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Governo Lula: como o petróleo pode ser 'calcanharcasa de aposta pinnacleAquiles' da política ambiental:casa de aposta pinnacle
"Neste momento, podemos dizer, sim, que esta é uma contradição", disse o deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), coordenador da campanha presidencial para temas ambientais.
Contrastecasa de aposta pinnaclediscursos
A comemoraçãocasa de aposta pinnacleambientalistas pela vitóriacasa de aposta pinnacleLula nas eleições sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) se deveu,casa de aposta pinnacleparte, pela condução da política ambiental do atual mandatário.
Durante a gestãocasa de aposta pinnacleBolsonaro, o desmatamento na Amazônia aumentoucasa de aposta pinnacle10,1 mil quilômetros quadradoscasa de aposta pinnacle2019 para 13 mil quilômetros quadradoscasa de aposta pinnacle2021, segundo dados do Instituto Nacionalcasa de aposta pinnaclePesquisas Espaciais (Inpe).
Em meio ao aumento no númerocasa de aposta pinnaclequeimadas na Amazônia, Bolsonaro chegou a responsabilizar índios e ribeirinhos pelos incêndios — que chamaram atenção da comunidade internacional.
Além disso, o governo Bolsonaro defendeu a regulamentação da mineraçãocasa de aposta pinnacleterras indígenas e prometeu acabar com a chamada "indústria da multa", termo usado pelo presidente para designar a atuaçãocasa de aposta pinnacleórgãos ambientais contra infratores.
Na contramão, Lula é conhecido internacionalmente por ter conseguido reduzircasa de aposta pinnacle72,3% a taxa anualcasa de aposta pinnacledesmatamento. Em 2003, anocasa de aposta pinnacleque assumiu, o desmatamento na Amazônia foicasa de aposta pinnacle25,3 mil quilômetros quadrados. Em 2010, anocasa de aposta pinnacleque deixou o governo, a taxa foicasa de aposta pinnacle7 mil quilômetros quadrados.
Ainda durante seu governo, Lula criou o Fundo Amazônia, que recebeu doaçõescasa de aposta pinnaclepaíses como Alemanha e Noruega para financiar açõescasa de aposta pinnaclepreservação da floresta amazônica.
Durante a campanha eleitoral deste ano, Lula prometeu retomar a política ambiental pela qual ficou conhecido entre 2003 e 2010, o que animou parte da comunidade internacional ecasa de aposta pinnacleambientalistas. Seu principal foco foi a promessacasa de aposta pinnacleque irá combater o desmatamento ilegal na Amazônia e a atividade dos garimpos ilegais.
A animação foi tamanha que logo após acasa de aposta pinnaclevitória, o governo da Noruega anunciou que retomariacasa de aposta pinnacleparticipação no Fundo Amazônia, paralisada desde o início da gestão do presidente Jair Bolsonaro e do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Logocasa de aposta pinnacleseguida, o presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, convidou Lula para participar da COP 27. Lula deve chegar ao evento na próxima quarta-feira (16/10).
Contradição: Amazônia e petróleo
O entusiasmocasa de aposta pinnaclerelação ao retornocasa de aposta pinnacleLula ao poder, porém, não esconde a preocupaçãocasa de aposta pinnacleum grupo significativocasa de aposta pinnacleambientalistas com a contradição da política ambiental desenhada pelo PT e divulgada durante a campanha eleitoral.
No documento "Diretrizes para o programacasa de aposta pinnaclereconstrução e transformação do Brasil" registrado pelo PT junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o partido elenca algumas das suas prioridades para os próximos quatro anos.
Nele, a chapa se compromete a promover um modelocasa de aposta pinnacledesenvolvimento ambiental e economicamente sustentável e a enfrentar as mudanças climáticas.
"Temos compromisso com a sustentabilidade social, ambiental, econômica e com o enfrentamento das mudanças climáticas. Isso requer cuidarcasa de aposta pinnaclenossas riquezas naturais, produzir e consumircasa de aposta pinnacleforma sustentável e mudar o padrãocasa de aposta pinnacleprodução e consumocasa de aposta pinnacleenergia no país, participando do esforço mundial para combater a crise climática", diz um trecho do documento.
Em outro trecho, o partido promete combatercasa de aposta pinnacleforma "implacável" o desmatamento ilegal.
"Combateremos o crime ambiental promovido por milícias, grileiros, madeireiros e qualquer organização econômica que aja ao arrepio da lei. Nosso compromisso é com o combate implacável ao desmatamento ilegal e promoção do desmatamento líquido zero, ou seja, com recomposiçãocasa de aposta pinnacleáreas degradadas e reflorestamento dos biomas", diz outro trecho do documento.
O documento também menciona a necessidadecasa de aposta pinnacleconduzir o Brasil para uma transição energética e ecológica e falacasa de aposta pinnaclediversificar a matriz energética do país com fontes renováveis, mas também falacasa de aposta pinnacleaumentar a capacidadecasa de aposta pinnacleproduçãocasa de aposta pinnaclederivados do petróleo no Brasil.
"É necessário expandir a capacidadecasa de aposta pinnacleproduçãocasa de aposta pinnaclederivados no Brasil, aproveitando-se da grande riqueza do pré-sal, com preços que levemcasa de aposta pinnacleconta os custoscasa de aposta pinnacleprodução no Brasil", diz um trecho das diretrizes.
Para o secretário-executivo da organização não-governamental Observatório do Clima, Márcio Astrini, o foco na Amazônia e a apostacasa de aposta pinnaclecombustíveis fósseis é a principal contradição das diretrizes do que deverá ser a política ambiental do novo governo.
Ele avalia que esse paradoxo não estácasa de aposta pinnacleevidência por conta do legado deixado pela política ambiental do atual governo, especialmente na Amazônia.
"Essa contradição existe e não é tão debatida porque a gente vemcasa de aposta pinnacleum cenáriocasa de aposta pinnacledesmatamento e faltacasa de aposta pinnaclegovernança na Amazônia que é um escândalo e que dominou o noticiário. Mas essa apostacasa de aposta pinnaclecombustíveis fósseis é um problema que o novo governo Lula vai ter que resolver", afirmou Astrini.
Astrini diz que o tema é sensível dentro do grupo político que apoiou a candidaturacasa de aposta pinnacleLula por conta da ligação histórica entre o presidente eleito e setores como os trabalhadores da indústria do petróleo.
"Os petroleiros fazem parte da base socialcasa de aposta pinnacleapoio a Lula. É uma base legítima e isso torna o debatecasa de aposta pinnacletorno do assunto bastante sensível", explicou.
A assessora política do Institutocasa de aposta pinnacleEstudos Socioeconômicos (Inesc), Livi Gerbase, também avalia que a apostacasa de aposta pinnaclecombustíveis fósseis feita pelo novo governo é uma contradição quando comparada com a postura prometidacasa de aposta pinnacletorno da Amazônia.
"É muito difícil que o Brasil se posicione,casa de aposta pinnaclefato, como líder na área climática, se mantiver a apostacasa de aposta pinnaclecombustíveis fósseis. Hoje, o Brasil é o nono maior produtorcasa de aposta pinnaclepetróleo do mundo e as estimativas sãocasa de aposta pinnacleque a produção aumente e o Brasil chegue ao quarto lugar nesse ranking", disse a especialista.
Livi Gerbase afirma que o governo precisa apresentar propostas concretas para avançar na transiçãocasa de aposta pinnaclematériacasa de aposta pinnacleenergia uma vez que, nos últimos anos, a matriz elétrica do país ficou mais "suja", com aumento da participaçãocasa de aposta pinnaclefontes derivadascasa de aposta pinnaclecombustíveis fósseis.
Dados da Empresacasa de aposta pinnaclePesquisa Energética (EPE) apontam que,casa de aposta pinnacle2010, 11,7% da energia elétrica produzida no Brasil vinhacasa de aposta pinnaclecombustíveis fósseis (carvão mineral, gás natural e petróleo ou derivados). Em 2021, esse percentual saltou para 19,7%.
Foco no combate ao desmatamento
Apesarcasa de aposta pinnaclereconhecer a contradição da política ambiental proposta pelo novo governo, Nilto Tatto diz que, neste momento, a prioridade do governo está focadacasa de aposta pinnacleatacar as principais fontescasa de aposta pinnacleemissões dos gases do efeito estufa do país.
Segundo o relatório do Observatório do Clima divulgadocasa de aposta pinnacle2021, 73% das emissões brasileiras são derivadas da agropecuária e da mudança no uso da terra e floresta, item que compreende o desmatamento.
Tatto disse que o foco na Amazônia se deve,casa de aposta pinnacleparte, ao fatocasa de aposta pinnacleque o Brasil não teria condiçõescasa de aposta pinnacleabdicar do petróleo.
"Precisamos levarcasa de aposta pinnacleconsideração que a maior parte da contribuição do Brasil às emissões está relacionada ao uso da terra, desmatamento e agropecuária [...] Por isso o desmatamento é o foco. O Brasil não tem condiçõescasa de aposta pinnacleabdicar do uso ou da extraçãocasa de aposta pinnaclepetróleo", disse o parlamentar, que participa da COP 27.
Para o parlamentar Airton Faleiro (PT-PA), que também colaborou com o partido durante a campanha presidencial, a manutenção da apostacasa de aposta pinnaclecombustíveis fósseis pelo governo se dá pela conjugaçãocasa de aposta pinnacletrês fatores: divergências internas, faltacasa de aposta pinnaclecompreensão sobre a emergência da crise climática e restrições impostas pela legislação.
"O governo Lula é um governocasa de aposta pinnacledisputa. Ele é formado por uma grande coalizão com diferentes entendimentos sobre o tema. Além disso, não existe um convencimento na coalizão sobre evoluirmoscasa de aposta pinnaclenovas fontes. E finalmente, temos a legislação e limitações orçamentárias para investircasa de aposta pinnaclenovas fontes", disse o parlamentar.
Devercasa de aposta pinnaclecasa
Nilto Tatto reconhece que a apostacasa de aposta pinnaclepetróleo é uma contradição na política ambiental que está sendo desenhada pela equipe do novo governo. Ele afirma, no entanto, que o principal vilão climático do Brasil são as emissõescasa de aposta pinnaclegases do efeito estufa derivadas do uso do solo, especialmente o desmatamento.
"Podemos dizer que, neste momento, há, sim, uma contradição. Mas precisamos levarcasa de aposta pinnacleconsideração que a maior parte da contribuição do Brasil às emissões (de gases do efeito estufa) está relacionada ao uso da terra, ao desmatamento e agropecuária", afirmou o deputado.
Relatório divulgado pelo Observatório do Climacasa de aposta pinnacle2021 estima que,casa de aposta pinnacle2020, 73% das emissõescasa de aposta pinnaclegases do efeito estufa no Brasil eram derivadas da mudança no uso da terra (46%) e da agropecuária (27%).
No item "mudanças no uso da terra", 90% do total foi causado pelo desmatamento. O setorcasa de aposta pinnacleenergia, segundo o relatório, é responsável por 18% das emissões.
O deputado Airton Faleiro disse acreditar, porém, que o novo governo Lula será cobrado, inicialmente, pela redução do desmatamento na Amazônia.
"Acho que o Brasil vai ser mais cobrado pela redução das queimadas e do desmatamento na Amazônia do que pela nossa geraçãocasa de aposta pinnacleenergia fóssil", avaliou o parlamentar.
Faleiro avalia, no entanto, que se o Brasil não caminhar rapidamente rumo a uma transição energética, o país poderá se prejudicar.
"Se o Brasil cuidar bem das queimadas, do desmatamento e impedir os ataques às terras indígenas, a imagem do país ficará boa interna e externamente. Mas se o Brasil não acelerar esse processocasa de aposta pinnacletransição rumo a novas fontescasa de aposta pinnaclegeraçãocasa de aposta pinnacleenergia, aí poderemos ser condenados por não termos evoluídocasa de aposta pinnaclenossas ambições", disse o parlamentar.
Petrobras na mira
No papel, as diretrizes para o planocasa de aposta pinnaclegovernocasa de aposta pinnacleLula mencionam a necessidadecasa de aposta pinnacletransformar a Petrobrascasa de aposta pinnacleuma empresacasa de aposta pinnacleenergia, o que englobaria a produçãocasa de aposta pinnacleenergia a partircasa de aposta pinnaclediversas fontes e não apenas a partir da exploraçãocasa de aposta pinnaclepetróleo. Ao mesmo tempo, o documento menciona a necessidadecasa de aposta pinnacleexpandir a capacidadecasa de aposta pinnaclerefino do óleo cru extraído pela companhia.
Os planos delineados pelo partidocasa de aposta pinnacleampliar o portfólio energético da Petrobras, porém, contrastam com a realidade da companhia neste momento.
De acordo com o planejamento quinquenal divulgado pela empresacasa de aposta pinnaclenovembrocasa de aposta pinnacle2021 e referente ao períodocasa de aposta pinnacle2022 a 2026, não há previsãocasa de aposta pinnacleinvestimentos da companhiacasa de aposta pinnaclefontescasa de aposta pinnacleenergia como eólica ou solar, cujas participações na matriz energética brasileira vêm crescendo ano após ano.
Dos R$ 68 bilhões previstoscasa de aposta pinnacleinvestimentos até 2026, 84% (R$ 57,3 bilhões) serão destinados à exploraçãocasa de aposta pinnaclepetróleo. Aindacasa de aposta pinnacleacordo com o relatório, somente 4,1% serão destinados a projetos para reduzir as emissõescasa de aposta pinnaclecarbono da empresa, como a produçãocasa de aposta pinnaclediesel renovável.
À BBC News Brasil, o diretorcasa de aposta pinnaclerelacionamento institucional e sustentabilidade da Petrobras, Rafael Chaves Santos, admite que a Petrobras não tem um plano estabelecidocasa de aposta pinnacleenergia renovável.
"A gente não tem planocasa de aposta pinnacleinvestimentocasa de aposta pinnacleenergia renovável. Hoje a Petrobras não tem (planoscasa de aposta pinnacleinvestimentocasa de aposta pinnacleenergia) solar, eólica. Isso aí está claro desde a divulgação do plano (2022-2026). Hoje, a gente não investecasa de aposta pinnacleenergia solar e eólica. Hoje a gente investecasa de aposta pinnaclepetróleo, descarbonização e soluções com base na natureza e floresta", disse o diretor.
Santos disse que nos cenários com os quais a Petrobras trabalha, o petróleo continuará a ser uma commodity importante até 2050. Por isso, ele diz, a companhia deve acelerar a extração do petróleo do pré-sal e gerar riqueza.
"Se você pegar o cenário mais agressivocasa de aposta pinnacletransição energética, você vai ter milhõescasa de aposta pinnaclebarriscasa de aposta pinnaclepetróleo sendo consumidos. Isso não é uma dependência, é uma oportunidade que a gente temcasa de aposta pinnacletransformar os recursos brasileiroscasa de aposta pinnacleriqueza. Por isso que a gente fala muito da pressa no pré-sal. A gente tem que tirar o barrilcasa de aposta pinnaclepetróleo e vender [...] porque se a gente não tirar e não vender, ele não gera emprego, renda e imposto", disse Santos.
Livi Gerbase, do Inesc, diz que o problema da postura adotada pela companhia nos últimos anos "suja" não apenas a matriz energética do país, como acasa de aposta pinnacleoutros países, na medidacasa de aposta pinnacleque parte do petróleo produzido pela estatal é exportado.
Segundo ela, o momento não seriacasa de aposta pinnacleadotar uma políticacasa de aposta pinnacleinterrupção da exploraçãocasa de aposta pinnaclepetróleo ou mesmocasa de aposta pinnaclenão abrir novos poços, mascasa de aposta pinnacleter uma estratégia definida para o futuro baseadocasa de aposta pinnacleenergias renováveis.
"Não é uma questãocasa de aposta pinnacleabandonar o petróleo oucasa de aposta pinnacle(ter) nenhum poço a mais. É mais uma questãocasa de aposta pinnacleentender que, podemos, sim, produzir petróleo, mas que devemos depender cada vez menos das rendas petrolíferas e mais das rendas oriundascasa de aposta pinnaclefontes renováveis", disse.
- Este texto foi publicadocasa de aposta pinnaclehttp://vesser.net/brasil-63578303
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