Agenda do presidente da Funai registra só 2 encontros com indígenashrabec poker2022:hrabec poker

Cinco homenshrabec pokerterno alinhados

Crédito, Assessoria Alan Rick

Legenda da foto, O presidente da Funai, Marcelo Xavier (ao centro),hrabec pokerencontro com o deputado federal acriano Alan Rick (segundo da esq. para a dir.) e assessores no iníciohrabec pokerjunho

A posturahrabec pokerXavier contrasta com ahrabec pokergestões anteriores na Funai, inclusive no início do governo Jair Bolsonaro, quando indígenas eram recebidos com maior frequência pelo chefe da fundação.

Na gestão do general Franklimberghrabec pokerFreitas, que antecedeu Marcelo Xavier no cargo, o chefe da Funai recebeu maishrabec poker500 lideranças indígenashrabec pokerdezenashrabec pokerencontros ao longohrabec pokerseis meses e visitou 20 comunidades indígenas distintas, segundo uma nota no site da Funai.

Mulheres indígenas com adornos e rostos pintados

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Mulheres indígenas protestam contra o governo Jair Bolsonarohrabec poker2019,hrabec pokerBrasília

Viagens a Mato Grosso

A agendahrabec pokerMarcelo Xavier mostra ainda que Mato Grosso, Estado onde ele viveu anteshrabec pokerse mudar para Brasília, concentra a maior partehrabec pokersuas viagens a trabalho.

Segundo a agenda, Xavier passou 27 diashrabec pokertrabalhohrabec pokerMato Grosso desde setembrohrabec poker2020, quando o portal do governo federal (Gov.br) começou a registrar seus compromissos oficiais após o site da Funai migrar para o domínio.

No mesmo período, ele não fez visitas a vários Estados com presença relevantehrabec pokercomunidades nativas — casohrabec pokerEstados das regiões Nordeste e Sul onde fica grande parte das terras indígenashrabec pokerprocessohrabec pokerdemarcação no país.

A BBC questionou a Funai duas vezes sobre o porquê do predomínio das visitashrabec pokerMarcelo Xavier a Mato Grosso, mas não houve resposta.

Em nota à BBC, a Funai disse que "mantém o compromissohrabec pokerdiálogo permanente com as lideranças indígenashrabec pokertodo o Brasil".

O órgão afirmou ainda que,hrabec poker2022, foram recebidos na sede da Funaihrabec pokerBrasília membroshrabec pokervárias etnias e que, "na maioria dos encontros, houve participaçãohrabec pokerrepresentantes da Presidência da fundação", ainda que Marcelo Xavier não estivesse presente.

Homem com microfone discursahrabec pokerevento

Crédito, Funai

Legenda da foto, Presidente da Funai discursahrabec pokerseminário que defendeu expansão da agricultura mecanizadahrabec pokercomunidades indígenas.

Alberto Terena, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a maior organização indígena do país, diz à BBC que gestões anteriores da Funai eram mais abertas às comunidades indígenas.

"Mesmo que não saíssem as demandas que queríamos, pelo menos tínhamos acesso ao órgão", afirma.

"Já no governo atual, com o Marcelo (Xavier), houve um rompimento do diálogo com o movimento indígena", diz Terena. Segundo ele, somente grupos indígenas que "rezam a cartilha do governo" têm sido recebidos.

A agenda oficialhrabec pokerXavier mostra que o Grupo dos Agricultores Indígenas, que reúne comunidades que plantam commodities agrícolashrabec pokerlarga escala, foi recebido duas vezes pelo chefe da Funai.

O grupo teve ainda o apoio da Funai para a realização do 1º Seminário Nacional dos Agricultores Indígenas,hrabec pokerabrilhrabec poker2021.

A entidade tem como principal expoente a etnia Paresi, que cultiva sojahrabec pokermilhareshrabec pokerhectareshrabec pokerseu território,hrabec pokerMato Grosso. Bolsonaro já elogiou o grupo e tenta estimular outras comunidades a aderirem a seus métodos.

De setembrohrabec poker2020 até o fimhrabec poker2021, a agenda oficialhrabec pokerXavier cita outras 13 ocasiõeshrabec pokerque o presidente da Funai recebeu líderes indígenas, entre os quais membros dos povos Xavante, Yawalapiti, Kamayurá e Kaingang.

Entre os recebidos estão Shirley Melgueiro, da etnia Baré, e Libiana Pompeu, do povo Guajajara - ambas com vários posts simpáticos a Bolsonarohrabec pokersuas redes sociais.

Também foram recebidos grupos dos povos Cinta Larga e Suruí favoráveis à proposta do governohrabec pokerliberar a mineraçãohrabec pokerterras indígenas.

Uma das raras lideranças abertamente críticas ao governo a terem se reunido com Xavier foi Alessandra Korap Munduruku, uma das principais expoenteshrabec pokerum movimento contra o garimpo ilegal no Pará.

Homens alinhadoshrabec pokerfoto

Crédito, Aprosoja

Legenda da foto, Comitiva do governo liderada pelo secretário Nabhan Garcia (2º da esq. para a dir.) visita comunidade Paresi, que cultiva sojahrabec pokerMato Grosso

Além dos 27 diashrabec pokertrabalhohrabec pokerMato Grosso desde setembrohrabec poker2020, o presidente da Funai fez nesse período viagens oficiais aos Estadoshrabec pokerSão Paulo (7 diashrabec pokerviagem), Riohrabec pokerJaneiro (2), Pará (2) e Roraima (2).

As informações sobre a agendahrabec pokerMarcelo Xavier foram publicadashrabec pokeratendimento à Lei 12.813/2013, que determina a divulgação dos compromissos públicoshrabec pokerpessoashrabec pokercargoshrabec pokercomando na administração federal, como ministros e presidenteshrabec pokerfundações públicas.

A Funai é subordinada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Sumiço no Vale do Javari

Contestações à gestãohrabec pokerXavier na Funai se intensificaram nos últimos dias por causa da posição do órgão frente ao desaparecimento, no iníciohrabec pokerjunho, do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, que estava licenciado da fundação e assessorava uma associação indígena no Vale do Javari, no Amazonas.

Em nota oficial após o desaparecimento, a Funai afirmou que a dupla não tinha autorização para visitar a Terra Indígena Vale do Javari e citou riscos que a expedição teria imposto a indígenas isolados que vivem no território.

A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), porém, afirmouhrabec pokernota que Dom e Bruno não entraram no território indígena.

Numa decisão judicial na última terça-feira (14/06), a juíza federal Jaiza Maria Pinto Fraxe disse que as afirmações da Funai eram inverídicas, determinou que a fundação retirasse a nota do ar e evitasse "atos tendentes a desacreditar a trajetória" da dupla desaparecida.

A Funai não havia se manifestado sobre a decisão até a publicação desta reportagem.

Montagem mostra fotografia colorida com Bruno Araujo e Dom Phillips
Legenda da foto, Bruno Arújo (à esq.) e Dom Phillips desapareceram no Vale do Javari no iníciohrabec pokerjunho

Mudançahrabec pokeragenda

A substituiçãohrabec pokerFranklimberghrabec pokerFreitas por Marcelo Xavier no comando da Funai,hrabec pokerjulhohrabec poker2019, foi interpretada como uma vitória da chamada ala ruralista do governo sobre as alas evangélica e militar.

A ala ruralista é formada por representantes do setor agropecuário, uma das principais baseshrabec pokerapoio a Bolsonaro.

Franklimberg, um militar da reserva, já havia chefiado a Funai na gestão Michel Temer (MDB) e contava com o apoio da pastora evangélica Damares Alves (Republicanos), que foi ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo Bolsonaro até marçohrabec poker2022, quando deixou o cargo a tempohrabec pokerse candidatar para a próxima eleição.

Pressões internas fizeram com que Franklimberg fosse substituído por Marcelo Xavier, indicado ao cargo pelo secretáriohrabec pokerAssuntos Fundiários, Nabhan Garcia, e um dos mais principais nomes do ruralismo no governo.

A agendahrabec pokerMarcelo Xavier registra dois encontros com Nabhan Garcia desde setembrohrabec poker2020.

Também houve encontros com a então ministra da Agricultura Tereza Cristina e com os deputados federais bolsonaristas Nelson Barbudo (PL-MT), Carla Zambelli (PL-SP) e Alan Rick (União-AC).

Nenhuma autoridade, no entanto, se reuniu tanto com Xavier quanto o presidente Jair Bolsonaro, com 11 encontros desde setembrohrabec poker2020.

A situação difere dahrabec pokergovernos anteriores, quando a questão indígena era tratada como um assunto secundário pela Presidência da República, e chefes da Funai raramente eram chamados ao Palácio do Planalto.

Anteshrabec pokerassumir a presidência, Bolsonaro disse que daria "uma foiçada no pescoço da Funai" e não demarcaria "nem um centímetro"hrabec pokerterras indígenas.

Bolsonaro com cocar indígena

Crédito, Ministério da Justiça

Legenda da foto, Presidente Jair Bolsonaro com o ministro da Justiça, Anderson Torres; mandatário prometeu não demarcar 'nem um centímetro'hrabec pokerterras indígenas

Além disso, Bolsonaro defende bandeiras que, segundo Alberto Terena, coordenador da Apib, são rejeitadas pela maioria dos indígenas do país, como a liberação da mineraçãohrabec pokerterras indígenas e a validade do conceito do "marco temporal", pelo qual as comunidades só têm direito às terras onde viviamhrabec poker1988.

A BBC questionou a Funai sobre as críticas da Apib à gestãohrabec pokerXavier, mas não houve resposta.

Para Alberto Terena, "o presidente da Funai tem feito o que o governo demanda, mas não o que o órgão indigenista tem a atribuiçãohrabec pokerfazer, que é defender as comunidades indígenas e representar os nossos interesses".

"A Funai no momento tem sido uma ferramenta a mais do governo para investir contra os povos indígenas. Acabou virando um órgão anti-indígena", diz Terena.

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- Este texto foi originalmente publicadohrabec pokerhttp://vesser.net/brasil-61818932

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