Eleições 2022: 'Evangélicamr jack bet e confiávelberço, minha mãemr jack bet e confiável70 anos agora pensamr jack bet e confiávelter arma':mr jack bet e confiável
A idosa, ela conta, se encantou pelo YouTube. Junto à igreja, a rede se tornoumr jack bet e confiávelprincipal fontemr jack bet e confiávelinformações.
"Ela começou a ver muito vídeo. Descobriu vários pastores que pregam sobre Bolsonaro ser um messias, um enviadomr jack bet e confiávelDeus. Pastores que nem moram no Brasil. E, quanto mais ela assiste, mais recomendações ela recebe. E mais vídeos ela vê. E mais radical ela vai ficando."
Alvomr jack bet e confiávelcríticas constantes da mãe, que diz que a filha "não tem mais salvação" por não querer apoiar Bolsonaro, Helena nota uma radicalização na postura da idosa nos últimos 4 anos.
"De repente, ela que é evangélicamr jack bet e confiávelberço agora diz que pensamr jack bet e confiávelter uma armamr jack bet e confiávelcasa. 'Só para ter', ela me diz. A mente dela está tão cauterizada pelos discursos que ela não entende mais armas como algo que tem a ver com morte, como algo que pode matar", afirma.
"E os pastores têm um discurso muito fortemr jack bet e confiávelque nada acontece sem Deus querer. Então, se matar ou morrer alguem, é 'porque Deus quis'."
'Dói porque vemmr jack bet e confiávelquem eu amo'
Além das armas, a mãemr jack bet e confiávelHelena, evangélica fervorosa, hoje relativiza falas recentes do presidente, como as cinco vezesmr jack bet e confiávelque se autoproclamou "imbrochável" durante as comemorações do bicentenário da Independência do Brasil.
"É isso que mais deixa a gente triste. Lámr jack bet e confiávelcasa nunca se pode falar um palavrão. Agora ela acha que tudo é graça, que é um jeito divertidomr jack bet e confiávelfalar para o povo mais simples entender", diz.
A idosa - que não estava disposta a falar com a reportagem, segundo a filha - não é a única a cair num ciclomr jack bet e confiávelrecomendações políticas no YouTube.
Como a BBC News Brasil mostrou recentemente, filhos e aliados próximos do presidente Bolsonaro foram peça-chave no compartilhamentomr jack bet e confiáveldesinformação sobre "perseguição a cristãos" durante a campanha eleitoral a milhõesmr jack bet e confiávelbrasileiros.
"Percebemos oportunismomr jack bet e confiávelmuitos políticos ligados ao bolsonarismo para usar os ambientesmr jack bet e confiáveltrocamr jack bet e confiávelinformação dos evangélicos para ganhar confiança, disseminar desinformação e angariar votos", disse recentemente à BBC a professora Rose Marie Santini, fundadora do NetLab, laboratório vinculado à Escolamr jack bet e confiávelComunicação da UFRJ dedicado a estudosmr jack bet e confiávelinternet e redes sociais.
"As pessoas estão mais informadasmr jack bet e confiávelrelação ao perigo das fake news do que estavammr jack bet e confiável2018, quando muitos foram pegosmr jack bet e confiávelsurpresa. Mas certamente esse tipomr jack bet e confiáveldesinformação com fundo religioso terá grande impacto no resultado", disse Magali Cunha, doutoramr jack bet e confiávelCiências da Comunicação, pesquisadora do Institutomr jack bet e confiávelEstudos da Religião (Iser) e editora-geral do Coletivo Bereia, especializadomr jack bet e confiávelchecagemmr jack bet e confiávelnotícias falsas com teor religioso.
As mensagens — compartilhadas não só por políticos influentes como também por usuários comuns — associam candidatosmr jack bet e confiávelesquerda, principalmente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a falsos projetos para proibir pregaçãomr jack bet e confiávelpastores, criminalizar a fé evangélica e até retirar o nomemr jack bet e confiávelJesus da Bíblia.
Na famíliamr jack bet e confiávelHelena, qualquer candidato alémmr jack bet e confiávelBolsonaro é alvomr jack bet e confiávelduras críticas.
"Agora, ou é fé ou é inferno. Ou é Bolsonaro ou 'não conversa comigo'. Ela rompeu com muita gente na família. Tenho um tio que sempre votou no Lula, e eles sempre tiveram um bom relacionamento. Hoje, não se falam", diz Helena.
Como cristã, a filha se sente particularmente afetada pelas acusações da mãe.
"Ela diz que eu estou desviada e que perdi minha fé. Que eu não tenho mais salvação, simplesmente porque falei que não voto no Bolsonaro", diz.
"A pior discussão foi quando ela falou pra mim e que tinha perdido as esperançasmr jack bet e confiávelmim e que eu estava condenada ao inferno. Doeu porque afeta a crença da gente, a religião da gente. Dói mais porque, se fossemr jack bet e confiáveluma pessoa estranha... mas é a minha mãe, alguém que viveu a vida toda do meu lado e que eu amo."
Medomr jack bet e confiávelir para a rua
Como muitos brasileiros, Helena pretende passar todo o domingomr jack bet e confiávelvotaçãomr jack bet e confiávelcasa, longemr jack bet e confiávelqualquer possibilidademr jack bet e confiávelconflito.
"Tenho medo do que possa acontecer na rua. No domingo a gente não vai sairmr jack bet e confiávelcasa, ficamos com medo atémr jack bet e confiáveljustificar o voto. Minha preocupação é as pessoas se revoltarem. Que alguém vá com camisa do Lula e alguém parta para cima. Tem muita gente com arma", diz.
As últimas semanas foram marcadas por uma sériemr jack bet e confiávelepisódios ligados a violência políticamr jack bet e confiáveldiferentes partes do Brasil.
Entrevistadoresmr jack bet e confiávelinstitutosmr jack bet e confiávelpesquisa foram agredidos com chutes e socos por apoiadores do presidente.
Só no último dia 13, o instituto Datafolha contabilizou dez episódiosmr jack bet e confiávelataquesmr jack bet e confiávelmunicípiosmr jack bet e confiáveldiferentes locais: São Paulo, Minas Gerais, Alagoas, Maranhão, Goiás, Pará, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Um dos ataques mais emblemáticos aconteceumr jack bet e confiáveljulho, na festamr jack bet e confiávelaniversário do dirigente do PTmr jack bet e confiávelFoz do Iguaçu (PR), assassinado a tiros pelo agente penitenciário federal Jorge Guaranho, apoiadormr jack bet e confiávelBolsonaro.
No sábado (24), um homem que vestia uma camisa com o rostomr jack bet e confiávelBolsonaromr jack bet e confiávelum barmr jack bet e confiávelSanta Catarina morreu após ser atacado com uma faca por um apoiador do PT. A polícia ainda investiga se o crime teve motivação política.
No mesmo dia, no Ceará, outro homem morreu após tomar facadasmr jack bet e confiáveluma discussão sobre política - dessa vez o autor seria um apoiadormr jack bet e confiávelBolsonaro.
'Abri mão do direitomr jack bet e confiávelvotarmr jack bet e confiávelnome da convivência familiar'
"Já deu tanta briga dentromr jack bet e confiávelcasa e é tão estressante que decidimos abrir mão do direitomr jack bet e confiávelvotarmr jack bet e confiávelnome do mínimomr jack bet e confiávelconvivência familiar", diz Helena, afirmando que a abstenção seria a única formamr jack bet e confiávelaliviar a tensão familiar.
"Meu irmão mora com ela, ele tem 30 anos. Ele quer votar no Lula, mas ela já falou que põe ele para foramr jack bet e confiávelcasa. Ele pensou: 'mesmo se eu votar no Bolsonaro, não tenho como provar e ela vai achar que estou mentindo'. Ele ficou sem escolha e decidiu levá-la até a sessão eleitoral, não votar, e passar o resto do dia ao lado dela para ela ter certeza", diz.
"Eu pensei a mesma coisa: se votarmr jack bet e confiáveloutro candidato, vai ser um inferno ela brigando com a gente. Se votar no Bolsonaro, não vai acreditar. Então, conscientemente não fiz a transferência do meu título e não pedi votomr jack bet e confiáveltrânsito. Estou impedidamr jack bet e confiávelvotar."
À BBC News Brasil, diretoresmr jack bet e confiávelinstitutosmr jack bet e confiávelpesquisas disseram que é impossível prever a abstenção no primeiro turno — casomr jack bet e confiávelHelena e do irmão. Este pode ser um importante fator para que as eleições só se encerrem depois do segundo turno.
Nas eleiçõesmr jack bet e confiável2018, por exemplo, a abstenção foimr jack bet e confiável20,3%, o nível mais alto desde 1998, quando 21,5% do eleitorado não compareceu às urnas.
Em 2010,mr jack bet e confiável18,1%. Em 2006,mr jack bet e confiável16,7%. Emr jack bet e confiável2002, quando Lula se tornou presidente pela primeira vez,mr jack bet e confiável17,7%.
Numa eleiçãomr jack bet e confiávelque a disputa por cada voto pode decidir o pleito ainda no primeiro turno (o candidato mais votado tem que ter a maioria absoluta dos votos válidos para assegurar a vitória), essas pequenas diferenças porcentuais podem fazer a diferença, dizem eles.
Luciana Chong, diretora do Datafolha, diz que se o nívelmr jack bet e confiávelabstenção se mantiver como omr jack bet e confiável2018, isso pode "desfavorecer Lula, uma vez que o perfil dessa abstenção é próximo ao perfil dos eleitores dele".
"Mas precisamos avaliar se esse perfilmr jack bet e confiávelabstenção se manterá", acrescenta.
Felipe Nunes, diretor do institutomr jack bet e confiávelpesquisas Quaest, concorda. "Se a abstenção seguir o padrão normal, sim, pode dificultar Lula vencer no 1º turno."
E Márcia Cavallari, CEO do Ipec, também. "Nas eleiçõesmr jack bet e confiável2018,mr jack bet e confiávelacordo com o TSE, a abstenção foi maior entre os menos escolarizados e isso pode sim impactar na votaçãomr jack bet e confiávelLula já que ele tem uma boa votação neste segmento."
Outro elemento que pode mexer nessa xadrez eleitoral é a taxamr jack bet e confiávelcomparecimento dos eleitores dos outros candidatos.
Segundo o Datafolha, quase 90% dos apoiadoresmr jack bet e confiávelLula e Bolsonaro têm ao menos um poucomr jack bet e confiávelvontademr jack bet e confiávelvotar. Entre os eleitoresmr jack bet e confiávelCiro Gomes, 34% não têm "nenhuma vontade"mr jack bet e confiávelir às urnas. No eleitoradomr jack bet e confiávelSimone Tebet, essa taxa émr jack bet e confiável40%.
Como lembra o colunista da Folhamr jack bet e confiávelS.Paulo Bruno Boghossianmr jack bet e confiávelartigo recente, "o baixo compromissomr jack bet e confiáveleleitoresmr jack bet e confiávelCiro e Simone pode ser favorável ao ex-presidente. Se parte não aparecer para votar, o númeromr jack bet e confiávelvotos válidosmr jack bet e confiávelque Lula precisa para vencer no primeiro turno fica menor. Esse grupo também pode ajudá-lo se aderir ao voto útil".
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