Da idade à tecnologia, entenda como diferentes fatores explicam a sensaçãocassinos clandestinos no brasilque o tempo está voando:cassinos clandestinos no brasil

Ilustraçãocassinos clandestinos no brasilrelógio no pulso

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Para responder a essas perguntas, a BBC Brasil conversou com pesquisadores das ciências naturais e sociais que vêm se dedicando ao tema. Spoiler: a percepção do tempo é um fenômeno altamente complexo, indo muito além da aparente ordem dos relógios e calendários que avançamcassinos clandestinos no brasilsintonia. É também ainda cercado por mistérios. Mas, sim,cassinos clandestinos no brasilgeral o tempo voa quando estamos nos divertindo - a questão é que nossa percepção sobre o tempo é uma quando falamos da vivência momentânea, e outra quando criamos uma memória sobre ela.

Se para você as badaladas dos sinoscassinos clandestinos no brasilNatal soam quase como um alarme, entenda como os fatores abaixo podem estar influenciando acassinos clandestinos no brasilpercepção sobre o tempo.

1. O 'paradoxo das férias': nossa percepção do tempo é uma quando estamos vivendo uma experiência, e outra quando lembramos dela

Ilustração mostra menina olhando para relógios e ampulhetas com asas

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No campocassinos clandestinos no brasilestudo sobre a percepção do tempo, há algo chamadocassinos clandestinos no brasil"paradoxo das férias" - a percepçãocassinos clandestinos no brasilum dado momentocassinos clandestinos no brasilque o tempo está passando rápido mas, quando lembradocassinos clandestinos no brasilretrospectiva, esse período parece longo, como quando estamoscassinos clandestinos no brasilférias.

O contrário também é verdadeiro. Pensecassinos clandestinos no brasilestarcassinos clandestinos no brasiluma filacassinos clandestinos no brasilbanco: ali, naquele momento, o tempo parece passar devagar mas, quando lembrado, pode parecer que nem existiu.

Em geral, essas duas situações podem ser explicadas por dois tiposcassinos clandestinos no brasilleitura que fazemos sobre o tempo: a percepção momentânea e o julgamento retroativo. Isso já foi apontado também pelo psicólogo Daniel Kahneman ao diferenciar o "eu da experiência" do "eu da lembrança".

"Na percepção do momentocassinos clandestinos no brasilsi, o julgamento depende muitocassinos clandestinos no brasilquanta atenção você está dando para a passagem do tempo. Já quando esse momento passa, parecem mais longos os períodoscassinos clandestinos no brasilque houve uma sucessãocassinos clandestinos no brasilvários eventos diferentes", explicou à BBC Brasil André Cravo, coordenador do Laboratóriocassinos clandestinos no brasilCognição Humana da UFABC.

Para o pesquisador, tal dualidade revela a complexidade da percepção do tempo - um processo que combina memórias, emoções, expectativas e sentidos.

"Quando falamoscassinos clandestinos no brasiltempo, esbarramoscassinos clandestinos no brasilmuitos processos cognitivos. De qualquer forma, o que quer que o cérebro esteja fazendo não há nada parecido como um relógio", diz Cravo, destacando que nossa "escala" diante do tempo vai desde os milissegundos necessários para escutar um som às variações diáriascassinos clandestinos no brasilnosso relógio biológico.

Um exemplo clássico neste debate é o do acidentecassinos clandestinos no brasilcarro, onde sobreviventes costumam relatar que sentiram como se o tempo tivesse desacelerado. Para verificar se pessoascassinos clandestinos no brasilsituaçãocassinos clandestinos no brasilmedo realmente passam por uma experiênciacassinos clandestinos no brasilcâmera lenta, cientistas da universidade americana Baylor College of Medicine in Houston fizeram voluntários saltarem com relógioscassinos clandestinos no brasilqueda livre. Nesses relógios, eram exibidos númeroscassinos clandestinos no brasiluma sequência cada vez mais acelerada. No teste idealizado pelos cientistas, se a percepção do tempo durante uma situaçãocassinos clandestinos no brasiladrenalina realmente virasse uma câmera lenta, os voluntários poderiam identificar mais números no relógio do quecassinos clandestinos no brasiluma situação normal.

Ilustração mostra homem lidando com o relógiocassinos clandestinos no brasildiversas situações

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Isso não aconteceu. Por outro lado, os participantes estimaram seu tempocassinos clandestinos no brasilqueda como 36% mais longo do que ocassinos clandestinos no brasiloutros voluntários. Para os pesquisadores, isso indicou que a sensação da maior duração não acontecia devido a uma experiênciacassinos clandestinos no brasilcâmera lenta, mas a como esta memória era registrada.

"De uma forma, eventos assustadores estão associados a memórias mais ricas e densas. E quanto mais memórias você temcassinos clandestinos no brasilum evento, mais você acha que ele durou", explicoucassinos clandestinos no brasilum comunicado à imprensa o neurocientista David Eagleman.

Claudia Hammond, psicóloga e autora do livro Time Warped: Unlocking the Mysteries of Time Perception ("Tempo distorcido: decodificando os mistérios da percepção do tempo",cassinos clandestinos no brasiltradução livre; sem versãocassinos clandestinos no brasilportuguês), diz que a riqueza das experiências também vale para memórias positivas.

"Você pode manipular isso, sentindo o tempo passar mais devagar ao preenchê-lo com coisas interessantes e variadas. Mesmo que isto signifique fazer um caminho diferente para o trabalho ou buscar coisas novas a cada semana", sugeriu Hammondcassinos clandestinos no brasilentrevista à BBC Brasil.

"Acho interessante que as pessoas normalmente fiquem chateadas com a sensaçãocassinos clandestinos no brasilque o tempo está passando rápido. Mas se você olha para as situações nas quais se sente que o tempo está passando devagar, elas normalmente são negativas: estão associadas à depressão, solidão, rejeição, doenças... Então,cassinos clandestinos no brasilalguma forma, se o tempo parece estar passando rápido, é um sinalcassinos clandestinos no brasilque você tem uma vida ocupada e interessante".

2. O tempo acelera conforme envelhecemos?

Ilustraçãocassinos clandestinos no brasilidosos dançando

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No projeto "Time", uma interface na internet criada pelo designer Maximilian Kiener, uma linha do tempo brinca com a relação entre a nossa idade e o tempo que temos pela frente (confira aqui). Tal medida é atribuída ao filósofo Paul Janet.

"Quando você tem quatro semanascassinos clandestinos no brasilvida, uma semana é um quartocassinos clandestinos no brasilsua vida", diz o site. "Quando você tiver 50 anos, um ano será 1/50 dacassinos clandestinos no brasilvida".

Com o aumento da longevidade, tal ideia teria implicações ainda maiores - no mundo, a expectativacassinos clandestinos no brasilvida passoucassinos clandestinos no brasil52 anoscassinos clandestinos no brasil1960 para 70cassinos clandestinos no brasil2010; no Brasil, a evolução foi dos 48 para 73 anos no período. Seguindo a lógica da proporcionalidade, tempo seria como dinheiro.

"Dinheiro e tempo são ambos guardados e gastos. Alguns dizem que tempo é dinheiro. Quanto mais dinheiro há no mercado, menos valor ele tem. Igualmente, quanto mais tempo você viveu, mais curtos parecem os anos", diz o projeto.

Hammond, no entanto, faz ressalvas à proporcionalidade como explicação para a percepção do tempo. Para ela, tal cálculo não levacassinos clandestinos no brasilconta como experimentamos - com nossa atenção e emoção, por exemplo - a passagem do tempo.

"A idade é muito importante, mas a proporcionalidade não é a explicaçãocassinos clandestinos no brasilo quecassinos clandestinos no brasilfato está acontecendo. O que acontece é que nos lembramos melhorcassinos clandestinos no brasilcoisas que aconteceram entre os 15 e 25 anos. É nesta fase que estamos construindo nossas identidades e que experimentando várias coisas pela primeira vez. Essas experiências nos marcam e fazem esses períodos parecerem mais longos", aponta a pesquisadora.

Para além destes primeiros marcos, uma sériecassinos clandestinos no brasilestudos, com desenhos variados, já buscou avaliar diferenças na percepção do tempo entre vários grupos etários. Mas conclusões consistentes ainda parecem estar distantes.

3. Celulares e telas - lentes importantes na percpeção do tempo, mas ainda pouco conhecidas

Ilustração mostra mesacassinos clandestinos no brasiltrabalho com computador e celular

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Se há ainda muito a ser descoberto sobre a percepção do tempo, o usocassinos clandestinos no brasilaparelhos como celulares, computadores e televisões adiciona mais uma incógnita à equação. Isso não quer dizer, porém, que o que se sabe sobre a riqueza das experiências e das lembranças não possa ser útil.

"Coisas que distraem a gente alteram a percepção do tempo. Na internet, é muito comum você perder a noção do tempo, que parece passar mais rápido. Mas isso é uma coisa rotineira, que não marca tanto nas suas lembranças posteriores", aponta Cravo.

Hammond também destaca o fatocassinos clandestinos no brasilperdermos o controle do tempo diante das tecnologias, mas acredita que elas podem,cassinos clandestinos no brasilalguma forma, estar contribuindo com o reforço das memórias.

"Nestas plataformas, estamos mantendo registroscassinos clandestinos no brasilnossas memórias. O Facebook, por exemplo,cassinos clandestinos no brasilalguma maneira faz uma curadoriacassinos clandestinos no brasilsuas memórias. Me pergunto se este tipocassinos clandestinos no brasilcoisa pode eventualmente mudar a forma como percebemos o tempo", questiona a psicóloga.

4. A sociedadecassinos clandestinos no brasilque habitamos: o papel da modernidade na sensaçãocassinos clandestinos no brasilaceleração

Ilustraçãocassinos clandestinos no brasilrelógios

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Em algum nível, a cultura também influencia a nossa percepção do tempo. Foi o que mostrou um estudo publicadocassinos clandestinos no brasilabril deste ano, no qual cientistas fizeram testes com pessoas que falam espanhol, sueco ou ambas as línguas. No espanhol, assim como no grego, o tempo é referido por meiocassinos clandestinos no brasilvocabulário que remete ao volume (grande ou pequeno); já no sueco e inglês, o vocabulário remete a distâncias (longo e curto). Assim, diantecassinos clandestinos no brasiltelas exibindo imagens explorando volumes e distâncias, os participantes fizeram estimativascassinos clandestinos no brasiltempo diferentescassinos clandestinos no brasilacordo com a língua que falam.

Rodrigo Turin, professorcassinos clandestinos no brasilHistória na Universidade Federal do Estado do Riocassinos clandestinos no brasilJaneiro (Unirio), vem se dedicando ao estudo da percepção do tempo na contemporaneidade. Segundo ele, a modernidade trouxe, com transformações sociais e tecnológicas, a aceleração do tempo como uma experiência histórica. Isto pode ser exemplificado com o surgimento do telégrafo e do trem a vapor - "encurtadores" do tempo e do espaço -, com a centralidade dos relógios mecânicos e com a sensaçãocassinos clandestinos no brasil"vertigem" diantecassinos clandestinos no brasilrupturas políticas e sociais como a Revolução Francesa.

"O conceitocassinos clandestinos no brasil'revolução', inclusive, só ganha seu sentido moderno quando passa a expressar justamente a busca voluntária pela aceleração do tempo, promovendo transformações rápidas e radicais. Fazer a revolução é acelerar a história. Toda a estética moderna, pautada na ideiacassinos clandestinos no brasilvanguarda, enraíza-se igualmente na busca incessante pelo 'novo',cassinos clandestinos no brasilpermanente ruptura com o passado", escreveu por e-mail à BBC Brasil o historiador.

"Essa aceleração das sociedades modernas sempre era orientada por alguma finalidade. Conceitos como ocassinos clandestinos no brasil'progresso', cunhado no final do século 18, indicavam esse sentidocassinos clandestinos no brasilmelhoria promovido pela aceleração do tempo. Basta lembrar o caso, aqui no Brasil, do lemacassinos clandestinos no brasilJuscelino Kubitschek, '50 anoscassinos clandestinos no brasil5', com todo seu otimismo."

Ilustraçãocassinos clandestinos no brasilbraço 'sufocado' por boias

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"A diferença dessa aceleração vivenciada desde o século 18 até meados do século 20, e a nossa aceleração contemporânea, parece estar, justamente, no esvaziamento dessa perspectiva otimista. A crise climática, a escassezcassinos clandestinos no brasilrecursos naturais, todas as catástrofes produzidas pela ideiacassinos clandestinos no brasilprogresso levaram a uma descrençacassinos clandestinos no brasilrelação ao futuro como um horizontecassinos clandestinos no brasilredenção da humanidade. Hoje, a ideiacassinos clandestinos no brasilavançar 50 anoscassinos clandestinos no brasil5 provavelmente iria causar nas pessoas mais temor do que felicidade", aponta o historiador.

Para ele, o desconforto contemporâneo diante do tempo - chegando ao extremo do "tempo real", "uma sucessão aceleradacassinos clandestinos no brasil'agoras'" - tem efeitos como o aumento nos casoscassinos clandestinos no brasildepressão e ansiedade. Segundo a Organização Mundial da Saúde, hoje cercacassinos clandestinos no brasil4% da população mundial vive com depressão. E o número vem crescendo com o passar dos anos.

Para Turin, esse desconforto diante do tempo tem levado também a uma nostalgia pelas décadas anteriores.

"Primeiro com os anos 80, agora já com os 90, resultando naquilo que o escritor argentino Ricardo Piglia chamoucassinos clandestinos no brasilum 'barateamento do mercado da história'", afirma.