Como provei que a 'viúva negra' que assassinou meu irmão era culpada:esporte da

Fotografiaesporte daPhil Nisbet, carregada pelo irmão, Andrew

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Graças às provas coletadas pela irmãesporte daPhil Nisbet, mortoesporte da2009, Helen Milner foi condenada à prisão perpétua

esporte da Quando Phil Nisbet morreu,esporte damaioesporte da2009, as cartelas vaziasesporte dacomprimido encontradas pelas autoridades fizeram parecer que foi suicídio.

Mas não demorou para que Lee-Anne Cartier,esporte dairmã, começasse a suspeitar da mulher do irmão - e conseguisse apresentar provas à polícia que não podiam ser ignoradas.

"O maior defeito dele era confiar demais nas pessoas", diz ela.

"Ele não percebia que havia gente ruim, capazesporte dafazer coisas ruins."

Phil era o mais velhoesporte daquatro irmãos, enquanto Lee-Anne é a mais nova - Andrew e Roger são os irmãos do meio.

Ela se lembraesporte daandar na garupa da motoesporte daPhil, quando ele a levou para a Girl's Brigade, quando tinha apenas oito anos.

E conta que ele era o "bonzinho" da família. "Não tinha pisadoesporte daum pub até os 21 anos."

Isso foi há cercaesporte da40 anos, na Nova Zelândia. Mais tarde, a maior parte da família foi morar na Austrália. Mas Phil ficou.

Ele tinha 47 anos e trabalhava como motoristaesporte dacaminhão quando Lee-Anne recebeu o telefonema devastador do pai. Era para avisar que Phil estava morto. Ele havia sido encontrado dentro do caminhão, e a polícia acreditava que ele havia se matado.

Phil Nisbet e Lee-Anne Cartier

Crédito, Lee-Anne Cartier

Legenda da foto, Phil Nisbet ao lado da irmã Lee-Anne Cartier

Ela não conseguia entender o que teria levado o irmão a cometer suicídio.

"Era tão estranho. Eu estava afastadaesporte daPhil há alguns anos, então não sabia o que estava acontecendo na vida dele. Ficava apenas pensando: 'O que diabos aconteceu?'"

A autópsia revelou que havia níveis elevadosesporte daum anti-histamínico, a que Phil era alérgico, no corpo dele. Neste momento, Lee-Anne sentiu apenas que precisava aceitar a hipóteseesporte dasuicídio.

"Não tínhamos mais nada a fazer", diz ela.

"Você ficaesporte dachoque, só absorvendo o que todo mundo está dizendo."

Lee-Anne ajudou a organizar o velório e viajou para a Nova Zelândia para se despedir do irmão, antes da cerimôniaesporte dacremação. Mas Helen Milner, esposaesporte daPhil, se recusou a deixá-la sozinha com ele.

As duas cortaram relações três anos antes,esporte da2006, quando Lance, filhoesporte daLee-Anne, ficou hospedado na casa do tio na Nova Zelândia - o adolescente irritou Helen, que ligou para a cunhada para reclamar, provocando a briga.

"É muito difícil dizer adeus quando você tem coisas a serem ditas, porque nós nos afastamos nesses anos, e quando a mulher que causou esse afastamento está lá", diz Lee-Anne.

Desde a discussão, ela só tinha visto o irmão uma vez, quando ele e a mulher visitaram seus pais na Austrália, alguns meses antesesporte daele morrer.

Helen Milner e Phil Nisbetesporte dajunhoesporte da2006

Crédito, Lee-Anne Cartier

Legenda da foto, Helen Milner e Phil Nisbetesporte dajunhoesporte da2006

Lee-Anne nunca foi fã da cunhada.

"Quando a conheci,esporte da2004, ela parecia ser a típica donaesporte dacasa", conta. "Mas, quando nos encontramos novamente, percebi que ela não era totalmente estável."

Em uma viagem à Nova Zelândia, Lee-Anne foi até a casa do irmão e encontrou Phil "em pânico".

"Helen tinha tentado tomar uma overdoseesporte dainsulina, para se matar, ou pelo menos foi o que ela disse a Phil", recorda-se. "Eu entrei para falar com ela, que dizia: 'Eu poderia muito bem morrer', e não foi a primeira vez que ela falou isso."

Então, quando Lance estava hospedado na casa do tioesporte da2006, Lee-Anne percebeu que Helen estava por trásesporte dauma conversa estranha que Phil teve com o sobrinhoesporte daum pub.

A conversa foi sobre Karen, a primeira mulher dele, mãeesporte daseu filho mais novo, Ben.

"Phil perguntou a Lance se ele poderia encontrar alguém para acabar com Karen, para fazer algo como colocar fogo na casa para parecer um acidente", conta.

"Lance correu para casa e me ligou desesperado. Eu disse para ele ignorar: 'Não converse mais com eles sobre isso'."

Lee-Anne acredita que Helen ainda via Karen como uma possível rival e queria que ela saísse do seu caminho. Mas, na época, tudo parecia tão absurdo que ela não avisou a polícia.

Após a morte do irmão, ela começou a ter mais contato com Helen, e ficou surpresa quando a cunhada disse que Phil havia morrido na cama do casal - e não dentro do caminhão, como haviam dito a ela inicialmente.

Depois do funeral, quando Lee-Anne já estavaesporte davolta à Austrália, Helen ligou para avisar que havia encontrado uma cartaesporte dasuicídio.

"A carta que ela leu dizia que ele descobriu que Ben não era seu filho, e não poderia encará-lo novamente."

Helen também contou que o diretor da funerária havia coletado uma amostraesporte daDNA do corpoesporte daPhil, e que uma análise do material mostrou que praticamente não havia chanceesporte daele ser paiesporte daBen.

Se isso fosse verdade, Ben não teria direito à apóliceesporte daseguroesporte davidaesporte daPhil, ressalta Lee-Anne.

Lee-Anne Cartier segura urna com as cinzasesporte daPhil - ao ladoesporte daoutro irmão, Andrew, e do sobrinho

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Legenda da foto, Lee-Anne Cartier segura urna com as cinzasesporte daPhil - ao ladoesporte daoutro irmão, Andrew, e do sobrinho

Logo após o telefonema, Lee-Anne voou à Nova Zelândia para participar da festaesporte daaniversárioesporte da21 anos do filho. Ela ficou hospedada na casaesporte daHelen, que, na primeira noite, mostrou a ela a suposta cartaesporte dasuicídio.

"Abri a carta e vi que tinha sido digitada", revela.

"Meu próximo choque foi olhar para o pé da carta, onde estava a assinatura, e ver que não era a letra do Phil. Então eu comecei a dizer para mim mesma: 'Meu Deus, ela matou ele'. Foi neste momento que todas as peças do quebra-cabeça se encaixaram."

Na mesma hora, Lee-Anne também percebeu que poderia estaresporte daperigo.

"Eu estava gritando por dentro e, ao mesmo tempo, meio paralisada, pensando: 'Não posso deixar ela notar que eu sei.' Eu estava lá sentada, remoendo: 'O que eu faço, o que eu faço?'"

Ela foi até o quarto e colocouesporte damala contra a porta. A casa ficava fora da cidade. Levaria pelo menos uma hora para caminhar até algum lugar seguro. E ela sabia que, se saísse naquele momento, Helen perceberia que ela tinha descoberto a verdade.

Ela tentou enviar uma mensagemesporte datexto para o namorado na Austrália, mas descobriu que não tinha crédito suficiente no telefone.

Estava presa e sozinha.

"Eu tinha certeza que ela não faria nada comigo porque seria muito suspeito aparecerem duas pessoas mortas na casa dela", diz. "Meus filhos sabiam onde eu estava, isso era um bônus, mas foi bem assustador."

No dia seguinte, era a festaesporte daaniversárioesporte daLance, e Lee-Anne teve que tomar uma decisão difícil.

"Me senti traindo meu filho ao levá-la comigo", conta. "Ele sempre foi tão próximo ao Phil, e eu levei a assassina do tio para o aniversárioesporte da21 anos dele - mas eu não tinha alternativa."

"Decidi que ia entrar no jogo dela e ver que evidências conseguia coletar para levar à polícia naquela semana."

Lee-Anne falou com o policial responsável pelo caso sobre a suposta cartaesporte dasuicídio. E compartilhou suas suspeitas. As pessoas não digitam cartasesporte dasuicídio, ele disse a ela, e passou a informação para outros oficiais.

Ela voltou então para a Austrália e contou ao resto da família o que tinha descoberto.

Seu próximo passo foi conversar com o diretor da funerária, que teria coletado a amostraesporte daDNA. Ele negou veementemente a história.

Ela requisitou então um testeesporte daDNA para comparar amostrasesporte daseus pais eesporte daBen, provando que ele eraesporte dafato neto deles.

E resolveu falar com os colegasesporte datrabalhoesporte daHelen, e o que eles contaram foi assustador:

"Eles a chamavamesporte da'viúva negra' pelas costas."

"Ela tinha perguntado a eles sobre venenoesporte darato. E disse para alguém que faria um trabalho na casa deles: 'Não se preocupe com Phil, ele não estará por perto por muito tempo'".

Enquanto conduzia as investigações, Lee-Anne tentou evitar que Helen suspeitasse que ela sabia a verdade. Para isso, precisava continuar amigável, perguntando sobreesporte dasaúde e respondendo às suas mensagens. Mas um dia não aguentou mais.

Helen Milner

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Legenda da foto, Helen Milner no banco dos réus

"As histórias foram ganhando tamanha proporção que eu perdi a cabeça. Disse a ela que sabia que tinha matado Phil e não precisava mais obter informações dela."

Lee-Anne entregou todas as evidências que coletou para a polícia. Mas, paraesporte dasurpresa, eles não fizeram nada e Helen permaneceu livre.

No ano seguinte à morteesporte daPhil, no entanto, ela descobriu que poderia solicitar a aberturaesporte daum inquérito no escritório do legista.

"Tivemos uma reunião prévia com a legista e eu levei as provas para mostrar que não era a assinaturaesporte daPhil na cartaesporte dasuicídio", conta Lee-Anne. "E quando ela pegou a papelada para me mostrar a carta, estava digitada, mas não havia nenhuma assinatura manuscrita - e eu desmoronei. Então, no inquérito real, eu questionei Helen sobre esse e outros assuntos".

Isso foiesporte danovembroesporte da2010. Seis meses depois, o parecer da legista foi divulgado:

"Considero que, com base nos fatos estabelecidos pelas evidências à minha frente, não consigo atingir o limiar necessário para atestar que foi suicídio", ela escreveu.

Neste momento, a polícia reabriu o caso, e Lee-Anne apresentou mais uma vez as provas que havia coletado.

"Minha única preocupação era se seria tarde demais para encontrar evidências capazesesporte daserem levadas aos tribunais e comprovadas", diz.

Mas Helen foi presa e acusada não apenasesporte daassassinato, mas tambémesporte daduas outras tentativas anterioresesporte dahomicídio contra o marido.

O julgamento aconteceuesporte dadezembroesporte da2013, com Helen sentada no banco dos réus e Lee-Anne prestando depoimento como testemunha.

"Me disseram que, ao ser testemunha, a defesa usaria o argumentoesporte daque eu queria me vingar dela, e que eu praticamente havia armado tudo."

E foi exatamente isso que aconteceu. Ela foi submetida a um interrogatório rigoroso - sob os holofotes da imprensa.

No último dia, quando o júri estava deliberando sobre a decisão, Lee-Anne e a família foram até o tribunal, levando as cinzasesporte daPhilesporte dauma urna, para ouvir a sentença:

Pela acusação da primeira tentativaesporte dahomicídio - inocente.

Pela acusação da segunda tentativaesporte dahomicídio- culpada.

Pela acusaçãoesporte daassassinato - culpada.

"Chorei, porque foi um alívio tão grande que, depoisesporte dauma luta tão longa, conseguimos o que queríamos: a verdade", conta Lee-Anne.

Lee-Anne Cartier

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Legenda da foto, Lee-Anne Cartier lê seu depoimento durante o julgamento

Para marcar o momento, Lance botou para tocar no telefone uma das músicas favoritas do tio - Two out of Three Ain't Bad, do cantor Meatloaf.

Helen foi condenada à prisão perpétua, mas pode requerer liberdade condicional após 17 anos.

A polícia parabenizou Lee-Anne pelo trabalhoesporte dadetetive e pediu desculpas pelo fracasso da primeira investigação.

Ela está estudando criminologia, na esperançaesporte daajudar outras pessoas a resolverem problemas com o sistema judiciário no futuro.

E ainda sente muita faltaesporte daPhil.

"Sempre que tinha um aniversário na família ou outro evento, Phil levava pavlova (uma sobremesa)", recorda-se. "Então, sempre que faço pavlova, lembro do Phil e penso: 'Ele que deveria estar fazendo isso. Ele deveria estar aqui, trazendo a pavlova'".

E por que Helen Milner matou o marido? Lee-Anne acredita que ela foi motivada pela ambição financeira - e,esporte daparticular, pela perspectivaesporte dareceber US$ 250 mil do seguroesporte davida dele.

"Como minha filha disse um dia: 'Por que ela não fez a coisa certa e se divorciou dele?'", argumenta Lee-Anne.

"Mas nunca se tratou disso. Todaesporte davida giravaesporte datornoesporte dadinheiro."

Após a saga, Lee-Anne escreveu um livro sobreesporte daexperiência chamado The Black Widow (A viúva negra,esporte datradução livre).