Eleições 2022: as transformações que levaram PT a suavizar críticas e abraçar Alckmin como vicepixbet saqueLula:pixbet saque
O ex-presidente passou 580 dias presopixbet saqueuma cela da Polícia Federal,pixbet saqueCuritiba. Foi soltopixbet saquenovembropixbet saque2019, após o Supremo Tribunal Federal (STF) rever a decisão que autorizava a prisão depois da condenaçãopixbet saquesegunda instância. Jápixbet saqueabrilpixbet saque2021, a Corte anulou as condenaçõespixbet saqueLula por ver ilegalidades nos processos da Lava Jato, o que permitiu ao petista concorrer agora, pela sétima vez.
Alckmin:pixbet saquealvo a aliado
Quando Lula foi barrado da corrida eleitoral, Bolsonaro assumiu a liderança das pesquisas, enquanto Haddad entrou na corrida ainda pouco conhecido, com menospixbet saque10% das intençõespixbet saquevoto.
Apesar disso, o foco inicial da campanha petistapixbet saque2018 não era o candidato do PSL, mas o então concorrente do PSDB, Geraldo Alckmin. O tucano era rotulado pelo PT com o candidato do governo Michel Temer (MDB), acusado por petistaspixbet saqueter dado um golpe na ex-presidente Dilma Rousseff ao assumir o comando do país após o Congresso aprovar o impeachmentpixbet saque2016.
"Hoje, o maior representante do Temer na eleição é o Alckmin. Perguntado, quem é o candidato do governo, ele (Temer) falou 'é o Alckmin, né'. Por quê? Porque toda a basepixbet saqueapoio dele, com exceção do MDB, que hoje não tem um candidato com expressão, com viabilidade, está apoiando o Alckmin. E o Alckmin, se você ler o planopixbet saquegoverno dele, é o plano Temer", disse, por exemplo, Haddad,pixbet saqueuma entrevista à TV Bandeirantes.
Lula estava preso e sem poder conceder entrevistas naquele momento, mas suas redes sociais eram usadas para reforçar esse discurso,pixbet saquemensagens como essa que replica uma falapixbet saqueHaddad durante sabatina realizada pelo SBT: "A população não quer a continuação da política econômica do Temer como querem Alckmin e o Centrão", diz um tuítepixbet saquesetembro daquele ano.
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Finalpixbet saqueTwitter post
Numa reviravolta surpreendente, o alvo principal do PTpixbet saque2018 se tornou o grande aliadopixbet saqueLula agora. Isolado no PSDB, Alckmin decidiu migrar para o PSB neste ano e se tornou candidato à vice-presidente na chapa petista.
Apelidado jocosamentepixbet saquePicolépixbet saqueChuchu por seu perfil pouco carismático, o ex-governadorpixbet saqueSão Paulo simboliza a guinada que o PT deu, indopixbet saqueuma campanha presidencial mais isolada e voltada para as basespixbet saqueesquerdapixbet saque2018 para uma ampla aliança com campos mais conservadores hoje — incluindo forças que apoiaram o impeachmentpixbet saqueDilmapixbet saque2016.
"Obviamente que eu não faço política parado no tempo e no espaço. Eu faço política vivendo o momentopixbet saqueque estou vivendo. Eu agora estou conversando com muita gente que participou do golpe contra a Dilma. Porque, se eu não conversar, não faço política. Se eu não conversar, você não avança na relação política com o Congresso Nacional, com os partidos", disse Lulapixbet saquemaio deste ano,pixbet saqueentrevista à rádio Bandpixbet saquePorto Alegre.
Outra mudança importante na campanha é o espaço dado à Lava Jato. Há quatro anos, existia um tom fortepixbet saqueindignação contra a prisãopixbet saqueLula, e a defesa dele era central na propaganda eleitoral petista.
Agora, o ex-presidente tem deixado o temapixbet saquelado e retomou o discurso "Lulinha paz e amor" que marcoupixbet saqueprimeira campanha vitoriosa ao Palácio do Planalto,pixbet saque2002.
'2018: PTpixbet saqueseu pior momento'
Para entender a reviravolta na campanha petista, é importante analisar os diferentes contextos políticos das duas eleições. Em 2018, compixbet saquemaior liderança presa, o PT vivia seu pior momento.
Era o ápicepixbet saqueum processopixbet saquedesgaste alimentado por crise econômica no governo Dilma e pelos escândalos da Lava Jato, operação que teve iníciopixbet saque2014 e revelou um grande esquemapixbet saquedesviopixbet saquedinheiro da Petrobras.
Esse cenário levou milhõespixbet saquepessoas às ruas do país pela queda da petista, que teve o impeachment aprovadopixbet saque2016. Nas eleições municipais daquele ano, o PT teve uma quedapixbet saque60% no númeropixbet saqueprefeitos eleitos, resultado que já evidenciava a força do antipetismo que marcaria a eleição presidencial dois anos depois.
De volta à oposição, o partido adotou um posicionamento mais à esquerda na agenda econômica. Se contrapôs totalmente, por exemplo, à reforma da Previdência proposta por Temer, embora ela incluísse pontos defendidos por Dilma no fimpixbet saqueseu governo.
Foi nesse contexto que o PT, após governar por maispixbet saquetreze anos com amplas alianças, inclusive com forte apoiopixbet saquepartidos conservadores do chamado Centrão, chegou a 2018 bastante isolado, numa coligação enxuta, tendo Manuela D'ávila, do PCdoB, como candidata a vice-presidente.
Durante a campanha presidencial, o partido tinha dois discursos principais. Um deles era a campanha Lula Livre, que consistiapixbet saquedefender a inocência do ex-presidente e denunciar como ilegalpixbet saquecondenação. E a outra era se contrapor à política econômicapixbet saqueTemer, marcada pela adoção do tetopixbet saquegastos, que limitava as despesas públicas.
Temer era um presidente impopular e não tentou a reeleição. Sua base aliada, compostapixbet saquegrande parte por partidos do Centrão que tinham abandonado Dilma, acabou se reunindopixbet saquetorno da candidaturapixbet saqueGeraldo Alckmin.
A tentativapixbet saqueassociar o tucano ao governo Temer era repetida por Haddad nos debates, entrevistas e na propaganda eleitoral. A campanha petista batia muito no apoio do PSDB ao cortepixbet saquegastos do governo, apontando essa política como causa do desamparo da população mais pobre e da alta do desemprego.
Enquanto batiapixbet saqueAlckmin, a campanha petista poupava o novo líder das pesquisas, Jair Bolsonaro. Para analistas políticos ouvidos pela reportagem, isso aconteceu porque houve uma demora do mundo políticopixbet saqueentender a forçapixbet saqueBolsonaropixbet saqueatrair a insatisfação popular não só com o PT, mas contra todo o sistema tradicional.
Assim, a campanha petista continuou presa à antiga polarização com o PSDB, que vinha marcando todas as eleições presidenciais desde 1994.
Além disso, existia dentro do PT uma percepçãopixbet saqueque seria mais fácil vencer Bolsonaro do que Alckmin no segundo turno.
"Eu ouvipixbet saquemuitos dirigentes do PT na época, quadros mais intermediários que atuavam na campanha, dizendo que eles estavam escolhendo Bolsonaro no segundo turno, porque o Bolsonaro seria um candidato mais fácilpixbet saquederrotar do que o Alckmin", lembra o professorpixbet saqueHistória Contemporânea da USP Lincoln Secco, que há muitos anos acompanhapixbet saqueperto o Partido dos Trabalhadores.
"Mas naquele momento (considerar Bolsonaro mais fraco que Alckmin) fazia sentido pra quem estava analisando a política como ela vinha acontecendo nos últimos vinte anos. Porque (normalmente) é mais fácil,pixbet saquefato, ter um candidato extremista, que tem menos capacidadepixbet saquealiança e apoio social, no segundo turno, do que um outro que agregador, que seria o Alckmin. Só que isso não funcionava mais", ressalta o historiador.
O PT passou a divulgar ataques pesados contra Bolsonaro no fim do primeiro turno. Naquela altura, ele já tinha disparado nas pesquisas. Um mês antes da votação, Bolsonaro sofreu uma facada, episódio trágico que, na visãopixbet saqueanalistas políticos, acabou beneficiandopixbet saquecampanha, ao gerar comoçãopixbet saquetorno do candidato e permitir que ele faltasse a debates e sabatinas.
Mas na eleiçãopixbet saque2018 não foi apenas o PT que bateupixbet saqueAlckmin. Na verdade, o partidopixbet saqueLula também era alvopixbet saquefortes críticas da campanha tucana, que atacava tanto o PT como Bolsonaro, tentando atrair para si o eleitor antipetista.
Pragmatismo na aliança
O que explica, então, que Lula e Alckmin estejampixbet saquemãos dadas agora? O discurso oficial é a necessidadepixbet saqueunião contra Bolsonaro, acusadopixbet saqueser um presidente extremista e autoritário.
"A primeira razãopixbet saquenós estarmos juntos com o presidente Lula é para salvar a democracia brasileira. É por isso, presidente, que o Brasil precisapixbet saqueLula para salvar a democracia", discursou o ex-governadorpixbet saqueSão Paulopixbet saqueum ato políticopixbet saqueMinas Gerais,pixbet saquejunho, ao lado do ex-presidente.
Mas analistas políticos destacam outros dois fatores pragmáticos da política que impulsionaram essa união. Um deles foi o isolamentopixbet saqueAlckmin dentro do PSDB, após romper com seu antigo afilhado político, o ex-governador paulista João Doria.
"À medida que o PSDB foi se tornando um partido que tentou concorrer por esse voto conservador e reacionário com o bolsonarismo, o Alckmin foi sendo naturalmente deslocado. Ele tem uma campanha presidencial (em 2018) ruim, depois Doria tomapixbet saqueassalto o partido, e Alckmin vai perdendo seu espaço (no PSDB)", nota o cientista político Creomarpixbet saqueSouza, professor da Fundação Dom Cabral.
O outro fator seria o interessepixbet saqueLulapixbet saqueatrair o apoiopixbet saquesetores conservadores e da elite econômica, já pensando nas alianças necessárias para governar se for eleito.
"Claro que existe uma percepção hoje bastante generalizadapixbet saqueameaça (de Bolsonaro) à democracia, maspixbet saquepolítica sempre tem a parte especialmente pragmática. Não acho que seja só a defesa da democracia", afirma Lincoln Secco.
"O Alckmin não traz exatamente votos, porque ele não tem mais máquina partidária, não tem máquinapixbet saquegoverno nas mãos, mas ele é um símbolo para essa aproximaçãopixbet saqueLula com setores que ele tentou atrairpixbet saque2002 também. Assim como ele tinha um vicepixbet saquecentro-direita,pixbet saque2002, que era um empresário, o José Alencar, agora ele tempixbet saquenovo um político visto como conservador para avalizar uma aliança com setores que normalmente não estariam do lado do PT", reforça.
Essa aproximaçãopixbet saqueLula com a elite econômica tem sido forjada nos bastidores, com uma sériepixbet saqueencontros com empresários e pessoas do mercado financeiro. Mas,pixbet saquepúblico, o ex-presidente tem mantido críticas à "elite" e aos "banqueiros".
Para Secco, é uma estratégia para manter a militância mais à esquerda mobilizada ao mesmo tempopixbet saqueque estabelece alianças no campo mais conservador.
Ainda assim, o historiador vê uma frustração na base do PT.
"A aliança com o Alckmin foi um banhopixbet saqueágua fria naquilo que a base militante do PT e as pessoas que compõem o dia a dia do partido esperavam. Porque todo mundo apostava que o Lula teria um programa político e econômico um pouco mais radical, não é revolucionário, mas um pouco mais à esquerda, e que ele teria alianças restritas ao campo da esquerda", contou Secco.
"A aposta seria num discurso igualmente radical à esquerda contra o radicalismopixbet saqueBolsonaro à direita. Essa era uma aposta que muita gente fazia, mas ela não se revelou correta", disse ainda.
Um exemplo dessa movimentação à direita é a nova postura do partido sobre a reforma trabalhista adotada no governo Temer. Antes, o PT defendia a revogação. A partir desse ano, passou a defender uma revisão.
Segundo o presidente do grupo Esfera, o empresário João Camargo, que no finalpixbet saquejunho participoupixbet saqueum desses encontros com a elite econômica, Lula teria até reconhecido pontos positivos na nova legislação trabalhista.
O petista teria também enfatizado no encontropixbet saqueabertura para o diálogo com o setor empresarial, tanto quando foi líder sindical, quanto no períodopixbet saqueque esteve na Presidência.
"Ele disse que na questão trabalhista, os próprios sindicatos dos trabalhadores acham que a grande modificação não precisa ser alterada porque foi realmente muito bom pra assinaturapixbet saquecarteiraspixbet saquetrabalho. O que ele falou é que a função delepixbet saquevida é estabelecer um diálogo entre os trabalhadores e os empresários. Disse que vai fazer (esse diálogo) se ganhar. O governo todo", contou Camargo.
"Na questão do tetopixbet saquegastos, ele disse que nunca fez uma medida sem antes ouvir a sociedade, sem antes ouvir a Faria Lima, sem antes ouvir o Congresso. Foi isso que ele passou lá com a gente", acrescentou.
Lava Jato ainda assombra campanha petista?
Para Lincoln Secco, o lequepixbet saquealianças mais amplo do PT nesta eleição também explica outra mudança central da campanha: a redução dos ataques à Lava Jato.
Napixbet saqueavaliação, ela deixoupixbet saqueser foco porque hoje o partido está aliado com setores que apoiaram a operação.
Além disso, o fato do ex-juiz Sergio Moro não ter se viabilizado como candidato à Presidência epixbet saqueBolsonaro enfrentar acusaçõespixbet saquecorrupção no seu governo também teria reduzido a presença do tema na eleição.
Já o cientista político Creomarpixbet saqueSouza considera que Lula tem evitado falar da Lava Jato para não transformar a eleiçãopixbet saqueum embate moral, que poderia favorecer Bolsonaro.
Ele acredita que as acusaçõespixbet saquecorrupção contra o PT ainda voltarão com força nas campanhas adversárias quando a propaganda eleitoral começar.
"A campanha na TV vai certamente colocar o PT contra a parede", prevê.
Apesarpixbet saqueas condenaçõespixbet saqueLula terem sido anuladas pelo STF, uma pesquisa da consultoria Quaestpixbet saquejunho mostrou que 48% dos eleitores acreditam que Lula foi condenado corretamente, contra 46% que têm opinião contrária.
E o escândalopixbet saquecorrupção na Petrobras pesa contra o PT. Ainda que o STF tenha entendido que a Lava Jato cometeu abusos, R$ 6 bilhões desviados da estatal foram devolvidos após acordospixbet saquecolaboração, leniência e repatriações.
O próprio Lula reconheceupixbet saque2019, em entrevista para a BBC News Brasil prisão, que a operação não deveria ser inteiramente anulada.
"O que eu acho que a Suprema Corte tem que fazer? Tem que se debruçar sobre o processo (os casos da Lava Jato), tudo que foi certo, tudo que foi julgado corretamente, que houve investigação, que houve apuração e que provou que cometeu crime, tem que condenar. Agora, tudo aquilo que a Suprema Corte analisar e descobrir que houve falha (no processo), que a pessoa é inocente, que a pessoa foi acusada equivocadamente, tem que absolver. É só isso", defendeu Lula na época.
"Eu acho que a operação Lava Jato tem coisas que foram verdade, tem pessoa que confessou. Se o cara confessou que roubou, o cara é ladrão", afirmou ainda.
Apesar disso, o PT nunca fez a cobrada autocrítica sobre os desvios da Petrobras durante seu governo. Lula inclusive ironizou esses pedidos no início do ano, quando disse o seguinte no Twitter: "Tem gente que cobra autocrítica. Eu tenho autocrítica, quero sempre melhorar. Mas se eu me criticar, o que quem se opõem a mim vai falar? Eles querem que eu fale bempixbet saquemim e que eu fale malpixbet saquemim também?".
Essa é uma postura que existiapixbet saque2018 e que não deve mudar nessa eleição. Segundo Creomarpixbet saqueSouza, fazer essa autocrítica seria uma escolha complexa para o PT, pois poderia esvaziar o apoio da militância mais tradicional.
Por outro lado, diz, a faltapixbet saqueuma revisão interna mais profunda dos erros petistas reduz o diálogo com outros eleitores que Lula busca atrair para vencer a eleição.
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