Sob pressão, Twitter diz remover 7 postsblaze odesinformaçãoblaze ocovid por hora; 'É pouco', dizem especialistas:blaze o

Pessoa usando o Twitter

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Redes sociais como o Twitter estão sob pressão por medidas contra desinformação

O empresário Luciano Hang, dono da rede Havan, também foi suspenso. O Twitter disse que fez isso por causablaze ouma ordem judicial.

Hang esclareceu que o motivo teria sido um vídeo que ele compartilhou,blaze oque um neurocirurgião que é contra a vacinação infantil para covid-19 falava sobre o assunto.

Hang e Malafaia criticaram o Twitter. Disseram que suas suspensões foram injustas e atentam contrablaze oliberdadeblaze oexpressão.

O Twitter tem desde marçoblaze o2020 uma política específica para combater a divulgaçãoblaze oinformações falsas e enganosas sobre covid-19.

Questionada pela BBC News Brasil sobre os resultados obtidos até agora, a empresa apresentou dados que apontam que,blaze o2021, foram tirados do arblaze otodo o mundo sete tuítes por hora por causa deste motivo.

O Twitter não divulga o númeroblaze opostagens publicadas emblaze oplataforma, mas o site Internet Live Stats aponta que seriam cercablaze o500 milhões por dia, ou 20,8 milhões por hora.

Ao todo, no último ano, foram removidos 63.876 tuítes por desinformação sobre covid-19.

Para Raquel Recuero, coordenadora do Laboratórioblaze oMídia, Discurso e Análiseblaze oRedes Sociais (Midiars) da Universidade Federalblaze oPelotas, o número é insuficiente.

"É pouco. É um número muito pequeno para a escalablaze odesinformação que tem hoje só Brasil", avalia Recuero.

Carlos Affonso Souza, diretor do Institutoblaze oTecnologia e Sociedade do Rio (ITS-Rio), concorda.

"Tirar do ar sete posts por hora parece pouco. considerando que o Twitter se tornou umas das principais ferramentasblaze omobilização e construçãoblaze omensagens que são ligadas a conteúdos desinformativos, que vão desde questionar as urnas até duvidar das vacinas", diz Souza.

Os dados do Twitter mostram ainda que,blaze o2021, foram suspensas 3.455 contas por violarem as regrasblaze odesinformação sobre covid-19.

Atualmente, a rede social tem no mundo 211 milhõesblaze ousuários ativos (que acessam diariamente o serviço),blaze oacordo com a própria empresa.

O Twitter não quis comentar a avaliação dos especialistas entrevistados pela BBC News Brasil.

A rede social afirmou, no entanto, que vem aprimorando ao longos dos últimos quase dois anosblaze opolíticablaze ocombate à desinformação sobre a covid-19.

A empresa disse que a remoçãoblaze oconteúdo e a suspensãoblaze ocontas são atualmente apenas duas das medidas previstas.

Um tuíte pode, por exemplo, ser sinalizado por conter "informações enganosas e potencialmente prejudiciais". A rede social também pode atrelar um link à publicação para informar melhor o usuário sobre o assunto.

Recuero diz que o Twitter tem sofrido, especialmente nas últimas semanas, críticas e cobrançasblaze orelação àblaze opolíticablaze odesinformação.

"Acredito que tenha a ver com a vacinação infantil, que provocou essa reação. Mas me parece que o Twitter tem permitido muita desinformação. Tem desinformação até na listablaze oassuntos mais comentados."

A pesquisadora ressalta ainda que, mesmo quando o conteúdo é removido, o tempoblaze oreação pode comprometer todo o esforço.

"O objetivo dos posts desinformativos é viralizar e, quando viralizam, eles têm uma quantidade absurdablaze oretuítes. Se a plataforma demora para excluir o tuíte original, ele já vai ter sido muito replicado, e a remoção do primeiro post acaba sendo ineficaz."

Isso é especialmente preocupante, segundo Souza, quando as mensagens falsas ou enganosas são publicadas por pessoas que têm muitos seguidores, como Hang e Malafaia.

"As postagens ganham uma visibilidade e repercussão ainda maior", avalia.

O que aconteceu?

Capa do perfilblaze oLuciano Hang no Twitter

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Legenda da foto, Conta do empresário Luciano Hang foi suspensa

O empresário Luciano Hang tinha maisblaze o250 mil seguidores, por exemplo, emblaze oconta no Twitter que foi suspensa na quarta-feira (12/1).

Este era seu segundo perfil na rede social e foi criado após o primeiro ter sido tirado do ar por ordem do STF aindablaze o2020.

O Twitter informou que a nova medida também foi tomada por ordem da Justiça, mas não deu mais detalhes.

O empresário explicou,blaze onota enviada à imprensa, que o motivo teria sido o compartilhamentoblaze oum vídeoblaze oque o médico José Augusto Nasser fala sobre a vacinação infantil.

Nasser foi um dos convidados pela deputada federal Bia Kicis (PSL/DF) para falar na audiência pública promovida pelo Ministério da Saúde sobre o tema.

Na ocasião, ele se manifestou contra a imunizaçãoblaze ocrianças para covid-19.

Em reação àblaze osuspensão, Hang disse que a medida viola seu direito à liberdadeblaze opensamento eblaze oexpressão.

"Um absurdo! Não é possível que se tenha uma única verdade e que você não possa questioná-la. Agora não podemos mais compartilhar informações para as pessoas tomarem suas próprias decisões?", questionou Hang.

Silas Malafaia também teveblaze oconta - onde tem 1,4 milhãoblaze oseguidores - suspensa nesta semana.

O pastor evangélico foi alvo da campanha #DerrubaMalafaia para que ele fosse banido.

O estopim foi uma postagemblaze oque o pastor disse que a vacinaçãoblaze ocrianças contra a covid-19 seria um "infanticidio", embora estudos atestem que a imunização é segura.

Os eventos adversos graves são considerados muito raros e não foram detectados até agora nas milhõesblaze odoses já aplicadasblaze ocriançasblaze oalguns países,blaze oacordo com especialistas.

Twitter do Malafaia

Crédito, Reprodução

Legenda da foto, Conta do pastor Silas Malafaia foi suspensa por 12 horas por violar regras do Twitter

Malafaia disse ainda que "os números provam que não há necessidade [de vacinar crianças]", sem apresentar dados na ocasião.

Isso contraria as posições apresentadas até agora por autoridadesblaze osaúde do mundo, que indicam a importância da vacinaçãoblaze ocrianças para proteção individual e coletiva no combate à pandemia.

"As vacinas que receberam autorizaçãoblaze oautoridades regulatórias rigorosas para a indicaçãoblaze oidadeblaze ocrianças e adolescentes são seguras e eficazes na redução da cargablaze odoenças nessas faixas etárias", disse a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"A redução da transmissão intergeracional é um importante objetivo adicionalblaze osaúde pública ao vacinar crianças e adolescentes", prosseguiu.

"A vacinaçãoblaze ocrianças e adolescentes também pode ajudar a promover outros objetivos sociais altamente valorizados. Manter a educação para todas as criançasblaze oidade escolar deve ser uma prioridade importante durante esta pandemia", afirmou a OMS.

Além disso, o Brasil é destaque negativo no mundo por morteblaze ocrianças por covid-19. Os dados oficiais mostram que houve no país até agora 1.449 óbitosblaze omeninos e meninasblaze oaté 11 anos.

Os usuários cobraram o Twitter, que divulgou na terça-feira (11/1) que "alguns" tuítesblaze oMalafaia violaramblaze opolítica.

A rede social exigiu que o pastor apagasse os posts problemáticos e restringiu as atividades nablaze oconta por 12 horas.

À BBC News Brasil, Malafaia disse que não inventou nem manipulou dados.

Ele afirmou ter se baseadoblaze onúmeros do Ministério da Saúde divulgadosblaze oum artigo científico sobre vacina contra covid-19 para crianças e adolescentes, assinado pelos médicos Eduardo Jorge da Fonseca Lima, Sônia Mariablaze oFaria e Renatoblaze oÁvila Kfouri.

O texto aponta que,blaze o2021, até 18blaze osetembro, 1,6% dos casosblaze osíndrome respiratória aguda grave - doença usada como parâmetro para os númerosblaze ocasoblaze ocovid-19 no país - tinham ocorridoblaze opessoasblaze oaté 19 anos. A mesma faixa etária respondeu por 0,4% dos óbitos.

"Qual é a pressablaze ovacinar crianças?", questionou Malafaia. O pastor criticou o Twitter pela remoção dos seus tuítes.

"O sistema é ridículo. Um monteblaze ogente começa a pressionar, agindo ideologicamente, e eles mandam tirar do ar senão o Twitter não volta a funcionar, quando o certo seria, se há uma acusação, que você possa se defender e então analisem se está certo ou errado", diz Malafaia.

"Um instrumento basilar da liberdadeblaze oexpressão é a livre manifestação do pensamento, por mais esdrúxulo que seja. O Estado democráticoblaze odireito está sendo violado na maior carablaze opau, e as pessoas estão assistindo e batendo palmas."

'Twitter pode fazer melhor', diz pesquisadora

Menino sendo vacinado

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Legenda da foto, Vacinaçãoblaze ocrianças contra covid-19 é alvoblaze ointensa campanhablaze odesinformação

Os dois casos são um um exemplo dos problemas enfrentados pelas redes sociais para controlar a circulaçãoblaze odesinformação e que se tornaram mais agudos com a pandemia.

Essas empresas foram intensamente cobradas por medidas e divulgaram nos últimos dois anos medidas para coibir a propagaçãoblaze oinformações falsas e enganosas.

Mas Raquel Recuero avalia que o trabalho do Twitter no Brasil a esse respeito deixa a desejarblaze ocomparação com o que acontece na própria rede socialblaze oinglês e com seu principal rival, o Facebook.

Em meio a um estudo sobre o engajamento provocado por postsblaze odesinformação, os pesquisadores do Midiars buscaram os 250 posts sobre vacina mais compartilhadosblaze ofóruns públicos no Facebook e no Twitter no segundo semestreblaze o2020.

Foi considerado desinformação todo conteúdo atestado como falso pela redeblaze ochecagem International Fact-Checking Network.

O objetivo era criar uma amostrablaze oposts para o estudo, mas o levantamento trouxe outros dados relevantes.

Os pesquisadores do Midiars notaram que a absoluta maioria dos posts publicados originalmente no Twitter ainda estavam no ar. "E nas fontes originais", ressalta Recuero. "Ou seja, eles nunca foram apagados."

O resultado foi diferente com o levantamento no Facebook."Não conseguimos recuperar um número bem grandeblaze opublicações originais. Elas não estavam mais no ar", diz Recuero.

Uma análise dos pesquisadores também mostrou que posts equivalentes na rede socialblaze oinglês haviam sido excluídos.

"Quando as mesmas teorias conspiratórias e desinformação circularamblaze oinglês, foram tiradas do ar. Em português, ficou."

Ao final, entre os 250 posts mais compartilhados (que ainda permaneciam no ar), 51% continham desinformação sobre vacina no Facebook. O índice foiblaze o70% no Twitter.

"Por isso, me parece que o Facebook tem sido mais eficiente no monitoramento da desinformação", avalia Recuero.

O Twitter disse à BBC News Brasil que "aguarda o acesso aos dados completos da pesquisa, bem como os links dos conteúdos considerados como desinformação, para fazerblaze oanálise e, assim, estar apto a comentar as conclusões".

Os desafios do controle da desinformação

O controle da desinformação é delicado, porque transitablaze omeio à linha tênue entre opinião e informação.

Opiniões vêm acompanhadas me muitos casosblaze oargumentos supostamente científicos que podem ter sido distorcidos ou já terem sido refutados.

A situação fica mais difícil porque a polarização política contaminou o debate sobre a pandemia, que também se radicalizoublaze oextremos opostos.

Em uma rede social como o Twitter, fazer esse controle da desinformação é ainda mais complicado por causa da forma como a rede social funciona, explica Carlos Affonso Souza, do ITS-Rio.

Trata-seblaze oum serviço construídoblaze otorno da ideiablaze oconversas públicas, sobre temasblaze ointeresse público,blaze oque são debatidas opiniões e pontosblaze ovista.

"Por isso, tem um olhar sobre a liberdadeblaze oexpressão no sentidoblaze onão prejudicar esse debate e deixar certas posições no ar para que elas sejam desacreditadas e contraditadas pelos próprios usuários", afirma Souza.

O problema é que nem todos que participam dessa conversa têm o mesmo peso ou influência.

"Não é uma conversa entre iguais", diz Souza. "No final, vira um palanque para quem consegue falar mais alto, um lugar para promover discursos enganosos."

São justamente nomes influentes que mais contribuem para propagar a desinformação sobre a covid-19.

"Autoridades emprestamblaze ocredibilidade para essa informação, que acaba sendo republicada milharesblaze ovezes. Elas precisam ser responsabilizadas pelo que dizem publicamente, porque o que elas publicam viraliza, tem muita força e impacto", diz Recuero.

Mas a pesquisadora faz um alerta: "Se você fizer uma pesquisa sobre vacina e infanticídio no Twitter, vai ver a quantidadeblaze otuítes que tem parecidos ao que foi excluído".

"Não foi só ele que falou isso, então, não adianta tirar só o post dele do ar."

Línea

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