Cinco fatos que mostram que Brasil vai às urnas para eleição histórica:esporte palmeiras
Entenda melhor a seguir cada um desses aspectos históricos das eleiçõesesporte palmeiras2022.
1. A disputa dos presidentes
Após ser barrado da corrida presidencialesporte palmeiras2018, por estar condenadoesporte palmeirassegunda instância dentro da operação Lava Jato, Lula reconquistou o direitoesporte palmeirasdisputar eleições depois que seus processos foram anulados pelo Supremo Tribunal Federal (STF)esporte palmeiras2021. Isso ocorreu porque a mais alta Corte do país entendeu que os direitos do petista não foram respeitados nos processos conduzidos na antiga vara do ex-juiz Sergio Moro.
A reviravolta permitiu o embate inédito entre dois concorrentes carismáticos, com forte apelo popular e que já carregam a experiênciaesporte palmeirasgovernar o país, o que dificultou o crescimentoesporte palmeirasoutras candidaturas ao longo da corrida eleitoral, nota o cientista político Rafael Cortez, da Consultoria Tendências.
Segundo as pesquisasesporte palmeirasintençãoesporte palmeirasvoto, a maioria dos eleitores fará neste domingo uma escolha entre Lula e Bolsonaro. Para decidir, os brasileiros devem comparar não só o desempenho que cada um teve no comando do país, mas também o estiloesporte palmeirasgovernar, acredita a socióloga Esther Solano, professora da Universidade Federalesporte palmeirasSão Paulo (Unifesp).
"Eu acho que essa eleição resume-se não só a um comparativo entre dois governos, mas também entre dois homens, entre essas duas personalidades e os símbolos e os valores que as duas representam", afirma Solano, que é estudiosa do eleitor bolsonarista.
Naesporte palmeirasavaliação, o forte apelo emocional das duas candidaturas que já ocuparam o Palácio do Planalto reforçou a polarização dessa eleição.
"Lula e Bolsonaro são duas grandes figuras que despertam paixões e afetos muito mais do que outras. São dois turbilhões. É muito difícil entre essas duas personalidades você encaixar uma terceira via que não tem esse mesmo capital afetivo", acrescenta.
2. O primeiro a não se reeleger?
Desde que o Congresso aprovou a possibilidadeesporte palmeirasreeleiçãoesporte palmeiras1997, todos os presidentes que tentaram um segundo mandato foram reeleitos: Fernando Henrique Cardosoesporte palmeiras1998, Lulaesporte palmeiras2006 e Dilma Rousseffesporte palmeiras2014.
Como explica o cientista político Rafael Cortez, da Consultoria Tendências, o candidato que tenta a reeleição geralmente tem uma competitividade maior porque tem o poderesporte palmeirastomar decisões concretas que afetem a vida dos eleitores, enquanto os outros tentam atrair o eleitor "basicamente no discurso".
Bolsonaro, lembra Cortez, não poupou esforços para impactar positivamente os brasileiros nos meses que antecederam a eleição, como a ampliaçãoesporte palmeirasbenefícios sociais e ações para baratear os combustíveis. As medidas, porém, não foram capazesesporte palmeirasreverter o alto nívelesporte palmeirasrejeição que o presidente enfrenta.
Segundo pesquisa Datafolha do finalesporte palmeirassetembro, 44% dos brasileiros reprovam seu governo, 23% o consideram regular, e 32% aprovamesporte palmeirasadministração.
É o pior resultado registrado por um presidente que tenta se reeleger, mostra o históricoesporte palmeiraslevantamentos do instituto. Fernando Henrique tinha 43%esporte palmeirasaprovação e 17%esporte palmeirasreprovaçãoesporte palmeirassetembroesporte palmeiras2018. Já Lula tinha 46%esporte palmeirasaprovação e 18%esporte palmeirasreprovaçãoesporte palmeirassetembroesporte palmeiras2006. Dilma, poresporte palmeirasvez, tinha 37%esporte palmeirasaprovação e 22%esporte palmeirasreprovaçãoesporte palmeirassetembroesporte palmeiras2014.
Os analistas entrevistados apontam uma sérieesporte palmeirasfatores para explicar a reprovação mais alta enfrentada por Bolsonaro.
Por um lado, o aumento da pobreza nos últimos anos, período marcado pela pandemiaesporte palmeirascoronavírus e inflaçãoesporte palmeirasalta, piorou a vidaesporte palmeirasmilhõesesporte palmeirasbrasileiros duranteesporte palmeirasgestão. Segundo pesquisa divulgadaesporte palmeirasjunho pela Fundação Getúlio Vargas, o percentualesporte palmeirasbrasileirosesporte palmeirascondiçãoesporte palmeiraspobreza (renda mensal inferior a R$ 497) chegou a 29,6%esporte palmeiras2021, maior patamar da série histórica iniciadaesporte palmeiras2012. Isso representa 62,9 milhõesesporte palmeirasbrasileiros. Em 2018, último ano antesesporte palmeirasBolsonaro assumir, eram 55,7 milhões nessa situação.
Para Cortez, as medidas adotadas pelo governo pouco antes da eleição parecem ter sido insuficientes para se contrapor a esse aumentoesporte palmeirasvulnerabilidade social. "E o eleitor pode ter visto a ação como oportunista, buscando apenas o ganho eleitoral", acrescenta, ao analisar porque a aprovação do governo não se recuperou mesmo com o pacotão social.
Outro fator por trás da rejeição alta ao presidente, avalia Esther Solano, foiesporte palmeirasresposta à crise do coronavírus. Bolsonaro não apoiou as medidas recomendadas por especialistas, como isolamento social, usoesporte palmeirasmáscaras e vacinação. E,esporte palmeirasalguns momentos, deu declarações que foram vistas como desrespeitosas, como quando respondeu "Não sou coveiro, tá?" ao ser questionado por jornalistas sobre as vítimas da doençaesporte palmeirasabrilesporte palmeiras2020.
Em setembro, durante a campanha, ele se mostrou arrependido dessa declaração: "Dei uma aloprada", disse,esporte palmeirasentrevista ao podcast Collab.
Mas o recuo não parece suficiente para recuperar a maioria do eleitorado, acredita Solano.
"O Bolsonaro cometeu erros que dificilmente serão perdoados pela população. Eu acho que o mais fundamental é a desumanidade da pandemia. Basicamente, no momentoesporte palmeirasque mais era preciso alguém para cuidar da população, num momento histórico internacional, Bolsonaro não só foi um gestor péssimo da pandemia, como demonstrou uma desumanidade que foi brutal", critica a socióloga.
Além disso, a Solano identifica um cansaço da população com a "instabilidade" gerada pelo estiloesporte palmeirasgovernar do presidente, inclusive entre eleitores que votaram neleesporte palmeiras2018.
Naesporte palmeirasavaliação, o estilo "disruptivo"esporte palmeirasBolsonaro empolgou parte da população quatro anos atrás, quando havia uma onda contra a política tradicional, mas não funcionou na horaesporte palmeirasgovernar.
"Quando faço as entrevistas com os bolsonaristas insatisfeitos, aparece muito a questão da instabilidade. Esse jeito violento, queesporte palmeiras2018 era interessante porque era o jeito do outsider, hojeesporte palmeirasdia transformou-seesporte palmeirasum fardo, porque é o jeitoesporte palmeirasalguém que não sabe governar e que jogou o Brasil basicamente numa instabilidade permanente", afirma Solano.
Na avaliação da socióloga, Lula acaba se beneficiando do contraste com Bolsonaro nesse campo, já que o petista se apresenta como um políticoesporte palmeiras"conciliação", o "Lulinha paz e amor", que construiu na campanha uma aliança ampla, conquistando, inclusive, o apoioesporte palmeirasantigos adversários, como o ex-tucano Geraldo Alckmin, que concorre a vice-presidente ao lado do petista.
O cientista político Creomaresporte palmeirasSouza, professor da Fundação Dom Cabral, tem uma leitura semelhante. Naesporte palmeirasavaliação, o governo Bolsonaro teve a propostaesporte palmeiras"desconstruir" iniciativas anteriores, mas teve dificuldadeesporte palmeirasconstruir novas ações.
"Há uma incapacidadeesporte palmeirasfazer política públicaesporte palmeirasqualidade", resume.
"Eu acho que Bolsonaro foi muito eficazesporte palmeirascriar uma base muito coesaesporte palmeiraseleitores que, à semelhança do que a gente vê com o PT, vai seguir com o Bolsonaro, independentemente do que aconteça. O problema é que o estiloesporte palmeirasadministração montado por Bolsonaro até aqui parece ter cansado os outros 70% da sociedade. Em algum sentido, não aguentam mais essa ideiaesporte palmeirasque você administra o paísesporte palmeirasuma forma que é um tanto quanto impulsiva, intempestiva", acrescenta.
Mais um fator que explica a alta rejeição a Bolsonaro, apontam os analistas, é a percepçãoesporte palmeirasque o presidente não cumpriuesporte palmeiraspromessaesporte palmeirascombate à corrupção. Com isso, o trunfo que presidente tinha,esporte palmeirasse contrapor aos escândalos dos governos petistas, perdeu forçaesporte palmeirasrelação à disputaesporte palmeiras2018.
Segundo pesquisa Datafolha do finalesporte palmeirassetembro, 69% dos entrevistados acreditam que há corrupção no seu governo, ante 23% que disseram que não existe e outros 8% que não souberam responder.
"Havia a ideiaesporte palmeirasque Bosonaro iria lutar contra a corrupção. Não só não lutou, mas ele se aliou a setores enxergados como corruptos, como por exemplo o Centrão", ressalta Solano.
Bolsonaro tem respondido a esse tipoesporte palmeirascrítica dizendo que não é possível governar sem essas alianças.
"Se tirar o Centrão, sobram 200 deputados, como vai aprovar um simples projetoesporte palmeiraslei se não tiver um acordo, um mínimoesporte palmeirasurbanidade com eles?", disse no debate promovido pela TV Globo.
Quanto ao aumento da pobreza, ele também tem refutado que a fome seja um problema grave hoje no país. "Fome no Brasil, fome para valer, não existe como é falado. O que é extrema pobreza? É você ganhar até US$ 1,9 dólar por dia, isso dá R$ 10. O Auxílio Brasil são R$ 20 por dia. Então, porventura, quem porventura está no mapa da fome pode se cadastrar (no programa)", afirmouesporte palmeirasagosto, no Ironberg Podcast.
3. Recusaesporte palmeirasaceitar resultado das urnas?
O pleitoesporte palmeiras2022 também é marcado por um nível altoesporte palmeirasincerteza e tensão sobre o que acontecerá após o resultado das urnas. Caso se confirme a derrotaesporte palmeirasBolsonaro, seja no primeiro ou no segundo turno, não está claro se o presidente reconhecerá a vitória adversária e promoverá uma transiçãoesporte palmeirasgoverno pacífica.
Desde o ano passado, Bolsonaro tem intensificado seus questionamentos sobre a segurança da urna eletrônica, sem apresentar provas que comprovem suas alegaçõesesporte palmeiraspossíveis fraudes no sistemaesporte palmeirasvotação brasileiro.
Na última semana, foi divulgado um documento do seu partido, o PL, com resultadosesporte palmeirasuma suposta auditoria que teria detectado vulnerabilidades do sistemaesporte palmeirasvotação, no que foi visto com uma preparação para contestação do resultado. O TSE classificou as informações do documento como "fraudulentas e atentatórias ao Estado Democráticoesporte palmeirasDireito e ao Poder Judiciário" e determinou uma investigação.
"A definição básicaesporte palmeirasdemocracia é que os partidos e os políticos aceitem perder a eleição com a possibilidadeesporte palmeirasganhar na próxima vez que concorrerem. Se você tem um presidente não aceitando essa premissa básica, ele está preparando o terreno para fazer algum tipoesporte palmeirascontestação pós eleição. O que a gente não sabe é quanto ele vai teresporte palmeirasrespaldo", afirma Beatriz Rey, cientista política e pesquisadora visitante da Universidade Johns Hopkins,esporte palmeirasWashington.
"Uma parte do establishment político está se recusando a participar do jogo. Isso significa que a democracia deixouesporte palmeirasser a única opção na mesa. Quer dizer, tem outras opções sendo circulando. É péssimo", acrescenta.
4. Atuação das forças armadas
Esse cenário é agravado pelo envolvimento das Forças Armadas, nota Júlio César Rodriguez, professoresporte palmeirasRelações Internacionais da Universidade Federalesporte palmeirasSanta Maria (UFSM).
Beneficiados por aumentosesporte palmeirasremuneração, expansão do orçamento para gastosesporte palmeirasDefesa e acesso a milharesesporte palmeirascargos na gestão federal desde 2019, os militares têm atuado como aliadosesporte palmeirasBolsonaro e fizeram uma sérieesporte palmeirasrequisitos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o suposto propósitoesporte palmeirasaumentar a segurança e a transparência do sistema eleitoral.
Parte das demandas foi atendida, como a realizaçãoesporte palmeirastestesesporte palmeirasintegridade das urnas com eleitores reais, que vão liberar a votação através daesporte palmeirasbiometria. Os testesesporte palmeirasintegridade, realizados desde 2002, são votações simuladas feitas no dia da eleição com urnas reais sorteadas para verificar se os aparelhos estão funcionando adequadamente. Neste ano, o númeroesporte palmeirasurnas foi ampliadoesporte palmeiras100 para 640, e a biometria será usadaesporte palmeiras5% a 10% do total (32 a 64 urnas).
Já após a votação, os militares pretendem fazer a conferênciaesporte palmeirasalgumas centenasesporte palmeirasurnas, a partir do boletim que é geradoesporte palmeirascada uma delas ao final da votação. Esses boletins, que, alémesporte palmeirasimpressos, estarão disponíveis neste ano também online, servem para checar se os votos contabilizados no TSE batem com os votos registrados nas urnas. É uma informação pública, disponível para qualquer pessoa ou entidade realizar a conferência.
No entanto, devido ao forte vínculo das Forças Armadas com o governo, o envolvimento dos militares têm gerado receiosesporte palmeirasque essa conferência possa ser usadaesporte palmeirasforma distorcida para apoiar Bolsonaroesporte palmeirasuma eventual tentativaesporte palmeirascontestar o resultado.
Para Rodriguez, o envolvimento das Forças Armadas deveria se limitar ao apoio logístico que os militares há décadas realizam no auxílio ao transporte das urnas até as sessões eleitorais. "Quanto menos envolvimento político (os militares) tiverem, melhor e mais sadia estará a nossa democracia", defende.
Naesporte palmeirasleitura, o TSE aceitou parte das demandas das Forças Armadas numa tentativaesporte palmeirasdistensionar a relação com os militares e também por confiar na segurança do sistema eleitoral.
"Me parece que o ministro Alexandre Moraes (presidente do TSE) aceitou (a atuação dos militares) devido à alta confiança que tem nos resultados. Então, nada que será fiscalizado do funcionamento vai sair fora do esperado", afirma.
Rodriguez ressalta que há "uma pressão grande das instituições da sociedade para que se obedeça o resultado das eleições" e seria muito custoso para as Forças Armadas se envolver numa contestação. Naesporte palmeirasavaliação, a maior parte do comando militar não quer isso.
"O cenário que se avizinha éesporte palmeirasderrota (de Bolsonaro). Se embarcarem nessa aventuraesporte palmeirascontestar o resultado e as Forças Armadas forem os responsáveis por atestar que houve fraude, isso vai ferir um número muito grandeesporte palmeiraseleitores, que serão majoritários. Então, há um peso para a imagem (das Forças Armadas). Parece que preocupa", analisa.
5. Temoresporte palmeirasmais violência política
Além da apreensão sobre a atuação dos militares, a expectativaesporte palmeirasque apoiadores mais radicais do presidente não aceitem uma possível derrotaesporte palmeirasBolsonaro é outro focoesporte palmeiraspreocupação,esporte palmeirasmeio a um contextoesporte palmeirasescalada da violência política, afirma Samira Bueno, diretora do Fórum Brasileiroesporte palmeirasSegurança Pública.
Nas últimas semanas, o país registrou assassinatos e agressões devido a discordâncias políticas, como o episódio no interior do Mato Grosso do Sulesporte palmeirasque o bolsonarista Rafael Silvaesporte palmeirasOliveira foi preso após matar a facadas o colegaesporte palmeirastrabalho Benedito Cardoso dos Santos, que defendia Lula.
Segundo uma pesquisa feita pelo Datafolha a pedido do Fórum Brasileiroesporte palmeirasSegurança Pública e da Redeesporte palmeirasAção Política pela Sustentabilidade (Raps), 67,5% dos brasileiros afirmam ter medoesporte palmeirasserem agredidos fisicamente por causaesporte palmeirassuas escolhas políticas ou partidárias. A pesquisa divulgadaesporte palmeirassetembro também mostrou que 3,2% dos entrevistados disseram ter sido vítimasesporte palmeirasameaças por motivos políticosesporte palmeirasjulho.
"Vivemos um período sombrio da nossa história. Temos dois momentosesporte palmeiraspreocupação (em relação à violência política): domingo (dia da votação) e o que vai acontecer com esse país daqui até 31esporte palmeirasdezembro caso Lula vença", avalia Bueno.
"Porque tudo indica que o Bolsonaro não vai reconhecer o resultado da eleição, vai contestar falando sobre fraude, um pouco da estratégia que o Donald Trump utilizou (ao contestar a eleiçãoesporte palmeirasseu adversário, Joe Biden, presidente dos EUA). Assim como eles tiveram lá a invasão do Capitólio (Congresso americano), a gente precisa ficar atento a algum episódio desse tipo que acabe resultandoesporte palmeirasviolência política", alerta.
Para Bueno, um agravante é o fatoesporte palmeirasuma parte dos apoiadoresesporte palmeirasBolsonaro ser adepto do usoesporte palmeirasarmasesporte palmeirasfogo, postura que foi incentivada pelo presidente no seu governo.
Na tentativaesporte palmeirasreduzir os riscos, o TSE proibiu o transporteesporte palmeirasarmas e munições,esporte palmeirastodo o território nacional, por parteesporte palmeirascolecionadores, atiradores e caçadores entre sábado e segunda.
No casoesporte palmeirasoutras categorias com direito a porteesporte palmeirasarmas, também está proibido que circular armado a menosesporte palmeiras100 metrosesporte palmeirassessões eleitorais.
- Esse texto foi publicado originalmenteesporte palmeirashttp://vesser.net/brasil-63098025
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