É perigoso usar religião como instrumentocasa de apostas telegrampoder, alerta dom Odilo Scherer:casa de apostas telegram

Dom Odilo Pedro Scherer sorrindo

Crédito, Divulgação/Arquidiocesecasa de apostas telegramSão Paulo

Legenda da foto, Dom Odilo foi criticado por seguidores porque, emcasa de apostas telegramfoto no Twitter, usa trajes religiosos vermelhos

"Se alguém estranha minha roupa vermelha, saiba que a cor dos cardeais é o vermelho (sangue), simbolizando o amor à Igreja e a prontidão ao martírio, se preciso for. Deus abençoe a todos", escreveu ele.

Ainda na rede social, Scherer demonstrou preocupação com o atual momento político. "Tempos estranhos esses nossos! Conheço bastante a história. Às vezes, parece-me reviver os tempos da ascensão ao poder dos regimes totalitários, especialmente o fascismo. É preciso ter muita calma e discernimento nesta hora!", postou no mesmo dia.

Em entrevista à BBC News Brasil na quarta-feira (19/10), dom Odilo explicou como vê a cena política atual. "Os ânimos estão muito acirrados. Há um envolvimento muito claro, eu diria assim, com as religiões. As igrejas, sobretudo as cristãs, foram arrastadas para dentro do debate. Não só do debate, o que seria legítimo, mas para a briga política."

Na visão do cardeal, há sinaiscasa de apostas telegramfascismo na cultura brasileira atual. "É uma doutrinação, eu diria até mesmo,casa de apostas telegramideias fascistas ou fascistoides, que agora se expressamcasa de apostas telegramalguma forma dentro dessa polarização política", afirma, citando o exemplo do debate políticocasa de apostas telegramque candidatos são retratados como "o bem" e "o mal".

"Existem claramente causascasa de apostas telegramque precisamos ter uma definição: não podemos ser mais ou menos a favor da vida, mais ou menos a favor da justiça; a gente precisa ser a favor. Porém, isso não nos deve levar a demonizar quem pensa diferente ou quem tenha argumentos diferentes".

Dom Odilo vê riscos para a democracia do Brasil, mas diz esperar que ela resista. "Tem havido manifestações, não agora simplesmente neste momento, mascasa de apostas telegrammais tempo para cá que apontam para esse risco. Por exemplo, o questionamento das instituições. Não um questionamento qualquer, mas uma formacasa de apostas telegramameaça às instituições democráticas", afirma.

"Isso, sim, indica um risco, um risco para as instituições democráticas. Mas eu espero que isso não aconteça. O Brasil tem resistido a essas, digamos, ameaças. Creio que nossa democracia aguentou bastante e vai aguentar também essa. E vai se sair melhor."

Ao longocasa de apostas telegramtoda a conversa, Scherer demonstrou um especial cuidadocasa de apostas telegramnão mencionar, nominalmente, nem o candidato a reeleição Jair Bolsonaro (PL), nem o seu oponente, Lula. "Os clérigos, aí me refiro aos diáconos, aos padres, aos bispos, eles devem se abstercasa de apostas telegramexpressar opção partidária e até mesmo por candidatos."

Confira a seguir os principais trechos da entrevista.

casa de apostas telegram BBC News Brasil - Nos últimos dez dias, observamos uma sériecasa de apostas telegramacontecimentoscasa de apostas telegramnatureza político-partidária no meio da Igreja Católica. Houve a confusão quando a comitivacasa de apostas telegramBolsonaro esteve na Basílicacasa de apostas telegramAparecida, no dia 12casa de apostas telegramoutubro, missas interrompidas por manifestações partidárias e, no último domingo, o senhor foi atacado porque demonstrou preocupação com acirramento dos ânimos no contexto eleitoral. O que está acontecendo com os cristãos brasileiros?

casa de apostas telegram Dom Odilo Scherer - Estamoscasa de apostas telegramcampanha eleitoral, este é o contexto. E o que está acontecendo é que os cristãos acabaram sendo envolvidos na polarização político-ideológica que é geral, que não é só brasileira, e isso está se expressando agoracasa de apostas telegrammaneira toda especial na proximidade do segundo turno das eleições presidenciais. Os ânimos estão muito acirrados. Há um envolvimento muito claro, eu diria assim, com as religiões. As igrejas, sobretudo as cristãs, foram arrastadas para dentro do debate. Não só do debate, o que seria legítimo, mas para a briga política.

casa de apostas telegram BBC News Brasil - No Twitter, o senhor citou uma preocupação como avanço do fascismo no Brasil. Que setores fascistas seriam esses? O que seria esse avanço?

casa de apostas telegram Scherer - Existem sinais, que não sãocasa de apostas telegramagora, naturalmente, que vêmcasa de apostas telegrammais tempo,casa de apostas telegramcerta tendência fascista, sim, que está na cultura. É uma doutrinação, eu diria até mesmo,casa de apostas telegramideias fascistas ou fascistoides, que agora se expressamcasa de apostas telegramalguma forma dentro dessa polarização política. Isso se expressacasa de apostas telegramforma muito especial nessa absolutizaçãocasa de apostas telegramum pensamento sem permitir interlocução serena com quem pensa diferente. Essa absolutização é configurada como luta entre "o bem" e "o mal",casa de apostas telegrammodo genérico, e como tal se apresenta alguém que é detentor ou identificado como aquele que é promotor "do bem" e outro identificado como o promotor "do mal". E quem adere politicamente ao que promove "o bem" é tido como "do bem". E quem é identificado como apoiadorcasa de apostas telegramquem supostamente promove "o mal" é tido como "do mal".

Isso é absurdo. O próprio papa Francisco tem dito que o bem não está todocasa de apostas telegramum lado nem o mal está todocasa de apostas telegramum lado. A coisa não é tão simples nem tão clara, tão preto no branco. Existem claramente causascasa de apostas telegramque precisamos ter uma definição: não podemos ser mais ou menos a favor da vida, mais ou menos a favor da justiça; a gente precisa ser a favor. Porém, isso não nos deve levar a demonizar quem pensa diferente ou quem tenha argumentos diferentes e levar à instrumentalização das massascasa de apostas telegramfunção do pensamento, digamos, ideológico e, claro, com o objetivocasa de apostas telegramalcançar o poder, tornar as massas irrefletidamente fanáticascasa de apostas telegramtornocasa de apostas telegramuma proposta oucasa de apostas telegramum determinado projeto.

Isso claramente não está dentro do esquema democrático, está indicando mais para regimes totalitários do que para sistemas democráticos, abertos, que aceitam o contraditório e que aceitam conviver com o plural, sem a pretensãocasa de apostas telegrameliminar, pelo menos culturalmente ou idealmente, quem pensa diferente. Nossa sociedade é pluralistacasa de apostas telegramtodos os aspectos, temoscasa de apostas telegramreconhecer e aceitar. A manipulação da religião é o que está acontecendo muito fortemente. A meu ver este é um fator preocupante.

O que se queria evitarcasa de apostas telegramnossa parte, pelo menos da parte da Igreja Católica, acabou acontecendo: o envolvimento mais explícito, até mesmocasa de apostas telegramclérigos, que devem se abster. Isso não significa que o povo católico não tenha posição política, partido, candidato… Claramente, é um direito do povo católico fazer isso. Mas os clérigos, aí me refiro aos diáconos, aos padres, aos bispos, eles devem se abstercasa de apostas telegramexpressar opção partidária e até mesmo por candidatos. Isso é da norma da Igreja, porque divide a comunidade. Temoscasa de apostas telegrampromover a comunhão da comunidade nacasa de apostas telegrampluralidade e não podemos pôr a perder valores maiores por causacasa de apostas telegramuma disputa política.

Dom Odilo Scherer

Crédito, Luciney Martins / Divulgação

Legenda da foto, 'O uso [político-partidário] da palavra na igreja, no púlpito, na hora da celebração é proibido, até pela lei [eleitoral] brasileira'

casa de apostas telegram BBC News Brasil - A manifestação partidáriacasa de apostas telegramclérigos é inclusive proibida pelo Códigocasa de apostas telegramDireito Canônico, certo?

casa de apostas telegram Scherer - Sim. É contrário às normas da Igreja.

casa de apostas telegram BBC News Brasil - E o que vem sendo feito, no caso dacasa de apostas telegramarquidiocese, para coibir ou punir casoscasa de apostas telegrampadres e bispos que estejam se manifestando a favorcasa de apostas telegramalgum candidato?

casa de apostas telegram Scherer - As coisas estão acontecendo. Depoiscasa de apostas telegramacontecidas, a gente vai resolver o que faz. Naturalmente, estamos no fervor dos fatos, mas isso merecerá claramente uma reflexãocasa de apostas telegramnossa parte, na medida que estivercasa de apostas telegramnosso alcance. A gente está tentando justamente controlar isso, mas, claramente, fugiu do controle.

casa de apostas telegram BBC News Brasil - Existe punição prevista para casos assim?

casa de apostas telegram Scherer - O uso [político-partidário] da palavra na igreja, no púlpito, na hora da celebração é proibido, até pela lei [eleitoral] brasileira. E, portanto, tem sim, sanções canônicas que podem sercasa de apostas telegramuma censura atécasa de apostas telegramuma suspensão se o caso for para tal.

casa de apostas telegram BBC News Brasil - Os casos concretos ainda serão analisados?

casa de apostas telegram Scherer - Claro, os canonistas precisam olhar claramente. Mas, no momento, não estamos, porque, claramente, o assunto ainda está acontecendo. Não tem como fazer isso agora… Esta iniciativa será tarefa para depois.

casa de apostas telegram BBC News Brasil - No mês passado, o senhor esteve no Vaticano com o papa Francisco. Ele demonstrou alguma preocupação com o período eleitoral brasileiro?

casa de apostas telegram Scherer - Certamente o papa está muito informado sobre o que vem acontecendocasa de apostas telegramtodo o mundo e, portanto, antes que nós falássemos, ele já sabia. Está acompanhando o que está acontecendo com o Brasil. Isso foi assunto tambémcasa de apostas telegramnossa conversa com o papacasa de apostas telegramnossa visita a ele.

casa de apostas telegram BBC News Brasil - Algocasa de apostas telegramconcreto dessa conversa pode ser tornado público?

casa de apostas telegram Odilo Scherer - Não há nadacasa de apostas telegramespecial a não ser informações sobre o que se passa na campanha eleitoral, sobre as tendências que estão presentes e como o povo católico está se posicionando… Essas questões…

casa de apostas telegram BBC News Brasil - Voltando à questãocasa de apostas telegramque os padres não podem se manifestar partidariamente:casa de apostas telegramum contextocasa de apostas telegramque determinados religiosos estão pedindo votos abertamente, quem ficacasa de apostas telegramsilêncio não pode dar a entender que toda a Igreja está fechada com determinado candidato? Qual a postura mais adequada, então, nesse caso específico?

casa de apostas telegram Scherer - Permanece válido o que a Igreja continua a dizer. Infelizmente, nem sempre isso é observado. No calor da campanha eleitoral, muitas vezes se esquece essa recomendação, que não é só uma recomendação, para os padres. Agora, a Igreja não deve ser identificada somente como os clérigos. A Igreja é o povo. E o povo tem o direito e até o devercasa de apostas telegramparticipação política, partidária,casa de apostas telegramse manifestarcasa de apostas telegramfavorcasa de apostas telegramcandidatos. Isso está no pleno direito do povo católico. São os clérigos — os diáconos, os padres e os bispos — que não devem, para não dividir a comunidade.

casa de apostas telegram BBC News Brasil - Em períodos eleitorais, acabam sendo explorados com mais força alguns temas que são caros à doutrina católica, como o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Como tratar disso?

casa de apostas telegram Scherer - Nas igrejas, essas temas são tratados como temas morais, e, naturalmente, a posição da Igrejacasa de apostas telegramrelação a eles é conhecida. E, mesmocasa de apostas telegramtempocasa de apostas telegramcampanha eleitoral, nada impede que se trate e continue a tratar desses temas, que são temas morais, não são temas políticoscasa de apostas telegramprimeiro plano. Claro que, no tempo da campanha eleitoral, acabam sendo politizados, o que é uma pena. Pareceria que quem ganha a eleição então ganha a posição políticacasa de apostas telegramrelação a determinado tema. Não, os valores morais são universais, não são valorescasa de apostas telegrampartido oucasa de apostas telegramgoverno. São valores universais que devem valer para todos os partidos, independentementecasa de apostas telegramquem ganha a eleição.

Por isso, é uma pena que se faça politizaçãocasa de apostas telegramvalores morais. Esses deveriam valer para todos, e não simplesmente serem trazidos para a campanha político-partidária. Mas é inevitável que isso aconteça. Então, ao se falarcasa de apostas telegramvalores e posições da Igrejacasa de apostas telegramrelação a valores morais, nem por isso a Igreja está fazendo campanha partidária. Está falandocasa de apostas telegramsuas convicções ecasa de apostas telegramsua doutrina, e isso vale tanto para clérigos quanto para leigos.

Dom Odilo Scherer

Crédito, Luciney Martins / Divulgação

Legenda da foto, "Jesus não está convidando ninguém a fazer guerra contra os outros", diz Dom Odilo

casa de apostas telegram BBC News Brasil - Mas há alguma orientação aos católicos, no sentido dos valores morais, para ajudar a nortear a escolha dos candidatos?

casa de apostas telegram Scherer - Comocasa de apostas telegramtudo, a moral não se impõe. Ela se propõe. Como uma questãocasa de apostas telegramprincípio. E cada um deve escolher, emcasa de apostas telegramconsciência, e aderir a esses valorescasa de apostas telegramconsciência e depois respondercasa de apostas telegramconsciência, diantecasa de apostas telegramsi, diante dos outros e diantecasa de apostas telegramDEus.

casa de apostas telegram BBC News Brasil - O posicionamento da Igreja é o mesmo quando a gente coloca a questão do armamentismo?

casa de apostas telegram Scherer - Certamente. Esta também é uma questão moral, sim.

casa de apostas telegram BBC News Brasil - Muitos cristãos que defendem o portecasa de apostas telegramarmas acabam citando uma passagem do evangelhocasa de apostas telegramLucas, onde Jesus orienta seus seguidores a venderem suas capas e comprarem uma espada. Como explicar esta passagem à luz do atual debate?

casa de apostas telegram Scherer - Tem que estudar melhor o significado dessa expressão no contexto do Evangelho. Jesus não justificacasa de apostas telegramforma nenhuma o armamentismo com isso. Jesus, naquele momento, fala da força interior que se deve ter para testemunharcasa de apostas telegramfavor da fé, do Reinocasa de apostas telegramDeus que ele está trazendo e convidando a aderir. Jesus não está convidando ninguém a fazer guerra contra os outros.

casa de apostas telegram BBC News Brasil - Por que a pauta religiosa se tornou tão preponderante neste ano eleitoral?

casa de apostas telegram Scherer - Na verdade, ela aparecia antes também. Mas acredito, interpretação minha, que é porque o uso da religião, do nomecasa de apostas telegramDeus e assim por diante é muito frequente por partecasa de apostas telegramum dos candidatos. Isso é público e é conhecido. E isso se tornou argumento da campanha eleitoral.

casa de apostas telegram BBC News Brasil - Este mesmo candidato, que o senhor não cita nominalmente, insiste que há uma perseguição a cristãos no Brasil. O senhor concorda?

casa de apostas telegram Scherer - Existe,casa de apostas telegramfato, sim. Ultimamente, tem aparecido. Até na Basílicacasa de apostas telegramAparecida, houve uma formacasa de apostas telegramdesrespeito ao momento religioso, ao momentocasa de apostas telegramculto dentro da Basílica [aqui, Scherer se refere aos apoiadores do candidato à reeleição Jair Bolsonaro que causaram confusão durante as celebraçõescasa de apostas telegramNossa Senhora Aparecida no feriado alusivo a ela, no último dia 12]. Há outros momentoscasa de apostas telegramque pessoas interrompem missas para provocar ou, então, criar arruaça dentro da celebração. Isso são manifestaçõescasa de apostas telegramintolerância, se não sãocasa de apostas telegramperseguição. Sãocasa de apostas telegramintolerância. E a intolerância é muito preocupante. Por isso mesmo é perigoso tornar a religiãocasa de apostas telegramalguma forma instrumentocasa de apostas telegrambusca do poder e argumentar com basecasa de apostas telegramargumentos religiosos para conseguir o voto das pessoas. Isso é perigoso e pode desencadear consequências incontroláveis depois.

casa de apostas telegram BBC News Brasil - Consequências incontroláveis? O senhor enxerga algum risco para a democracia no Brasil?

casa de apostas telegram Scherer - Tem havido manifestações, não agora simplesmente neste momento, mascasa de apostas telegrammais tempo para cá que apontam para esse risco. Por exemplo, o questionamento das instituições. Não um questionamento qualquer, mas uma formacasa de apostas telegramameaça às instituições democráticas. Um poder contra outro poder. Ou até pretender ter um controle total sobre o Judiciário, por exemplo. Isso, sim, indica um risco para as instituições democráticas. Mas eu espero que não aconteça. O Brasil tem resistido a essas, digamos, ameaças. Creio que nossa democracia aguentou bastante e vai aguentar também essa. E vai se sair melhor.

casa de apostas telegram BBC News Brasil - Qual o papel da Igreja Católica na contribuição ao fortalecimento desse processo democrático?

casa de apostas telegram Scherer - Primeiramente, a Igreja tem um papel próprio. Não é um papel político-partidário. A Igreja, e aí também a Conferência dos Bispos [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB], não é um partido, não é uma facção a favor ou contra o governo. A Igreja é povo. E, na Igreja, existem pessoascasa de apostas telegramvárias cores partidárias, legitimamente. A Igreja, por isso mesmo, é inclusiva. Não é seletivacasa de apostas telegramideologias oucasa de apostas telegrampartidos,casa de apostas telegramposições partidárias. A Igreja está no meio do povo, é o povo. É dos que aderem a ela e estão batizados, portanto, fazem parte dela. Por isso, a Igreja está na sociedade, é parte dela, e, através da ação da Igreja, ela procura educar — a palavra parece meio inadequada neste contexto, mas o trabalhocasa de apostas telegramevangelização é, sim, um trabalhocasa de apostas telegramformação das pessoascasa de apostas telegramfunçãocasa de apostas telegramvalores,casa de apostas telegramreconhecimento do próximo e da dignidade humana, dos valorescasa de apostas telegramjustiça e retidão. Este é o papel formador que a Igreja tem na sociedade.

A Igreja, atravéscasa de apostas telegramsuas múltiplas formascasa de apostas telegrampresença, está na sociedade como colaboração. Ela não substitui nem a sociedade nem o governo. A Igreja não é uma coisa separada da sociedade, está dentro da sociedade, com creches, hospitais, escolas, com inúmeras iniciativascasa de apostas telegrampresença junto aos pobres, doentes, etc. Então, dessas formas, a Igreja está colaborando, contribuindo para uma vida melhor na sociedade. Com o governo, a Igreja está disponível para colaboração naquilo que é legítimo e possível. E aí não tem o governo A ou B. Com qualquer governo, quando isso seja possível e coerente com aquilo que é acasa de apostas telegramconvicção.

casa de apostas telegram BBC News Brasil - E qual o papel da Igreja no período eleitoral?

casa de apostas telegram Scherer - A Igreja tem dado orientações quanto a parâmetros, balizas que devem orientar a busca do voto, ou então a quem dar o voto. A escolha dos candidatos, quais os critérios que, segundo a convicção da Igreja, deveriam ser levadoscasa de apostas telegramconsideração na escolha. Isso a Igreja faz, tem feito.

Damos, naturalmente, critérios que possam ajudar os cristãos que queiram ter referências. E o povo espera isso, pede, quer referências para a escolha dos candidatos. Claro que o povo queria muitas vezes ouvir "votecasa de apostas telegramA", "votecasa de apostas telegramB". Normalmente, não fazemos isso, porque a gente sabe que a nossa indicação já introduziria a divisão na comunidade. Oferecemos critérios pelos quais as pessoas devem se orientar. São aqueles que normalmente já são conhecidos. Primeiramente, olhar a capacidade, a idoneidade moral do candidato que se apresente. Depois a sua, diria assim,casa de apostas telegramficha, seu histórico, se ele merece a nossa confiança, se ele representa nossas convicções.

Depois, por outro lado, claro, aquele programa que ele tem ou defende, ele ou o partido ou o conjuntocasa de apostas telegrampartidos. Esse programa vai bem? Ele contraria nossas convicções? São essas coisas que a gente propõe normalmente. Alémcasa de apostas telegramter oferecido critérios que, esperamos, tenham todos, agora a gente está fazendo o papelcasa de apostas telegramacalmar os ânimos. Para evitar que, no calor da campanha, se produzam lacerações nas relações sociais, humanas e até mesmo dentro das famílias, comunidades cristãs que, depois, dificilmente serão superadas.

Entendemos que há valores que vão alémcasa de apostas telegramuma campanha eleitoral. Claro que,casa de apostas telegramuma campanha, temos muitas coisascasa de apostas telegramjogo e muitas coisas apreciáveis. Porém, depois da eleição, temoscasa de apostas telegramcontinuar vivendo, temoscasa de apostas telegramcontinuar a viver juntos. E só um pode ganhar. Quem ganha deve governar, e esperamos que governe bem. E quem perde vai para a oposição, que controle quem governa e faça seu papel. Por outro lado, é preciso compreender que, no Brasil, temos um regime democrático, republicano, presidencialista. Não somos parlamentaristas e muito menos imperial, portanto o presidente não pode tudo. O presidente não governacasa de apostas telegrammaneira absoluta, e nem queremos que governecasa de apostas telegrammaneira absoluta. Temcasa de apostas telegramlevarcasa de apostas telegramconta os outros dois poderes, o Congresso e o Judiciário. E levarcasa de apostas telegramconta a população. O grande poder é o povo, e o próprio povo deve controlar quem governa,casa de apostas telegramtodas as instâncias e acompanhar as ações do governo e ver se estãocasa de apostas telegramacordo com aquilo que o povo pretende. Que o povo se manifeste também depois das eleições. Nosso voto é apenas uma parte do processo político. Nossa participação política não termina na urna. Ela continua depois, ao longocasa de apostas telegramtodo o governo.

casa de apostas telegram BBC News Brasil - Quando o senhor diz "nossa participação", inclui também a Igreja como instituição?

casa de apostas telegram Scherer - Exatamente, o papel político dos organismos da Igreja é legítimo, não é negado. Ele é previsto e reconhecido pelas instituições da sociedade. Gostariacasa de apostas telegramacrescentar uma palavra que o papa Francisco tem usado e que se aplica bem ao período eleitoral: que os adversários não sejam considerados inimigos. Adversários políticos pensam diferentes. Mas não devem ser considerados inimigos, porque isso depois cria situações realmente não só constrangedoras, mas insuportáveis e insustentáveis. Deve prevalecer a amizade social, o respeito e a tolerância. E cada um que lute por aquilo que acredita. Esperamos que seja assim.

- Texto originalmente publicadocasa de apostas telegramhttp://bbc.co.ukhttp://vesser.net/brasil-63334190

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