O perigo escondido no iogurte que você consome:jogo crash betano
O consumojogo crash betanoexcessojogo crash betanoaçúcar é comum entre brasileiros e está associado um maior riscojogo crash betanodoenças crônicas não transmissíveis, como diabetes.
"O resultado desse estudo é muito preocupante, porque iogurtes são vendidos como produtos saudáveis e são muito consumidos por crianças", diz a nutricionista Ana Clara Duran, do Núcleojogo crash betanoEstudos e Pesquisasjogo crash betanoAlimentação da Unicamp.
"Quando ele é natural, éjogo crash betanofato saudável, mas, depois que recebe corante, açúcar e outros aditivos, vira um produto ultraprocessado. O pai ou a mãe acha que está fazendo algo legal ao dar iogurte para o filho, mas não está. E isso é preocupante também para adultos, porque 54% da população está acima do peso e quase 20% está obesa."
No entanto, os consumidores brasileiros dificilmente têm como saber a quantidadejogo crash betanoaçúcar dos iogurtes vendidos no país.
Os fabricantes não são obrigados a informar seu teor nas tabelas nutricionais dos produtos disponíveis por aqui - e apenas uma pequena parcela deles o faz voluntariamente.
Mas há uma proposta para mudar issojogo crash betanodebate na Agência Nacionaljogo crash betanoVigilância Sanitária (Anvisa).
Tão açucarado quanto refrigerante
A pesquisa britânica analisou 921 produtos vendidos pela internet por cinco das maiores redesjogo crash betanosupermercados do país, que respondem por 75% do mercado.
Eles foram divididosjogo crash betanooito categorias mais comumente usadas pelos supermercados: infantil, sobremesas, alternativas a produtos lácteos, saborizados,jogo crash betanofrutas (in natura ou na formajogo crash betanopurê), natural/grego e orgânicos.
O estudo mostrou que a categoria que mais contém açúcar é ajogo crash betanosobremesas, com 16,4g a cada 100g do produtojogo crash betanomédia. No entanto, foram incluídos produtos que não contêm iogurte ou queijo cremoso, como moussejogo crash betanochocolate e cremesjogo crash betanocaramelo, o que influenciou neste resultado.
A segunda categoria mais açucarada foi ajogo crash betanoiogurtes orgânicos, com 13,1g a cada 100g. Os infantis contêm 10,8g a cada 100g.
O refrigerante à basejogo crash betanocola mais popular do mercado contém 10,6g a cada 100ml.
Quanto açúcar há nos iogurtes?
jogo crash betano Sobremesas - 16,4g a cada 100g
jogo crash betano Orgânicos - 13,1g a cada 100g
jogo crash betano Saborizados - 12g a cada 100g
jogo crash betano Com fruta - 11,9g a cada 100g
jogo crash betano Infantis - 10,8g a cada 100g
jogo crash betano Alternativas a produtos lácteos - 9,2g a cada 100g
jogo crash betano Bebidas lácteas - 9,1g a cada 100g
jogo crash betano Natural e grego - 5g a cada 100g
Para serem classificados como produtos com baixo teorjogo crash betanoaçúcar, os iogurtes devem ter no máximo 5g a cada 100g. Só 9% dos produtos pesquisados pelos pesquisadores da Universidadejogo crash betanoLeeds se encaixam nisso.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que açúcares livres, o que inclui aqueles adicionados a alimentos industrializados, não ultrapassem 10% da ingestão calórica diária, o equivalente a 50g. Maiores benefícios à saúde podem ser obtidos se este índice forjogo crash betano5%, ou 25g.
O limitejogo crash betano5% é o recomendado pela Associação Americana do Coração, organização sem fins lucrativos dedicada ao combatejogo crash betanodoenças cardíacas e vasculares, para crianças entre 2 e 12 anos. Aquelas com menosjogo crash betano2 anos não devem consumir nenhum açúcar livre.
Maioria dos produtos brasileiros não informa quantidadejogo crash betanoaçúcar
No Brasil, os consumidores não têm como saber a quantidadejogo crash betanoaçúcar presente na grande maioria dos produtos industrializados.
As regras para os rótulosjogo crash betanoalimento são estabelecidas pela Anvisa, e a norma atual para tabelas nutricionais, vigente desde 2003, não obriga fabricantes a informar o teorjogo crash betanoaçúcar do alimento.
"Não havia na épocajogo crash betanoque foram estabelecidas essas regras tantas evidências associando o consumojogo crash betanoaçúcarjogo crash betanoalimentos ultraprocessados e seu impacto como causajogo crash betanodoenças crônicas, como diabetes, o excessojogo crash betanopeso e cárie dental", explica a nutricionista Ana Paula Bortoletto, líder do programajogo crash betanoAlimentação Saudável do Instituto Brasileirojogo crash betanoDefesa do Consumidor (Idec).
"As empresas dizem que não informam isso por ser um segredojogo crash betanofabricação e porque não são obrigadas a fazer. Acreditam que é uma estratégiajogo crash betanomercado ou querem ocultar esse dado."
Duran, da Unicamp, diz que, diante da falta da obrigatoriedade, a maior parte dos produtos vendidosjogo crash betanosupermercados brasileiros não traz essa informação.
"Quando isso ocorre, a empresa tem algum interessejogo crash betanoinformar isso, porque quer ressaltar que se tratajogo crash betanoum produto com baixo teorjogo crash betanoaçúcar, ou porque internacionalmente já se preocupajogo crash betanoinformar isso e faz o mesmo no Brasil", diz Duran.
O único indício que o brasileiro tem hojejogo crash betanoque um produto contém muito açúcar é a listajogo crash betanoingredientes presente no rótulo. Aparecem primeiro aqueles que foram usadosjogo crash betanomaior quantidade na fabricação. Mas um obstáculo é que os fabricantes muitas vezes usam vários tiposjogo crash betanoaçúcar, explica Bortoletto.
"Ele pode ser empregado como xarope, maltose, frutose. Então,jogo crash betanovezjogo crash betanoestar agrupado, o açúcar surge nesta listajogo crash betanoforma diluída, e, mesmo querendo saber quanto foi usado no produto, o consumidor não tem como descobrir se tem bastante açúcar ou não."
Ao mesmo tempo, a maioria dos brasileiros costuma consumir açúcar demais. A Pesquisajogo crash betanoOrçamentos Familiaresjogo crash betano2008/2009, a mais recente a tratar do tema, identificou esse hábitojogo crash betano61,3% da população.
Na média, a ingestãojogo crash betanoaçúcar livre foijogo crash betano14% do total calórico diário, acima dos 10% recomendados pela OMS - quando supera esse limite, o consumo é considerado excessivo.
"O consumojogo crash betanoaçúcar vem aumentando no Brasil, mas não ojogo crash betanomesa e sim aquele adicionado a alimentos ultraprocessados, porque é um ingrediente barato, e a indústria se aproveita disso e coloca uma quantidade elevada, o que adapta o paladar do consumidor a consumir coisas cada vez mais doces", diz Bortoletto.
Duran destaca que esse hábito pode ser especialmente nocivo na infância. "Isso pode acostumar o paladar da criança pela vida inteira, fazendo com que prefira alimentos mais doces."
As nutricionistas ouvidas pela BBC News Brasil concordam que a ausência do teorjogo crash betanoaçúcar na tabela nutricional é prejudicial ao consumidor.
"É grave, porque o consumo deste ingrediente passa despercebido e ocorre sem controle. Não é fácil saber quanto açúcar temjogo crash betanouma bolacha recheada, por exemplo. É ruim não ter acesso a esse dado, considerando que o consumojogo crash betanoprodutos ultraprocessados está aumentando", diz Bortoletto.
"As pessoas não têm como fazer uma escolha consciente do que vão comer. Ficam dependentes das informações destacadas no rótulo, que são sempre positivas, como dizer que um produto é ricojogo crash betanofibras ou integral."
Duran defende ser urgente informar melhor o consumidor para tentar reduzir a incidênciajogo crash betanodoenças relacionadas ao consumo excessivo desta substância.
"O açúcar é um dos nutrientes que tem uma relação mais forte com males crônicos não transmissíveis, como obesidade, diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. Não informar seu teor contribui para que as pessoas tenham uma dieta inadequada e para uma maior prevalência destes problemas."
Mudança está sendo debatida pela Anvisa
Uma mudança neste sentido está sendo debatida pela Anvisa para obrigar os fabricantes a informar nas tabelas os açúcares totais e adicionaisjogo crash betanoalimentos.
Um relatório preliminar foi aprovadojogo crash betanomaio deste ano e, agora, estájogo crash betanofasejogo crash betanoconsulta pública para a elaboração da nova norma, segundo informou a agência à BBC News Brasil.
As alterações incluiriam padronizar as informações nutricionais contidas na tabela nutricionaljogo crash betanoporçõesjogo crash betano100g ou 100ml - hoje, a quantidade da porção informada varia.
Os produtos trariam ainda na parte da frente do rótulo um indicativo do alto teorjogo crash betanoingredientes que, se consumidosjogo crash betanoexcesso, podem fazer mal à saúde, como açúcar, sódio e gordura.
Uma das propostas, apresentada pelo Idec, é que haja um sinaljogo crash betanoalerta na parte da frente do produto. No entanto, a indústria defende a adoçãojogo crash betanooutro modelo, inspiradojogo crash betanoum semáforo,jogo crash betanoque as cores verde, amarela e vermelha indicariam se as quantidades estão dentro das recomendadas.
Em defesa deste modelo, a Associação Brasileira das Indústriasjogo crash betanoRefrigerantes e Bebidas não Alcóolicas (Abir) divulgou no ano passado uma pesquisa feita pelo Ibope que apontava que 67% dos participantes preferiam o semáforo nutricional ao alerta.
Bortoletto, do Idec, diz que o sistemajogo crash betanocores pode estimular o consumojogo crash betanoprodutos não saudáveis. "Um refrigerante pode ter, por exemplo, um sinal verde para sódio e gordura."
Porjogo crash betanovez, Duran, da Unicamp, diz que a literatura científica disponível aponta que a proposta da indústriajogo crash betanoalimentos não é a mais eficaz. "A proposta do Idec é mais clara e objetiva e facilita que o consumidor tome uma decisão na hora da compra."
Bortoletto explica que, após a fasejogo crash betanoconsulta pública ser concluída, a expectativa é que uma nova norma seja aprovada no início do próximo ano. "Os fabricantes terão então um prazojogo crash betanoum ano para se adequar a ela. Se tudo der certo,jogo crash betano2020, a gente vai ter rótulos melhores."