Por que um processo contra Harvard ameaça políticasgreen sportsbetação afirmativagreen sportsbetuniversidades dos EUA:green sportsbet

Crédito, Divulgação/Harvard University

Legenda da foto, Ação acusa universidadegreen sportsbetdiscriminar estudantesgreen sportsbetorigem asiática

Segundo os autores do processo, Harvard estaria manipulando certos aspectos do sistemagreen sportsbetadmissão para limitar o númerogreen sportsbetcalourosgreen sportsbetorigem asiática aceitos a cada ano, e assim manter inalterado o percentualgreen sportsbetcada raçagreen sportsbetseu corpogreen sportsbetestudantes.

A petição da SFFA afirma que, como candidatos asiáticos costumam se sair melhor que estudantes brancos ougreen sportsbetoutras raçasgreen sportsbetcategorias objetivas, como desempenho acadêmico e atividades extracurriculares, a universidade reduz suas notasgreen sportsbetcritérios subjetivos, como "avaliação pessoal", "compaixão", "simpatia" e outros quesitos difíceisgreen sportsbetquantificar. Assim, alegam, esses candidatos acabariam perdendo a vaga para alunos brancos, negros e latinos menos qualificados.

A SFFA argumenta que essa prática discriminatória é uma violação dos direitos civis dos estudantes asiáticos, que são penalizados porgreen sportsbetraça, e equivale a um sistemagreen sportsbetcotas, o que é proibido nos Estados Unidos. A acusação chega a traçar uma comparação com os esforços da universidade nos anos 1920 para restringir o númerogreen sportsbetjudeus.

"Queremos um processogreen sportsbetadmissão racialmente neutro", disse à BBC News Brasil Manga Anantatmula, uma das diretoras da Asian-American Coalition for Education (Coalizão Asiática-Americana para Educação), grupo formadogreen sportsbet2014 e que apoia os autores da ação.

Defesa nega preconceito

A universidade nega quegreen sportsbetpolíticagreen sportsbetadmissão seja discriminatória e diz que a raça dos candidatos é apenas um entre vários fatoresgreen sportsbetuma abordagem "holística", e nunca é consideradagreen sportsbetmaneira negativa.

"Nosso processogreen sportsbetadmissão não discrimina ninguém (por raça)", afirma o presidentegreen sportsbetHarvard, Lawrence S. Bacow. "Estou confiantegreen sportsbetque as evidências apresentadas no julgamento irão estabelecer esse fato."

Crédito, Divulgação/Harvard University

Legenda da foto, Defesa da universidade diz que políticagreen sportsbetadmissão é considerada modelo e necessária para garantir diversidade no campus

A defesa lembra que o sistemagreen sportsbetHarvard é considerado modelo no país desde que foi elogiado pela Suprema Corte,green sportsbet1978,green sportsbetuma decisão que proibiu o usogreen sportsbetcotas mas manteve a possibilidadegreen sportsbetque universidades considerem raça como um entre vários critériosgreen sportsbetadmissão, com o objetivogreen sportsbetassegurar um ambientegreen sportsbetdiversidade nas instituiçõesgreen sportsbetensino superior.

No primeiro diagreen sportsbetjulgamento, o advogadogreen sportsbetHarvard, Bill Lee, garantiu que a universidade não adota um sistemagreen sportsbetcotas, mas disse que eliminar qualquer consideração sobre raça do processogreen sportsbetseleção resultariagreen sportsbetdeclínio na diversidade, colocandogreen sportsbetrisco o que a instituição considera parte fundamentalgreen sportsbetsua missão.

A universidade também ressalta que maisgreen sportsbet95% dos candidatos costumam ser rejeitados. No último ano, dos 42.749 inscritos, apenas 1.962 conquistaram uma vaga. Desses, 23% eram asiáticos, apesargreen sportsbeto grupo representar apenas 6% da população americana. Outros 15% eram negros e 12%, latinos.

Segundo a defesa, como a maioria dos maisgreen sportsbet40 mil inscritos a cada ano é altamente qualificada academicamente, a universidade é obrigada a considerar outros aspectos para decidir quem é aceito. Alémgreen sportsbetdesempenho acadêmico, são considerados também critérios como atividades extracurriculares, desempenho atlético, recomendaçãogreen sportsbetprofessores, histórico familiar e as "notas pessoais".

Mas críticos afirmam que é difícil calcular o real peso da raça dos candidatos no processogreen sportsbetseleçãogreen sportsbetHarvard, que é envoltogreen sportsbetsegredo, assim como ocorregreen sportsbetoutras instituiçõesgreen sportsbetelite.

Ação afirmativa

O advogadogreen sportsbetacusação, Adam Mortara, ressaltou ao tribunal que "o futuro da ação afirmativa não estágreen sportsbetjulgamento", e sim as práticasgreen sportsbetHarvardgreen sportsbetrelação a candidatos asiáticos. Mas o idealizador da ação e fundador da SFFA é Edward Blum,green sportsbet66 anos, ativista conservador que há anos vem lutando para acabar com o usogreen sportsbetpreferências raciaisgreen sportsbetqualquer aspecto da vida pública.

Blum, que é branco, já moveu maisgreen sportsbet20 processos contra usogreen sportsbetação afirmativa e conseguiu que doisgreen sportsbetseus casos chegassem à Suprema Corte (a mais alta instância da Justiça americana). Em 2013, foi vencedor ao contestar partes da lei dos Direitosgreen sportsbetVotogreen sportsbet1965 que exigiam que Estados com históricogreen sportsbetdiscriminação racial obtivessem permissão federal antesgreen sportsbetmudar leis eleitorais.

Em 2016,green sportsbetaçãogreen sportsbetnomegreen sportsbetuma estudante branca que contestava a consideraçãogreen sportsbetraça no processogreen sportsbetseleção na Universidade do Texas, a decisão foi desfavorável a Blum. Na época, a Suprema Corte confirmou que o sistema da universidade era legal.

Além do processo contra Harvard, a SFFA também está movendo ação contra o usogreen sportsbetraça pela Universidade da Carolina do Nortegreen sportsbetChapel Hill, mas ainda não há data para esse julgamento.

As ações afirmativas são herança do movimentogreen sportsbetluta por direitos civis dos anos 1960 nos Estados Unidos, mas seu uso é bastante limitado. Na Califórnia egreen sportsbetoutros sete Estados, é ilegal considerar raça entre os critériosgreen sportsbetadmissãogreen sportsbetinstituiçõesgreen sportsbetensino.

Crédito, Divulgação/Harvard University

Legenda da foto, No último ano, 42.749 pessoas se candidataram a Harvard, mas apenas 1.962 conquistaram uma vaga

Mesmo quando seu uso é permitido, as instituições ainda assim enfrentam dificuldadesgreen sportsbetatingir as metasgreen sportsbetdiversidade emgreen sportsbetpopulação estudantil. Nas universidadesgreen sportsbetelite, calcula-se que negros representem apenas 4% e latinos 11% dos alunos.

Alguns sugerem alternativas, como a consideraçãogreen sportsbetcondições socioeconômicosgreen sportsbetvezgreen sportsbetraça, mas críticos costumam argumentar que universidades que adotam esse tipogreen sportsbetsistema, como na Califórnia, fracassam na tentativagreen sportsbetformar um corpogreen sportsbetestudantes compatível com a diversidade racial do Estado.

Defensores do usogreen sportsbetação afirmativa ressaltam que um ambiente acadêmico que reflita a diversidade da sociedade é importante para a formação dos estudantes.

Minoria penalizada

Ações anteriores que questionavam na Justiça o usogreen sportsbetraçagreen sportsbetinstituiçõesgreen sportsbetensino tinham como protagonistas brancos que se diziam prejudicados pela preferência dada a negros ou latinos, grupos minoritários que costumam ser beneficiados por ações afirmativas.

O julgamento atual, no entanto, é diferente ao alegar que esse sistema está na verdade penalizando uma minoria, os asiáticos,green sportsbetfavor tantogreen sportsbetbrancos quantogreen sportsbetoutros grupos raciais.

A comunidadegreen sportsbetorigem asiática parece estar dividida sobre o tema. Pesquisas revelam que cercagreen sportsbetdois terços apoiam o usogreen sportsbetação afirmativa, mas entre alguns grupos, como os americanosgreen sportsbetorigem chinesa, esse apoio cai para 38%.

Críticos acusam Blumgreen sportsbetexplorar os estudantes asiáticos para fazer avançar uma agenda que prejudica o interessegreen sportsbetminorias raciais. O ativista costuma ser criticado por buscar ativamente litigantes que se encaixemgreen sportsbetsuas causas. Desta vez, com a criação da SFFA, ele reuniu americanosgreen sportsbetorigem asiática, muitos delesgreen sportsbetprimeira geração egreen sportsbetorigem chinesa.

"A SFFA propagou o mito da minoria modelo (comumente associado à comunidade asiática nos Estados Unidos) e usou americanosgreen sportsbetorigem asiática - que enfrentam estereótipos raciais e discriminação assim como todas as minorias - para ganho político", disse Dennis Parker, diretor do Programagreen sportsbetJustiça Racial da organizaçãogreen sportsbetdireitos civis União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na siglagreen sportsbetinglês), que apoia a universidade no julgamento.

Mas alegaçõesgreen sportsbetque Harvard e outras universidadesgreen sportsbetelite discriminam asiáticos são antigas. Há relatosgreen sportsbetestudantes que chegam a escondergreen sportsbetorigem asiática na inscrição para ter mais chancegreen sportsbetaprovação.

"Mesmo se for provado que há discriminação contra asiáticos, a solução não é eliminar a consideraçãogreen sportsbetraça do processogreen sportsbetadmissão", disse à BBC News Brasil a advogada Nicole Gon Ochi, da organizaçãogreen sportsbetdireitos civis Asian Americans Advancing Justice - Los Angeles, fundadagreen sportsbet1983.

"Isso reduziria dramaticamente as oportunidades para milhõesgreen sportsbetestudantesgreen sportsbetcor, inclusive osgreen sportsbetorigem asiática", salienta.

A advogada ressalta que este é um grupo muito diverso e que estudantesgreen sportsbetorigem asiáticagreen sportsbetbaixa renda costumam se sair melhorgreen sportsbetprogramasgreen sportsbetadmissão que consideram a raça dos candidatos.

Suprema Corte

Na véspera do julgamento, manifestações contra e a favorgreen sportsbetHarvard, ambas com a participaçãogreen sportsbetasiáticos, tomaram as ruasgreen sportsbetBoston e Cambridge, onde fica o campus da instituição.

Vários alunos e ex-alunosgreen sportsbetorigem asiática, alguns representados por Ochi, pretendem testemunhargreen sportsbetfavor da universidade e ressaltar a importância da diversidade na instituição. Outras universidadesgreen sportsbetelite também estão apoiando Harvard.

O Departamentogreen sportsbetJustiça também está investigando,green sportsbetprocesso separado, outras denúnciasgreen sportsbetdiscriminação contra Harvard e Yale.

Em julho, o governo do presidente Donald Trump reverteu uma determinação da administração anterior e orientou instituiçõesgreen sportsbetensino a limitar o usogreen sportsbetraça na admissãogreen sportsbetalunos.

Observadores afirmam que, seja qual for o resultado do julgamento, é provável que o caso avance para a Suprema Corte, o que poderia colocargreen sportsbetrisco o futuro das ações afirmativas no país inteiro, com uma decisão aplicada a todas as universidades, e não apenas Harvard.

Da última vez que a prática foi questionada,green sportsbet2016, o juiz Anthony Kennedy se aliou aos liberais da corte e deu o voto decisivo para a manutenção do usogreen sportsbetraça no processogreen sportsbetadmissão. Mas Kennedy se aposentou neste ano e, com seu substituto, Brett Kavanaugh, a composição da corte é considerada agora mais conservadora.

A possibilidade agrada aos apoiadores da ação.

"Esse é apenas o começo da nossa luta, temos um longo caminho pela frente", destaca Anantatmula.

"São necessárias mudanças legislativas para consertar esse sistema."

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