Historiador desvenda origemgreenbets.io saque recusadopovo escravizado na mineraçãogreenbets.io saque recusadoouro e diamante no Brasil:greenbets.io saque recusado
A pesquisagreenbets.io saque recusadoMaia apontou precisamente o litoral da República do Benim, país da região ocidental do continente africano, como o localgreenbets.io saque recusadoorigem dos courás.
"Essa descoberta pode abrir uma sériegreenbets.io saque recusadopossibilidadesgreenbets.io saque recusadoestudos sobre a escravidão, o tráficogreenbets.io saque recusadoafricanos e esse povo tão conhecido na época. A história dos courás é trágica e surpreendente", diz Maia, que atua no Núcleogreenbets.io saque recusadoPesquisagreenbets.io saque recusadoHistória Econômica e Demográfica da Universidade Federalgreenbets.io saque recusadoMinas Gerais (UFMG).
Na verdade, a palavra "courá" foi a chave para o pesquisador desvendar o mistério. O povo vivia no chamado Reinogreenbets.io saque recusadoUidá—- também conhecido pelos portugueses como Ajudá —, que por alguns séculos ocupou a região litorânea do Benim até ser conquistado por outro reino africano, o Daomé.
"A palavra courá era como traficantes e os próprios africanos traduziram para o português a identidade da população do Reinogreenbets.io saque recusadoAjudá", explica Maia.
O historiador encontrou referências ao reinogreenbets.io saque recusadodocumentos históricosgreenbets.io saque recusadooutros Estados europeus que exploraram o comérciogreenbets.io saque recusadoescravos nos séculos 17 e 18.
O Reinogreenbets.io saque recusadoAjudá era chamadogreenbets.io saque recusadoWhydah pelos ingleses, Judá ou Juidá por franceses, e Fida pelos holandeses.
"Um documento português contava que os couranos invadiram um forte durante um conflito com membros do Reinogreenbets.io saque recusadoDaomé. Cruzando a documentação, descobri que aqueles courás eram o povo chamadogreenbets.io saque recusadojudaiques pelos franceses e whydahs pelos britânicos. Eram do mesmo local", explica Maia.
No Brasil, tanto os huedas quanto os hulas (os dois povos habitantesgreenbets.io saque recusadoAjudá), passaram a se declarar como "nação courá".
Essa união dos dois povos revela que, no Brasil, a populaçãogreenbets.io saque recusadoparte do Golfo do Benim teceu uma identidade própria e lutou para reconstruir suas vidas sob uma mesma identidade.
O estudogreenbets.io saque recusadoMoacir Maia sobre o grupo,greenbets.io saque recusadoprincípio uma tesegreenbets.io saque recusadodoutorado na Universidade Federal do Riogreenbets.io saque recusadoJaneiro (UFRJ), deu origem ao livro De Reino traficante a povo traficado: a diáspora dos courás do golfo do Benim para Minas Gerais (Arquivo Nacional), vencedor do prêmio Arquivo Nacionalgreenbets.io saque recusadoPesquisagreenbets.io saque recusado2019 e lançado recentemente.
A pesquisa mostra que os courás viveram e sofreram com escravização, conflitos e violências na África e no Brasil, mas também lutaram para mantergreenbets.io saque recusadoidentidade, história e religiosidade mesmogreenbets.io saque recusadoterras estrangeiras.
A história da "nação courá" trafega da farturagreenbets.io saque recusadoum reino rico e poderoso para a decadênciagreenbets.io saque recusadoum povo conquistado por invasores africanos e vendido como escravo aos europeus.
Históriagreenbets.io saque recusadoviolências
No século 17, o pequeno Reinogreenbets.io saque recusadoAjudá, casa dos couranos, tinha um importante porto (na atual cidadegreenbets.io saque recusadoOuidah), utilizado por algumas nações europeias para exportar especiarias e principalmente traficar pessoas.
"Ajudá conseguiu negociar uma trégua entres Estados europeus que estavamgreenbets.io saque recusadoconflito na época, como Inglaterra e França. Naquele domínio, eles atuavam lado a lado", diz Moacir.
Esse comércio duplo na África,greenbets.io saque recusadoprodutos diversos egreenbets.io saque recusadopessoas, rendeu a Ajudá um períodogreenbets.io saque recusadoprosperidade econômica.
"Importante dizer que, na época, os reinos não capturavam o próprio povo para a escravidão, mas, sim, gentegreenbets.io saque recusadooutros lugares,greenbets.io saque recusadoregiões mais distantes que eram conquistadas ougreenbets.io saque recusadoconflitos com estados vizinhos... Estrangeiros eram capturados e vendidos aos europeus", afirma.
Mas o aumento desse comércio escravista acirrou a violência e as tensões na região, diz Maia.
E uma derrota mudou para sempre o destino do Reinogreenbets.io saque recusadoAjudá egreenbets.io saque recusadosua população.
No início do século 18, a região foi invadida e conquistada pelo Reinogreenbets.io saque recusadoDaomé, que estavagreenbets.io saque recusadoexpansão por contagreenbets.io saque recusadosua estreita e lucrativa parceria com o comércio escravista comandado pelos europeus.
"Daomé se transformagreenbets.io saque recusadouma potência escravista servindo como intermediário dos europeus. Os courás então se transformamgreenbets.io saque recusadouma população que comercializava escravosgreenbets.io saque recusadoum povo escravizado nas Américas. Esse tráfico aconteceu ainda por mais um século e só diminuiugreenbets.io saque recusadomeados do século 19", diz Maia.
A mestra das feiticeiras
Na África, os courás viviam principalmente da agricultura, pesca, produçãogreenbets.io saque recusadosal marinho e participação no tráficogreenbets.io saque recusadopessoas. Mas, no Brasil, ficaram conhecidos como "bons mineradores" por contagreenbets.io saque recusadosua ampla atuação na produçãogreenbets.io saque recusadoouro e diamantegreenbets.io saque recusadoMinas Gerais.
Segundo Maia, eles aprenderam o ofício ao entrargreenbets.io saque recusadocontato com outros africanos que já trabalhavam na área.
O modelo escravista incentivava o apagamento da história e da identidade dos africanos que entravam aos milhares no Brasil — essa é uma das razões da mudança obrigatória dos nomesgreenbets.io saque recusadoum batismo cristão, por exemplo.
Temia-se que a preservação do sensogreenbets.io saque recusadoidentidade e dos laços comunitários pudesse ensejar revoltas contra os senhoresgreenbets.io saque recusadoescravos.
Porém, segundo o historiador, a "nação courá" conseguiugreenbets.io saque recusadocerta forma preservargreenbets.io saque recusadohistória e cultura na colônia portuguesa, pelo menos na geração dos próprios traficados.
"Vários courás que chegavam ao Brasil eram batizados e acolhidos por outros couranos. Dessa forma, eles conseguiam manter um sensogreenbets.io saque recusadoidentidade egreenbets.io saque recusadocomunidade, pois eram da mesma região e partilhavam a convivência e uma históriagreenbets.io saque recusadoviolências", conta Maia.
A religiosidade foi outro fator que mantinha viva a identidade e a cultura dos filhos do Reinogreenbets.io saque recusadoAjudá no Brasil.
O livrogreenbets.io saque recusadoMoacir Maia conta a história da sacerdotisa africana Ângela Maria Gomes, uma mulher negra liberta, donagreenbets.io saque recusadocasa própria e padeiragreenbets.io saque recusadoItabira do Campo — hoje municípiogreenbets.io saque recusadoItabirito, a 57,5 kmgreenbets.io saque recusadoBelo Horizonte.
Nascida no litoral do Benim, a courana Ângela Maria se reunia secretamente com mulheresgreenbets.io saque recusadonoitesgreenbets.io saque recusado"lua branca" na cidade mineira. Famosa na região, chegou a ser denunciada à Inquisição como uma "mestra das feiticeiras".
Ela era uma sacerdotisa do vodum, uma prática religiosa comum no Golfo do Benim. "Para muitos seguidores das divindades voduns, o indivíduo encontraria equilíbrio e proteção ao respeitar e incorporar outros protetores sobrenaturais", escreve Maia.
Por outro lado, a padeira Ângela Maria também era uma destacada devotagreenbets.io saque recusadoNossa Senhora do Rosário, fazendo parte da irmandade da santagreenbets.io saque recusadoMinas Gerais como rainha do Rosário — essa informação, no entanto, não constava na denúncia à Inquisição.
"Muitos sacerdotes e adeptos dessa religião chegaram por aqui. Embora o homem fosse o sacerdote supremo, quem incorpora a divindade no vodum eram as mulheres", diz Maia.
Segundo ele, a religião, a cultura e o modogreenbets.io saque recusadovida dos courás têm "grande importância" na história do Brasil, ainda que mais estudos sejam necessários para entender melhor essa influência.
"Quando se fala que o indivíduo era escravizado, normalmente a gente não sabe qual é a história dele,greenbets.io saque recusadoonde ele vinha, como eragreenbets.io saque recusadosociedade e o que aconteceu para que caísse na teia do tráfico humano. A história dos courás é global, estágreenbets.io saque recusadovários países da América e da Europa. Todos somos herdeiros dessa história e, por isso, precisamos entendê-la", completa o historiador.
- Este texto foi publicadogreenbets.io saque recusadohttp://vesser.net/brasil-62443624
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