'Filmei meu próprio estupro e consegui a prisão do meu agressor':betmotion aposta

Lillian Constantine
Legenda da foto, Estudante britânica forneceu provas que condenaram estuprador a 13 anosbetmotion apostaprisão: "Senti um alívio imenso"

betmotion aposta A britânica Lillian Constantine,betmotion aposta19 anos, foi estupradabetmotion aposta2016 pertobetmotion apostasua casa,betmotion apostaKent, no interior da Inglaterra. Apesar do trauma, ela conseguiu que o homem que a atacou fosse condenado à prisão.

betmotion aposta Agora, com seu depoimento, ela quer estimular outras vítimasbetmotion apostaagressão sexual a denunciar os crimes para a polícia. A jovem abriu mãobetmotion apostaseu direito ao anonimato e decidiu contarbetmotion apostahistória ao Today Programme, da BBC:

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Quero que as pessoas saibam tudo o que acontece depoisbetmotion apostaum estupro.

Não falo sóbetmotion apostaquão terrível é ver seu corpo se transformarbetmotion apostauma cenabetmotion apostacrime e ter que responder muitas vezes às mesmas perguntas.

Estou falando tambémbetmotion apostatudo o que é preciso fazer e, mais importante, do fatobetmotion apostaque as coisas melhoram com o tempo.

Há um ano, um desconhecido me estuprou quando eu estava a 60 segundos da minha casa. Eu tinha 18 anos.

Estava completamente escuro e eu apertei o botãobetmotion apostagravação no meu celular pensando que o homem iria parar e sair correndo quando visse a luz.

Gritei para ele: "Estou filmando, estou filmando! Você não vai escapar". Mas ele me jogou no chão e me estuprou mesmo assim.

Eu xingava ele, gritava por ajuda. Pensava: "esse homem deve ser um maníaco".

Não demorou muito, mas minha impressão erabetmotion apostaque não terminava nunca.

Eu estava tão perto da minha casa que nem me passou pela cabeça sentir medo.

Corri para casa e meus pais chamaram a polícia. Me disseram que eu não podia tomar banho, escovar os dentes nem pentear o cabelo.

Parece clichê dizer isso, mas você se sente tão suja... tudo o que eu queria fazer era tirar aquelas roupasbetmotion apostamim e entrar no chuveiro.

Nos disseram que deveríamos ir ao Centrobetmotion apostaReferênciabetmotion apostaViolência Sexual mais próximo, que não abriria até a manhã seguinte e estava a 45 minutosbetmotion apostadistânciabetmotion apostacarro.

Ashraf Miah
Legenda da foto, Imagem do agressor registrada pela vítima no vídeo que fez do ataque

Perícia

Na verdade, esse centro serve para fazer uma perícia forense do seu corpo. É surreal.

No momentobetmotion apostaque você entra, tem que se despir por completo. Precisa se deitarbetmotion apostauma macabetmotion apostametal enquanto uma pessoa coloca instrumentos embetmotion apostavagina. Eles medem cada milímetro dos hematomas e cortes.

As mulheres que trabalhavam no centro eram muito atenciosas. Conversamos sobre minhas tatuagens, e elas fizeram eu me sentir muito segura.

Fiz um examebetmotion apostadoenças sexualmente transmissíveis, um examebetmotion apostaHIV e um testebetmotion apostagravidez.

Também me deram profilaxia pós-exposição para evitar o contágio pelo vírus HIV. Eu nem sabia que isso existia. Depois tive que tomar o medicamento três vezes por dia durante um mês.

A medicação me deu ânsiabetmotion apostavômito e náusea. Enquanto eu estavabetmotion apostatratamento, tinha que ficar indo ao médico. Por isso, me furaram e me examinaram constantemente nesse primeiro mês.

'Como um ratobetmotion apostalaboratório'

Eu era uma estudante e me tornei alguém que estava com frequência na delegacia. Me sentia um ratobetmotion apostalaboratório.

Não consigo nem contar quantas vezes expliquei minha história para a polícia.

Uma vez, me fizeram perguntas extremamente íntimas sobre o estupro: "Ele levantou ou abaixoubetmotion apostasaia? Penetrou você deste lado ou do outro?".

Eu não esperava isso. Comecei a pensar que era uma perda do meu tempo e da minha vida. Comecei a ficar deprimida.

Isso consumiu minha vida inteira. Me perguntei por que estava fazendo isso comigo mesma.

Nesse momento, penseibetmotion apostaretirar a queixa.

'Responsabilidade'

Eu não sou a única que pensabetmotion apostadesistir da denúncia. Há tantas pessoas que são agredidas e não dizem nada... Eu pensei: "por que não posso ser uma delas? Por que tenho que fazer isso?"

Homem algemado

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A maior parte das vítimasbetmotion apostaestupro ebetmotion apostaoutras agressões sexuais desistebetmotion apostadenunciar os agressores

Segundo a organização britânica Rape Crisis, apenas cercabetmotion aposta15% das vítimasbetmotion apostaviolência sexual decidem denunciar à polícia. No Reino Unido, só 5,7% dos casos denunciados terminambetmotion apostacondenação.

No fim das contas, meu planobetmotion aposta"deixar pra lá" só durou uma semana. Se eu tinha a oportunidadebetmotion apostatirar esse criminoso das ruas, tinha que tentar. Senão, ele agora estaria livre nas ruas.

Eu tinha uma responsabilidade e, apesarbetmotion apostater sido muito difícil, me convencibetmotion apostaque tinha que continuar com isso.

De certo modo, eu queria provar algo para mim mesma. Me lembrobetmotion apostaestar sentada na minha cama e pensar: "se eu consigo fazer isso, consigo fazer qualquer coisa".

Sem o vídeo que eu gravei, talvez meu agressor nunca tivesse sido encontrado. No julgamento, foi utilizado como prova grave.

Ele se declarou culpadobetmotion apostaalgumas das acusações e foi condenado a 13 anosbetmotion apostaprisão.

Eu estava com minha mãe, minha assistente social e outras pessoas que me ajudaram, e vi como eles ficaram aliviados. Todos aqueles mesesbetmotion apostaestresse ebetmotion apostaansiedade terminarambetmotion apostarepente.

Eu também senti isso - um alívio impressionante. Eu senti que um ciclo se fechava. Agora eu podia seguirbetmotion apostafrente com a minha vida.

Ashraf Miah
Legenda da foto, Ashraf Miah foi condenado a 13 anosbetmotion apostaprisão | Foto: Políciabetmotion apostaKent

Preparo

Alguns meses depois eu publiquei no YouTube um vídeo chamado "O que não contam a você sobre as agressões sexuais". É o vídeo que eu gostariabetmotion apostater visto antes do que aconteceu comigo.

Nele há conselhos sobre lidar com essa situação e informações sobre tudo o que pode acontecer depois do ataque, para que as pessoas estejam preparadas para todo o processo.

A Rape Crisis (organização que atende vítimasbetmotion apostaestupro na Inglaterra) diz que precisamos receber algumas explicações sobre como funciona a Justiça criminal e os exames forenses. Eu concordo totalmente com isso.

Teria sido um pouco mais fácil para mim se eu soubesse as coisas pelas quais iria passar. Não saber é como mergulharbetmotion apostaáguas geladas e profundas.

Mulher

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Para Constantine, vítimas devem ter, desde o início, informações sobre os próximos passos da perícia e do processo jurídico

Acho que se as pessoas soubessem os passos seguintes, tanto do pontobetmotion apostavista médico quanto legal, seria mais provável que elas seguissem adiante com o processo, e isso é importante.

Muitos filmes mostram como vítimasbetmotion apostaagressões sexuais se isolam ou perdem a cabeça. Precisamosbetmotion apostamais vítimas que mostrem que as coisas não tem por que saírem do controle.

Não deixe que o estupro consuma você, nem que ele defina você. A sensação é abetmotion apostaque o processo é tóxico e desanimador. Mas tenhabetmotion apostamente que você está buscando justiça, e isso é importante. E que você está conseguindo superar.

Todos os dias eu digo a mim mesma: "coisas ruins aconteceram, mas você precisa se levantar e continuar lutando".

Lembre-se: você não está errada. Você é uma vítima e uma sobrevivente, então tem que ir até o fim.