Petista morto por bolsonarista: 6 vezesblaze campo minadoque violência política pode ter sido estimuladablaze campo minadodiscursos:blaze campo minado
blaze campo minado O assassinato na noiteblaze campo minadosábado (9/7)blaze campo minadoum guarda municipal petista por um policial penal federal apoiador do Jair Bolsonaro (PL) chocou o Brasil e reforçou o temorblaze campo minadouma eleição presidencial permeada pela violência.
Marcelo Aloizio Arruda comemorava o aniversárioblaze campo minado50 anos quando foi morto a tiros por Jorge José da Rocha Guaranho, que invadiu a festablaze campo minadoFoz do Iguaçu, no Paraná, aos gritosblaze campo minado"Aqui é Bolsonaro!", segundo informaçõesblaze campo minadotestemunhas à Polícia Civil. O tema da festablaze campo minadoArruda era o PT e a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O guarda municipal petista, que também estava armado, revidou depoisblaze campo minadoser atingido e, antesblaze campo minadomorrer, baleou Guaranho, que foi encaminhado para o hospitalblaze campo minadoestado grave.
Após o crime, as redes sociais se inflamaram com discussões sobre se declaraçõesblaze campo minadoBolsonaro estariam incitando o ódio e abrindo caminho para esses atos explícitosblaze campo minadoviolência. No dia 16blaze campo minadomaio, por exemplo, ao mencionar que Lula estava organizando alianças e se reunindo com candidatos a outros cargos eletivos, Bolsonaro disse: "É bom, um tiro só mata todo mundo ou uma granadinha só mata todo mundo".
Por outro lado, defensores do presidente lembraram que Lula agradeceu nesta semana, ao participarblaze campo minadoatoblaze campo minadoDiadema,blaze campo minadoSão Paulo, um militante petista que,blaze campo minado2018, foi preso por agredir gravemente um empresário bolsonarista.
Para o sociólogo e professor da Universidade Federalblaze campo minadoSão Carlos (UFSCar) Gabriel Feltran, o assassinato nesta semana do guarda municipal petista não é "ato isolado", mas sim reflexo da retóricablaze campo minadoviolência na política que, segundo ele, começou a ganhar força a partirblaze campo minado2013 e se intensificou no governo Bolsonaro.
"Esse é um crimeblaze campo minadoviolência política muito clássico, marcado por ódio, porque os dois homens não se conheciam. Uma grande maioria dos homicídios no Brasil acontecem entre pessoas que se conhecem e que vão acumulando conflitos ao longo do tempo, até que estoura. Nesse caso não, trata-seblaze campo minadoum crimeblaze campo minadoódio", diz.
"O policial penal soube que havia uma festablaze campo minadoum petista. Ele vai lá e ele fala: 'eu vou matar todo mundo'. Porque ele imagina na cabeça dele que o petismo é um câncer da sociedade, que tem que ser extirpado, uma ideia alimentada no governo Bolsonaro."
Já Bolsonaro rebateu afirmaçõesblaze campo minadoque suas declarações produzem atos concretosblaze campo minadoviolência dizendo: "Falar que não são esses e muitos outros atos violentos, mas frases descontextualizadas que incentivam a violência é atentar contra a inteligência das pessoas. Nem a pior, nem a mais mal utilizada forçablaze campo minadoexpressão será mais grave do que fatos concretos e recorrentes".
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Finalblaze campo minadoTwitter post
Ele ainda acusou a esquerdablaze campo minadoser violenta e resgatou o episódioblaze campo minadoque foi alvoblaze campo minadouma facada na campanhablaze campo minado2018. Segundo as investigações policiais, o autor da facada, Adélio Bispo, que havia sido filiado no passado ao PSOL, uma legendablaze campo minadoesquerda, tem transtornos mentais e agiu sozinho. Também na eleição passada, a caravana da pré-campanhablaze campo minadoLula foi recebida com tiros no Paraná, mas ninguém se feriu. E, na última sexta-feira (8/7), um homem jogou um artefato explosivo com fezes e urina no meioblaze campo minadoum comício do ex-presidente, no Rioblaze campo minadoJaneiro.
Pelo Twitter, Lula prestou solidariedade às famíliasblaze campo minadoArruda eblaze campo minadoGuaranho, alémblaze campo minadoargumentar que o bolsonarista agiu "estimulado por um presidente irresponsável". "Também peço compreensão e solidariedade com os familiaresblaze campo minadoJosé da Rocha Guaranho, que perderam um pai e um marido para um discursoblaze campo minadoódio estimulado por um presidente irresponsável", disse.
Bolsonaro também se manifestou sobre o caso nas redes sociais, mas não lamentou a morte do guarda municipal nem apresentou condolências à famíliablaze campo minadoArruda. "Dispensamos qualquer tipoblaze campo minadoapoioblaze campo minadoquem pratica violência contra opositores. A esse tipoblaze campo minadogente, peço que por coerência mudeblaze campo minadolado e apoie a esquerda", escreveu ao republicar uma mensagemblaze campo minado2018 no Twitter.
A BBC News Brasil reúne a seguir seis episódiosblaze campo minadoque a violência política pode ter sido estimulada por discursos políticos.
'Granadinha para matar todo mundo'
Em 16blaze campo minadoabril desde ano, Bolsonaro faloublaze campo minado"tiro" e "granada" quando criticava Lulablaze campo minadodiscurso no Apas Show, da Associação Paulistablaze campo minadoSupermercados,blaze campo minadoSão Paulo.
"Agora tá todo mundo reunido ao lado do nine [referência a Lula] para organizar a campanha dos caras, pô. A vantagem que a gente tá vendo nisso tudo é que tudo que não presta tá se juntando", afirmou.
"Igual (disse ao) Paulo Guedes,blaze campo minado2018, quando juntou aquele montãoblaze campo minadocandidatos, e eu falei: 'É bom que um tiro só mata todo mundo ou uma granadinha só mata todo mundo'", completou Bolsonaro.
'Fuzilar a petralhada'
Uma das cenas mais emblemáticasblaze campo minadoalusão à violência contra opositores foiblaze campo minadosetembroblaze campo minado2018, quando o então candidato Jair Bolsonaro,blaze campo minadocomício na cidadeblaze campo minadoRio Branco, no Acre, segurou um tripé como se fosse uma metralhadora e disse: "Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre, hein? Vamos botar esses picaretas para correr no Acre. Já que eles gostam tanto da Venezuela, essa turma temblaze campo minadoir pra lá. Só que lá não tem nem mortadela, hein, galera. Vão terblaze campo minadocomer é capim mesmo".
Enquanto falava, ele fingia atirar com o tripé, sendo ovacionado pela multidãoblaze campo minadoapoiadores presentes.
Questionado na segunda-feira (11/7) por jornalistas sobre se o episódio tem relação com o assassinatoblaze campo minadoFoz do Iguaçu, Bolsonaro respondeu:
"Você sabe o que é sentido figurado? Você sabe o que é sentido figurado? Você estudou português nablaze campo minadofaculdade ou não?", perguntou. "Olha o Lula, o Lula defende ladrõesblaze campo minadocelular, que é para tomar uma cervejinha. Aí está claro que ele está estimulando rouboblaze campo minadocelular".
'Bandeira vermelhablaze campo minadosangue'
Em discusoblaze campo minadoposse,blaze campo minadojaneiroblaze campo minado2019, Bolsonaro declarou que, comblaze campo minadoeleição, o povo brasileiro começava a se "libertar do socialismo" e do "politicamente correto" e que a bandeira do Brasil só será vermelha se for preciso "sangue" para mantê-la verde e amarela.
"Nossa bandeira jamais será vermelha!", disse Bolsonaro segurando uma bandeira brasileira, enquanto a multidão gritava "mito".
"Só será vermelha se for preciso o nosso sangue para mantê-la verde e amarela", acrescentou, sendo aplaudido pelos milharesblaze campo minadoapoiadores que acompanharam o discurso feito no parlatório do Palácio do Planalto.
'Vocês sabem o que devem fazer'
Em transmissão ao vivo nas suas redes sociais, no dia 8blaze campo minadojulho deste ano, Bolsonaro atacou o sistema eleitoralblaze campo minadournas eletrônicas e declarou que os eleitores "sabem como se preparar" antes das eleições.
"Não preciso dizer o que estou pensando, mas você sabe o que estáblaze campo minadojogo. Você sabe como você deve se preparar, não para o novo Capitólio, ninguém quer invadir nada, mas sabemos o que temos que fazer antes das eleições", disse o presidente aos apoiadores durante a live.
A declaração gerou preocupação entre os que temem atos antidemocráticos antes ou depois da eleição, embora o presidente não tenha especificado a que ele se refere quando diz que os eleitores "sabem o que têm que fazer" antes do pleito.
'Só saio morto', 'últimato' e 'canalha'
Em discursosblaze campo minadoBrasília e São Paulo nas manifestações do dia 7blaze campo minadosetembro do ano passado, Bolsonaro fez uma sérieblaze campo minadoameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à democracia. Ele chamou as eleiçõesblaze campo minado"farsa", disse que só sai da presidência "preso ou morto", exaltou a desobediência à Justiça e chamou um ministro do STFblaze campo minado"canalha".
"Só saio preso, morto ou com vitória. Quero dizer aos canalhas que eu nunca serei preso", declarou.
Bolsonaro concentrou suas críticas ao STF na figura do ministro Alexandreblaze campo minadoMoraes, que havia determinado no dia 5blaze campo minadosetembro a prisãoblaze campo minadoapoiadores do presidente que publicaram ameaças ao tribunal e a seus membros.
"Não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil", disse o presidente.
"Ou o chefe desse Poder enquadra o seu ou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos, porque nós valorizamos, reconhecemos e sabemos o valorblaze campo minadocada Poder da República", completou Bolsonaro, conclamando o presidente do STF, Luiz Fux, a interferir nas decisõesblaze campo minadoMoraes - algo que seria inconstitucional.
Em São Paulo, Bolsonaro citou Moraes nominalmente e o chamoublaze campo minado"canalha", dizendo que "não pode mais admitir" que ele "continue açoitando o povo brasileiro."
Lula agradece homem que agrediu Bolsonarista
No domingo (10/7), durante atoblaze campo minadoDiadema (SP), Lula fez um agradecimento ao ex-vereador Manoel Eduardo Marinho, o Maninho do PT, presoblaze campo minadomaioblaze campo minado2018 após agredir com gravidade um manifestante pró-Bolsonaro na porta do Instituto Lula, na capital paulista.
"Esse companheiro Maninho, por me defender, ficou preso sete meses, porque resolveu não permitir que um cara ficasse me xingando na porta do Instituto (Lula). Então, Maninho, eu quero agradecer, porque foi o Maninho e o filho dele que estiveram nessa luta. Essa dívida que eu tenho com você jamais a gente pode pagarblaze campo minadodinheiro. A gente pode pagarblaze campo minadosolidariedade e companheirismo", disse Lula.
Maninho foi denunciado por tentativablaze campo minadohomicídio, após empurrar,blaze campo minadoabrilblaze campo minado2018, o empresário Carlos Alberto Bettoni contra um caminhão no diablaze campo minadoque o então juiz Sergio Moro decretou a prisãoblaze campo minadoLula. Bettoni bateu a cabeça no para-choque do veículo e teve traumatismo craniano. Imagens registraram o momento da agressão, e Maninho ficou preso por sete meses até ser liberado por um habeas corpus.
Como o discursoblaze campo minadoódio vira violência
Autor do artigo científico "A política como violência", que aborda a politização das polícias e o impacto da linguagem violenta do governo Bolsonaro, o sociólogo Gabriel Feltran também critica a posturablaze campo minadoLula ao agradecer Maninho por uma agressão a um Bolsonarista.
"Isso está errado. Hoje, embora a esquerda seja muito menos armada do que a direita no Brasil, eu também vejo circulandoblaze campo minadoparte da esquerda esse discurso que procura criminalizar um grupo que não faz parte da minha comunidade, que não tem que ser ouvido, que não tem que dizer nada, que tem que só se fechar, se calar, tem que voltar para o bueiro, voltar para o esgoto. Essas declarações não ajudam a construir um país democrático", disse Feltran, que também é autor do livro Irmãos: uma história do PCC (Companhia das Letras, 2018)
Mas ele avalia ser preciso destacar a diferençablaze campo minadoproporção do uso da violência no Bolsonarismo que, segundo ele, é muito maior. "Sem dúvida, (a apologia à violência entre políticos da esquerda) não se dá na mesma proporção (que no bolsonarismo). E isso é concreto, efetivo."
Para Feltran, a mesma lógica difundida entre camadas conservadoras do Brasilblaze campo minadoque "bandido bom é bandido morto" está se expandindo, por meioblaze campo minadodiscursosblaze campo minadoódio, para a política, com a defesablaze campo minadoque um grupo considerado corrupto ou "bandido" seja extirpado.
"O perfilblaze campo minado75% a 85% dos nossos homicídios no Brasil é homem, jovem, negro, favelado. Para esses, constrói-se a lógica antidemocráticablaze campo minadoque se pode matar à vontade, porque seriam bandidos. Eles não teriam direito algum, não fariam parte da cidadania. Agora, essa fronteira (de exclusão) está se alargando para grupos que não apoiam o projetoblaze campo minadonaçãoblaze campo minadoBolsonaro", diz.
Feltran cita como exemplosblaze campo minadoepisódios violentos recentes o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), na cidade do Rioblaze campo minadoJaneiro, e a execução do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips por pescadores ilegais na Amazônia. Também aponta para a crescente violênciablaze campo minadooperações policiais, como no Jacarezinho,blaze campo minado2021, e na Vila Cruzeiro, neste ano, consideradas as duas mais letais da história do Estado do Rioblaze campo minadoJaneiro.
"Não precisablaze campo minadomuita sofisticação para a gente ver as conexões entre esses eventos. Eu não trataria esse evento (do assassinatoblaze campo minadoMarcelo Arruda) como um algo isolado. Como um episódioblaze campo minadoum maluco que decidiu ir lá e dar um tiro numa outra pessoa que ele não conhecia. Não se trata disso, ao contrário. Para mim, a gente tem que encadear os eventosblaze campo minadoviolência que vêm acontecendo no Brasil, no quadro social, no quadro político, no quadro econômico."
- Texto originalmente publicadoblaze campo minadohttp://vesser.net/brasil-62098719
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