Clima: como reduzir o impacto dos seus hábitos no meio ambiente,guru cassinoroupas a comida:guru cassino

Pegada
Legenda da foto, Ainda é considerado impossível calcular com precisão o impacto total do consumo humano no ecossistema | Crédito: Thinkstock

"Ele me contou que os 16 maiores navios porta-contêineres do mundo juntos emitem a mesma quantidadeguru cassinoenxofre que todos os carros que circulam no mundo! E que perdíamos cercaguru cassino27 milhõesguru cassinoárvores por dia por causa do desmatamento", disse à BBC News Brasil.

"Isso mudou minha maneiraguru cassinover nosso impacto ambiental, porque eu achava que estávamos fazendo um ótimo trabalho, pelo menos aqui na Holanda".

Ao pesquisar sobre o tema, Porcelijn percebeu que pelo menosguru cassinopaíses ricos como Holanda e Estados Unidos menosguru cassino20% da "pegada ecológica"guru cassinocada ser humano é perceptível no dia a dia.

Gráfico sobre a porcentagem do nosso impacto ambiental que está oculta

O resto está embutido no cicloguru cassinovidaguru cassinoprodutos e serviços — da extraçãoguru cassinomatérias-primas, passando pelo transporte, até o descarte.

Conseguimos refletir, por exemplo, sobre a energia elétrica gasta para carregar nossos celulares, laptops e outros aparelhos eletrônicos.

Mas falamos pouco sobre as consequências da mineração dos metais necessários para produzi-los ou a quantidadeguru cassinoágua utilizada nesse processo.

A principal revelação da pesquisa, conta Porcelijn, é que "o maior impacto ambiental não é causado exatamente pelos carros que dirigimos ou pelo ar-condicionado das casas e, sim, por produtos que consumimos — livros, eletrônicos, roupas, alimentos". Pelo menos na Holanda e nos Estados Unidos.

O resultado do estudo foi compilado no livro Hidden Impact ("Impacto oculto",guru cassinotradução livre), no qual a autora também dá dicasguru cassinocomo reduzir,guru cassinoforma prática, o impacto provocado pelas escolhas cotidianas. E sem que seja preciso, necessariamente, mudar radicalmenteguru cassinohábitos da noite para o dia.

Desde então, a holandesa se dedicaguru cassinotempo integral a projetosguru cassinoconsultoria e análisesguru cassinoimpacto ambiental. Ela esteveguru cassinoSão Paulo para participar do evento What Design Can Do ("O que o design pode fazer",guru cassinotradução livre).

Como calcular?

O que Porcelijn considera como impacto é compostoguru cassinoelementos como uso da água e da terra, desmatamento, mineração e processamentoguru cassinomatérias-primas, esgotamentoguru cassinorecursos naturais, perdaguru cassinobiodiversidade, emissõesguru cassinogasesguru cassinoefeito estufa, lixo e usoguru cassinocombustíveis fósseis.

"O que eu quero fazer é monitorar todo o sistema e incluir todo tipoguru cassinoimpacto. Não só no clima, mas também na natureza, na biodiversidade, todo tipoguru cassinopoluição", explica.

"Eu não conseguia encontrar esses dadosguru cassinolugar nenhum, o que achei muito esquisito. É esse o tipoguru cassinocoisa que queremos e precisamos saber. Eu tive que ir muito fundo na pesquisa e contratei empresas especializadas para me ajudar."

Para calcular o impacto da carne, por exemplo, é preciso levarguru cassinoconta a produçãoguru cassinoalimento para o gado e o desmatamento causado para criar o pasto.

Para saber o real impactoguru cassinoum carro, é necessário incluir a poluição causada pela mineração dos metais utilizados.

No casoguru cassinouma calça jeans, deve-se considerar a água utilizada na produçãoguru cassinoalgodão e também na lavagem do tecido.

A pesquisadora e designer criou uma ferramenta que permite calcular o seu próprio impacto, disponível aqui (em holandês, pode ser traduzida para o português pelo navegador Chrome).

Gráfico sobre o impacto da fabricaçãoguru cassinoum parguru cassinojeans

A tarefa parece impossível e,guru cassinofato, a escritora holandesa reconhece que ainda há muito a ser calculado.

"Quando eu procurei especialistas, eles me disseram que nenhum método científico atual inclui todos os tiposguru cassinoimpacto. Mas como podemos superar o maior desafio dos nossos tempos se não conseguimos investigá-loguru cassinoverdade?", questiona.

"Resolvi seguirguru cassinofrente assim mesmo."

Por isso, ela explica, os cálculos utilizadosguru cassinoseu método são aproximados.

Para efeitoguru cassinocomparação, a designer fez os mesmos cálculos para a Holanda e para os Estados Unidos, quando conseguiu obter as informações.

"É meio chocante, porque lá tudo é o dobro", diz.

Ela conta que está, no momento, procurando empresas que a ajudem a fazer as mesmas estimativas para o Brasil.

A pedido da BBC News Brasil, ela adaptou alguns gráficos produzidos durante aguru cassinopesquisa e converteu os dados para as unidadesguru cassinomedida brasileiras.

Babette Porcelijn
Legenda da foto, Babette Porcelijn diz que não é preciso ser radical para reduzir pegada ecológica individual | Crédito: Johannes Abeling Photography

Consequências 'surpresa'

Ao escolher estudosguru cassinocaso para exemplificar o impacto oculto do nosso consumo, Porcelijn diz ter se surpreendido com dados que desafiavam o senso comum a respeito do tema.

No exemplo da calça jeans, ela descobriu que o maior prejuízo ao meio ambiente está escondido no cultivoguru cassinoalgodão. Mas o usoguru cassinomáquinasguru cassinolavar eguru cassinosecar, que costuma não ser considerado, emite cercaguru cassino12,5 kgguru cassinoCO2 por lavagem, além do gastoguru cassinoao menos 50 litrosguru cassinoágua.

No caso dos alimentos, a pesquisa revelou que frutas e legumesguru cassinoconserva ou transformadosguru cassinomolhos, como o tomate, podem ter menos impacto ambiental do que os frescos.

A autora explica: normalmente, o impacto da produçãoguru cassinovegetais no ecossistema é pequeno, incluindo eventuais embalagens plásticas. O problema se encontra, no entanto, no desperdício que acontece do momento da colheita até a chegada ao prato do consumidor.

"Perder um tomate tem um impacto muito mais negativo do que comprar tomates embalados. A embalagem na verdade, se não for excessiva, pode ser boa, se considerarmos que ela impede a perda", diz.

Maisguru cassinoum terço da comida produzida nunca chega ao seu prato. No caso das frutas, legumes e verduras, a perda chega a 50% das colheitas. Por isso, as conservas — que são feitas com vegetais frescos logo após serem colhidos e têm perda menor - acabam sendo mais vantajosas para o meio ambiente.

Parte desse não aproveitamento aconteceguru cassinocasa, com a comida que estraga na geladeira ou é deixada no prato. Porcelijn calculou também esse impacto: se não desperdiçássemos nenhum alimento, nossa pegada ecológica diminuiria cercaguru cassino15% para comidaguru cassinogeral e até 17% considerando só os vegetais.

Uma das dicas da designer industrial é fazer um calendário com as frutas, legumes e verdurasguru cassinocada estação e procurar comprá-losguru cassinoprodutores locais — localizados a até 2 mil quilômetrosguru cassinodistância, para diminuir o impacto do transporte. Se quiser algum que esteja foraguru cassinoépoca, cujo impacto para produzir é maior, prefira a conserva.

Outra boa ideia, segundo Porcelijn, é comprar produtos que estejam perto do vencimento e consumi-los rapidamente, para evitar que o supermercado jogue no lixo. E vale a pena ficarguru cassinoolhoguru cassinoembalagens excessivas.

Gráfico sobre quantos litrosguru cassinoágua estãoguru cassinoalimentos comuns

Os meiosguru cassinotransporte também foram computados no cálculoguru cassinoPorcelijn, com mais uma revelação surpreendente: caso a intenção seja diminuir realmente o seu impacto negativo no mundo, vale reduzir as viagens longasguru cassinoavião.

Apesar de, no total, carros poluírem mais por quilômetro rodado que aviões, os especialistas consultados pela designer ressaltam que a possibilidadeguru cassinoviajarguru cassinoavião aumentou as distâncias que percorremos.

Por isso, eles fizeram uma comparação entre diferentes meiosguru cassinotransporte para uma viagemguru cassino6,5 horas. O resultado: aviões poluem mais, pelo menosguru cassinoviagens mais longas. Para outro estado pode valer a pena. Mas fériasguru cassinooutro país? Pense no impacto, sugere Babette Porcelijn.

Caso você realmente não queira abrir mãoguru cassinoviajar, vale calcular o plantioguru cassinoárvores necessário para compensar as emissões pela duração do voo, ou apoiar alguma organização que faça esse trabalho.

Gráfico sobre como compensar o impacto ambientalguru cassinouma viagemguru cassino6,5 horas

Por onde começar?

A designer holandesa também se especializouguru cassinodar dicas para tentar mitigar a pegada ecológicaguru cassinocada um, sem que isso tenha que significar adotar uma vida "ecoréxica", segundo ela.

"Para mim, é importante começar pelas coisas grandes, que causam mais impacto. Mudá-las é mais eficiente", afirma.

Desde que se debruçou sobre o tema, Porcelijn inseriu algumas dessas mudanças na rotinaguru cassinosua família.

"Só compro o que realmente preciso e, se eu puder,guru cassinosegunda mão, especialmente roupas; pareiguru cassinocomer carne e também não tenho mais carro e não pego aviões, a não ser que isso seja para fazer mais bem do que mal. Estou indoguru cassinoavião para São Paulo porque acho que alcançar pessoas aí e eventualmente ajudá-las a mudar suas vidas faz mais bem do que mal", afirma.

"Nas férias, viajamos muitoguru cassinobicicleta. É uma aventura incrível e nossos filhos também adoram. A família ficou mais próxima."

A designer acredita que deixarguru cassinocomer carne — o alimento mais poluente — pode ser mais prioritário para o meio ambiente do que deixarguru cassinoter um carro.

"Na Holanda certamente esse é o caso, e pelo que ouço do Brasil, também", diz.

Gráfico sobre o impacto ambientalguru cassinoproduzir um laptop

O primeiro passo, segundo ela, é tornar-se sustentável e reduzir o impacto relativo aos seus hábitos pessoais.

De acordo a ONU, a população da Terra seráguru cassinocercaguru cassino10 bilhõesguru cassinopessoasguru cassino2050, caso o ritmoguru cassinocrescimento se mantenha.

Já a economia globalguru cassino2050 será 2,7 vezes maior do queguru cassino2017, segundo a consultoria PricewaterhouseCoopers. E,guru cassinoacordo com a ONG Global Footprint Network, a população atual vive como se tivesse os recursosguru cassino1,6 planeta Terra.

De acordo com o cálculoguru cassinoPorcelijn, usando as duas estatísticas, chegaríamos a 2050 precisandoguru cassino4,3 Terras para sustentar nosso estiloguru cassinovida.

"Se vivermosguru cassinoacordo com os limites do nosso planeta, já seremos sustentáveis", afirma.

No caso do Brasil, cuja população vive como se tivesse 1,8 planeta Terra, viver no limite seria reduzir o impacto médio total para cercaguru cassinometade do que ele é atualmente.

Para quem pretende ir mais além, ser "econeutro" envolve fazer compostagem, plantar árvores, investirguru cassinoenergia renovável e apoiar financeiramente organizações ambientais, por exemplo.

O nível três, "ecopositivo", significa trabalhar para queguru cassinoinfluência na mudançaguru cassinohábitos das pessoas ao seu redor — guru cassinocasa, no trabalho eguru cassinooutros grupos — seja maior do que seu impacto no mundo como consumidor.

Menos é mais

O impacto negativo está, inevitavelmente,guru cassinotodos os produtos que consumimos e atividades que praticamos. A holandesa ressalta, no entanto, que a mudança não deve assustar.

"O truque é: mesmo que você ainda faça tudo o que normalmente faz, faça menos. Por exemplo, pode comer a metadeguru cassinouma porçãoguru cassinocarne, e não essas enormes. Ou não comer todo dia, mas só uma vez por semana", diz.

"Depoisguru cassinocomeçar a adotar essas reduções, pode escolher opções que tenham menos impacto. No caso da carne, por exemplo, a bovina tem o maior impacto. Frango já seria melhor."

Para Porcelijn, também é preciso combater o mitoguru cassinoque "tudo o que é orgânico é melhor" na horaguru cassinomudar o estiloguru cassinovida.

"A carne orgânica, por exemplo, nem sempre é a melhor escolha. Os dados que recolhi mostram que os animais vivem mais, mas geralmente têm um rendimento menor e necessitamguru cassinomais espaço e mais alimento, que é o fator mais poluente", explica.

Gráfico sobre o númeroguru cassinoplanetas Terra necessários para sustentar a população

"Ainda precisamos fazer com que a produçãoguru cassinoorgânicos seja algo muito mais eficiente do que é. E também melhorar a agricultura e pecuária intensivas. Acho que os dois processos deveriam ser combinados e teríamos um bom resultado. Até lá, tenha cuidado."

A escolha do material das roupas também é importante.

"Eu achava que roupas sintéticas seriam melhores, porque a produção delas é menos poluente do que asguru cassinoalgodão, lã ou seda. Mas o problema é que, quando você lava, os tecidos sintéticos liberam microplásticos na água", explica.

"Se você sabe que determinado tecido é produzidoguru cassinomaneira menos poluente, ótimo. Mas é melhor comprar menos roupas, do que simplesmente mudar para roupas orgânicas."

Críticos afirmam que a ideiaguru cassinoabrir mãoguru cassinotantos produtos e atividades ainda é elitista — já que, emguru cassinomaioria, produtos orgânicos ou sustentáveis costumam ser mais caros.

A autora diz, no entanto, que são as pessoas com maior renda que devem,guru cassinofato, se preocupar mais com seus hábitos.

"Quanto mais dinheiro você tem, mais impacto pode comprar. Então os ricos devem estar mais atentos a isso do que os pobres. E,guru cassinomodo geral, percebo que minha vida é bem mais barata com o novo estilo que adotei."

"Tento dizer quais mudanças seriam as mais eficientes. Mas não julgo o comportamento das pessoas. Só acho que não temos tempo a perder."

Este texto foi publicado originalmenteguru cassino27guru cassinonovembroguru cassino2017 e atualizadoguru cassinonovembroguru cassino2021 com novos dados.

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