A americana que superou víciowill casa de apostascrack e hoje ajuda ex-presidiárias a reconstruir suas vidas:will casa de apostas
Em 1997, aos 46 anoswill casa de apostasidade, ela finalmente conseguiu tratamento por conta própria e se recuperou do vício.
Desde então, dedica-se a ajudar outras ex-presidiárias a recomeçarem a vida e interromperem o ciclowill casa de apostaspobreza, abusos, drogas e prisão.
Abuso sexual e morte do filho
Burton conhece bem esse ciclo. Nascida negra e pobrewill casa de apostasuma comunidade violentawill casa de apostasLos Angeles, ela tinha quatro anoswill casa de apostasidade quando começou a ser abusada sexualmente pelo namoradowill casa de apostasuma tia.
Foi o iníciowill casa de apostasanoswill casa de apostasviolência nas mãoswill casa de apostasdiferentes agressores. "Naquela comunidade, sofri todo tipowill casa de apostasabuso físico, sexual e emocional", relata Burton à BBC Brasil.
Ela conta que somente décadas depois, quando já estava presa, conseguiu finalmente falar sobre o trauma e começar a entender o impacto duradouro que teve emwill casa de apostasvida.
Mas o acontecimento que jogou Burton definitivamente na espiralwill casa de apostasdecadência que a levou à prisão foi a morte do filho, Marque Hamilton, a quem ela chamavawill casa de apostasK. K., aos cinco anoswill casa de apostasidade.
Em uma tardewill casa de apostas1981, Burton estavawill casa de apostascasa quando ouviu o somwill casa de apostaspneus derrapando. Ao correr para a rua, deparou com K. K. já caído.
O motorista, um policial que dirigia um carro sem identificação, não viu o garoto nem parou para socorrê-lo, tampouco foi punido pelo acidente.
"Nunca recebi nem mesmo um pedidowill casa de apostasdesculpas, nem do policial, nem do departamento", conta Burton.
"Eu desmoronei. Comecei a beber para sufocar a dor, a perda, e todos os problemas da minha vida. Logo passei a usar drogas, e essas drogas me levaram à prisão", revela.
Sua outra filha, Toni, tinha 15 anos quando o irmão foi morto.
Dificuldades e recaídas
Sempre que era libertada, ainda sem tratamento para o vício ou apoio para recomeçar, Burton, assim como mais da metade das ex-presidiárias na Califórnia, segundo dados do Departamentowill casa de apostasCorreções, acabava sofrendo recaídas e voltando para a prisão.
Segundo Burton, ao sair da prisão, as mulheres recebem US$ 200, com os quais devem comprar uma mudawill casa de apostasroupas, uma passagemwill casa de apostasum ônibus que vai deixá-laswill casa de apostasSkid Row - área no centrowill casa de apostasLos Angeles notória pela concentraçãowill casa de apostasmoradoreswill casa de apostasrua e viciados - e, com o que sobrar, recomeçar a vida.
"Eles destruíramwill casa de apostascarteirawill casa de apostasidentidade (no momento da prisão), então você não tem nenhum documento. Também não tem onde morar", ressalta.
Ao descer do ônibus, essas mulheres se tornam alvo fácilwill casa de apostascafetões e traficantes que circulam pela área.
"A única comunidade que a recebewill casa de apostasvolta é aquela da qual você saiu quando foi para a prisão", observa.
Mesmo as que conseguem se manter sóbrias, sofrem com preconceito e barreiras legais parawill casa de apostasreintegração.
Sem documentos e com ficha criminal, é muito difícil conseguir emprego. Sem emprego, não há como conseguir alugar um lugar para morar. Sem moradia, têm a custódia dos filhos negada.
Recomeço
Burton cita dados segundo os quais 85% das mulheres presas nos Estados Unidos foram,will casa de apostasalgum momento, abusadas fisicamente ou sexualmente, e que, desproporcionalmente, são negras e pobres. Ela faz parte dessa estatística.
"Desde cedo sofri diferentes tiposwill casa de apostasabuso. Se tivesse tido acesso a algum tipowill casa de apostasterapia, alguma ajuda para lidar com o trauma e com a dor da perda do meu filho, talvez não tivesse recorrido ao álcool e às drogas", diz.
O ciclowill casa de apostasvício e encarceramento só foi quebrado quando, ao sair da prisão pela última vez, recebeu ajudawill casa de apostasuma amiga para se internarwill casa de apostasuma clínicawill casa de apostasreabilitação para viciados.
"Fiquei internada durante cem dias, recebi todo tipowill casa de apostastratamento e me curei", relembra.
Quando deixou a clínica, Burton decidiu que queria oferecer a outras ex-presidiárias o tipowill casa de apostasabrigo e apoio que gostariawill casa de apostaster recebido.
Conseguiu emprego como cuidadorawill casa de apostasuma idosa, economizou US$ 13 mil e,will casa de apostas1998, comprou uma pequena casa.
Ela mobiliou os cômodos com beliches e passou a esperar as mulheres que desciam do ônibus vindo da prisão, oferecendo-lhes um lugar para morar.
Reconhecimento
Hoje, aos 65 anos, Burton tem cinco casaswill casa de apostasLos Angeles operadas pela organização que criou, A New Way of Life ("Um Novo Modowill casa de apostasVida",will casa de apostastradução livre), pelas quais já passaram maiswill casa de apostasmil mulheres e crianças.
Ela recebe dezenaswill casa de apostascartas diariamentewill casa de apostaspresidiárias buscando uma das cercawill casa de apostas70 vagas abertas por ano.
Alémwill casa de apostasmoradia, as ex-presidiárias recebem assistência legal, ajuda para conseguir documentos, empregos, retomar os estudos e reconquistar a guarda dos filhos. Também são encaminhadas a tratamento mental e para abusowill casa de apostasdrogas.
"Não limitamos o tempo que podem permanecer conosco. Você não sabe quanto tempo vai levar para uma pessoa se reintegrar. Não queremos tratar alguém por três ou seis meses e depois colocá-la na rua se ainda não estiver pronta", observa.
Os esforçoswill casa de apostasBurton ganharam reconhecimento nacional nos Estados Unidos, onde ela já recebeu diversos prêmios por seu trabalho.
Agora, ela contawill casa de apostastrajetória no livro Becoming Ms. Burton: From Prison to Recovery to Leading the Fight for Incarcerated Women ("Tornando-se Senhora Burton: Da Prisão à Recuperação à Liderança na Luta pelas Mulheres Presas",will casa de apostastradução livre), escrito com a jornalista Cari Lynn.
Burton ressalta quewill casa de apostasorganização gasta US$ 16 mil por ano para manter cada mulher, menoswill casa de apostasum terço do custowill casa de apostasUS$ 60 mil por ano para manter uma mulher na prisão na Califórnia.
Ela defende que investirwill casa de apostastratamentowill casa de apostasvezwill casa de apostaspunição pode reduzir a reincidência e dar uma chance para que essas pessoas contribuam com a sociedade.
Burton opina, porém, que os dependentes devem ter a opçãowill casa de apostasreceber tratamento, mas não serem internados à força. "Ninguém deve ser forçado a nenhum tipowill casa de apostashospitalização. O poderwill casa de apostasescolha é um fator crucial para que a pessoa participe ativamentewill casa de apostasseu processowill casa de apostasrecuperação."
"Estamos vendo que colocar essas pessoas na prisão não funciona, não torna uma comunidade mais segura", afirma.