar e a entrarplacard aposta desportivaum estadoplacard aposta desportivameditação. Depois disso, estou tão relaxada - você simplesmente não tem energia para ficar irritado com nada! Sou uma pessoa mais feliz e menos estressada quando estou correndo."

'Meu corpo tenta me impedirplacard aposta desportivacorrer'

Marthe posando para a câmeraplacard aposta desportivauma floresta

Crédito, BBC THREE / INSTAGRAM

Legenda da foto, A corrida ajuda Marthe a superar um trauma

Marthe, 25 anos, Manchester (Reino Unido)

"Até hoje, meu corpo tenta me impedirplacard aposta desportivacorrer. Acho que é uma reação a um trauma que eu tive durante minha primeira ultramaratona. Eu estava no Nepal e, no segundo diaplacard aposta desportivacorrida, fui atacada por um completo estranho. Não queria terminar a corrida, mas estava correndoplacard aposta desportivahomenagem à memóriaplacard aposta desportivauma amigaplacard aposta desportivainfância que tinha se suicidado alguns anos antes. Então terminei.

Às vezes, eu vou correr e meu corpo todo paralisa antes mesmoplacard aposta desportivaeu sair pela portaplacard aposta desportivacasa. Na primeira vez, estava levando meu cachorro pela coleira para correr comigo, e fiquei lá parada com meu kitplacard aposta desportivacorrida. Não conseguia me mover um centímetro sequer. Já aconteceu algumas vezes desde então. Na primeira vez, acho que fiquei lá parada quase duas horas até meu cachorro pular e me despertar daquele estado.

Agora, correr se tornou parte da minha recuperação - junto com a terapia. Depois do ataque, decidi reivindicar a corrida como algo que me pertence - corro para me empoderar e retomar o controle. Ainda não estou pronta para enfrentar minha próxima ultramaratona, mas estarei."

'A solidão me ajuda a lidar com a vida'

Jeff correndo

Crédito, BBC THREE / INSTAGRAM

Legenda da foto, Jeff aproveita a solidão das longas jornadas para pensar

Jeff, 28 anos, Londres (Reino Unido)

"Quando estou correndo, me isolo do estresse do mundo exterior. Sou introvertido por natureza e precisoplacard aposta desportivatempo com meus próprios pensamentos para me ajudar a lidar com a vida.

Meu pensamento se torna tão claro e ininterrupto quando estou correndo, me afastar das distrações me ajuda a pensar nas coisas adequadamente, me deixa mais decisivo e permite trabalhar minha inteligência emocional - que são características realmente importantes para um empreendedor. A maioria das minhas grandes ideiasplacard aposta desportivanegócio surgiram enquanto estava correndo!

Acho a tecnologia tão perturbadora - é possível, via rede social, estar conectado a pessoas 24 horas por dia. É demais. A solidão da corrida oferece a minha dose diáriaplacard aposta desportivaespaço vazio - é o único tempo que tenho 'para mim'placard aposta desportivaverdade."

'Larguei meu emprego para estudar ultramaratonas'

Bethan correndo

Crédito, BBC THREE / ANNA RACHEL PHOTOGRAPHY

Legenda da foto, Bethan gosta da sensaçãoplacard aposta desportivaperdaplacard aposta desportivacontrole que a corrida traz

Bethan, 33 anos, Londres (Reino Unido)

"Comecei a praticar corridasplacard aposta desportivalonga distância há seis anos, para superar um relacionamento difícil. Isso me deu a clareza necessária para começar a fazer as coisas que gosto na vida. Para encurtar a história, larguei meu empregoplacard aposta desportivafinanças para estudar os estereótiposplacard aposta desportivagênero na corrida - e minha pesquisa exige que eu saiaplacard aposta desportivacampo, o que eu amo!

Durante uma corrida longa, você não sabe o que vai acontecer e tem que ceder o controle até certo ponto, algo que nem sempre foi meu forteplacard aposta desportivaoutros setores da minha vida. Mas pessoalmente, estouplacard aposta desportivauma situação muito melhor agora e vou me casarplacard aposta desportivaoutubro.

Em março, participei do Speed ​​Project, um revezamentoplacard aposta desportiva578 kmplacard aposta desportivaLos Angeles a Las Vegas. A experiênciaplacard aposta desportivapercorrer um caminho tão longo é realmente difícilplacard aposta desportivaexplicar para as pessoas, mas a principal coisa que aprendi com as ultramaratonas é o quão resiliente eu sou. Há momentosplacard aposta desportivaque é muito difícil e chato, e sinto que não estou tendo nenhum progresso, mas há outras vezesplacard aposta desportivaque me sinto incrível, como se estivesse voando!"

'Correr me ajuda a sentir que mulheres e homens são iguais no Afeganistão'

Zeinab com a parceiraplacard aposta desportivacorrida

Crédito, BBC THREE / FREETORUN

Legenda da foto, Zeinad pratica corrida como uma formaplacard aposta desportivareduzir desigualdadeplacard aposta desportivagênero no Afeganistão

Zeinab (à esquerda), 24 anos, Cabul (Afeganistão)

"Comecei a correr há alguns anos, depois que vi minhas colegasplacard aposta desportivaquarto correndo todos os dias pela manhã. Eu não corria desde que era muito pequena porque a cidade no Afeganistão onde eu morava é muito conservadoraplacard aposta desportivarelação às mulheres e suas atividades.

Certa manhã, perguntei se poderia ir com elas e corri 10 km sem parar. Foi a primeira vez que senti a liberdadeplacard aposta desportivacorrer ao ar livre - minhas amigas ficaram surpresasplacard aposta desportivaeu ter conseguido acompanhar.

Foi quando elas me contaram que estavam treinando para uma ultramaratonaplacard aposta desportiva400 km no Sri Lanka - eu só pensavaplacard aposta desportivacomo era legal que duas garotas afegãs estivessem competindoplacard aposta desportivauma corrida internacional! E fiz o mesmo.

Correr me ajuda a sentir que não há diferença entre os direitos das mulheres e dos homens no Afeganistão. Quero que os homens da nossa sociedade entendam que a participação das mulheres no esporte não é um tabu e que podemos percorrer as mesmas distâncias que os homens. Quero quebrar barreiras. Treinei com minha parceiraplacard aposta desportivacorrida todas as noites durante o Ramadã após o jejum."

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