Qualificados, mas com trabalho braçal: como congoleses 'descobrem racismo' no Brasil:apostas bonus gratis

Moïse faz sinalapostas bonus gratisjoinha com a mão

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Moïse pertencia à etnia Hema e chegou ao Brasilapostas bonus gratis2011 fugindoapostas bonus gratisconflitosapostas bonus gratisseu país

A família diz que ele trabalhavaapostas bonus gratisum quiosque na praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, e teria ido cobrar o pagamentoapostas bonus gratisduas diáriasapostas bonus gratistrabalho atrasadas, que somavam R$ 200, por serviços prestados no estabelecimento.

Möise teria então discutido com um dos funcionários responsáveis pelo quiosque e sido agredido por vários homens.

A polícia afirma estar ouvindo testemunhas e analisando as imagensapostas bonus gratiscâmerasapostas bonus gratissegurança. Ninguém foi preso até agora.

"O racismo brasileiro explica muitas coisas no casoapostas bonus gratisMöise", diz o congolês Bas'Ilele Malomalo, professorapostas bonus gratisRelações Internacionais da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira e pesquisadorapostas bonus gratismovimentos migratórios africanos no Brasil.

"Explica a morte dele, porque um braço do racismo é o genocídio, é matar o outro, principalmente quando ele é preto, mas o racismo também impede que esses refugiados congolenses - e africanos,apostas bonus gratisgeral - consigam um emprego."

Malomalo explica que boa parte dos imigrantes que vêm do Congo têm ensino médio completo e,apostas bonus gratisalguns casos, fizeram faculdade.

"É uma imigração qualificada. Não estamos falandoapostas bonus gratisanalfabetos. De forma geral, a maioria dos imigrantes africanos terminou a escola, é trabalhador, tem um saber acumulado", afirma o pesquisador, que vive desde 1997 no Brasil, onde veio estudar Teologia.

"Mas, quando chega aqui, têm dificuldade no mercadoapostas bonus gratistrabalho. Nossa sociedade não contrata esse congolense. Mesmo que ele seja qualificado e tenha experiênciaapostas bonus gratistrabalho, ele não encontra emprego."

É a mesma avaliação que faz Aline Thuller, coordenadora do Programaapostas bonus gratisAtendimento a Refugiados da Cáritas RJ, organizaçãoapostas bonus gratisassistência da Arquidiocese do Rioapostas bonus gratisJaneiro.

A assistente social explica que a maioria dos congoleses que buscaram refúgio no Brasil nas duas últimas décadas se estabeleceram na cidade do Rioapostas bonus gratisJaneiro e que "99% deles" vivemapostas bonus gratisfavelas

A dificuldadeapostas bonus gratister renda suficiente para morarapostas bonus gratisoutros locais está por trás disso.

"Muitos deles tinham uma condição boa, eram pedagogos, fotógrafos, trabalhavam com informática… Mas, por causa do racismo e da xenofobia, é muito difícil conseguirem uma oportunidade que não seja um trabalho pesado, que exija força física, e não seja mal remunerado", diz Thuller.

Bas'Ilele Malomalo diz que,apostas bonus gratisalguns casos, a saída encontrada por refugiados congolenses é começar seu próprio negócio.

"Se você vai no Brás,apostas bonus gratisSão Paulo, ou na Rio Branco, no Rio, vai encontrar jovens congolenses que abriram restaurantes, salõesapostas bonus gratisbeleza, estão criando empregos, contribuindo para o país", afirma.

Thuller diz que muitosapostas bonus gratisfato trouxeram consigo conhecimentosapostas bonus gratisculinária e artesanato tradicionais que fazem sucesso por aqui e transformam issoapostas bonus gratisuma nova formaapostas bonus gratissobreviver.

"Mas não é a maioria, porque empreender não é simples", afirma.

Sua experiência mostra que os trabalhadores refugiados,apostas bonus gratisespecial os africanos, precisam batalhar constantemente para ter seus direitos respeitados.

"Foi o que aconteceu com o Moïse, que estava brigando pelo seu direito a um salário, algo básico para quem trabalha, e a consequência disso foi que ele morreu."

Os imigrantes africanos precisam ainda lidar com frequência com uma visão estereotipadaapostas bonus gratisque eles seriam menos civilizados e instruídos.

"O racismo é uma coisa que eles não conheciam e que vão descobrir aqui, infelizmente", diz Thuller.

A assistente social se recorda do casoapostas bonus gratisuma empresa que tinha algumas vagas para preencher e que pediu indicaçãoapostas bonus gratiscandidatos.

"Mandamos vários africanos, principalmente congolenses, mas eles não contrataram nenhum dizendo que eles precisavam ter boa aparência. Fico me perguntando que aparência eles tinhamapostas bonus gratister para conseguir aquele emprego..."

Mesmo quando esse refugiado é contratado ele ou ela não está livreapostas bonus gratisproblemas, diz a assistente social.

Já houve casos atendidos por Thullerapostas bonus gratisque a pessoa recebia menos do que os outros colegas ou trabalhava por mais tempo, por exemplo, e foi preciso cobrar na Justiça um tratamento digno.

Thuller diz que há patrões que se aproveitamapostas bonus gratisrefugiados porque acham que essas pessoas não têm os mesmos direitosapostas bonus gratisum brasileiro ou não conhecem a lei.

"Ou acham que são coitados que precisa,apostas bonus gratistrabalho e pagam R$ 35 por uma faxina que normalmente custa R$ 200 ou oferecem casa e comida mas não dão salário. É uma exploração travestidaapostas bonus gratisajuda", afirma .

"As pessoas dificilmente fazem essas propostas para brasileiros, mas acham que podem fazer esse tipoapostas bonus gratiscoisa com os refugiados."

Línea

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