'Comecei lavando pratos e hoje tenho um negócio milionário nos EUA':grupo pixbet telegram

Carlos Castro hoje

Crédito, Getty Images / Edição: Kako Abraham

Legenda da foto, O salvadorenho, hoje com 64 anos, emigrou aos EUAgrupo pixbet telegram1980

"Castro está muito integrado com a comunidade local e seu negócio apareceu várias vezes na listagrupo pixbet telegram50 Empresas Fantásticas da Câmaragrupo pixbet telegramComércio do Estado da Virgínia", disse à BBC Mundo a porta-voz da National Grocers Association, uma associação das empresas do ramogrupo pixbet telegramsupermercados dos EUA. A BBC News Mundo é o serviçogrupo pixbet telegramespanhol da BBC.

A experiênciagrupo pixbet telegramCastro é excepcional quando comparada à realidade das centenasgrupo pixbet telegrammilharesgrupo pixbet telegramimigrantes vindos da América Central e do México, que são deportados todos os anos ou vivem nos EUAgrupo pixbet telegramforma irregular.

O empresário contougrupo pixbet telegramhistória à BBC.

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Carlos Castro quando criança com seus irmãos,grupo pixbet telegramEl Salvador

Crédito, Cortesia Carlos Castro

Legenda da foto, Carlos Castro (esq.) junto com seus irmãosgrupo pixbet telegramMejicanos, El Salvador

Eu cresci no subúrbiogrupo pixbet telegramMejicanos,grupo pixbet telegramSan Salvador. Nossa casa era construída com pau a pique e tábuasgrupo pixbet telegrammadeira, e os vizinhos a chamavamgrupo pixbet telegram"casagrupo pixbet telegrampapelão". Eu era feliz, apesargrupo pixbet telegramter uma infância com muitas limitações.

Meu pai era pedreiro. Mas, infelizmente, sofria com o alcoolismo, e isso não lhe permitia prosperar. Mas ele era rigoroso e nos deu uma boa educação. Minha mãe era donagrupo pixbet telegramcasa. Veiogrupo pixbet telegramuma área rural e nunca foi à escola. Sabia apenas escrever o próprio nome.

Nós éramos 11 criançasgrupo pixbet telegramcasa. Ali perto havia um rio que ladeava uma bela montanha. Nós costumávamos passear por ali, pegávamos peixes com a mão no rio.

Aos 12 anosgrupo pixbet telegramidade, depoisgrupo pixbet telegramentrar na sexta série, comecei a trabalhargrupo pixbet telegramconstruções e a estudar durante a noite.

Estudei engenharia industrial e consegui emprego como técnico numa empresa americana.

Ao longo dos anos, testemunhei a influência das ideiasgrupo pixbet telegramesquerda nos sindicatos, que sempre organizavam protestos. As coisas estavam cada vez mais perigosas do país, até que estourou o conflito armado.

Vi mortos nas ruas. Na minha área houve violência e chegaram a atirar na nossa direção uma vez, mas graças a Deus não nos pegaram.

Esta era a situação quando alguém me ofereceu ajuda para ir aos Estados Unidos.

Com a mente a mil por hora, pensei sobre a situação que estávamos vivendo e considerei que o mais seguro era ir embora.

Chegueigrupo pixbet telegramcasa, contei à minha mãe sobre o meu plano. Ela começou a chorar e me avisougrupo pixbet telegramtodos os problemas que eu teria ao deixar o meu lugar.

Carlos Castro emgrupo pixbet telegramgraduação,grupo pixbet telegramEl Salvador

Crédito, Carlos Castro

Legenda da foto, Castro cursougrupo pixbet telegramengenharia, mas não pode continuar os estudos: a universidade fechou durante o conflitogrupo pixbet telegramEl Salvador

A captura no Texas

Eu tinha 25 anos quando vim pela primeira vez aos Estados Unidos, no anogrupo pixbet telegram1980. Vinha com um "coiote", recebendo ordens.

Atravessamos o Rio Grande para o lado texano e me lembrogrupo pixbet telegramquando caí na lama da margem do rio: sentia como se estivesse salvando minha vida ao chegar ao outro lado.

Mas, um pouco mais adiante, fomos parados pela patrulha fronteiriça e me deportaram, depoisgrupo pixbet telegrampassar 45 dias num centrogrupo pixbet telegramdetençãogrupo pixbet telegramEl Paso.

Quando fomos abordados pelos agentes, eu engoli a foto do passaporte e joguei o documento no carro. Queria que os agentes achassem que eu era mexicano, o que não aconteceu. No final, o consuladogrupo pixbet telegramEl Salvador fez a intermediação para que eu fosse devolvido ao meu país.

No centrogrupo pixbet telegramdetenção, nos pagavam um dólar por dia para trabalharmos. Assim, comecei a trabalhar na limpeza dos escritórios dos funcionários.

Às vezes, nos presenteavam com coisas que as pessoas doavam para os detidos. Havia uma lojinha lá com umas roupas legais, então eu voltei para El Salvador não só com os dólares, mas também com roupas para os meus irmãos.

Voltei para casa com muita vergonha. A primeira coisa que pensei foigrupo pixbet telegramvender minha moto a um amigo do meu pai, por US$ 1.000,grupo pixbet telegrammodo que pudesse voltar aos EUA. Ele me disse que não precisava da moto; que me emprestaria os US$ 1.000 porque tinha certezagrupo pixbet telegramque eu devolveria.

Nova tentativa

Me escondi durante uma semana e depois peguei a estrada novamente.

No caminho, conhecemos uma senhora muito bondosa, que nos ajudou. Ela nos mandou a um "coiote" que atravessou a fronteira conosco. Chegamos a Los Angeles e,grupo pixbet telegramlá, parti para Washington D.C.

Meu primeiro trabalho foi lavando latrinas. Pouco tempo depois, me subiramgrupo pixbet telegramcategoria para lavadorgrupo pixbet telegrampratos e depois para ajudantegrupo pixbet telegramcozinha, mas não aguentei o calor dos fogões e tivegrupo pixbet telegramdeixar aquele emprego.

Comecei a trabalhar numa construção, e me aborrecia por tergrupo pixbet telegrampassar o dia todo sujo. Mas um dia me ofereceram um trabalho com demolição, e perceberam que eu sabia ler plantas (arquitetônicas).

Carlos Castro quando jovem

Crédito, Cortesia Carlos Castro

Legenda da foto, Um emprego na construção civil permitiu a Carlos começar a ganhar um pouco maisgrupo pixbet telegramdinheiro

Conheci minha esposa quando eu tinha 22 anos. Ela imigrou para os EUA dois anos depoisgrupo pixbet telegrammim, e começou a trabalhar como babá. Foi através dela que conseguimos a documentação necessária para permanecer no país.

Início da prosperidade

No anogrupo pixbet telegram1986, nosso esforço finalmente começou a dar frutos. Comprei meu primeiro carro novo, tivemos uma filha e nos concederam o direitogrupo pixbet telegramresidir nos EUA.

O trabalho também estava indo bem. Cheguei a ganhar um contratogrupo pixbet telegramconstruçãogrupo pixbet telegramUS$ 50 mil, o que era muito dinheiro para mim.

A ideiagrupo pixbet telegramcomeçar um negócio maior surgiu na festagrupo pixbet telegramuma amiga na cidadegrupo pixbet telegramWoodbridge, no Estado da Virgínia. Ela comentou que não havia nenhuma mercearia que vendesse comidas típicas latinas ali, apenas uma mexicana. "Por que você não monta uma?", me perguntou.

Eu ri. Não tinha a menor ideiagrupo pixbet telegramcomo montar um supermercado. Mas, dali a pouco, com outros amigos, falamosgrupo pixbet telegramfazer algo, e a ideiagrupo pixbet telegramum supermercado me agradava. Assim, decidi fazê-lo.

Para começar, investimos US$ 160 mil. Hipotecamos nossa casa duas vezes.

Batizamos a lojagrupo pixbet telegram"La Cuzcatleca",grupo pixbet telegramhomenagem a Cuzcatlán, o nome antigogrupo pixbet telegramEl Salvador. Mas logo percebi que as pessoas achavam que era apenas uma lojagrupo pixbet telegramprodutos salvadorenhos, quando na verdade vendíamos coisasgrupo pixbet telegramtodos os países latinos. Por isso, mudamos o nome para "Todos".

A fachada do supermercado Todos

Crédito, Cortesia Carlos Castro

Legenda da foto, Castro egrupo pixbet telegrammulher, Gladis, decidiram mudar o nome da loja:grupo pixbet telegram"La Cuzcatleca" para "Todos". Esta é a loja principal hoje, muito maior que a primeira

No terceiro ano depoisgrupo pixbet telegramabrir, estávamos quebrados financeiramente e cansados. Nosso sócio já não queria investir, nem ajudar, e um dia apareceu um homem com uma ofertagrupo pixbet telegramcompra.

Naquela noite eu parei para olhar os números com cuidado. Me dei contagrupo pixbet telegramque na verdade o negócio estava gerando lucro - a questão é que estávamos crescendo rapidamente também, e todo o dinheiro era reinvestido na compragrupo pixbet telegramprodutos ou com o pagamentogrupo pixbet telegramsalários.

No dia seguinte, eu pedi desculpas ao interessado e disse que tínhamos mudadogrupo pixbet telegramideia a respeito da venda. Com 5 anos a loja estava estabelecida, e com 10 anos finalmente pude considerar que estava me pagando um bom salário.

Hoje, empregamos 190 pessoas, temos duas lojas na Virgínia e nossa projeçãogrupo pixbet telegramfaturamento bruto égrupo pixbet telegramR$ 30 milhões para este ano.

Carlos Castro egrupo pixbet telegramfamíliagrupo pixbet telegramum evento do supermercado

Crédito, Cortesia Carlos Castro

Legenda da foto, Castro (esq.) com a mulher (dir.) e os três filhos, ao centro

95% dos nossos empregados são latinos. Eu tentei recrutar americanos, mas uma empresa latina não é interessante para eles, a menos que seja na área financeira ougrupo pixbet telegramtecnologia.

A experiência me mostrou que há um certo preconceito contra empresasgrupo pixbet telegramdonos hispânicos: as pessoas acreditam que há irregularidades ou que a empresa é descontrolada e acumula dívidas.

Mas o fatogrupo pixbet telegramsermos uma empresa latina não é uma mancha indelével. Podemos ser honestos, pagar nossos impostos e crescer com boas práticas, na medidagrupo pixbet telegramque avançamos tecnicamente.

Agora, temos uma bela equipe, que cuida da empresa e faz um excelente trabalho. Isso permite que minha esposa e eu possamos viajar, e vamos com frequência para El Salvador.

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